sábado, 30 de junho de 2018

A experiência de Catarino

A experiência de Catarino

Humberto de Campos



No inicio dos trabalhos psíquicos, presididos por Catarino Boaventura, surgiu certa entidade revelando singular carinho e trazendo cooperação interessante, que imprimia novo estímulo à tela viva de cada reunião. Fez-se conhecer pelo nome de Aquiles, que nenhum dos componentes do círculo conseguiu identificar. No entanto, apesar do anonimato, criou um vasto ambiente de simpatia, não pela cultura notável, mas pelo préstimo ativo que demonstrava. Impressionado o grupo, em vista das intervenções espetaculares, não houve mais ensejo para o estudo metódico da Doutrina.

Debalde o verdadeiro orientador espiritual exortou os companheiros, no sentido de renovarem sentimentos à luz do Evangelho do Cristo. Ninguém dava ouvidos à solicitação insistente. Em vão movimentou-se o mentor dedicado, provocando a vinda de irmãos esclarecidos, no propósito de modificar a situação. A assembléia não se interessava pelos aspectos elevados, que a nova fé lhe oferecia. Livros edificantes, jornais bem orientados, revistas educativas, eram relegados a plano secundário, como inúteis. A amizade de Aquiles representava a nota essencial do agrupamento. Todos os componentes da sessão costumeira recorriam aos seus bons ofícios, qual se fora ele um semideus. 

A entidade prestativa não disseminava maus conselhos, nem menosprezava os princípios nobres da vida; contudo, subtraía aos amigos invigilantes a oportunidade de caminharem por si mesmos. 

Participava de todos os negócios materiais dos companheiros. Opinava em casos particulares e problemas íntimos. Chamavam-lhe guia e diretor infalível.

Via-se, porém, que Catarino Boaventura assumira grande responsabilidade na situação algo confusa, porquanto, na qualidade de orientador encarnado, perdia-se frequentemente em questões e perguntas ociosas.

Os legítimos instrutores, em semelhante regime de leviandade doentia, aliada a forte preguiça mental, afastaram-se discretamente, pouco a pouco.

E Aquiles, parecendo menino bondoso e desajuizado, espécie de criadito diligente e humilde, continuou prestante aos trabalhos de qualquer natureza. Fortemente ligado a Catarino, por vigorosos laços magnéticos, não se sabia qual dos dois era mais leviano, no capítulo sagrado da responsabilidade individual.

Na residência dos Boaventuras, não se tentava solução de problema algum sem audiência do colaborador invisível.

O chefe da família jamais se cansava de interrogações e consultas. Frequentemente repetiam-se entendimentos deste jaez:

– Meu irmão, que nos diz relativamente ao meu projeto de sociedade comercial com o Morais e Silva?

– Referes-te ao projeto da fábrica de doces? – indagava o Espírito, demonstrando bondade fraternal.

– Isso mesmo.

– Espera. Estudarei detidamente o assunto.

Dai a minutos, regressava Aquiles informando:

– É inconveniente o negócio. Morais e Silva não é homem de boas intenções. Não possui capital suficiente e pretende lançar empréstimo fraudulento em casa bancária. Aceitar-lhe a companhia constituirá erro grave.

Catarino não fazia valer as razões nobres da vida, que mandam alijar intrigas e esclarecer intrigantes, no mecanismo das relações usuais, e, olhos vivazes, agradecia:

– Ainda bem, Aquiles, que tive tua cooperação desinteressada. Obrigado, amigo. Amanhã tomarei providências indispensáveis, compelindo o malandro a desembaraçar o caminho.

No dia imediato, desfaziam-se os projetos, sem motivos justos. O quadro das oportunidades de trabalho surgia diariamente, mas o comunicante, instado pelo companheiro, destacava sempre as dificuldades e impedimentos. Se observava pessoas, comentava-lhes os defeitos; se examinava situações, expunha as zonas vulneráveis.

– Que me ordenas hoje, irmão? – perguntava Aquiles, zeloso.

