segunda-feira, 30 de setembro de 2019

O Livro dos Médiuns

O Livro dos Médiuns

André Luiz




O Livro dos Médiuns - Introdução
Veja aqui: Introdução de "O Livro dos Médiuns" de Allan Kardec.

Muitos referiam-se à justiça...
Mas apenas Moisés logrou expressá-la junto aos homens.

Muitos sentiam a necessidade do amor por único recurso de sustentação da concórdia e da fraternidade entre as criaturas...
Entretanto, somente Jesus conseguiu exemplificá-la na Terra.

Qual ocorre no plano moral, assim tem acontecido sempre em todos os distritos do progresso humano.

Muitos registravam o impositivo de mais ampla divulgação da cultura...
Contudo, só Guttemberg pôde articular os alicerces da imprensa.

Muitos observavam que o mundo químico devia ter por base um elemento extremamente simples...
Todavia, somente Cavendish chegou a descobrir o hidrogênio.

Muitos reconheciam a possibilidade de isolar-se a faísca elétrica...
No entanto, só Franklin levantou o para-raios.

Muitos pensavam na criação do transporte rápido...
Mas apenas Stephenson desvelou a locomotiva.

Muitos pressentiam a existência da gravitação...
Entretanto, somente Newton granjeou enunciá-la.

Muitos falavam em arquivo da voz...
Contudo, só Edison corporificou o fonógrafo.

Muitos suspeitavam da influência maléfica dos bacilos...
Todavia, somente Pasteur instituiu a imunização.

Muitos estudavam as ondas eletromagnéticas...
No entanto só Marconi estabeleceu as comunicações sem-fio.

Através de séculos, muitos admitiam o intercâmbio entre os homens na carne e os espíritos no Espaço...
Contudo, somente Allan Kardec definiu a prática mediúnica inaugurando nova era para a vida mental da Humanidade.

Glória, pois, a "O Livro dos Médiuns" que consubstancia o pensamento puro e original do Codificador sobre a mediunidade com Jesus. 
Estudêmo-lo.

André Luiz do livro Opinião Espírita de Chico Xavier / Waldo Vieira




sábado, 28 de setembro de 2019

Recado de irmão

Recado de irmão

André Luiz


Chico Xavier e André Luiz

Evidentemente, o Senhor não nos exige espetáculos de grandeza.

Nem sempre conseguirás o dinheiro suficiente ou movimentar as providências precisas para atender a todos os necessitados ou socorrer a todos os doentes.

Nem sempre disporás de recursos a fim de erguer escolas ou construir albergues que favoreçam aos companheiros ainda ignorantes ou infortunados.

Entretanto, convém recordar, em nosso próprio benefício, que todo instante é momento de auxiliar para o bem e de que nunca é tarde para sorrir.


André Luiz por Chico Xavier do livro: Seara da Fé




sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Aborto

Aborto

Joanna de Ângelis



Consequência natural do instinto de conservação da vida é a procriação, traduzindo a sabedoria divina, no que tange à perpetuação das espécies.

Mesmo nos animais inferiores a maternidade se expressa como um dos mais vigorosos mecanismos da vida, trabalhando para a manutenção da prole.

Ressalvadas raras exceções, o animal dócil, quando reproduz, modifica-se, liberando a ferocidade que jaz latente, quando as suas crias se encontram ameaçadas.

O egoísmo humano, porém, condescendendo com os preconceitos infelizes, sempre que em desagrado, ergue a clava maldita e arroga-se o direito de destruir a vida.

*

Por mais se busquem argumentos, em Vãs tentativas para justificar-se o aborto, todos eles não escondem os estados mórbidos da personalidade humana, a revolta, a vingança, o campo aberto para as licenças morais, sem qualquer compromisso ou responsabilidade.

O absurdo e a loucura chegam, neste momento, a clamorosas decisões de interromper a vida do feto, somente porque os pais preferem que o filho seja portador de outra e não da sexualidade que exames sofisticados conseguem identificar em breve período de gestação, entre os povos super-civilizados do planeta...

Não há qualquer dúvida, quanto aos “direitos da mulher sobre o seu corpo”, mas, não quanto à vida que vige na intimidade da sua estrutura orgânica.

Afinal, o corpo a ninguém pertence, ou melhor nada pertence a quem quer que seja, senão à Vida.

Os movimentos em favor da liberação do aborto, sob a alegação de que o mesmo é feito clandestinamente, resultam em legalizar-se um crime para que outro equivalente não tenha curso.

Diz-se que, na clandestinidade, o óbito das gestantes que tombam, por imprudência, em mãos incapazes e criminosas, é muito grande, e quando tal não ocorre, as consequências da técnica são dolorosas, gerando sequelas, ou dando origem a processos de enfermidades de longo curso.

A providência seria, portanto, a do esclarecimento, da orientação e não do infanticídio covarde, interrompendo a vida em começo de alguém que não foi consultado quanto à gravidade do tentame e ao seu destino.

Ocorre, porém, na maioria dos casos de aborto, que a expulsão do corpo em formação, de forma nenhuma interrompe as ligações Espírito-a-Espírito, entre a futura mãe e o porvindouro filho.

Sem entender a ocorrência, ou percebendo-a, em desespero, o ser espiritual agarra-se às matrizes orgânicas e, à força da persistência psíquica, sob frustração do insucesso termina por lesar a aparelhagem genital da mulher, dando gênese a doenças de etiologia mui complicada, favorecendo os múltiplos processos cancerígenos.

Outrossim, em estado de desespero, por sentir-se impedido de completar o ciclo da vida, o Espírito estabelece processos de obsessão que se complicam, culminando por alienar-se a mulher de consciência culpada, formando quadros depressivos e outros, em que a loucura e o suicídio tomam-se portas de libertação mentirosa.

Ninguém tem o direito de interromper uma vida humana em formação.

Diante da terapia para salvar a vida da mãe, é aceitável a interrupção do processo da vida fetal, em se considerando a possibilidade de nova gestação ou o dever para com a vida já estabelecida, face à dúvida ante a vida em formação...

Quando qualquer crime seja tomado um comportamento legal, jamais se enquadrará nos processos morais das Leis Soberanas que sustentam o Universo em nome de Deus.

*

Diante do aborto em delineamento, procura pensar em termos de amor e o amor te dirá qual a melhor atitude a tomar em relação ao filhinho em formação, conforme os teus genitores fizeram contigo, permitindo-te renascer.


Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro Alerta



quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Terapêutica Desobsessiva

Terapêutica Desobsessiva

André Luiz




Você pode:

  • ter cometido muitos desatinos e viver agora em aflitiva atmosfera de culpa;
  • achar-se doente;
  • haver passado por terríveis desenganos;
  • estar respirando no clima de prejuízos e fracassos;
  • carregar conflitos interiores;
  • anotar-se sob nuvens de tentações e desafios;
  • encontrar-se em desânimo;
  • observar-se em luta contra perigosos pensamentos negativos;
  • reconhecer-se ante a pressão de numerosos adversários;
  • encontrar-se em desânimo;
  • admitir-se em luta diante da crítica.
Você, enfim, talvez se veja em qualquer estado de introdução ao desequilíbrio espiritual, prestes a cair sob cadeias obsessivas... Mas, se você realmente deseja livrar-se disso, deve compreender, antes de tudo, que precisa de esclarecimento e de amparo.

Entretanto, para que você obtenha luz e auxílio é indispensável adote atitudes fundamentais:
  • estudar e raciocinar, afim de se instruir; 
  • trabalhar e servir para merecer.



André Luiz por Chico Xavier do livro: Paz e Renovação / Diversos Espíritos




quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A lenda das lágrimas

A lenda das lágrimas

Irmão X.



Rezam as lendas bíblicas que o Senhor, após os seis dias de grandes atividades da criação do mundo, arrancado do caos pela sua sabedoria, descansou no sétimo para apreciar a sua obra.

E o Criador via os portentos da Criação, maravilhado de paternal alegria. Sobre os mares imensos voejavam as aves alegres; nas florestas espessas desabrochavam flores radiantes de perfumes, enquanto as luzes, na imensidade, clarificavam as apoteoses da Natureza, resplandecendo no Infinito, para louvar-lhe a glória e lhe exaltar a grandeza.

Jeová, porém, logo após a queda de Adão e depois de expulsá-lo do Paraíso, a fim de que ele procurasse na Terra o pão de cada dia com o suor do trabalho, recolheu-se entristecido aos seus imensos impérios celestiais, repartindo a sua obra terrena em departamentos diversos, que confiou às potências angélicas.

O Paraíso fechou-se então para a Terra, que se viu insulada no seio do Infinito. Adão ficou sobre o mundo, com a sua descendência amaldiçoada, longe das belezas do éden perdido, e, no lugar onde se encontravam as grandiosidades divinas, não se viu mais que o vácuo azulado da atmosfera.

E o Senhor, junto dos Serafins, dos Arcanjos e dos Tronos, na sagrada curul da sua misericórdia, esperou que o tempo passasse. Escoavam-se os anos, até que um dia o Criador convocou os Anjos a que confiara a gestão dos negócios terrestres, os quais lhe deviam apresentar relatórios precisos, acerca dos vários departamentos de suas responsabilidades individuais. Prepararam-se no Céu festas maravilhosas e alegrias surpreendentes para esse movimento de confraternização das forças divinas e, no dia aprazado, ao som de músicas gloriosas, chegavam ao Paraíso os poderes angélicos encarregados da missão de velar pelo orbe terreno. 

O Senhor recebeu-os com a sua bênção, do alto do seu trono bordado de lírios e de estrelas, e, diante da atenção respeitosa de todos os circundantes, falou o Anjo das Luzes:

- “Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da vossa misericórdia. O Sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da Natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia. Nos crepúsculos, o firmamento recita os seus poemas de estrelas e as noites são ali clarificadas pelos raios tênues e puros dos plenilúnios divinos. Nas paisagens terrestres, todas as luzes evocam o vosso poder e a vossa misericórdia, enchendo a vida das criaturas de claridades benditas!...”

Deus abençoou o Anjo das Luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.

Depois, veio o Anjo da Terra e das Águas, exclamando com alegria:

- “Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente todas as criaturas; todos os reinos da Natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida. E as águas, que parecem constituir o sangue bendito da vossa obra terrena, circulam no seu seio imenso, cantando as vossas glórias incomensuráveis. Os mares falam com violência, afirmando o vosso poder soberano, e os regatos macios dizem, nos silvedos, da vossa piedade e brandura. As terras e as águas do mundo são plenas afirmações da vossa magnífica complacência!...”

E o Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.

Em seguida, falou, radiante, o Anjo das Árvores e das Flores:

- “Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumpridas com sublime dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as criaturas, como braços misericordiosos do vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do Planeta. Quando maltratadas, sabem ocultar suas angústias, prestando sempre, com abnegação e nobreza, o concurso da sua bondade à existência dos homens. Algumas, como sândalo, quando dilaceradas, deixam extravasar de suas feridas taças invisíveis de aroma, balsamizando o ambiente em que nasceram... E as flores, meu Pai, são piedosas demonstrações das belezas celestiais nos tapetes verdoengos da Terra inteira. Seus perfumes falam, em todos os momentos, da vossa magnanimidade e sabedoria...”

E o Senhor, das culminâncias do seu trono radioso, abençoou o servo fiel, facultando-lhe o poder de multiplicar a beleza e as utilidades das árvores e das flores terrestres.

Logo após, falou o Anjo dos Animais, apresentando a Deus um relato sincero, a respeito da vidas dos seus subordinados:

- “Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as vossas leis, acatara vossa vontade. Todos vivem em harmonia com as disposições naturais da existência que a vossa sabedoria lhes traçou. Não abusam de suas faculdades procriadoras e têm uma época própria para o desempenho dessas funções, consoante aos vossos desejos. Todos têm a sua missão de cumprir e alguns deles se colocaram, abnegadamente, ao lado do homem, para substituí-lo nos mais penosos misteres, ajudando-o a conservar a saúde e a buscar no trabalho o pão de cada dia. As aves, Senhor, são turíbulos alados, incensando, do altar da natureza terrestre, o vosso trono celestial, cantando as vossas grandezas ilimitadas. Elas se revezam, constantemente, para vos prestarem essa homenagem de submissão e de amor, e, enquanto algumas cantam durante as horas do dia, outras se reservam para as horas da noite, de modo a glorificarem incessantemente as belezas admiráveis da Criação, louvando-se a sabedoria do seu Autor Inimitável!...”

E Deus, com um sorriso de júbilo paternal, derramou sobre o dedicado mensageiro as vibrações do seu divino agradecimento.

