sexta-feira, 30 de junho de 2023

Razão e Fé

Razão e Fé

Martins Peralva


E disse-lhe: Sai da tua terra e da tua parentela, e vem para a terra que eu te mostrarei.

Merece consideração a passagem em epígrafe, relembrada pelo jovem Estevão — primeiro Mártir do Cristianismo — ao comparecer ante o Sinédrio, o poderoso tribunal israelita.

Sublinhemos as palavras tua terra — tua parentela e, por fim, a terra que eu te mostrarei.

Meditemos, pois.

O patriarca Abraão vivia, na terra dos Caldeus, atento às atividades normais e rotineiras do campo, cuidando de seus rebanhos de ovelhas, bois e jumentos.

Vivia preso à sua terra, vinculado à sua parentela. Era, por conseguinte, um homem circunscrito, limitado em seus objetivos, confinado em suas aspirações.

O Senhor, pela voz de Poderosas Entidades que se comunicavam pela voz direta — pneumatofonia, retira-o da Mesopotâmia para cumprimento, junto ao heroico povo hebreu, de elevada missão fraternista.

Retira-o de sua terra, de sua parentela, de sua família, para confiar-lhe uma família maior, numerosa descendência, incontável como as estrelas: “Olha para o céu, e conta, se podes, as estrelas.” Depois, acrescentou: 

“Assim será a tua descendência.”

Nenhuma força transformará o Cristianismo em “uma religião” formalista, convencional, subordinada a rituais, desvitalizada.

Ninguém lhe alterará a substância, a feição universalista, abrangente, eterna, divina.

O Cristianismo não cabe numa redoma.

Sendo a Religião do Amor, é, por conseguinte, a Religião Cósmica — eis que o Amor é a força que rege o Universo em todas as suas manifestações visíveis e invisíveis, objetivas e subjetivas.

Universo físico.

Universo moral.

Universo mental.

O Cristianismo nunca foi, não é, nem será, jamais, um movimento condicionado — familiar, grupal, racial.

Nem mesmo planetário.

A sua essência oloriza não só a Terra — mundo onde a Divina Bondade nos situou, presentemente.

Não exerce sua influência, apenas, nos orbes que gravitam em torno do Sol.

O Cristianismo — Filosofia do Amor Universal — aromatiza e vivifica os bilhões de planetas que rolam no Infinito de Deus.

* * *

O Pai Celestial, pela voz de Seus iluminados Servidores, do plano extrafísico principalmente, vem, com ternura, desde os primórdios das humanidades, procurando dilatar o nosso entendimento.

Ampliar a nossa capacidade efetiva.

Despertar-nos para o altruísmo.

Libertar-nos, enfim, dos acanhados preconceitos de família, grupo, crença, raça.

À maneira do velho Abraão, o homem terrestre precisa deixar a sua terra, a sua parentela, e integrar-se na grande família universal.

Tão grande, tão numerosa quanto as estrelas que refulgem nas constelações distantes, que não podem ser contadas.

O homem que deixa, subjetivamente, filosoficamente, mentalmente, a sua terra, a sua parentela, não as repudia, como pode parecer.

Longe disso.

Estima-as com a mesma intensidade com que estima outras terras e outras gentes, porque sabe que o menor pedaço de terra e a criatura que nasceu no ponto mais distante do Globo pertencem — terra e criatura — a Deus, que é também o seu Criador.

Ama-as com a mesma pureza, o mesmo carinho com que ama a terra onde nasceu e seus compatriotas.

Ama-as sem quaisquer laivos de egoísmo.

Sabe que o povo mais humilde, como o mais civilizado, é filho de Deus quanto ele próprio aqui e em qualquer recanto do Universo.

Sabe, outrossim, que o habitante de Marte ou de Júpiter também é seu irmão, membro da grande família universal.

Assim como Deus indicou a Abraão outra terra, que seria o santuário da Primeira Revelação, o Templo da Segunda também nos mostra o abençoado rumo da fraternidade, preparando-nos a Inteligência para a Sabedoria.

O Coração — para o Amor.

A Alma Eterna — para a Luz que se não extingue.

* * *

Estevão é bem o símbolo do homem realizado, do homem que encontrou outra terra.

“... cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.”

“E não podiam sobrepor-se à sabedoria e ao espírito com que ele falava.”

“Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse de anjo.”

Abraão simboliza o ontem da Humanidade, arrancada de sua terra e de sua parentela.

Estevão, inundado de amor evangélico, simboliza O amanhã da Humanidade, vivendo já noutra terra.

Abraão, numa demonstração de fé — da fé que não encara a razão face a face — ergue o cutelo contra Isaac, seu amado filho, para entregá-lo em holocausto.

É sem dúvida, o homem de ontem.

Estevão, sentenciado à morte, apedrejado, vertendo sangue por todo o corpo, o semblante esfacelado, confia-se, ele mesmo, sereno, imperturbável, ao sacrifício. É, sem dúvida, o homem de amanhã.

O primeiro, preserva a sua vida e entrega a do próprio filho; o segundo, entrega a própria vida para salvar a de muitos.

Estevão, fitando a Jesus, cujos olhos pousavam com amargura em Saulo, roga compreensão para seu implacável verdugo: “Senhor, não lhe imputes este pecado.”

E quando sua extremosa irmã Abigail lhe apresenta o algoz por noivo, por depositário de suas juvenis esperanças, tem forças ainda para dizer: “Cristo os abençoe... Não tenho no teu noivo um inimigo, tenho um irmão... Saulo deve ser bom e generoso; defendeu Moisés até o fim... Quando conhecer a Jesus, servi-lo-á com o mesmo fervor... Sê para ele a companheira amorosa e fiel.”

Estevão simboliza, indubitavelmente, o homem do amanhã.

Guarda no peito a fé iluminada pela razão.

Possui no cérebro a razão sublimada pela fé.
“ ...viram o seu rosto como se fosse de anjo.”
Martins Peralva do livro:
Estudando o Evangelho (FEB)

José Martins Peralva

Nasceu em 1º de abril de 1918, em Buquim (SE). Uma das figuras mais destacadas do Movimento Espírita de Minas Gerais, Martins Peralva iniciou-se no Espiritismo sob assistência e orientação diretas de seu pai, excepcional médium curador. Teve a infância e a adolescência enriquecidas por fatos extraordinários e pelo contato com a Doutrina, o que lhe proporcionou formação espírita essencialmente baseada em Allan Kardec. Quando chegou a Belo Horizonte, em setembro de 1949, a Mocidade Espírita “O Precursor”, contava apenas 6 meses de existência. Integrou-se ao movimento juvenil, foi um dos mentores da Mocidade, função que corresponde hoje à de coordenador. Escreveu cinco obras evangélico-doutrinárias de reconhecido valor: Estudando a Mediunidade, Estudando o Evangelho, O Pensamento de Emmanuel, Mediunidade e Evolução e Mensageiros do Bem. Sempre colaborou em jornais e periódicos espíritas, escreveu durante muitos anos artigos sobre Doutrina Espírita no principal jornal dos mineiros – o matutino O Estado de Minas. Martins Peralva desencarnou em Belo Horizonte (MG), em 3 de setembro de 2007. (Fonte: Reformador, 2007.)
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quinta-feira, 29 de junho de 2023

Franjas do Luar da Verdade

Franjas do Luar da Verdade

Eros

Esplendente qual madrugada anelada, o Rabi descerrou os lábios e começou a libertar as almas da ignorância em que se estorcegavam, colocando pontos de luz.

As parábolas eram gotas de sabedoria que iriam vencer os séculos e atravessar os milênios deixando rastros de luar perene.

Abrindo, portanto, a Sua boca, Ele disse:

- Põe-se, porventura a candeia debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser colocada no velador? Porque, nada há escondido que não venha a descobrir-se, e nada há oculto que não venha à luz.

A função da luz é orientar, penetrar os escaninhos escuros, ampliar horizontes, esparzir claridade e felicitar. Jamais ocultar-se, porque ela vence as trevas e tem por missão diluir todo o temor.

O mal é de duração efêmera, que se desvanece e se dilui na escuridão, como o crime, a perversão, o atraso moral, tudo quanto se encontra oculto, desvela-se e ilumina-se.