– Faço questão que te fixes no caso, trazendo informes detalhados e francos. 

Queres conhecer os obstáculos existentes?

– Sim, preciso me mostres o lado obscuro, a fim de agir em confiança perfeita.

E, em todas as situações, obedecia o emissário, cegamente.

O menor problema era considerado com esse critério de relevo à sombra, com esquecimento das probabilidades de luz.

Enquanto passava o tempo, cresciam as demonstrações de preguiça mental. Aquiles parecia alimentar-se dos fluidos magnéticos de Catarino, e este, a seu turno, revelava-se cada vez mais dependente do companheiro espiritual. E tão enredada ficou a família Boaventura, no temor das pessoas e situações, que o dono da casa foi compelido a colocar-se em modesta condição de representante de várias instituições comerciais, para que não faltasse o pão cotidiano.

Todas as noites, porém, reunia-se o grupinho, reincidindo o dirigente da sessão nas perguntas invariáveis.

– Aquiles, concordas comigo relativamente à viagem de amanhã?

– Perfeitamente – respondia incorporado à médium –, aquele bairro é futuroso e rico. Visitei-o ontem à noite, conforme determinaste, e posso dizer que o volume de negócios é dos mais promissores.

Catarino agradecia, solícito, e, feita a viagem inicial, recomeçava na sessão imediata:

– Terminando as atividades atuais, tenciono visitar a cidade a que nos referimos a semana passada. 

Desejaria, meu irmão, que trouxesses informações exatas, para saber se serei bem ou mal sucedido.

Aquiles prometia esforçar-se e, vindo a noite, opinava:

Não convém tentar o plano formulado. A cidade é pequena e pobre, o jogo dos interesses ali predominantes não oferece oportunidades lucrativas. A população vive de produtos agrícolas, mas, dada a incerteza da colheita, vários estabelecimentos comerciais se aproximam da falência.

– Agradeço-te, amado guia – falava o diretor da reunião extremamente sensibilizado –, encontro em ti meu apoio diário.

E não satisfeito com a incúria própria, Catarino fazia ativa propaganda dos méritos de Aquiles. Nunca mais se referiu aos mentores sábios que costumavam cooperar nas reuniões doutro tempo, trazendo exortações sérias e estímulos preciosos ao estudo das grandes leis da vida.

Preferia o mensageiro que lhe obedecia às ordens caprichosas. Afeiçoados, vizinhos e conhecidos vinham pressurosos associar-se-lhe à atitude negativa. Aquiles atendia as mais estranhas consultas, tornando-se respeitado qual figura miraculosa.

Mas, com o correr inflexível do tempo, Catarino Boaventura acabou entregando o corpo à terra.

Qual não foi, porém, a surpresa que teve, quando, ao entrar em contacto direto com o plano espiritual, divisou lado a lado o comunicante das sessões terrestres!

Uma figura comum, sem qualquer expressão notável que o tornasse digno de veneração. O antigo diretor da reunião estava perplexo. Na cegueira espiritual em que se envolvera no mundo, presumia no amigo obediente qualidades excepcionais de condutor. Aquiles, todavia, aproximou-se humildemente e perguntou:

– Ainda bem que te encontro, meu velho amigo!

Quais são as tuas ordens, agora?

– Ordens? – indagou Catarino, aterrado – pois não és nosso guia e orientador?

– Não tanto assim – explicou o interpelado –, designaram-me para cooperar em tuas atividades na Terra e, desde então, trabalhando exclusivamente a teu mando, não tenho outra preocupação senão obedecer-te.

– Não te encontras, acaso, em permanente comunicação com aqueles que te designaram? – perguntou o recém-desencarnado ansioso de auxílios novos.

