terça-feira, 31 de outubro de 2017

Solidariedade

Solidariedade

Emmanuel


  
Cada vez que te dispões

A aliviar a carga 

Que ainda pesa 

Nos ombros de teus irmãos, 

Estarás formando amigos 

Que te aliviarão 

No momento justo 

Em que a carga 

Das provas necessárias à tua própria vida 

Venha a pesar nos teus.





segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Calvário dos médiuns

Calvário dos médiuns

Vianna de Carvalho



Envolta em auréola mítica por largos séculos, a mediunidade tem sido confundida, na sua realidade paranormal, transitando do estado de graça à condição de demonopatia ou degeneração psicológica da natureza humana.

Homenageada em alguns períodos da História, noutros detestada e perseguida com dureza, ainda permanece ignorada pela presunção de uns, pela ignorância de outros, pelo preconceito que, teimosamente, se demoram, dominadores, no organismo sociocultural dos nossos dias.

Allan Kardec foi o corajoso estudioso que lhe penetrou as causas e estudou à saciedade, estabelecendo critérios justos de avaliação e técnicas próprias para a compreensão, estudo e desdobramento das suas possibilidades psíquicas.

As suas análises abrem espaços científicos e culturais para um conhecimento lógico dessa faculdade, desvestindo-a de todas as superstições, fantasias e acusações de que tem sido vítima.

Mediante linguagem clara e fácil ao entendimento de todos, examinou a mediunidade sob os pontos de vista orgânico, psicológico, psiquiátrico e sociológico, concluindo pela sua legitimidade e amplos recursos para a perfeita integração do homem na harmonia da Natureza, estabelecendo diretrizes morais para o seu exercício e regras comportamentais para a sua demonstração científica, elaborando um tratado extraordinário, que permanece o mais completo a respeito da paranormalidade humana, que é o insuperável O livro dos médiuns.

Apesar disso, a mediunidade e os médiuns prosseguem como motivo de surpresa, admiração e sarcasmo, conforme o meio social em que se apresentem.

Utilizados, invariavelmente, para futilidades e divertimentos, sofrem o barateamento da ingerência de pessoas astutas, porém desinformadas, que pretendem conduzi-los em proveito próprio ou para exibição em espetáculos que se caracterizam pelo ridículo decorrente da ignorância de que são portadores.

Chamam a atenção pelo exibicionismo vulgar e logo desaparecem, quais cometas que passam com celeridade, sem maior benefício, para o zimbório sombrio, por onde deambulam errantes.

A mediunidade, exercida com elevação de propósito, séria e digna, tem sofrido a incompreensão e agressividade daqueles que gostariam de utilizá-la nos jogos da ilusão e do prazer. Por consequência, os médiuns sinceros e honestos, de conduta moral incorruptível pagam alto preço pela vida moral a que se entregam e por se fazerem dóceis às orientações dos seus guias espirituais, que não convivem com ideias, discussões estéreis, rivalidades de indivíduos, grupos, nem sociedades que se entregam ao campeonato da vaidade.

Atacados os próprios arraiais do Movimento no qual laboram, são levados à praça público do ridículo por companheiros apressados, sem nenhuma folha de serviço apresentada à Causa Espírita, mas, hábeis, nos aranzéis da agressão, escrevendo ou falando, desta forma, por mecanismo de transferência psicológica, atirando no trabalhador o que se encontra neles próprios e descarregando a mal disfarçada inveja que os leva a competir, às vezes, inconvenientemente, quando deveriam compartir e participar do serviço de iluminação de consciências ao qual aquele se entrega.

Sucede que se encontram teleguiados por mentes insanas, as quais sempre combateram e perseguiram os instrumentos das Vozes lúcidas do Além-Túmulo que vêm despertar os homens e adverti-los das ciladas preparadas por esses adversários desencarnados, incansáveis nos seus malfadados programas de perturbação e crimes, obsessão e loucura...

Além destes, que medram com exuberância nos dias atuais, a dureza dos descrentes e gozadores sempre está disposta a agredir os médiuns e acusá-los de serem portadores de desequilíbrios da mente, do sexo, da conduta, por serem diferentes, isto é, por adotarem um comportamento saudável, que aqueles têm como incompatível com os dias de luxúria e abuso de toda natureza, ora vigentes.

Outros perseguidores ainda repontam em pessoas que procuram depender emocionalmente do amigo da mediunidade, as quais, contrariadas por este ou aquele motivo, verdadeiro ou falso, se levantam para infligir maior soma de sofrimentos a quem sempre lhes aturou com paciência a preguiça mental e as irregularidades morais, brindando-os com palavras amigas e consoladoras...

Já não se apedrejam, nem se encarceram ou conduzem à fogueira os médiuns. Todavia, a maledicência e a acrimônia, a crítica sistemática e as exigências de consultas largas quão inócuas constituem prova e martírio para os instrumentos abnegados que se entregam ao ministério com unção. Além do círculo de erro exterior que os comprime, a sua condição humana exige-lhes muitas renúncias silenciosas, que os amigos fingem não ver, por considerarem que a mediunidade, segundo alguns, é um privilégio que libera o seu portador das aflições e processos de evolução pela dor.