E prosseguindo, tomado de ternura pelos ouvintes deslumbrados, propôs:

- Tomai sentido no que ouvis. Sereis medidos com a medida que empregardes para medir, e ainda vos será acrescentado. Pois àquele que tem, ser-lhe-á tirado. O ser humano é a sua própria medida. Conforme faça ao seu próximo ser-lhe-á feito pela vida. Julgamentos, atitudes adversas, perseguições, interpretações errôneas e perversas voltam-se contra quem os utiliza, perdendo, inclusive, a capacidade da razão de que dispunha, face ao mau uso, para recuperá-la, somente, mais tarde, em outra existência.

Jamais exigir dos outros o que não se é capaz de fazer, mantendo-se sempre uma atitude de misericórdia e de compaixão, é a grande proposta da evolução.

E porque desejasse impregnar as almas e a Natureza com o Seu poema sublime, aduziu:

- O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro o caule, depois a espiga e, finalmente, o trigo perfeito na espiga. E quando o fruto amadurece, logo ele lhe mete a foice, porque chegou o tempo da ceifa.

A vida é uma sucessão de acontecimentos que não podem ser detidos. Automaticamente, após o primeiro passo, a semente é lançada à terra, e todos os fenômenos tomam corpo e dão-se naturalmente até o momento vitorioso dos resultados inevitáveis. Assim portanto, conforme for iniciado o processo, terão prosseguimento os demais efeitos. No fim, a colheita se manifesta satisfatória, se a semente foi boa e o solo feliz.

Porque houvesse o silêncio expectante dos indivíduos e do ambiente, Ele interrogou:

- A que havemos de comparar o reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos? É como um grão de mostarda que, ao ser deitado à terra, é a mais pequena de todas as sementes; mas, uma vez semeado, cresce, transformam-se de tal forma os ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra.

Sem qualquer aparente significado, face ao desconhecimento que se tem do reino de Deus, quando alguém tem notícia, avoluma-se-lhe na alma essa realidade que fascina e atrai, tornando-se a razão única de ser da sua existência.

O reino de Deus não vem com aparências exteriores, mas surge como um hálito de vida em embrião, que se agigantará, tornando-se a razão única da existência e do ato de pensar.

...Por isso, Ele falava por palavras, como franjas de luar da verdade.

Eros por Divaldo Franco do livro:
A busca da perfeição

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O campo, a ferramenta e a semente

O campo, a ferramenta  e a semente

João Marcus 

(pseudônimo de Hermínio C. Miranda)

Revista Reformador Jul. 1977

MUITO SE TEM ESCRITO E debatido a cerca do problema da responsabilidade inalienável do ser humano na manipulação do seu arbítrio. De certa forma, a controvérsia multissecular entre os partidários da livre escolha e os do determinismo, embora tornada inapelavelmente obsoleta pela Doutrina dos Espíritos, sobrevive na discussão acadêmica entre filósofos e teólogos dos mais variados matizes. A terminologia pode ser mais sofisticada e a semântica bem mais elaborada, mas são muitos os que prosseguem discutindo basicamente os mesmos conceitos que atormentaram os pensadores do passado e incendiaram debates apaixonados.

A doutrina reformista da predestinação, decorrente de uma interpretação inadequada da teologia de Paulo, não passa de uma aplicação dogmática do conceito do determinismo. Segundo essa escola de pensamento, a criatura humana nasce – supostamente para viver uma existência na carne – já predestinada por Deus a salvar-se ou a ser condenada às penas eternas, sem nenhum apelo, qualquer que seja o seu procedimento. As contradições que esta esdrúxula doutrina criou no contexto do pensamento teológico são insuperáveis, por mais que se apliquem os eruditos teólogos para explicá-las. O extraordinário, contudo, é que tantos desses brilhantes pensadores não tenham ainda percebido que o problema da responsabilidade pessoal não se resolve, de maneira simplista, com a elaboração de uns poucos dogmas ou frases engenhosas. Não se apercebem, esses autores, de que é precisamente o dogma que está obstruindo a visão mais ampla, que os levaria à essência do problema.