– Fui ajudar-te, comprometendo-me a não cessar o intercâmbio com esse amigo generoso que me acolheu e proporcionou trabalho nas tuas reuniões – esclareceu o cooperador humilde –, no entanto, davas-me tantas preocupações e tantos encargos sobre pessoas, negócios, vilas e bairros diferentes, que, quando tentei receber novas instruções, não mais achei o caminho. Sentindo-me só, tratei de unir-me mais e mais contigo e acreditei dever esperar-te, já que me prendeste tanto em tua própria senda.

Catarino experimentou a surpresa angustiosa de quem encontra o fundo do abismo.

Somente aí, compreendeu que os ignorantes não permanecem exclusivamente na Terra e que o pobre Aquiles não passava de servo confiante da indolência que lhe assinalara a última experiência terrestre.

Movimentando-se tardiamente, inclinou o companheiro a meditar na gravidade da situarão e, à maneira de bandeirantes da sombra, puseram-se a caminho, das trevas para a luz. A jornada penosa realizava-se à custa de lágrimas e desenganos. Quanto tempo durou a procura de uma voz abençoada que lhes ensinasse a saída do labirinto imprevisto? Não poderiam responder.

Chegou, todavia, o momento em que Boaventura sentiu a presença de generoso amigo ao lado de ambos.

Bradou o reconhecimento que lhe vibrava no coração, quis ajoelhar, oscular os pés do mensageiro que lhes vinha ao encontro. Não pôde, contudo, fixar o emissário, mas a voz que os cercava ergueu-se brandamente e fez-se ouvir com emoção:

– Catarino, Jesus nunca desampara os que se propõem firmemente à retificação.

Reconheces, agora, que a vida em todo plano da Natureza pede esforço, trabalho, compreensão. 

Como pudeste acreditar que Deus ligasse a esfera visível à invisível, na Terra, tão-só para subtrair o homem aos problemas e labores necessários? Cada dia, no mundo, levava-te ao coração abundante celeiro de oportunidades que nunca soubeste aproveitar.

Aprendeste que os desencarnados são igualmente trabalhadores e nem sempre são missionários iluminados e redimidos. Quando a Providência permitiu que se encontrassem os irmãos de uma e outra esfera, não foi para estabelecer inércia e sim desenvolver, mais intensamente, a cooperação, a fraternidade e o espírito de serviço. Uns e outros são portadores de necessidades e problemas próprios, que a diligência e o amor recíprocos podem resolver. Entretanto, transformaste o pobre Aquiles em muleta dos teus aleijões mentais. Fugiste aos problemas, abandonaste o trabalho, renunciaste às possibilidades que o Senhor do Universo depositou em teus caminhos!...

Calando-se a voz por momentos, Boaventura implorou, afogado em pranto:

– Dai-me um guia por amor de Deus!...

– Um guia? – perguntou o mentor invisível para quê? De que modo caminharás neste plano, se não quiseste aprender a caminhar nas estradas do Globo?

Não posso atender-te agora ao desejo; todavia, Jesus não te deixará ao desamparo...

Vamos, segue-me! Regressarás à Terra para aprender que desencarnados e encarnados têm realizações que precisam efetuar conjuntamente. Não desdenhes o desenvolvimento das faculdades próprias! Vamos, Catarino, e não esqueças nunca que a dificuldade, a luta, o obstáculo e o sofrimento são guias preciosos que ninguém poderá dispensar na marcha para Deus.

E Boaventura, de mãos dadas com Aquiles, por sua vez perplexo, seguiu, cambaleando, a grande luz que rompia as sombras, voltando ao mesmo lugar donde viera, a fim de recomeçar a lição da vida.


Humberto de Campos por Chico Xavier do Livro: Reportagens de Além-Túmulo




sexta-feira, 29 de junho de 2018

Reencarnação e progresso

Reencarnação e progresso

Emmanuel



Comentando as necessidades da reencarnação, anotemos alguns quadros da Natureza.

O celeiro é a casa ideal das sementes.

Aí se congregam todas, em saborosa intimidade, e quando semelhante reunião se delonga em demasia degeneram-se na essência, por ação de agentes químicos, tornando-se imprestáveis.