Carregando todos os problemas inerentes à sua situação evolutiva, remuneram a alto preço a existência, em holocaustos admiráveis e perseverantes no Bem, que os credenciam a receber maior assistência e amor dos seus amigos espirituais.

Por fim, sofrem o assédio tanto das entidades inimigas do progresso da Humanidade, como dos seus próprios adversários espirituais, que não os perdoam pela tarefa que desempenham em favor de si mesmos e das demais criaturas.

O calvário dos médiuns é oculto e deve ser vivido com dignidade, sem queixas ou reclamações, pois que é, também, o pórtico da ressurreição gloriosa, de onde se alarão às regiões felizes, depois de cumpridas as tarefas de amor e esclarecimento, de caridade e perdão para as quais reencarnaram.

Têm por modelo Jesus, que lhes permanece como o Conquistador Inconquistado que, morrendo por amor, distribui vida para todos aqueles que O buscam e n'Ele creem, servem e passam, rumando na direção da Imortalidade...

Vianna de Carvalho

Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 20 de abril de 1988, 
no Centro Espírita Caminho da Redenção,  em Salvador Bahia.


domingo, 29 de outubro de 2017

Perturbadores espirituais

Perturbadores espirituais

Joanna de Ângelis




Sim, produzem perturbações, os Espíritos que se debatem em aflição, na retaguarda do Além-túmulo, e, na agonia, esparzem inquietação. 

Perturbados, disseminam intranquilidade; ociosos, divertem-se, tumultuando; vitimados pela maldade em que sucumbiram, destilam energias deletérias, que terminam por infelicitar.

Não nos referimos, aqui, à problemática obsessiva, propriamente definida. 

Ocorre que, cada um, em situando o coração onde coloca os interesses, ao concentrar-se, sintoniza com mentes idênticas, que respondem aos apelos formulados, por meio de expressões equivalentes ou através de atos idênticos. 

Vives sob a construção do que pensas, e cultivas o campo em que colocas as aspirações. 

Seja consciente da responsabilidade ou não, a vida responde conforme a pauta das interrogações que se formulam.

Se te aclimatas à conservação da ira, sintonizarás com Espíritos odientos, que te cercearão o avanço. 

Se formulas ideias pessimistas, identificar-te-ás com Espíritos perturbadores, que se comprazem nas cogitações enfermiças do pensamento em desalinho. 

Se te distrais no dever espiritual, facultas o conúbio com Espíritos inferiores, que te sitiam a casa mental, gerando desequilíbrios nos centros do teu discernimento. 

Se te permites leviandades e cogitações perniciosas, serão inumeráveis os pensamentos venais que te advirão, em processos hipnológicos de longo curso, em que se adestram os Espíritos vingativos e perversos, 

Sim, perturbam os homens da Terra, os que chegaram ao Mundo Espiritual perturbados, vencidos, infelizes em si mesmos. 

Antes que lobriguem a sintonia perfeita com a tua mente, levanta-te pela austeridade moral, disciplinando os pensamentos e as atitudes, a fim de librares acima das faixas densas e nefastas em que se situam os perturbados espirituais, nossos irmãos enfermos da retaguarda evolutiva, podendo, então, ajudá-los com segurança. 

Instado, momentânea ou repetidamente a quaisquer injunções negativas, lembra-te da higiene mental pela prece e pela meditação, não te favorecendo o devaneio infeliz. 

Mantém, assim, os pensamentos na diretriz evangélica e alça-te à luz do Amor, porque somente no clima e nas paisagens do amor de Nosso Pai haurirás a vitalidade essencial para o indispensável amor que liberta e felicita, no mesmo teor com que nos ama Jesus, libertando-te, por fim, das constrições lamentáveis que são produzidas pelos perturbadores espirituais.



sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Diante do Universo

Diante do Universo

Emmanuel



Povoa-se o Universo por verdadeira multidão de galáxias.

Cada galáxia permanece constituída por milhares de constelações.

Cada constelação, quase sempre, é um ninho de sóis.

Cada sol congrega diversos mundos.

Cada mundo, amadurecido para a inteligência e para a razão, guarda consigo a bênção da Humanidade.

Cada Humanidade se compõe de várias raças.

Cada raça engloba muitos povos e milhões de almas que evoluem, nos degraus que lhes correspondem.

Lembremo-nos, pois, de que no concerto admirável da Criação, somente será possível regenerar e burilar a nós mesmos para que a vida imperecível em nós se retrate vitoriosa, mas não nos esqueçamos de que, apesar da grandeza cósmica, nosso desequilíbrio no mal pode comprometer todo o sistema em que as Leis Divinas se expressam, através do trono sublime da natureza, qual acontece ao micróbio letal que, não obstante imperceptível ao olho nu, pode carrear a enfermidade ou a morte para o corpo físico mais notavelmente bem posto.