Não queremos, com isso, dizer que o Espiritismo é o dono da verdade, como ninguém é dono do ar que respira, ou da luz solar, que ilumina e aquece a todos por igual. É certo, porém, que a aceitação das verdades contidas no Espiritismo um dia há de fecundar todo o pensamento humano, nos aspectos mais vastos que pudermos conceber: ciência, filosofia, teologia, ética. Como também é certo que os formuladores da Doutrina Espírita não inventaram conceitos novos nem fantasiaram o que ainda não era oportuno revelar. Ao contrário, sempre nos advertiram a cerca do caráter gradualístico da revelação, que se desdobra por etapas no curso dos séculos, apoiada sempre em alguns conceitos básicos intemporais que vão sendo dosados segundo a capacidade de apreensão dos homens, o que vale dizer, conforme sua posição evolutiva. Antes que ele esteja pronto, o ensino de verdade superior seria prematuro e até prejudicial, o que se evidencia agora mais do que nunca, quando presenciamos o descalabro em que mergulharam as comunidades humanas em virtude da posse de conhecimento avançados totalmente inoportunos ante a generalizada imaturidade moral.

No entanto, jamais faltou a advertência amiga e o severo chamado à responsabilidade pessoal. A despeito de tudo, o homem sempre achou que podia burlar ou ignorar a lei inescrita de Deus ou negociar com o Pai um acordo, mediante propiciações mais ou menos infantis, com as quais tenta-se “comprar” a boa-vontade do Senhor e o seu perdão. É claro que o perdão está implícito na natureza divina, pois é da própria essência do amor, mas é preciso também entender que o perdão não nos exime da reparação do erro cometido. Daí o lamentável equívoco que se incorporou ao “sacramento da penitência” dos nossos irmão católicos, que se julgam limpos de seus pecados depois de confessá-los ao sacerdote e proceder a um pequeno ritual apropriado. Não é assim, pois a responsabilidade pelo erro continuará ali, viva e atuante. Resultado de uma falha na utilização do livre-arbítrio relativo, que as leis divinas nos conferem, o erro cria para todos nós, indistintamente, quaisquer que sejam as nossas crenças ou descrenças, o determinismo intransferível do resgate, e quanto mais erramos mais se aperta o círculo de ferro em torno de nós, até que a própria lei interfere em favor do pobre transviado para que não se prejudique ainda e indefinidamente. Mecanismo este, aliás, extremamente sutil, que trás em si uma aparente contradição, mas que nada tem de contraditório: a lei suspende temporariamente o exercício do livre-arbítrio precisamente para preservar na criatura o seu direito a ele. De fato, se a persistência no erro não reduzisse progressivamente nossa faixa de livre escolha, é fácil imaginar, por projeção, que chegaríamos a um ponto em que toda a nossa liberdade estaria extinta, cassada por nós mesmos. É disso que nos protege a lei.

Tudo isso, porém, são exercícios teóricos da faculdade de cogitar que é própria do homem. “Cogito, ergo sum”, dizia Descartes e esta foi a sua primeira certeza. Muitos são, porém, aqueles que não possuem nem o gosto, nem o preparo para esse tipo de especulação, mesmo porque o Cristo nos ensinou que a Verdade se revela com mais facilidade ao simples do que ao erudito, certamente porque este se perde no labirinto das suas especulações e como que se deixa fascinar pela música das suas próprias palavras.

A erudição balofa e complexa inexiste no pensamento de Jesus. Sua mensagem é pura, simples, clara, concisa e se coloca ao alcance de todas as inteligências e culturas, em todos os tempos, sob todas as condições. Quantas vezes, aqui e no passado distante, temos ouvido essas verdades elementares? Quantas vezes nós mesmos as ensinamos, nem sempre convictos da sua autenticidade? Pois, agora, informados pela Doutrina Espírita, é mais que tempo de as entendermos em toda a sua profundidade e significado, dado que vamos encontrar, no mesmo Evangelho que estudamos e pregamos durante quase dois milênios, em tantas e tantas vidas, o foco irradiante da luz que ilumina as estruturas do Espiritismo. Em outras palavras: levantando os fios luminosos com os quais foi tecida a Doutrina dos Espíritos veremos que eles vão dar todos, lá naquele núcleo abençoado de pensamento criador no Mestre Nazareno.

Tomemos um só exemplo: a parábola do rico e de Lázaro.

Não faltavam ao rico: boas roupas, mesa farta, amigos, vida livre e, segundo os padrões humanos, extrema felicidade. Enquanto isso, Lázaro, um mendigo coberto de chagas e andrajos, ansiava pelas migalhas que sobravam da mesa rica. Com a morte, Lázaro libertou-se de suas aflições e partiu para o seio de Abraão, enquanto o rico ficou a penar no umbral. Foi daí que ele teve a visão de Lázaro junto de Abraão e gritou:

- Pai Abraão, tem pena de mim e manda Lázaro, para que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois estou atormentado nestas chamas.

