sábado, 4 de maio de 2024

Deus Atende?

Deus Atende?

Richard Simonetti




Lucas, 11:5-13 e 18:1-8

O hóspede chegou inesperadamente, por volta de meia-noite.

Como não havia pão para preparar-lhe um lanche, nem mercado vinte e quatro horas, o dono da casa procurou um amigo que morava nas vizinhanças.

Bateu à porta.

- Quem é?

- Sou eu. Venho pedir-lhe três pães emprestados. Estou com um visitante e nada tenho para lhe oferecer.

Meio complicado, alguém de nosso círculo de amizade procurar-nos, altas horas, a pedir pão.

Do lado de dentro, o morador reagiu:

- Ora, isso são horas para incomodar-me?! Já recolhi com meus filhos.

Nosso herói não era homem de desistir facilmente. E reiterava, batendo à porta:

- Por favor, não me falte! Preciso desses pães!

E tanto insistiu que o solicitado resolveu atender o solicitante para ver-se livre dele.

Levantou-se e lhe deu quantos pães pedia.

Este curioso episódio poderia fazer parte de uma antologia da inconveniência, dos mala sem alça, pessoas de desconfiômetro desligado. Não percebem que são inoportunos.

Pedir pão emprestado, à meia noite!...

Na verdade, trata-se de uma parábola contada por Jesus, num contexto em que ele se refere à oração.

Parece estranho.

Então, Deus é como um dono de padaria, não muito disposto a nos dar os pães que atendam às nossas necessidades, mas pode mudar de ideia se insistirmos?! 

Obviamente, não!

O Mestre usava com frequência a hipérbole. Trata-se de uma imagem exagerada sobre determinada ideia, para chamar a atenção e fixá-la.
• Esperei uma eternidade...
• Morri de medo...
• Sofri como um condenado...
• Derramei lágrimas de sangue...
• Comi o pão que o diabo amassou...
Jesus quer destacar que devemos orar com convicção e persistência, conscientes de que Deus, que não é um simples padeiro, nem tem as limitações humanas, certamente acolherá nossa oração, em qualquer circunstância, em qualquer hora.

E sempre nos atenderá!

***

A parábola é pouco conhecida.

Famosa é a conclusão de Jesus:
- Por isso vos digo:
Pedi, e dar-se-vos-á?
Buscai, e achareis.
Batei, e abrir-se-á. Pois qualquer que pede, recebe.
Quem busca, acha.
E a quem bate, abrir-se-lhe-á.
Qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
Ou se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial àqueles que pedirem?
Muito mais que um padeiro, Pai de imenso amor e misericórdia, Deus sempre nos ouvirá e atenderá com o melhor, quando o procurarmos.

Jesus fala em bater, pedir e buscar.

Todos os que oram estão batendo – querem contato com Deus.

E sempre pedem algo.

Raros, porém, empenham-se em buscar objeto da oração, conscientes dos caminhos que devem trilhar para concretização de seus anseios.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capitulo 27, Kardec apresenta claro exemplo.

Um homem perdido no deserto e torturado pela sede implora ajuda ao Céu.

Nenhum Espirito lhe trará água.

No entanto, se estiver disposto a caminhar, enfrentando a sede e o calor inclemente, receberá inspiração quanto ao rumo que deverá tomar para encontrar água.

O desempregado que ora ardentemente poderá esperar uma eternidade, sem que o emprego lhe bata à porta. Mas se sair a campo, os bons Espíritos o ajudarão a encontrar lugar no mercado de trabalho.

Importante bater, estabelecer contato.
Razoável pedir, definir necessidades.
Imperioso buscar, cultivar iniciativa.
Então o Céu nos ajudará!

***

Dois amigos conversam:

- Você acha que Deus conhece os nossos mais secretos pensamentos? Lê nossa alma como um livro aberto?

- Claro. Um dos atributos de Deus é a onisciência.

- Bem, se Deus tudo sabe, conhece melhor que nós mesmos nossas necessidades. Para que, portanto, orar?

Dúvida ponderável.

Ocorre que não oramos para trazer Deus até nós ou clamar por Sua atenção. O Todo-Poderoso está presente em tudo e em todos.

O objetivo é nos colocar em contato com Ele, preparando o coração para assimilar Suas bênçãos.

Um homem pode morrer de sede dentro de uma piscina, se não abrir a boca para beber a água.

Da mesma forma, embora mergulhados nas bênçãos divinas, é preciso abrir a boca, espiritualmente, para que possamos sorvê-las.

***

Jesus diz que Deus atende às nossas orações.

Nem sempre acontece.