Conduzidas, porém, ao replantio, embora padeçam solidão e abandono nas vicissitudes do solo, voltam de novo à glória da vida, em forma de verdura e flor, espiga e pão.

A gleba de calcário friável é, comumente, o refúgio de numerosos tratos de argila que aí descansam, às vezes por séculos, através de lentas modificações sem maior proveito; entretanto, se trazidos ao clima esfogueante do forno, materializam nobres sonhos do oleiro, atendendo a largas tarefas de utilidade em planos superiores.

Além da morte física, pode a alma retemperar-se ao calor de afeições caras, condicionada ao campo de afinidades em que se lhe expressam emoções e desejos; todavia, superada a fase de justo refazimento, aparece a ociosidade que, se mantida, faz que o Espírito por muito tempo se mantenha estanque, ante a luz do progresso.

É por isso que a reencarnação se mostra imprescindível e inadiável.

Determinado companheiro terá resolvido os problemas da sexualidade inferior, mas guardará consigo a febre de cupidez. Outro sentir-se-á liberado das tentações da usura, entretanto permanecerá em conflito com o vício da inconformação.

Alguém terá vencido o hábito da rebeldia sistemática, mas sofrerá em si mesmo o estilete magnético do ciúme. Esse e aquele amigo se revelarão livres dessa praga mental, contudo, sustentam-se, ainda, algemados à vaidade infantil ou ao orgulho tirânico.

E para que essas chagas ocultas sejam extirpadas de nossa alma é imperioso nos voltemos para o renascimento na arena física, onde encontraremos a adversidade naqueles que não pensam por nossas medidas, para que aprendamos a respirar nas dimensões da Vida Maior.

Em nosso presente estágio de evolução será preciso renascer, na Terra ou noutros mundos que se lhe assemelhem, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, não somente no resgate dos erros e culpas do pretérito, em louvor da Justiça, mas também no aperfeiçoamento de nós mesmos, em obediência ao Amor.

Toda máquina algo produz vencendo a inércia pela força do movimento e toda fonte que desistisse de caminhar, com receio de pedra e lodo, nada mais seria que água parada na calmaria do charco.

O mundo é, assim, nossa escola.

A família consanguínea é o grupo estudantil a que pertencemos.

O lar é a banca da experiência.

Amigos representam explicadores.

Adversários desempenham o papel de fiscais.

Os parentes difíceis são cadernos de prova.

O trabalho espontâneo no bem é o curso da iluminação interior que podemos aproveitar segundo a nossa vontade.

E sendo Jesus o nosso Divino Mestre, a cada instante da vida a dificuldade ser-nos-á como bênção portadora de preciosas lições.

Reunião pública de 18/9/59 Questão nº 196 

Emmanuel por Chico Xavier do livro:
Religião dos Espíritos

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 O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Questão 196. 

Não podendo os Espíritos aperfeiçoar-se, a não ser por meio das tribulações da existência corpórea, segue-se que a vida material seja uma espécie de crisol ou de depurador, por onde têm que passar todos os seres do mundo espírita para alcançarem a perfeição?

“Sim, é exatamente isso. Eles se melhoram nessas provas, evitando o mal e praticando o bem; porém, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, conforme os esforços que empreguem; somente após muitas encarnações ou depurações sucessivas, atingem a finalidade para que tendem.”

a) — É o corpo que influi sobre o Espírito para que este se melhore, ou o Espírito que influi sobre o corpo?

“Teu Espírito é tudo; teu corpo é simples veste que apodrece: eis tudo.”

O suco da videira nos oferece um símile material dos diferentes graus da depuração da alma. Ele contém o licor que se chama espírito ou álcool, mas enfraquecido por uma imensidade de matérias estranhas, que lhe alteram a essência. Esta só chega à pureza absoluta depois de múltiplas destilações, em cada uma das quais se despoja de algumas impurezas. O corpo é o alambique em que a alma tem que entrar para se purificar. Às matérias estranhas se assemelha o perispírito, que também se depura, à medida que o Espírito se aproxima da perfeição.