- Filho – respondeu Abraão, com firmeza – lembra-te de que recebeste teus bens em vida, enquanto Lázaro, somente males; por isso, ele agora é consolado e tu atormentado. Além de tudo, há entre nós um grande abismo, de modo que nem os daqui podem ir a ti, nem tu podes vir a nós.

Rogo-te, contudo pai Abraão – insistiu o rico – que o envies à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para que os avise, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento.

- Eles tem lá Moisés e os profetas. Que os ouçam! - retrucou Abraão, inflexível.

Não, pai Abraão – ainda falou o rico -, se for a eles algum dos mortos, eles se arrependerão.

- Se não ouviram a Moisés e aos profetas – disse afinal Abraão, para encerrar -, tampouco se convencerão, ainda que um morto ressuscite.

*

Analisemos com um pouco mais de profundidade essa pequenina peça filosófica-moral, à luz da Doutrina dos Espíritos: ali estão a transitoriedade dos bens mundanos que nos são apenas emprestados, pela sabedoria divina, para os testes destinados a avaliar o progresso realizado; a anestesiante influência desse poder efêmero sobre o sentido da solidariedade humana; o esquecimento dos compromissos; o resgate pela dor; a responsabilidade pessoal de cada um pelos seus atos, tanto quanto o mérito pelas realizações positivas; o conceito da sobrevivência do Espírito, que enfrenta no mundo póstumo as consequências do que realizou ou deixou de realizar; a possibilidade de entenderem-se Espíritos desencarnados e encarnados; a firmeza da lei que nos confirma o duro determinismo do resgate, para corrigir os erros praticados em decorrência dos desvios do livre-arbítrio; a presença constante de advertências amorosas, que insistimos em ignorar (eles tem Moisés e os profetas!); a descrença com a qual sempre foi acolhida a manifestação dos seres desencarnados; e, finalmente, a necessidade incontornável de um longo e penoso trabalho pessoal de recuperação, de reconstrução, de pacificação interior.

Entre Lázaro redimido na dor e o rico que ainda estava no caminho de ida, nos seus desenganos, há um abismo de tempo a vencer. Encontram-se em níveis espirituais que os separam, não por força de um privilégio, mas em decorrência de um dispositivo automático que classifica as criaturas segundo seu peso específico que, por sua vez, está na dependência de suas conquistas espirituais, de seu trabalho de purificação, de renúncia, de sabedoria, de fraternidade. O abismo de que fala Abraão nada tem de físico; ele é moral, é uma questão de gradação numa vastíssima escala de valores. Um dia o rico também estará redimido, junto de Lázaro, sob as vistas de Abraão, mas é preciso que ele realize em si mesmo a tarefa indelegável do reajuste perante as leis desrespeitadas pelo seu livre-arbítrio.

Há mais, porém, a observar com relação à parábola. É na sua aplicação a nós mesmos, à nossa condição atual. Ela nos convoca a um reexame contínuo de posições. Não estaremos mergulhados na inconsciência do rico a malbaratar bens materiais, espirituais e culturais? Não estaremos esquecidos do dever de servir, onde estivermos, àqueles que a misericórdia divina colocou junto à nossa mesa farta? Não estaremos a insistir que nos enviem mais testemunhos quando já temos diante de nós o exemplo dos que trilharam antes os caminhos que ora percorremos? Não estaremos a pedir a constante presença dos “mortos”, com as suas exortações, quando contamos, de há muito, com os claros postulados da Doutrina?

A misericórdia do Senhor cedeu-nos o campo, a ferramenta e a semente. Faz o sol aquecer a terra e envia a chuva a regá-la. A nós apenas competem as tarefas de arar e semear. O que estamos esperando? A agonia e o remorso, a impotência e o desespero da dor ante o abismo que nos separa daqueles que já se encontram no “seio de Abraão”?