Foi quando, então, chegou a vez da palavra do Anjo dos Homens. Taciturno e entre angústias, provocando a admiração dos demais, pela sua consternação e pela sua tristeza, exclamou compungidamente:

- “Senhor!... ai de mim! enquanto meus companheiros vos podem falar da grandeza com que são executados os vossos decretos na face do mundo, pelos outros elementos da Criação, não posso afirmar o mesmo dos homens... A descendência de Adão se perde num labirinto de lutas criado por ela mesma. Dentro das possibilidades do seu livre-arbítrio, é engenhosa e sutil, a inventar todos os motivos para a sua perdição. Os homens já criaram toda sorte de dificuldades, desvios e confusões para a sua vida na Terra. Inventaram, ali, a chamada propriedade sobre os bens que vos pertencem inteiramente, e dão curso a uma vida abominável de egoísmo e ambição pelo domínio e pela posse; toda a Terra está dividida indebitamente, e as criaturas humanas se entregam à tarefa absurda da destruição das vossas leis grandiosas e eternas. Segundo o que observo no mundo, não tardará que surjam os movimentos homicidas entre as criaturas, tal a extensão das ânsias incontidas de conquistar e possuir...”

O Anjo dos Homens, todavia, não conseguiu continuar. Convulsivos soluços embargaram-lhe a voz; mas o Senhor, embora amargurado e entristecido, desceu generosamente do sólio de magnificências divinas e, tomando-lhe as mãos, exclamou com bondade:

- “A descendência de Adão ainda se lembra de mim?

- Não, Senhor!... Desgraçadamente os homens vos esqueceram... – murmurou o Anjo com amargura.

- Pois bem – replicou o Senhor paternalmente -, essa situação será remediada!...”

E, alçando as mão generosas, fez nascer, ali mesmo no Céu, um curso de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas liquefeitas, entregou-a a seu último servidor, exclamando:

- “Volta à Terra e derrama no coração de seus filhos este licor celeste, a que chamarás água das lágrimas... Seu gosto tem ressaibos de fel, mas esse elemento terá a propriedade de fazer que os homens me recordem, lembrando-se da minha misericórdia paternal... Se eles sofrem e se desesperam pela posse efêmera das coisas atinentes à vida terrestre, é porque me esqueceram, olvidando a sua origem divina.”

E desde esse dia o Anjo dos Homens derrama na alma atormentada e aflita da Humanidade a água bendita das Lágrimas remissoras; e desde essa hora, cada criatura humana, no momento dos seus prantos e das suas amarguras, nas dificuldades e nos espinhos do mundo, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida espiritual.

27 de novembro de 1936.

Irmão X. por Chico Xavier do livro: 
Crônicas de Além Túmulo

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- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
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terça-feira, 24 de setembro de 2019

Perseverai

Perseverai

Bezerra de Menezes



Filhos, perseverai no testemunho da fé espírita que abraçastes, ante a revivescência do Evangelho do Senhor. Não recueis ante as provas que vos são necessárias ao burilamento.

Sustentai a coragem na luta, conscientes de que toda conquista nos domínios do espírito reclama esforço e sacrifício continuados.

Ninguém ascende aos Cimos de passo preso à retaguarda.

A Doutrina Espírita liberta o pensamento, no entanto aquele que procura superar o comodismo intelectual de séculos sempre encontrará oposição. É natural, pois, que as trevas conspirem contra os vossos anseios de elevação. Os espíritos, quer encarnados, quer desencarnados, habituados à mesmice em que vivem, haverão de pelejar para vos desalentar em vossos novos propósitos na existência.

Muitos vos tentarão com o imediatismo dos prazeres mundanos e com as facilidades materiais do caminho. Outros urdirão sofismas, com o intento de vos afastar dos objetivos superiores que concentrastes, na necessidade de renovação íntima. Sem que percais de vista a trajetória do Cristo, não olvideis que a obra da redenção humana diz respeito a cada espírito em particular.

A hora do testemunho é uma hora solitária. Em torno, apupos e injúrias, hostilidade e incompreensão. Não raro, amigos e companheiros permanecerão à distância, vos contemplando as reações. Convosco, não tereis por escora, na áspera subida, outra que não seja a cruz que vos pesa nos ombros. Quase ninguém vos verá o pranto que se vos escorre na face, confundindo-se com o suor derramado no cumprimento do dever. Inevitável, a sensação de extremo abandono dos homens, que vos deve induzir a bem maior confiança em Deus.

Filhos, não permuteis o que é eterno pelo que é transitório. Embora sob duros reveses, insisti na prática do bem aos semelhantes e tomai a iniciativa do perdão, na certeza de que o tempo urge e que, ao termo da vossa caminhada sobre a Terra, não tereis outro Céu que não seja o da consciência tranquila.

Bezzera de Menezes - A coragem da Fé / Carlos A. Bacelli





domingo, 22 de setembro de 2019

A cruz de ouro e a cruz de palha

A cruz de ouro e a cruz de palha

Ramiro Gama



Antes de começar a sessão do “Luiz Gonzaga”, palestravam animadamente sobre assunto de Doutrina e a tarefa destinada aos moços espíritas.

Uma jovem inteligente, desejando orientação e estímulo, colocou o Chico a par das dificuldades encontradas para vencerem o pessimismo de uns, a quietude e a incompreensão de muitos. Poucos queriam trabalho sacrificial, testemunhador do roteiro evangélico, que estava a exigir dos jovens uma vida limpa, correta, vestida de abnegação e renúncia.

Desejavam colher sem semear.

O Chico ouviu e considerou:

— O trabalho das juventudes, com Jesus, tem que ser mesmo diferente. Sua missão será muito difícil e por isso gloriosa. E recebe de Emmanuel esta elucidação envolvida na roupagem pobre de nosso pensamento: 
Há a cruz de ouro e a cruz de palha, simbolizando nossas Tarefas. A de ouro, a mais procurada, pertence aos que querem brilhar, ver seus nomes nos jornais, citados, apontados, elogiados, como beneméritos. Querem simpatia e bom conceito. Se tomam parte em alguma Instituição, desejam, nela, os lugares de mando e de evidência. Querem cargos e não encargos. A de palha, a menos procurada, no entanto, pertence aos que trabalham como as abelhas, escondidamente e em silêncio. Lutam e caminham, com humildade, na certeza de que por muito que façam, mais poderiam fazer. Não se ensoberbecem dos triunfos, antes se estimulam e se defendem com oração e vigilância, sentindo a responsabilidade que assumiram como chamados, por Jesus, à tarefa diferente. Entendem a serventia das mãos e dos pés, dos olhos e da mente, do coração, enfim, colocando amor e humildade em seus atos, nos serviços que realizam. Por carregarem a cruz de palha, toleram o vômito de um, o insulto de mais outro, a incompreensão de muitos, testemunhando a caridade desconhecida, oferecendo, com o sofrimento e a renúncia, com o silêncio e o bom exemplo, remédios salvadores aos companheiros que os adversam, os ferem e desconhecem a vitória da “segunda milha”.
Os jovens presentes estavam satisfeitos. De seus olhos, órgãos musicais da alma, saíam notas gratulatórias exornando o ambiente feliz que viviam.

