A sobrevivência individual
Cairbar Schutel
A Terra é mundo de expiações e provas; é uma escola onde o Espírito se interna, com um corpo de carne, para estudar e progredir, para adquirir Ciência e virtude, asas fortes que o conduzem à Espiritualidade, à verdadeira Felicidade.
A morte não é, portanto, o aniquilamento, a extinção da vida, mas a desagregação do corpo carnal, para que o Espírito volte ao Outro Mundo, donde veio ao se encarnar.
Não há morte, no sentido que deram a esta palavra. A Vida, que se manifesta em todos os seres, em todas as coisas, não poderia ser, como de fato não é, sobrepujada pela morte. Mesmo nessa eterna sucessão de destruição orgânica e criação orgânica, a que Claude Bernard denominou conflito vital, a Vida não se deixa vencer, e, até os remanescentes da luta, que parecem destroços vencidos pela morte, apresentam todos os caracteres da vida em sua transformação evolutiva. Não há morte para a matéria: há transformação; não há morte para o Espírito: há também transformação; mas, este guarda a sua prerrogativa unitária, mantém a unidade da vida, transfigurando-se e despojando-se dos elementos de que não mais necessita no novo estado de vida ao qual passou.
O Espiritismo, magnificamente codificado por Allan Kardec, nos veio abrir os vastos horizontes da Vida, demonstrando-nos, com verdadeira precisão, a Imortalidade. Os fatos verificados em todos os países, e observados por homens de todas as classes sociais, comparados com os fenômenos ocorridos em tempos idos e relatados na história de todos os povos, provam, perfeitamente, que o homem não termina no túmulo e que, se este, como disse Victor Hugo, é o crepúsculo de uma vida, é também a aurora de outra.
As demonstrações psicofísicas da sobrevivência, como se tem observado, aparecem, hoje, sob todos as aspectos, para que fique claramente elucidado não ser a alma uma coisa vaga, abstrata, mas sim um ser concreto, que possui um organismo físico perfeitamente delimitado, portador de todas as aquisições intelectuais e morais, e dotado dos atributos necessários às demonstrações da Ciência e da Moral, principais insígnias da civilização e do progresso.
De fato, se tudo tem uma causa a produzir um efeito, qual será a causa produtora desses fenômenos supranormais, cuja força indomável chegou a criar uma ciência, a Metapsíquica, alargando o campo da Biologia, da Física, da História Natural e até da Patologia? Podem, porventura, as forças cegas da Natureza produzir fenômenos inteligentes a ponto de criarem Ciências e Artes, e fazerem, como está acontecendo, verdadeira revolução na Religião e na Moral? Pode simplesmente a matéria engendrar a inteligência? A ignorância e o caos podem criar a sabedoria e a harmonia?
Os aspectos múltiplos das manifestações espíritas, estendendo cada vez mais a variedade dessas provas e multiplicando-as todos os dias, não podem deixar de obedecer a um plano inteligente, que dirige essas manifestações, a seu turno produzidas por Espíritos, que demonstram sua identidade e dizem agir de acordo com ordens superiores que lhes são ministradas. Nem se pode conceber por outra forma os fenômenos de transporte, levitação, materialização, voz direta, fotografia, demonstrações físicas objetivas, oriundas de entidades psíquicas que dizem ter vivido na Terra com um corpo carnal, revelando-se como parentes, amigos, conhecidos dos assistentes e apresentando-lhes a sua ficha de identidade.
Que outras provas poderemos exigir da sobrevivência, da continuação da vida dos seres que nos são caros, senão essas que eles mesmos, à nossa revelia, se lembraram de nos oferecer? Que outros testemunhos lhes podemos pedir senão que falem, cantem, sorriam, como faziam quando estavam conosco, que usem o mesmo estilo, a mesma voz, o mesmo modo de agir, que, finalmente, se deem a conhecer, reproduzindo suas feições, que nos apareçam mostrando-se vivos como eram, como todos os contornos e delineamentos que nos eram familiares?
As manifestações espíritas, transviadas do seu fim providencial, desnaturadas pelo espírito da fraude e do interesse, guerreadas pelo conservantismo sectário e retrógrado, não têm outro fim senão trazer-nos demonstrações psicofísicas da sobrevivência.
Todos os fenômenos supranormais do psiquismo, os de natureza anímica e os de natureza espírita, propriamente ditos, têm um único escopo: a demonstração da existência da alma e da sua sobrevivência à morte do corpo.
Essas demonstrações psicofísicas ou psicointelectuais, como, por exemplo, a manifestação mediúnica e estranhas ao médium, a confecção de desenhos e pinturas, cuja arte está muito acima da capacidade do executor, de mensagens e até de livros, cujo conteúdo é muito superior ao que poderia produzir o intelecto do escritor, todas essas manifestações, em seu conjunto harmonioso, constituem um hino de glória ao Espiritismo - demonstrações patentes, positivas, da imortalidade da alma!
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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