João Marcus
Revista Reformador Jul. 1977

Hermínio C. Miranda
(Sob pseudônimo de João Marcus)

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Nota explicativa: - Hermínio C. Miranda também assinava seus artigos como João Marcus e H.C.M. Este expediente foi sugerido pelo editor da Revista Reformador para que pudessem ser publicados mais artigos dele em uma mesma revista. 
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Publicação original


quarta-feira, 28 de junho de 2023

Orgulho

Orgulho

Hammed

A compulsão de querer controlar a vida alheia é fruto de nosso orgulho.

Para ser bom mestre não é preciso fazer seguidores ou discípulos, nem mesmo possuir cortejos ou comitivas, mas simplesmente fazer com que cada ser descubra em si mesmo o seu próprio guia. Não devemos ditar nossas regras aos indivíduos, mas fazer com que eles tomem consciência de seus valores internos (senso, emoções e sentimentos) e passem a usá-los sempre que necessário. Essa a função dos que querem ajudar o progresso espiritual dos outros.

Os indivíduos portadores de uma personalidade orgulhosa se apoiam em um princípio de total submissão às regras e costumes sociais, bem como o defendem energicamente.

Utilizam-se de um impetuoso interesse por tudo aquilo que se convencionou chamar de certo ou errado, porque isso lhes proporciona uma fictícia “cartilha do bem”, em que, ao manuseá-la, possam encontrar os instrumentos para manipular e dominar e, assim, se sintam ocupando uma posição de inquestionável autoridade.

Quase sempre se autodenominam “bem-intencionados” e sustentam uma aura de pessoas delicadas, evoluídas e desprendidas, distraindo os indivíduos para que não percebam as expressões sintomáticas que denunciariam suas posturas de severo crítico, policial e disciplinador das consciências.

Nos meios religiosos, os dominadores e orgulhosos agem furtivamente. Não somente representam papéis de virtuosos, como também acreditam que o são, porque ainda não alcançaram a autoconsciência.

Exigem e esperam obediência absoluta, são superpreocupados com exatidão, ordem e disciplina, irritando-se com pequenos gestos que fujam aos padrões preestabelecidos.

Possuem uma inclinação compulsiva ao puritanismo, despertando, com isso, simpatia e consideração nas pessoas simplórias e crédulas. Algumas, no entanto, por serem mais avisadas e conscientes, não se deixam enganar, discernindo logo o desajuste “ emocional.

O capítulo X da segunda parte de “O Livro dos Espíritos” diz respeito a “Ocupações e Missões dos Espíritos”. Dizem os Benfeitores que a missão primordial das almas é a de “melhorarem-se pessoalmente” e, além disso, “concorrerem para a harmonia do Universo, executando as vontades de Deus”. 

(Questão 558 – Alguma outra coisa incumbe aos Espíritos fazer, que não seja melhorarem-se pessoalmente? “Concorrem para a harmonia do Universo, executando as vontades de Deus, cujos ministros eles são. A vida espírita é uma ocupação continua, mas que nada tem de penosa, como a vida na Terra, porque não há a fadiga corporal, nem as angústias das necessidades.”)

A autêntica relação de ajuda entre as pessoas consiste em estimular a independência e a individualidade, nada se pedindo em troca. Ninguém deverá ter a pretensão de ser “salvador das almas”. A compulsão de querer controlar a vida alheia é fruto de nosso orgulho.

O ser amadurecido tem a habilidade perceptiva de diagnosticar os processos pelos quais a evolução age em nós; portanto, não controla, mas sim coopera com o amor e com a liberdade das leis naturais.

Nenhuma pessoa pode realizar a tarefa de outra. As experiências pelas quais passamos em nossa jornada terrena são todas aquelas que mais necessitamos realizar para nosso aprimoramento.

Muitos de nós convivemos, outros ainda convivem, com indivíduos que tentam cuidar de nosso desenvolvimento espiritual, impondo controle excessivo e disciplina perfeccionista, não respeitando, porém, os limites de nossa compreensão e percepção da vida.

São “censuradores morais”, incapazes de compreender as dificuldades alheias, pois não entendem que cada alma apenas pode amadurecer de acordo com seu potencial interno.

Não se têm notícias de que Jesus Cristo impusesse cobranças ou tivesse promovido convites insistentes ao crescimento das almas. Teve como missão, na Terra, ensinar-nos serenidade e harmonia, para entrarmos em comunhão com “Deus em nós”.