De mais não precisavam.

Entenderam o trabalho que lhes cabia realizar nas Terras do Brasil, o Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho.

Linda lição com vista também aos velhos, a todos que conseguem ouvir Jesus na hora em que poucos O ouvem.

Ramiro Gama  do livro:
Lindos casos de Chico Xavier

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sábado, 21 de setembro de 2019

Médiuns Sensacionalistas

Médiuns Sensacionalistas

Vianna de Carvalho



A frase de João Batista: “É necessário que Ele cresça, e que eu diminua” (*) tem atualidade no comporta­mento dos médiuns em todas as épocas, especialmente, em nossos dias tumultuados.

À semelhança do preparador das veredas, o médium deve diminuir, na razão direta em que o serviço cresça, controlando o personalismo, a fim de que os objetivos a que se entrega assumam o lugar que lhes cabe.

A mediunidade é faculdade neutra, a que os valores morais do seu possuidor oferecem qualificação.

Posta a serviço do sensacionalismo entorpece os centros de registro e decompõe-se, igualmente, em razão do uso desgovernado a que vai submetida, passa ao comando de Entidades, perversas e frívolas, que se comprazem em comprometer o invigilante, levando-o a estados de desequilíbrio como de ridículo, por fim, ao largo do tempo, empurrando-a para lamentáveis obsessões.

Entre os gravames que a mediunidade enfrenta, a vaidade e o personalismo do homem adquirem posição de relevo, desviando-o do rumo traçado, conduzindo-o ao sensacionalismo inquietante e consumidor.

Neste caso, o recolhimento, a serenidade e o equilíbrio que devem caracterizar o comportamento psíquico do médium cedem lugar à inquietação, à ansiedade, aos movimentos irregulares das atrações externas, passando a sofrer de irritação, de devaneios, e à crença de que repentinamente se tornou pessoa especial, irreprochável, não tendo ouvidos para a sensatez nem discerni­mento para a equidade.

Torna-se absorvido pelos pensamentos da vanglória, e, disputado pelos irresponsáveis que lhe incensam o orgulho, levam-no à lenta alucinação, que o atira ao abismo da loucura.

A faculdade mediúnica é transitória como outra qual­quer, devendo ser preservada mediante o esforço moral do seu possuidor, assim tomando-se simpático aos Bons Espíritos que o inspiram à humildade, à renúncia, à abnegação.

Quando o personalismo sensacionalista domine o psiquismo do homem, naturalmente que o aturde, tornando-se mais grave nos sensores mediúnicos cuja constituição delicada se desarticula ao impacto dos choques vibratórios dos indivíduos desajustados e das massas esfaimadas, insaciadas, sempre à cata de novidades e variações, sem assumirem compromissos dignificantes.

São João Bosco, portador de excelentes faculdades mediúnicas, resguardava-as da curiosidade popular, utilizando-as com discrição nas finalidades superiores.

Santa Brígida, da Suécia, que possuía variadas ex­pressões mediúnicas, mantinha o pudor da humildade, ao narrar os fenômenos de que se fazia objeto.

José de Anchieta, médium admirável e curador eficiente, agia com equilíbrio cristão, buscando sempre transferir para Jesus os resultados das suas ações positivas.

São Pedro de Alcântara, virtuoso e médium possui­dor de “vários dons”, ocultava-os, a fim de servir, apaga­do, enquanto o Senhor, por seu intermédio, se engrandecia.

Santa Clara de Montefalco procurava não despertar curiosidade para os fenômenos mediúnicos de que era instrumento, atribuindo-os todos à graça divina de que se reconhecia sem merecimento.

Os médiuns, que cooperaram na Codificação do Espiritismo, sensatamente anularam-se, a fim de que a Doutrina fixasse nas almas e vidas as bases da verdade e do amor como formas para a aquisição dos valores espirituais libertadores.

Todo sensacionalismo altera a face do fato e adultera-lhe o conteúdo.

Quando este se expressa no fenômeno mediúnico corrompe-o, descaracteriza-o e põe-no a serviço da frivolidade.

Todos quantos se permitiram, na mediunidade, o engano do sensacionalismo, não obstante as justificações sob as quais se resguardam, desceram as rampas do fracasso, enganados e enganando aqueles que se deixa­ram fascinar pelos seus espetáculos, nos quais, o ridículo passou a figurar.

O tempo, este lutador incessante, encarrega-se de aferir os valores e demonstrar que a “árvore que o Pai não plantou” termina por ser arrancada.

Quando tais aficionados da mediunidade bulhenta se derem conta do erro, caso isto venha a acontecer, na Terra, possivelmente, o caminho do retorno à sensatez estará muito longo e o sacrifício para percorrê-lo os desencorajará.

Diante do sensacionalismo mediúnico, recordemo-nos de Jesus, que após os admiráveis fenômenos de socorro às massas jamais aceitava o aplauso, as homenagens e gratulações dos beneficiários, recolhendo-se à solidão para, no silêncio, orar, louvando e agradecendo ao Pai, a Eterna Fonte geradora do Bem.

(*) – João, 3:30 – Nota do Autor Espiritual.

Vianna de Carvalho por Divaldo Franco
Revista Reformador Agosto 1989

Abaixo: Publicação original na Revista Reformador - FEB / Ago 1989.





sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Instruções dos Espíritos sobre a Regeneração da Humanidade

Instruções dos Espíritos sobre a Regeneração da Humanidade

Revista Espírita Abril 1866 
Allan Kardec



(Paris, abril de 1866. Méd. Sr. M. e T., em sonambulismo.)