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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Coragem e responsabilidade

Coragem e responsabilidade

Vianna de Carvalho


Vianna de Carvalho

Quando o ser humano descobre o Espiritismo é tomado por especial alegria de viver, passando a compreender as razões lógicas da sua existência, os mecanismos que trabalham em favor da felicidade, experimentando grande euforia emocional.

Quando o Espiritismo penetra na mente e no sentimento do ser humano, opera-se-lhe uma natural transformação intelecto-moral para melhor, propondo-lhe radical alteração no comportamento que enseja a conquista de metas elevadas e libertadoras.

Quando o indivíduo mantém os primeiros contatos com a Doutrina Espírita, vê-se diante de um mundo maravilhoso, rico de bênçãos que pretende fruir, deixando-se fascinar pelas propostas iluminativas de que é objeto.

Quando o Espiritismo encontra guarida no indivíduo, logo se lhe despertam os conceitos de responsabilidade, coragem e fidelidade à nova conquista.

Nem todos, porém, alteram a conduta convencional a que se acostumaram. Ao entusiasmo exagerado sucede o convencionalismo do conhecimento sem a sua vivência diária, aguardando recolher conveniências e soluções para os problemas afligentes, sem maior esforço pela transformação moral. Não se afeiçoando ao estudo correto dos postulados espíritas e neles reflexionando, detêm-se nas exterioridades das informações que recolhem, nem sempre verdadeiras, tornando-se apenas beneficiários dos milagres que esperam lhes aconteçam a partir do momento da sua adesão.

Com o tempo e a frequência às reuniões, acomodam-se ao novo ritualismo da participação sem realizações edificantes, ou entregam-se à parte da assistência social, procurando negociar com Deus o futuro espiritual em razão do bem e da caridade que acreditam estar realizando.

O conhecimento do Espiritismo de forma natural e consciente desperta os valores enobrecidos da responsabilidade e da coragem indispensáveis à existência ditosa.

Todo conhecimento nobre liberta o ser humano da ignorância, apresentando-lhe a realidade desvestida dos formalismos e das ilusões, na sua fase mais bela e significativa, por ensejar a conquista dos valores legítimos que devem ser cultivados.

O homem livre da superstição e dos complexos mecanismos da tradição da fé imposta redescobre-se e exulta por compreender que é o autor de todas as ocorrências que lhe sucedem, exceção ao nascimento e à desencarnação, e mesmo essa, dependendo muito do seu comportamento durante a vilegiatura física, podendo antecipá-la ou postergá-la.

Adquire a responsabilidade moral pelos atos, não mais se apoiando nas bengalas psicológicas de transferir  para os outros a razão dos insucessos que lhe ocorrem, dando lugar aos sofrimentos e suas inevitáveis consequências.

Compreende que uma excelente filosofia não basta para proporcionar uma existência feliz, mas sim a vivência dos seus ensinamentos, que se tornam responsáveis pelo que venha a ocorrer-lhe na área do seu comportamento moral.

É comum a esses adeptos precipitados, passado algum tempo, apresentarem-se decepcionados e tristes, informando que esperavam muito mais do Espiritismo e que encontraram pessoas confusas e perversas, insensatas e desequilibradas no seu Movimento.

Da alegria exagerada passam à crítica contumaz, à maledicência, ao azedume.

Afinal, essa responsabilidade não é do Espiritismo, mas daqueles que o visitam levianamente e não incorporam à vida espiritual os ensinamentos excepcionais de que se constitui a sã doutrina.

De igual maneira que esses neófitos não se preocuparam em conseguir a autoiluminação, o mesmo sucedeu com outros adeptos que os precederam, acostumados que estavam ao ócio espiritual, à leviandade religiosa, aguardando sempre receber sem a menor preocupação em contribuir.