A jovem pede um príncipe encantado, e tudo o que consegue é encantar-se com a sobrinhada.

O doente pede a cura, e quem o atende é uma senhora mal encarada, empunhando ameaçadora foice.

Demonstrando que não há contradição, Jesus apresenta outra parábola.

Em certa cidade, havia um juiz de mau caráter, homem iníquo, que não temia a Deus nem respeitava os homens.

Relapso, deixava acumularem-se pilhas de processos.

Uma viúva o procurava com insistência, para resolver uma pendência com alguém. E lhe pedia:

Defende-me do meu adversário.

O juiz não lhe dava atenção.
O tempo ia passando... A viúva a insistir:

Defende-me do meu adversário.

Ele começou a ficar preocupado. Conjeturava:

- Se bem que eu não tema a Deus, nem respeite os homens; todavia, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, para que ela não venha a molestar-me.

Alguns exegetas consideram que molestar pode ser traduzido por ― "acertar o olho" ou ― "dar um soco no olho". A tradução, então, seria, ― "vou atendê-la para que não me acerte o olho".

Jesus teria feito humor em tomo do assunto. Numa sociedade machista como a judaica, há de ter sido hilário que aquele juiz severo, que não temia a Deus nem respeitava os homens, cedesse por medo de uma mulher.

Jesus conclui a parábola, dizendo:

Atentai ao que disse este juiz injusto e indigno.

Não fará justiça Deus aos seus escoltados, que a Ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em socorrê-lo.

Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça.

Assim como na primeira parábola, Jesus enfatiza que Deus atende aqueles que o procuram.

Pode parecer estranho comparar Deus, o Onipotente, Supremo Juiz, com um juiz relapso e insignificante, não habituado a cumprir seus deveres.

Mas é simples entender.

Jesus usa aqui a técnica expressa num aforismo latino: a minori ad maius, do menor para o maior.

Se um juiz iníquo, caso menor, promove a justiça em favor de uma mulher insistente, tanto mais Deus, caso maior, em sua grandeza, nos ajudará de pronto, não porque o importunemos, mas porque ele é o nosso Pai, de infinito amor e misericórdia.

***

Atentemos à observação de Jesus: Deus atende às nossas orações, mas fazendo justiça, isto é, dando-nos de conformidade com nossos méritos e necessidades.

Deus age como um pai que não dá tudo o que o filho pede.

Apenas o que será realmente proveitoso.

Enxergamos pequena parte da realidade, aquela que nos permitem nossos acanhados sentidos.

Se a nossa visão espiritual se dilatasse e pudéssemos conhecer o passado, verificaríamos que nossos males têm a sua razão de ser. Estão associados aos nossos desatinos do pretérito. Surgem, não como castigo, mas como medida educativa.

As limitações que enfrentamos, sob o ponto de vista físico, psicológico, mental, social, profissional, sentimental, são instrumentos divinos para conter e eliminar nossas tendências inferiores...

Podemos conjugar, nessa relação de causa e efeito, alguns exemplos:
O maledicente - dificuldade de expressão...
O fumante - lesões pulmonares...
O alcoólatra - fígado frágil...
O toxicômano - debilidade mental...
O violento - corpo frágil...
O maníaco sexual - impotência...
Deus abrandará nossas dores mas não as eliminará, porquanto são indispensáveis à nossa renovação.

Resumindo:

Pedimos o que queremos.
Deus nos dá o que precisamos.

A propósito, vale lembrar a oração de um atleta americano que ficou paralítico aos vinte e quatro anos, em plena vitalidade, belo e forte, cheio de planos para o futuro.
Pedi a Deus força para executar projetos grandiosos,
Ele me fez fraco para conservar-me humilde.

Pedi a Deus saúde para grandes feitos.
Ele me deu a doença para compreendê-Lo melhor.

Pedi a Deus riqueza para tudo possuir,
Ele me deixou pobre para não ser egoísta.

Pedi a Deus poder para que os homens precisassem de mim.
Ele me fez humilde para que d'Ele precisasse.

Pedi a Deus tudo o que me permitisse desfrutar a vida,
Ele me ensinou a desfrutar a vida com tudo o que tenho.

Senhor, não recebi nada do que pedi,
Mas deste-me tudo de que eu precisava.
E, quase contra a minha vontade,
As preces que não fiz foram ouvidas.

Louvado sejas, ó meu Deus!
Entre todos os homens, ninguém tem mais do que eu!
Richard Simonetti do livro: 
Histórias que trazem felicidade

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
- Dúvidas e contatos enviar e-mail para: regeneracaodobem@gmail.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...