Os acontecimentos se precipitam com rapidez, também não vos dizemos mais como outrora: "Os tempos estão próximos"; nós vos dizemos agora: "Os tempos estão chegados."

Por estas palavras não entendeis um novo dilúvio, nem um cataclismo, nenhum transtorno geral. As convulsões parciais do globo ocorreram em todas as épocas e se produzem ainda, porque se prendem à sua constituição, mas não estão ali os sinais dos tempos.

E, no entanto, tudo o que está predito no Evangelho deve se cumprir e se cumpre neste momento, assim como o reconhecereis mais tarde; mas não tomeis os sinais anunciados senão como figuras das quais é preciso tomar o espírito e não a letra. Todas as Escrituras encerram grandes verdades sob o véu da alegoria, e foi porque os comentaristas se prenderam à letra que se enganaram. 

Faltou-lhes a chave para compreenderem seu sentido verdadeiro. Esta chave está nas descobertas da ciência e nas leis do mundo invisível que vem de nos revelar o Espiritismo. 

Doravante, com a ajuda destes novos conhecimentos, o que era obscuro se tornará claro e inteligível.

Tudo segue a ordem natural das coisas, e as leis imutáveis de Deus não serão modificadas. Não vereis, pois, nem milagres, nem prodígios, nem nada de sobrenatural no sentido vulgar dado a estas palavras.

Não olheis o céu para nele procurar os sinais precursores, porque ali não os vereis, e aqueles que vô-los anunciaram vos enganaram; mas olhai ao vosso redor, entre os homens, será aí que os encontrareis.

Não sentis como um vento que sopra sobre a Terra e agita todos os Espíritos? O mundo está à espera e como tomado de um vago pressentimento da aproximação da tempestade.

Não credes, entretanto, no fim do mundo material; a Terra progrediu depois de sua transformação; ela deve progredir ainda, e não ser destruída. Mais a Humanidade chegou a um de seus períodos de transformação, e a Terra vai se elevar na hierarquia dos mundos.

Não é, pois, o fim do mundo material que se prepara, mas o fim do mundo moral; é o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do egoísmo, do orgulho e do fanatismo que se desmorona; cada dia dele carrega alguns destroços. Tudo acabará para ele com a geração que se vai, e a geração nova erguerá o novo edifício que as gerações seguintes consolidarão e completarão.

De mundo de expiação, a Terra está chamada a se tornar um dia um mundo feliz, e sua habitação será uma recompensa em lugar de ser uma punição. O reino do bem, nela, deve suceder ao reino do mal.

Para que os homens sejam felizes sobre a Terra, é preciso que ela não seja povoada senão de bons Espíritos, encarnados e desencarnados, que não quererão senão o bem. Este tempo tendo chegado, uma grande emigração se cumprirá nesse momento entre aqueles que a habitam; aqueles que fazem o mal pelo mal, e que o sentimento do bem não toca, não sendo mais dignos da Terra transformada, dela serão excluídos, porque lhe trariam de novo a perturbação e a confusão e seriam um obstáculo ao progresso. Eles irão expiar seu endurecimento nos mundos inferiores, onde levarão seus conhecimentos adquiridos, e terão por missão fazer avançar. Serão substituídos sobre a Terra por Espíritos melhores, que farão reinar entre si a justiça, a paz, a fraternidade.

A Terra, dissemos, não deve ser transformada por um cataclismo que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova lhe sucederá do mesmo modo sem que nada tenha mudado a ordem natural das coisas.

Tudo passará, pois, exteriormente como de hábito, com esta única diferença, mas esta diferença é capital, é que uma parte dos Espíritos que aí se encarnam não se encarnarão nela mais. Numa criança que nasça, em lugar de um Espírito atrasado e levado ao mal que nela teria encarnado, será um Espírito mais avançado e levado ao bem. Trata-se, pois, bem menos de uma nova geração corpórea do que de uma nova geração de Espíritos. Assim, aqueles que esperam ver a transformação se operar por efeitos sobrenaturais serão frustrados.

A época atual é a da transição; os elementos das duas gerações se confundem.

Colocados no ponto intermediário, assistis à partida de uma e à chegada da outra, cada uma já se mostra no mundo pelos caracteres que lhe são próprios.

As duas gerações que sucedem uma à outra têm ideias e objetivos inteiramente opostos. Pela natureza das disposições morais, mas, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir à qual pertence cada indivíduo.

A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, se distingue por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, juntadas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é o sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Ela não será composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, tendo já progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento regenerador.

O que distingue, ao contrário, os Espíritos atrasados, é primeiro a revolta contra Deus pela negação da Providência e de toda força superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternos do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material.

São esses vícios, dos quais a Terra deve ser purgada pelo afastamento daqueles que recusam se emendar, porque são incompatíveis com o reino da fraternidade e que os homens de bem sofrerão sempre com o seu contato. A Terra deles estará livre, e os homens caminharão sem entraves para o futuro melhor que lhes está reservado neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, à espera de que uma depuração ainda mais completa lhes abra a entrada dos mundos superiores.

Por essa emigração de Espíritos não é preciso entender que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra e relegados aos mundos inferiores. Muitos, ao contrário, a ela retornarão, porque muitos cederam ao arrastamento de circunstâncias e do exemplo. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos preconceitos do mundo corpóreo, a maioria verá as coisas de maneira toda diferente de quando viviam, assim como tendes disto numerosos exemplos. Nisto, eles são ajudados pelos Espíritos benevolentes que se interessam por eles e que diligenciam de esclarecê-los e lhes mostrar o falso caminho que seguiram. Por vossas preces e vossas exortações, vós mesmos podeis contribuir para a sua melhoria, porque há uma solidariedade perpétua entre os mortos e os vivos.

Aqueles poderão, pois, retornar, e com isto serão felizes, porque será uma recompensa. Que importa o que foram e o que fizeram, se estão animados dos melhores sentimentos! 

Longe de serem hostis à sociedade e ao progresso, serão auxiliares úteis, porque pertencerão à nova geração.

Não haverá, pois, exclusão definitiva senão para os Espíritos essencialmente rebeldes, aqueles que o orgulho e o egoísmo, mais do que a ignorância, tornam surdos à voz do bem e da razão. Mas aqueles mesmos não são votados a uma inferioridade perpétua, e virá um dia em que eles repudiarão o seu passado e abrirão os olhos à luz.

Orai, pois, por esses endurecidos, a fim de que se emendem enquanto para isso é tempo ainda, porque o dia da expiação se aproxima.