O Movimento Espírita não é o Espiritismo. O primeiro é constituído pelos indivíduos, bons e maus, conhecedores e ignorantes das verdades do mundo espiritual, ativos ou ociosos, que se deveriam integrar de corpo e alma ao serviço de renovação interior e da divulgação pelo exemplo. No entanto, para esse cometimento é necessária a coragem da fé, essa robustez de ânimo que enfrenta as dificuldades de maneira lúcida e clara, com destemor e espírito de ação, para remover-lhes os obstáculos e alcançar os patamares mais elevados de harmonia e de bem-estar.

Em muitos, que permanecem na irresponsabilidade do comportamento e na falta de coragem para arrostar as consequências da sua conversão ao Espiritismo, demorando-se na dubiedade, nas incertezas que procuram não esclarecer, receando os impositivos da fidelidade pessoal à doutrina, instalam-se as justificativas infantis para prosseguirem sem alteração, esperando que os Espíritos realizem as tarefas que lhes dizem respeito.

Outros ainda, viciados na conduta da inutilidade, esperam ter resolvido todos os problemas de saúde, família, economia, surpreendendo-se, quando convocados aos fenômenos existenciais das enfermidades, dos desafios domésticos e financeiros, sociais e profissionais, que desejavam não lhes ocorressem em decorrência da sua adesão ao Espiritismo...

Só mesmo a mente insensata pode elaborar conceito dessa magnitude: a adesão a uma doutrina feliz basta para que tudo lhe ocorra a partir de então, de maneira especial e magnífica!

O Espiritismo enseja a compreensão dos fatores existenciais, dos compromissos que a cada qual dizem respeito, do esforço que deve ser envidado em favor da construção do próprio futuro. Elucida as situações dolorosas, explicando as suas causas e oferecendo os instrumentos para a sua erradicação, com a consequente construção dos dias felizes do porvir.

Eis por que se impõe, logo após a adesão aos seus postulados, de par com a responsabilidade da conduta, a coragem para as mudanças interiores que devem acontecer ao largo do tempo, com a vigilância indispensável à produção de fatores elevados para o desenvolvimento intelecto-moral que aguarda o candidato às suas fileiras.

Tomando como modelar a conduta de Jesus, o Espiritismo trá-Lo de volta, desmistificado das fábulas com que O envolveram através dos tempos, real e companheiro de todos os momentos, ensinando sempre pelo exemplo de que as Suas palavras se revestem.

O espírita sincero, que se redescobre através do conhecimento doutrinário, transforma-se em verdadeiro cristão, conforme os padrões estabelecidos pelo Mestre galileu.

Não se permite justificativas infantis após os insucessos, levanta-se dos erros e recomeça as atividades tantas vezes quantas ocorram, tem a coragem para o autoenfrentamento libertando-se dos inimigos de fora para vencer aqueles de natureza interna, sempre disposto a servir e a amar.

Evocando os mártires do Cristianismo primitivo, enfrenta hoje valores decadentes da ética e da moral, graves problemas sociais e morais, que lhe exigem sacrifício para uma existência honorável sem os conchavos com a indignidade, a traição e o furto legalizado.

Torna-se alguém intitulado como portador de comportamento excêntrico, porque tem a coragem de manter a vida saudável, mantendo-se digno em todas as circunstâncias, responsável pelos pensamentos, palavras e atos, incompreendido e, não poucas vezes, perseguido, mesmo nos locais em que labora doutrinariamente, em face da conduta doentia dos acostumados à leviandade e ao ócio.

Sem qualquer dúvida, a adesão ao Espiritismo impõe a consciência de responsabilidade e de coragem, para tornar-se verdadeiramente espírita todo aquele que lhe sinta a sublime atração.



Vianna de Carvalho

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, 
no dia 10 de agosto de 2009, na cidade do Rio de Janeiro, RJ.



quarta-feira, 27 de junho de 2018

Não temas

Não temas

Emmanuel



Dar é receber.

Morrer é reviver.

Auxílio é crescimento.

Não procures reter os dons que o Senhor te confiou, a fim de que não sofras o desastre da estagnação.

O poço fechado é cova de vermes.

