Limpar a mente
Miramez
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
"A piedade é o melancólico, mas celeste precursor da caridade, primeira das virtudes que a tem por irmã e cujos benefícios ela prepara e enobrece." (O Evangelho Segundo o Espiritismo / Capitulo XIII - Item 17.)
"Aproximou-se de Jesus um leproso, prostrou-se e disse-lhe: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo: Jesus, estendendo a mão, retrucou: - Quero; fica limpo. No mesmo instante o leproso ficou são." (Mateus 8:2,3)
Nós nos achamos sob a influência de duas forças antagônicas entre si: a positiva e a negativa. Consoante a ação desta ou daquela, sentimo-nos grandes ou pequenos, capazes ou inertes, varonis ou pusilânimes.
A primeira é força construtora, edifica sempre. A segunda é demolidora, destrói fatalmente. Uma gera otimismo; outra engendra pessimismo. Esta nega; aquela afirma.
A força positiva congraça, originando ondas simpáticas; a negativa dispersa, dando origem a ondas antipáticas.
A corrente positiva é absoluta, tem sua origem na fonte eterna da vida: Deus. Sua antagonista é relativa, incerta, dúbia, ora perdendo, ora ganhando intensidade; dimana do homem, de seus defeitos, fraquezas e paixões. Está, por isso, destinada a ser, em dado tempo, aniquilada, visto como age de encontro à harmonia do Universo. Perdura enquanto o homem ignora seus perigos, sua natureza e os meios de a alijar de sua mente e de seu coração. Logo, porém, que lhe seja dado discernir entre a influência dissolvente de uma, e a influência benfazeja de outra, ele deixará de produzir e alimentar a força inimiga, para sorver a largos haustos a energia criadora que tudo vivifica.
Em rigorosa análise, podemos dizer que estas duas forças guardam entre si aquela mesma relação que se verifica entre a luz e as trevas. Estas não são outra coisa senão a ausência daquela. Não há realidade nas trevas, como também não há na corrente negativa. Contudo, as consequências da falta de luz, como os efeitos da ausência de força positiva, ocasionam males tremendos.
Ninguém triunfará na vida senão pela força positiva. Nos planos superiores ela domina o ambiente. Nos inferiores é escassa e fugidia, como o clarão dos relâmpagos.
Jesus enchia-se de contentamento quando ela se lhe deparava na Terra.
Comprazia-se em acentuar que só através da força positiva lhe era dado exercer sua missão de amor.
O leproso, de que nos fala a passagem acima transcrita, agiu mediante o influxo da força positiva, de que se achava possuído. Seu pedido foi expresso em linguagem categórica e firme: Senhor, si quiseres, podes tornar-me limpo. A resposta foi articulada no mesmo tom: Quero; fica limpo. A voz do céu, pela boca do seu legítimo intérprete, não podia vibrar em outro diapasão.
A tua fé te salvou; a tua fé te curou; seja feito segundo tua fé, e outros dizeres semelhantes têm sua explicação no poder dessa energia, na ação inconfundível da força positiva através da qual Jesus-Cristo operou os prodígios que maravilharam o mundo.
Nota: Pedro de Camargo, mais conhecido por Vinícius (pseudônimo que adotou e usou por mais de 50 anos), nasceu em Piracicaba (SP) em 7 de maio de 1878. Desde muito jovem abraçou com entusiasmo o Espiritismo, tendo fundado e dirigido em sua terra natal a instituição espírita “Fora da caridade não há salvação”. Por muitos anos presidiu também a “Sociedade de Cultura Artística”, na mesma cidade. Em 1938, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde permaneceu até a sua desencarnação em 11 de outubro de 1966. A partir de 1949, desenvolveu, através do rádio, um programa evangélico de grande proveito para os espíritas. Teve participação destacada nos esforços em prol da unificação do Movimento Espírita Brasileiro que culminaria com a criação do Conselho Federativo Nacional (CFN). Colaborou por dezenas de anos com artigos que primavam pela essência altamente doutrinária e evangélica publicados em Reformador. (Trecho extraído do site da FEB)
Em toda a parte onde a criatura não se vigia, ei-lo que surge, como arremessado pelos abismos da sombra.
É o raio da morte que extermina, implacável, todas as sementeiras do bem.
Na maternidade - é a força imponderável que provoca o desastre do aborto ou que fulmina pobres anjos recém-natos a sugá-la por veneno sutil, à flor do materno seio.
Na paternidade - é a frustração das mais preciosas esperanças endereçadas pelo Céu em socorro à família.
No lar - é o espinho magnético, alimentando o sofrimento naqueles que mais amamos.
No templo - é o assalto das trevas às promessas da luz.
Na caridade - é o golpe da violência colocando o vinagre do desencanto e o fel da revolta no prato da ingratidão.
Na escola - é a ofensa à dignidade do ensino.
Entre amigos - é o azorrague de brasas crestando as bênçãos da confiança.
Entre adversários - é o instinto que arma o braço desavisado para o infortúnio do crime.
Nos moços - é a certidão de incapacidade para servir.
Nos adultos - é o punhal invisível degolando sublimes desejos de entendimento e progresso.
Por onde passa deixa sempre um rastro de lodo e sangue, lágrima e desespero, exigindo a mais ampla serenidade do tempo e o mais dilatado perdão para que o equilíbrio da vida se refaça.
Esse raio mortal é a cólera onde aparece.
Para conjurar-lhe o perigo, só existe um remédio justo - receber-lhe o impacto destruidor no clima do silêncio sobre a antena do coração.
“... O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos...” (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17º, item 7.)