Infelizmente, a maioria, desconhecendo a voz de Deus, persistirá em sua cegueira, e sua resistência marcará o fim de seu reino por lutas terríveis. Em seu desvio, correrão eles mesmos para a sua perda; levarão à destruição que engendrará uma multidão de flagelos e de calamidades, de sorte que, sem o quererem, apressarão o advento da era da renovação. E como a destruição não caminhará com muita rapidez, ver-se-ão os suicídios se multiplicarem numa proporção estranha, até entre as crianças. A loucura jamais terá atingido um maior número de homens que serão, antes da morte, riscados do número dos vivos. Aí estão os verdadeiros sinais dos tempos. E tudo isto se cumprirá pelo encadeamento das circunstâncias, assim como o dissemos, sem que seja em nada derrogada uma lei da Natureza.

No entanto, através da nuvem sombria que vos envolve, e no seio da qual ribomba a tempestade, já vedes despontar os primeiros raios da era nova! A fraternidade põe seus fundamentos sobre todos os pontos do globo e os povos se estendem a mão; a barbárie se familiariza ao contato da civilização; os preconceitos de raças e de seitas, que têm feito verter ondas de sangue, se extinguem; o fanatismo e a intolerância perdem terreno, ao passo que a liberdade de consciência se introduz nos costumes e se torna um direito. 

Por toda a parte as ideias fermentam; vê-se o mal e se experimentam os remédios, mas muitos caminham sem bússola e se perdem nas utopias. O mundo está num imenso trabalho de parto que terá durado um século; desse trabalho, ainda confuso, vê-se, ainda, no entanto, dominar uma tendência para um objetivo: o da unidade e da uniformidade que predispõe à confraternização.

Estão ainda ali os sinais do tempo; mas, ao passo que os outros são os da agonia do passado, estes últimos são os primeiros vagidos da criança que nasce, os precursores da aurora que verá se levantar o século próximo, porque então a nova geração estará em toda a sua força. Tanto a fisionomia do século dezenove difere da do século dezoito em certos pontos de vista, tanto a do século vinte será diferente do século dezenove em outros pontos de vista.

Um dos caracteres distintivos da nova geração será a fé inata; não a fé exclusiva e cega que divide os homens, mas a fé raciocinada que esclarece e fortalece, que os une e os confunde num comum sentimento de amor a Deus e ao próximo. Com a geração que se extingue, desaparecerão os últimos vestígios da incredulidade e do fanatismo, igualmente contrários ao progresso moral e social.

O Espiritismo é o caminho que conduz à renovação, porque arruínam os dois maiores obstáculos que a ela se opõem: a incredulidade e o fanatismo. Ele dá uma fé sólida e esclarecida; desenvolve todos os sentimentos e todas as ideias que correspondem aos objetivos da nova geração; é porque é como inato e no estado de intuição no coração de seus representantes. A era nova o verá, pois, crescer e prosperar pela própria força das coisas. Tomar-se-á a base de todas as crenças, o ponto de apoio de todas as instituições.

Daqui até lá, quantas lutas ter-se-á ainda que sustentar contra estes dois maiores inimigos: a incredulidade e o fanatismo que, coisa estranha, se dão a mão para abatê-lo!

Pressentem seu futuro e sua ruína: é porque o temem, porque o veem já plantar, sobre as ruínas do velho mundo egoísta, a bandeira que deve ligar todos os povos. Na divina máxima: Fora de caridade não há salvação, leem a sua própria condenação, porque é o símbolo da nova aliança fraternal proclamada pelo Cristo (Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV.). Ela se mostra a eles como as palavras fatais do festim de Baltazar. E, no entanto, esta máxima deveria bendizê-la, porque os garante de todas as represálias da parte daqueles que persegue. Mas não, uma força cega os impele a rejeitar a única coisa que poderia salvá-los!


Que poderão contra o ascendente da opinião que os repudia? 

O Espiritismo sair á triunfante da luta, disto não duvideis, porque ele está nas leis da Natureza, e por isto mesmo imperecível. Vede por que multidão de meios a ideia se difunde e penetra por toda a parte; crede bem que esses meios não são fortuitos, mas providenciais; o que, à primeira vista, parecia dever prejudicá-lo, é precisamente o que ajuda a sua propagação.

Logo se verão surgir os combatentes altamente devotados entre os homens mais consideráveis e os mais acreditados, que o apoiarão com a autoridade de seu nome e de seu exemplo, e imporão silêncio aos seus detratores, porque não se ousará mais tratá-los de loucos. Estes homens o estudam no silêncio e se mostrarão quando o momento propício tiver chegado. Até lá, é útil que se mantenham à parte.

Logo também vereis as artes dele tirar como de uma mina fecunda, e traduzir seus pensamentos e os horizontes que descobre pela pintura, pela poesia e pela literatura. Foi vos dito que haveria um dia a arte espírita, como houve a arte paga e a arte cristã, e é uma grande verdade, porque os maiores gênios nele se inspirarão. Logo disto vereis os primeiros esboços, e, mais tarde, tomará o lugar que deve ter.

Espíritas, o futuro é vosso e de todos os homens de coração e de devotamento. Não temais os obstáculos, porque deles não há nenhum que possa entravar os desígnios da Providência. 

Trabalhai sem descanso, e agradecei a Deus por vos ter colocado na vanguarda da nova falange. É um posto de honra que vós mesmos pedistes, e do qual é preciso vos tornar dignos pela a vossa coragem, vossa perseverança e vosso devotamento. Felizes aqueles que sucumbirem nessa luta contra a força; mas a vergonha será, no mundo dos Espíritos, para aqueles que sucumbirem por fraqueza ou pusilanimidade. As lutas, aliás, são necessárias para fortalecer a alma; o contato do mal faz apreciar melhor as vantagens do bem. Sem as lutas que estimulam as faculdades, o Espírito se deixaria ir a uma negligência funesta ao seu adiantamento. As lutas contra os elementos desenvolvem as forças físicas e a inteligência; as lutas contra o mal desenvolvem as forças morais.