Confiava plenamente no Sábio e Amoroso Poder que dirige o Universo e, portanto, respeitava os objetivos da Natureza, que age no comportamento humano, desenvolvendo-o de muitas maneiras. Sabia que a evolução ocorre de modo inevitável, recebendo ou não ajuda dos homens.

O Mestre entendia que, se combatêssemos e lutássemos contra nossos erros, poderíamos “potencializá-los” . Nunca usava de força e imposição, mas de uma técnica para que pudéssemos desenvolver a “virtude oposta”.

“Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou” E ela disse:

“Ninguém. Senhor.” E disse-lhe Jesus: “Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais.” (João 8:10 e 11)

Não censurou ou criticou a atitude inadequada, mas propiciou o desenvolvimento da autoconfiança, para que ela encontrasse por si mesma seus valores internos.

Nunca amadureceremos, se deixarmos os outros pensarem por nós e determinarem nossas escolhas.

Não é a ajuda real, a que se referia Jesus, a crítica moralista, o desejo de reformar os outros, o controle do que se deve fazer ou não fazer. Antes, tais comportamentos revelam os traços de caráter dos indivíduos orgulhosos e ainda distanciados da autêntica cooperação no processo de evolução — que não os deixam perceber — que ocorre naturalmente na intimidade das criaturas.

Hammed por Francisco do Espírito Santo Neto 
do livro: As dores da alma

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terça-feira, 27 de junho de 2023

Oração e dificuldade

Oração e dificuldade

Emmanuel



Diariamente, milhares de criaturas partem da Terra.

Quase sempre, reconfortadas pelo bálsamo da fé consoladora que abraçaram na vida humana, desvencilham-se da teia fisiológica, sustentadas por sublime esperança.

A maioria, no entanto, não desfruta de improviso os talentos da paz que desejaria surpreender além do sepulcro, porque a percentagem de Céu para cada alma expressa a quantidade de Céu que haja edificado em si mesma.

É que, na maioria das circunstâncias, os desencarnados carreiam consigo as nuvens de trevas que lhes pesam na consciência.

Sombras de remorso, de frustração, de arrependimento tardio, gerando o plano purgatorial em que estagiam penosamente.

Desolados e aflitos, suplicam a graça do recomeço, o regresso ao campo do mundo, o retorno à lição no corpo...

Responsáveis, muitas vezes, por crimes ocultos, imploram a reaproximação com antigos adversários para ressarcirem o débito a que ainda se empenham; empreiteiros da calúnia e da crueldade rogam moléstias soezes, com que resgatam a deplorável conduta em que se desvairaram na delinquência...

Por isso mesmo, todos os dias aparecem berços de sofrimento e de provação, em que os culpados de ontem, hoje possuem o ensejo valioso de purificar e reaprender.

Não há, desse modo, dificuldades inúteis, como não existem chagas e dores sem a significação que lhes corresponda.

Todos os nossos sentimentos plasmam ideias.

Todas as nossas ideias estabelecem atos e fatos que nos definem o espírito na senda cotidiana.

Arquitetos do próprio destino, recolhemos nas leiras do espaço e do tempo, a alegria ou a flagelação, a felicidade ou o infortúnio, conforme o nosso plantio de mal ou bem.

Estejamos em guarda contra o império de névoa mental que trazemos em nós, abençoados os obstáculos que nos impelem à justa libertação e não nos esqueçamos de que a prece, em qualquer roteiro religioso, se não pode retirar-nos do clima sombrio por nós mesmos criado, será sempre Divina Luz revelando-nos o caminho.

Emmanuel por Chico Xavier
do livro: Refúgio

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segunda-feira, 26 de junho de 2023

A sobrevivência individual

A sobrevivência individual

Cairbar Schutel


A Terra é mundo de expiações e provas; é uma escola onde o Espírito se interna, com um corpo de carne, para estudar e progredir, para adquirir Ciência e virtude, asas fortes que o conduzem à Espiritualidade, à verdadeira Felicidade.

A morte não é, portanto, o aniquilamento, a extinção da vida, mas a desagregação do corpo carnal, para que o Espírito volte ao Outro Mundo, donde veio ao se encarnar.