A enxada que se distancia do serviço é vítima da ferrugem.

A semente que foge à luz desaparece nas profundezas do solo.

O ouro escondido, com receio do progresso, é o purgatório da avareza.

Necessário saber auxiliar para sermos naturalmente auxiliados.

Quase sempre é perdendo para a existência efêmera que lucramos para o espírito imperecível.

Sacrificando-nos, encontramos a própria elevação.

Estejamos certos de que o esforço e o suor aparecem na base dos mínimos setores da civilização, e o mundo, em verdade, somente persevera através do cérebro, dos braços e das palavras daqueles que elegerem o ideal de servir por norma de ação comum, na romagem da Terra para o Céu.

Não temas o sofrimento, a dificuldade, o desengano e a sombra.

Recorda que a cruz do Cristo era condenação e morte, no dia do Calvário, mas, logo após, em breves horas, converteu-se em libertação e triunfo para o mundo inteiro.


Emmanuel por Chico Xavier do livro: Trevo de ideias



terça-feira, 26 de junho de 2018

Real Destaque

Real Destaque

Emmanuel



É possível estejas nos teus dias mais difíceis de provação.

Não desesperes, nem esmoreças.

A inconformidade, quase sempre, apenas perturba.

Desânimo não auxilia.

Em plena crise, entra na ponte do trabalho e orienta-te no rumo da própria renovação.

Não te desgarres da paciência.

Aceita as dificuldades em derredor de teus passos e aceita-te, tal qual és, na tarefa para a execução da qual a Sabedoria da Vida te formou a existência em que te encontras.

Não te voltes contra as incompreensões que te agridam.

Não te empenhes na procura de premiações e louvores.

Aperfeiçoamento da alma é feito de erros e acertos.

Onde acertes, insiste no avanço.

Onde erres, corrige as situações ou corrige-te, reconhecendo a condição de humanidade em que ainda te vês.

Não passes recibo aos agravos.

Recolhe a critica no vaso da tolerância.

Agradece a bênção dos amigos e agradece igualmente o toque dos adversários.

Não te afastes da pratica do bem.

Se alguém te acusa injustamente, entrega o assunto ao tempo.

Passamos pelos dias sem alterá-los, mas os dias passam por nós, renovando-nos sempre.

Se alguém te exalta, já sabemos que “toda boa dádiva procede do Alto” e não de nós.

Se outrem te rebaixa, considera que se está a servir, eis que te encontras, efetivamente, em teu próprio lugar.

Se essa ou aquela pessoa te desafia a competições por algum privilégio, nada disputes.

Cala-te e serve.

Chegará um dia em que todos reconheceremos que, em qualquer parte da vida, todo destaque real pertence a Deus.

Emmanuel por Chico Xavier do livro:
Pronto-socorro

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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Em você

Em você

André Luiz



O homem traz em si mesmo instrumentos indispensáveis à manutenção da própria paz, no esforço de progredir.

Um alto-falante adaptado à garganta.

Duas máquinas cinematográficas incrustadas nos globos oculares.

Dois gravadores de sons encobertos pelas orelhas.

Um pequeno guindaste preso em cada ombro.

Dois suportes locomotores fixados ao tronco.

Tudo isso, afora dezenas de complicados mecanismos que agem, interdependentes, na estrutura da sua máquina orgânica.

O pensamento é a eletricidade que movimenta toda a maquinaria, e um atestado de garantia estipula prazo fixo ao seu funcionamento normal, quando usado com disciplina constante para fins elevados.

***

Examine a aplicação da máquina pela qual você se manifesta.

Qual ocorre a qualquer construção mecânica, o seu corpo físico pode ser empregado para edificar ou destruir, devendo trabalhar em ritmo uniforme para isentar-se da ferrugem e combater o próprio desgaste.

Em você existem as causas da sua derrota e vibram as forças de seu triunfo.

André Luiz do livro: Ideal Espírita
de Chico Xavier / Waldo Vieira

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