Paris, abril de 1866. Méd. Sr. M. e T., em sonambulismo.
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Notas 1 e 2 de Allan Kardec 

1 - A maneira pela qual se opera a transformação é muito simples, e, como se vê, ela é toda moral e não se afasta em nada das leis da Natureza. Por que, pois, os incrédulos repelem essas ideias, uma vez que nada têm de sobrenatural?
É que, na sua opinião, a lei de vitalidade cessa com a morte do corpo, ao passo que, para nós, ele prossegue sem interrupção; eles restringem sua ação e nós a estendemos; é porque dizemos que os fenômenos da vida espiritual não saem das leis da Natureza. Para eles, o sobrenatural começa onde acaba a apreciação pelos sentidos. 
2- Que os Espíritos da nova geração sejam novos Espíritos melhores, ou os antigos Espíritos melhorados, o resultado é o mesmo; desde o instante em que trazem melhores disposições, é sempre uma renovação. Os Espíritos encarnados formam, assim, duas categorias, segundo as suas disposições naturais: de uma parte, os Espíritos retardatários que partem, de outra os Espíritos progressivos que chegam.  O estado dos costumes e da sociedade será, pois, em um povo, em uma raça ou no mundo inteiro, em razão destas duas categorias que tiver a preponderância.
Para simplificar a questão, seja dado um povo, num grau qualquer de adiantamento, e composto de vinte milhões de almas, por exemplo; a renovação dos Espíritos se fazendo sucessivamente as extinções, isoladas ou em massa, há necessariamente um momento em que a geração dos Espíritos retardatários se imporá em número sobre a dos Espíritos progressivos que não contam se não com raros representantes sem influência, e cujos esforços para fazer predominar o bem e as ideias progressivas estão paralisados.
Ora, uns partindo e os outros chegando, depois de um tempo dado, as duas forças se equilibram e sua influência se contrabalança. Mais tarde, os recém-chegados são em maioria e sua influência se toma preponderante, embora ainda entravada pela dos primeiros; estes, continuando a diminuir ao passo que os outros se multiplicam, acabarão por desaparecer; chegará, pois, um momento em que a influência da nova geração será exclusiva Assistimos a essa transformação, ao conflito que resulta da luta das ideias contrárias que procuram se implantar; uns caminham com a bandeira do passado, as outras com a do futuro.  
Examinando-se o estado atual do mundo, reconhece-se que, tomado em seu conjunto, a Humanidade terrestre está longe ainda do ponto intermediário onde as forças se contrabalançam; que os povos, considerados isoladamente, estão a uma grande distância uns dos outros nessa escala; que alguns tocam nesse ponto, mas que nenhum não o ultrapassou ainda. De resto, a distância que o separa dos pontos extremos está longe de ser igual em duração, e uma vez transposto o limite, o novo caminho será percorrido com tanto mais rapidez, que uma multidão de circunstâncias virá aplainá-lo.
Assim se realiza a transformação da Humanidade. Sem a emigração, quer dizer, sem a partida dos Espíritos retardatários que não devem retornar, ou que não devem retornar senão depois de estarem melhorados, a Humanidade terrestre não ficará por isto indefinidamente estacionaria, porque os Espíritos mais atrasados avançam por sua vez; mas teriam sido precisos séculos, e talvez milhares de anos, para alcançar o resultado que um meio século bastará para realizar. Uma comparação vulgar fará compreender melhor ainda o que se passa nesta circunstância. Suponhamos um regimento composto em grande maioria de homens turbulentos e indisciplinados: estes a ele levarão, sem cessar, uma desordem que a severidade da lei penal, frequentemente, terá dificuldade para reprimir. Estes homens são os mais fortes, porque são os mais numerosos; eles se sustentam, se encorajam e se estimulam pelo exemplo. Alguns bons não têm influência; seus conselhos são desprezados; eles são abafados, maltratados pelos outros, e sofrem com esse contato. Não é a imagem da sociedade atual?
Suponhamos que se retirem esses homens do regimento um por um, dez por dez, cem por cem, e que se os substitua à medida por um número igual de bons soldados, mesmo por aqueles que tiverem sido expulsos, mas que se emendaram seriamente: ao cabo de algum tempo, ter-se-á sempre o mesmo regimento, mas transformado; a boa ordem terá sucedido à desordem. Assim o será com a Humanidade regenerada.
As grandes partidas coletivas não têm somente por objetivo ativar as saídas, mas transformar mais rapidamente o espírito da massa, desembaraçando-a das más influências, e dar mais ascendências às ideias novas. É porque muitos, apesar de suas imperfeições, estão maduros para essa transformação, que muitos partem a fim de irem se retemperar numa fonte mais pura.
Enquanto permanecem no mesmo meio e sob as mesmas influências, persistirão em suas opiniões e em sua maneira de ver as coisas. Uma estada no mundo dos Espíritos basta para lhes descerrar os olhos, porque ali veem o que não podiam ver sobre a Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão, pois, retornar com ideias inatas de f é, de tolerância e de liberdade. No seu retorno, encontrarão as coisas mudadas, e sobretudo o ascendente do novo meio onde terão nascido. Em lugar de fazer oposição às ideias novas, delas serão os auxiliares. 
A regeneração da Humanidade não tem, pois, absolutamente necessidade da renovação integral dos Espíritos; basta uma modificação em suas disposições morais; esta modificação se opera em todos aqueles que a ela estão predispostos, quando são subtraídos à influência perniciosa do mundo. Aqueles que retornam, então, não são sempre outros Espíritos, mas, frequentemente, os mesmos Espíritos pensando e sentindo de outro modo.
Quando essa melhoria é isolada e individual, ela passa desapercebida, e é sem influência ostensiva sobre o mundo. O efeito é todo outro quando se opera simultaneamente sobre grandes massas; porque, então, segundo as proporções, em uma geração, as ideias de um povo ou de uma raça podem ser profundamente modificadas. É o que se observa, quase sempre, depois dos grandes abalos que dizimam as populações.
Os flageles destruidores não destroem senão o corpo, mas não atingem o Espírito; eles ativam o movimento do vai-e-vem entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual, e, consequentemente, o movimento progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados.
É desses movimentos gerais que se opera neste momento, e que deve conduzir à modificação da Humanidade. A multiplicidade das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porque elas devem apressar a eclosão de novos germes. São as folhas de outono que caem, e às quais sucederão novas folhas cheias de vida; porque a Humanidade tem suas estações, como os indivíduos têm suas épocas. As folhas mortas da Humanidade caem transportadas pelas rajadas e os golpes de vento, mas para renascerem mais vivas sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica.
Para o materialista, os flagelos destruidores são calamidades sem compensações, sem resultados úteis, uma vez que, em sua opinião, aniquilam os seres sem retorno. Mas para aquele que sabe que a morte não destrói senão o envoltório, não têm as mesmas consequências, e não lhe causa o menor temor, porque lhe compreende o objetivo, e sabe também que os homens não perdem mais morrendo juntos do que morrendo isoladamente, uma vez que, de uma maneira ou de outra, é preciso sempre lá chegar.
Os incrédulos rirão destas coisas e as tratarão como quimeras; mas, o que quer que digam, eles não escaparão à lei comum; cairão por sua vez como os outros, e, então, o que será deles? Eles dizem: nada; mas viverão apesar de si mesmos, e serão forçados um dia a abrir os olhos. 
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Nota. - A comunicação seguinte nos foi dirigida durante a viagem que acabamos de fazer, da parte de um de nossos queridos protetores invisíveis; se bem que ela tenha um caráter pessoal, liga-se também à grande questão que acabamos de tratar e que ela confirma, e, a este título, está tanto melhor colocada aqui, que as pessoas perseguidas por suas crenças espíritas nela encontrarão úteis encorajamentos.