Não há morte, no sentido que deram a esta palavra. A Vida, que se manifesta em todos os seres, em todas as coisas, não poderia ser, como de fato não é, sobrepujada pela morte. Mesmo nessa eterna sucessão de destruição orgânica e criação orgânica, a que Claude Bernard denominou conflito vital, a Vida não se deixa vencer, e, até os remanescentes da luta, que parecem destroços vencidos pela morte, apresentam todos os caracteres da vida em sua transformação evolutiva. Não há morte para a matéria: há transformação; não há morte para o Espírito: há também transformação; mas, este guarda a sua prerrogativa unitária, mantém a unidade da vida, transfigurando-se e despojando-se dos elementos de que não mais necessita no novo estado de vida ao qual passou.

O Espiritismo, magnificamente codificado por Allan Kardec, nos veio abrir os vastos horizontes da Vida, demonstrando-nos, com verdadeira precisão, a Imortalidade. Os fatos verificados em todos os países, e observados por homens de todas as classes sociais, comparados com os fenômenos ocorridos em tempos idos e relatados na história de todos os povos, provam, perfeitamente, que o homem não termina no túmulo e que, se este, como disse Victor Hugo, é o crepúsculo de uma vida, é também a aurora de outra.

As demonstrações psicofísicas da sobrevivência, como se tem observado, aparecem, hoje, sob todos as aspectos, para que fique claramente elucidado não ser a alma uma coisa vaga, abstrata, mas sim um ser concreto, que possui um organismo físico perfeitamente delimitado, portador de todas as aquisições intelectuais e morais, e dotado dos atributos necessários às demonstrações da Ciência e da Moral, principais insígnias da civilização e do progresso.

De fato, se tudo tem uma causa a produzir um efeito, qual será a causa produtora desses fenômenos supranormais, cuja força indomável chegou a criar uma ciência, a Metapsíquica, alargando o campo da Biologia, da Física, da História Natural e até da Patologia? Podem, porventura, as forças cegas da Natureza produzir fenômenos inteligentes a ponto de criarem Ciências e Artes, e fazerem, como está acontecendo, verdadeira revolução na Religião e na Moral? Pode simplesmente a matéria engendrar a inteligência? A ignorância e o caos podem criar a sabedoria e a harmonia?

Os aspectos múltiplos das manifestações espíritas, estendendo cada vez mais a variedade dessas provas e multiplicando-as todos os dias, não podem deixar de obedecer a um plano inteligente, que dirige essas manifestações, a seu turno produzidas por Espíritos, que demonstram sua identidade e dizem agir de acordo com ordens superiores que lhes são ministradas. Nem se pode conceber por outra forma os fenômenos de transporte, levitação, materialização, voz direta, fotografia, demonstrações físicas objetivas, oriundas de entidades psíquicas que dizem ter vivido na Terra com um corpo carnal, revelando-se como parentes, amigos, conhecidos dos assistentes e apresentando-lhes a sua ficha de identidade.

Que outras provas poderemos exigir da sobrevivência, da continuação da vida dos seres que nos são caros, senão essas que eles mesmos, à nossa revelia, se lembraram de nos oferecer? Que outros testemunhos lhes podemos pedir senão que falem, cantem, sorriam, como faziam quando estavam conosco, que usem o mesmo estilo, a mesma voz, o mesmo modo de agir, que, finalmente, se deem a conhecer, reproduzindo suas feições, que nos apareçam mostrando-se vivos como eram, como todos os contornos e delineamentos que nos eram familiares?

As manifestações espíritas, transviadas do seu fim providencial, desnaturadas pelo espírito da fraude e do interesse, guerreadas pelo conservantismo sectário e retrógrado, não têm outro fim senão trazer-nos demonstrações psicofísicas da sobrevivência.

Todos os fenômenos supranormais do psiquismo, os de natureza anímica e os de natureza espírita, propriamente ditos, têm um único escopo: a demonstração da existência da alma e da sua sobrevivência à morte do corpo.

Essas demonstrações psicofísicas ou psicointelectuais, como, por exemplo, a manifestação mediúnica e estranhas ao médium, a confecção de desenhos e pinturas, cuja arte está muito acima da capacidade do executor, de mensagens e até de livros, cujo conteúdo é muito superior ao que poderia produzir o intelecto do escritor, todas essas manifestações, em seu conjunto harmonioso, constituem um hino de glória ao Espiritismo - demonstrações patentes, positivas, da imortalidade da alma!

Cairbar Schutel do livro:
A Vida no Outro Mundo

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