Indiferença Espiritual
Joanna de Ângelis
Não são poucas as pessoas que se encontram engessadas em conduta materialista, embora vinculadas a determinadas religiões, que mantêm singular indiferença pela Vida espiritual.
O conceito de imortalidade do Espírito se lhes afigura como algo remoto para meditar, enquanto que o seu comportamento permanece vinculado ao hedonismo utilitarista, distante dos ensinamentos doutrinários aos quais se vinculam na crença que professam.
Deixam-se arrastar pelo fausto contínuo das ilusões, supondo-se inatingíveis pelo sofrimento e credoras de todas as mercês concedidas por Deus.
Periodicamente, em automatismo de fé, participam dos credos a que se filiam, sem procurarem aprofundar os conceitos que os constituem, e que, certamente, dar-lhes-iam diferente visão da realidade.
Quando surpreendidas pelos fenômenos naturais dos sofrimentos, não raro são dominadas pela revolta ou pelo ressentimento, acreditando-se vítimas da injustiça divina, que parece as haver olvidado, como se, em alguma ocasião, se houvessem recordado da sua existência. Caso, porém, se permitissem as reflexões a seu respeito, bem diferente seria a maneira de conduzir-se compreendendo que a existência física tem caráter educativo e renovador, em vez de ser uma representação no festival da alegria sem fim.
Algumas são dotadas de bons sentimentos, que os não aprimoram pelo exercício da caridade, não fazendo o mal, embora tampouco operando nas ações dignificantes do bem, o que lhes confere uma postura de neutralidade, sem que se deem conta de que a ausência da ação do bem é-lhes um grande mal..
Outras são indiferentes a quaisquer apelos em favor da renovação moral, optando pela conduta a que se aferram, como se se encontrassem distantes do bem e do mal ou acima de ambos, em regime de exceção.
Diversas outras desejam apenas aproveitar o tempo no prazer, considerando a brevidade das forças físicas, para depois se arrepender profundamente por não haverem utilizado melhor do patrimônio das horas para a cultura, para a beleza, para as realizações e as experiências enobrecedoras.
Numerosas permanecem distantes de qualquer doutrina espiritualista, como se houvessem superado a necessidade de integração no pensamento cósmico, não se preocupando com as necessidades internas que, no futuro, transformam-se em vazio existencial.
Entre uma convivência espiritual e um divertimento, optam pelo segundo, às vezes motejando em relação ao primeiro.
Presunçosas, fingem saber tudo e aparentam haver superado as questões de ordem espiritual, que lhes parecem totalmente ultrapassadas.
Uma que outra vez, estiveram em uma reunião destinada ao tema, para logo se afastar, considerando-o desnecessário, em face da ânsia de desfrutar as horas em algo mais imediato.
Algumas, quando conduzidas por amigos interessados no seu despertamento para uma conferência ou debate, um estudo ou conversação sobre a vida além da vida, demonstram mau humor, cochilam, mantêm um ar de zombaria na face, demonstrando o enfado que preferem não disfarçar.
Tal conduta revela o primarismo da sua sensibilidade emocional em relação ao futuro espiritual que lhes diz respeito, não se preocupando em saber se o terão ou não...
Vivem satisfeitas com o pouco já conseguido ou atormentadas pelo muito que gostarão de amealhar para abandonar com a desencarnação.
Ninguém foge, porém, de si mesmo, do processo da evolução, e momento chega em que despertarão, talvez em situação dolorosa, começando a busca do tesouro que as enriquecerá de plenitude...
*
Espíritos que se comportam indiferentes à fé religiosa, lamentavelmente, não possuem estrutura emocional para os grandes embates que a vida apresenta a todos no curso da existência. Normalmente, quando essas ocorrências aparentemente negativas surgem, deixam-se arrastar pelo pessimismo, em razão da falta de hábito de confiar e de lutar para conseguir as realizações em plano superior, ou desesperam-se, arrojando-se agressivamente contra, mais complicando a situação que os desafia.
São mais fáceis de tombar diante dos testemunhos do que aqueles que aprenderam a confiar na proteção divina vinculam-se a Deus através do pensamento, n'Ele haurindo vigor para continuar a batalha evolutiva.
Não dispondo do conforto da oração, os primeiros insistem nos pensamentos perturbadores, enquanto os outros se renovam na comunhão pela prece com a Divindade, que os robustece de energias e de paciência para os enfrentamentos, favorecendo-os com alegria mediante a qual mais facilmente solucionam as questões mais urgentes.
A fé religiosa, mesmo quando ingênua, transforma-se em ponte de luz que permite ao crente alcançar os píncaros da Espiritualidade, fruindo de paz e de esperança.
Toda religião, portanto, é precioso método pedagógico para o Espírito entender-se e compreender a finalidade existencial da sua jornada, desde que não se permitindo o fanatismo, que é doença da alma.
Quando o fanatismo se expressa na conduta religiosa, é o indivíduo que, portador de transtorno de conduta emocional, desrespeita o direito do próximo, qual ocorre em outros segmentos e condutas na sociedade. Encontramo-lo na política, na filosofia, na arte, nos mais diversos setores da atividade humana.
Por sua vez, o Espiritismo, na condição de religião com fundamentos lógicos e racionais, sempre propõe o amor como recurso valioso para o entendimento das ocorrências e mecanismo de solução delas, ampliando o elenco das propostas filosóficas para ensejar a harmonia interior que estimula ao crescimento intelecto-moral.
Ninguém transita no mundo sem dificuldades, que se constituem instrumentos de crescimento espiritual para todos.
Desse modo, a segurança na fé religiosa ou numa conduta ética otimista e humanitária constitui elemento fundamental para se alcançarem as metas dignificadoras que devem ser conquistadas.
Entendemos, desse modo, que não é a fé na religião que dignifica ou que salva o indivíduo de si mesmo, dos seus males, porém a vivência das suas diretrizes e a experiência iluminativa que se faz necessária.
A crença em Deus é indispensável para a completude individual, para o estado numinoso do ser humano.
Certamente, nem todos concordam com esse conceito, e alguns poderão mesmo dizer, como Nietzsche ou Laplace, respectivamente, informando com arrogância que Ele já deveria estar aposentado ou não ter sido necessário para elaborar a sua tese, no que se equivocaram lamentavelmente.
De outra forma, muitos outros cientistas e investigadores confessaram que sem Ele nada poderiam ter conseguido, deixando um rastro luminoso de esperança e de bem-estar nos corações.
*
Semeia luz na treva e grão de amor no solo dos corações.
Nunca poderás avaliar realmente o que sucederá depois que assinalares o teu caminho com as mensagens de iluminação e de ternura após o percorrer.
Muitos desses, que hoje são indiferentes, provavelmente virão pela mesma senda e encontrarão os teus sinais, recolhendo-os com interesse, porque outro será o momento das suas vidas, então marcadas por outras disposições e necessidades.
Iguais a ti, que ontem negavas a fé religiosa ou caminhavas distraído e agora estás desperto, eles também terão ensejo de acordar, desengessando-se da indiferença e abrindo-se à convicção libertadora que os tornará felizes.
Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Libertação do Sofrimento
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