"Paris, 1o de setembro de 1866.

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Viúva F...


"Já há muito tempo que não faço ato de presença em vossas reuniões dando uma comunicação assinada com o meu nome; não creiais, caro mestre, que seja por indiferença ou por esquecimento, mas não vejo necessidade de me manifestar, e deixo a outros mais dignos o cuidado de dar úteis instruções. No entanto, eu estava lá e seguia com o maior interesse os progressos desta cara Doutrina à qual devo a felicidade e a calma dos últimos anos de minha vida.

Eu estava lá, e o meu bom amigo, o Sr. T.....vos deu, mais de uma vez, a segurança durante suas horas de sono e de êxtase. 


Ele inveja minha felicidade, e aspira também a vir para o mundo que habito agora, quando o contempla brilhando no céu estrelado e que ele transporta seu pensamento sobre suas
rudes provas.

"Eu também, tive-as bem penosas; graças ao Espiritismo, suportei-as sem me lamentar e as bendigo agora, uma vez que lhes devo o meu adiantamento. Que ele tenha paciência; dizei-lhe que ele virá um dia, mas que deve antes retornar ainda sobre a Terra para vos ajudar no inteiro cumprimento de vossa tarefa. Mas, então, quanto tudo estará mudado! Ambos vos crereis num mundo novo.

"Meu amigo, enquanto o podeis, repousai vosso espírito e vosso cérebro fatigado pelo trabalho; amontoai forças materiais, porque logo tereis muito a despender. 

Os acontecimentos que vão doravante se suceder, com rapidez, vos chamarão para a luta; sede firme de corpo e de espírito, a fim de estar em estado de lutar com vantagem. 


Será preciso, então, trabalhar sem descanso. Mas, como já vos foi dito, não estareis sozinho para carregar o fardo; auxiliares sérios se mostrarão quando disto for o tempo. 


Escutai, pois, os conselhos do bom doutor Demeure, e guardai-vos de toda fadiga inútil ou prematura. De resto, estaremos ali para vos aconselhar e vos advertir.


"Desconfiai dos dois partidos extremos que agitam o Espiritismo, seja por entravar o passado, seja por precipitar seu curso para a frente. Temperai os ardores nocivos, e não vos deixeis deter pelas hesitações dos medrosos, ou, o que é mais perigoso, mas o que não é infelizmente senão mais verdadeiro, pelas sugestões dos emissários inimigos.

"Caminhai com passo firme e seguro como haveis feito até aqui, sem vos inquietar do que se diz à direita ou à esquerda, seguindo a inspiração de vossos guias e de vossa razão, e não vos arriscareis em fazer cair o carro do Espiritismo na rotina. 

Muitos o empurram, este carro invejado, para precipitar a sua queda. Cegos e presunçosos! ele passará apesar dos obstáculos, e não deixará no abismo senão seus inimigos e seus invejosos desconcertados por terem servido ao seu triunfo.

"Os fenômenos vão surgir de todos os lados sob os aspectos mais variados, e já surgem. Mediunidade curadora, doenças incompreensíveis, efeitos físicos inexplicáveis pela ciência, tudo se reunirá num futuro próximo para assegurar a nossa vitória definitiva, para a qual concorrerão novos defensores.

"Mas quantas lutas será preciso ainda sustentar, e também quantas vítimas! não sanguinolentas, sem dúvida, mas atingidas em seus interesses e em suas afeições. Mais de um enfraquecerá sob o peso das inimizades desencadeadas contra tudo o que leva o nome de Espírita. Mas também, felizes aqueles que terão sabido conservar sua firmeza na adversidade! Disto serão bem recompensados, mesmo neste mundo materialmente.

As perseguições são as provas da sinceridade de sua fé, de sua coragem e de sua perseverança. A confiança que terão posto em Deus não será em vão. Todos os sofrimentos, todos os vexames, todas as humilhações que terão suportado pela causa, serão títulos dos quais nenhum será perdido; os bons Espíritos velam sobre eles e os contam, e saberão fazer a parte dos devotamentos sinceros e a dos devotamentos artificiais. Se a rodada fortuna lhes trai momentaneamente e os precipita no pó, logo ela se levanta mais alto do que nunca, rendendo-lhes a consideração pública, e destruindo os obstáculos amontoados em seu caminho. Mais tarde, se regozijaram por terem pago seu tributo à causa, e quanto mais esse tributo for grande, mais sua parte será bela.

"Nestes tempos de provas, vos será preciso prodigalizar a todos vossa força e a vossa firmeza; a todos será preciso também encorajamentos e conselhos. Será preciso também fechar os olhos sobre as defecções dos tépidos e dos frouxos. 

Por vossa própria conta, tereis também muito a perdoar...


"Mas me detenho aqui, porque se posso vos pressentir sobre o conjunto dos acontecimentos, não me é permitido nada precisar. Tudo o que posso vos dizer é que não sucumbiremos na luta. Pode-se cercar a verdade nas trevas do erro, é impossível abafá-la; a sua chama é imortal e se faz luz cedo ou tarde."

Viúva F...
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Nota. - Transferimos para o próximo número a continuação de nosso estudo sobre Maomé e o Islamismo, porque, pelo encadeamento das ideias e a inteligência das deduções, era útil que fosse precedido do artigo acima.

Allan Kardec - Revista Espírita de Abril de 1866

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