Consagremo-nos à estruturação do Bem no campo de nós mesmos, de conformidade com os princípios inelutáveis de harmonia e justiça que nos regem a ascensão, sem o doentio propósito de reajustar os outros, antes da recuperação espiritual de nós próprios, de vez que todo o deslize nosso, à frente do Senhor, repercute nas faixas totais da Vida Una, compelindo-nos à posição de angústia e sofrimento, a única suscetível de ratificar em nosso espírito e em nossa existência a ruptura do equilíbrio divino do amor que operamos desavisados, diante da Eterna Lei.



quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Ajuda do dinheiro

Ajuda do dinheiro

Olivia



Quando o dinheiro visitar-te a casa, sem ocupação imediata e definida, ajuda-o a caminhar para a frente, com os teus passos ou com as tuas aspirações, para que não se amontoe ao teu lado, encarcerando-te o coração.

Tirano destruidor é o dinheiro que se faz senhor do destino.

Servo precioso é ele, quando dirigido na sementeira do bem.

Recorda que o poder metálico, a serviço da bondade, consegue ir onde as tuas mãos não encontram acesso, e faze dele o mensageiro de tua alma fraterna, em toda a parte, onde existam feridas abertas, necessidades imperiosas e desconhecidas aflições.

Eu também conheci a perturbação devoradora do dinheiro estagnado, à maneira de um poço de ouro e lama, riqueza e miséria, brilho e decadência.

Além da morte, o metal guardado sem proveito transforma-se em algemas insuportáveis.

Evita, enquanto podes, a plantação do flagelo que te arruinaria, por muito tempo, o futuro. 

Dá quanto possas, ajuda sempre, auxilia quanto esteja ao teu alcance, empresta, serve, dispõe e movimenta os recursos que o Céu te confiou, porque, mesmo na Terra, a fortuna inerte será um fantasma permanente aos teus dias, impedindo-te a felicidade entre os homens, para converter-se, depois do sepulcro, numa corrente de angústia para o teu coração.

Olivia por Chico Xavier do livro:
Cartas do Coração

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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Nota em sessão

Nota em sessão

Irmão X.



Quando Anastácio, o diretor da reunião mediúnica, encaminhava as tarefas da noite para a fase terminal, comunicou-se o Irmão Silvério para as instruções do costume.

Apontamento vai, apontamento vem, e Anastácio, o doutrinador, desfechou curiosa pergunta ao amigo desencarnado:

- Irmão Silvério, com o devido respeito, desejávamos colher a sua opinião em torno de grave assunto que admitimos seja problema não somente para nós, nesta casa, mas para a maioria dos grupos semelhantes ao nosso...

- Diga o que há...

- Referimo-nos aos médiuns, depois de iniciados na tarefa espírita. Porque tanta dificuldade para conservá-los em ação? Quantas vezes temos visto companheiros de excelente começo, e outros, até mesmo com o merecimento de obras consolidadas, abandonarem o serviço, de momento para outro?!... Uns foram curados de aflitivas obsessões, outros abraçaram o apostolado, em plenitude de madureza do raciocínio... 

Esposam benditas responsabilidades, de coração jubiloso, e principiam a trabalhar, corajosos e felizes... Surge, porém, um dia em que tudo ou quase tudo largam, de quanto prossigam credores de nossa maior consideração pela vida respeitável e digna de que dão testemunho, seja no lar ou na profissão. Como explicar semelhante fenômeno?

O mensageiro anotou, através do médium:

- Meu irmão, estamos em combate espiritual, o combate da luz contra as trevas. Muitos de nossos aliados sofrem pesada ofensiva por parte das forças que nos são contrárias, e é razoável que deixem a posição, quando já não mais suportem o assédio... somos, então, obrigados a compreendê-los e a favorecer-lhes a retirada, embora lhes valorizemos a colaboração, com as nossas melhores reservas afetivas.

- Sim, entendo – acentuou o inquieto companheiro do plano físico -, entendo que os agentes da sombra nos espiam e nos hostilizam, no intuito de arrasar-nos... Mas, porque essa perseguição? Não estamos nós do lado da luz? Não somos chamados a confiar em Deus? 

Acaso, não nos achamos vinculados aos princípios do Bem Eterno? Não nos situamos, porventura, sob a vigilância de nossos Instrutores da Vida mais Alta? O Espírito amigo sorriu e replicou, paciente:

- Anastácio, ontem à noite estive em serviço de socorro às vítimas de alguns malfeitores encarnados, numa casa de entretenimentos públicos. Os nossos infelizes irmãos, para atenderem aos baixos intentos de que se viam possuídos, fixaram-se, antes de tudo, no propósito de apagarem a luz no recinto, a fim de operarem sob regime de perturbação, no clima das trevas. Avançaram para as lâmpadas vigorosas que alumiavam a casa e, para logo, inutilizaram-lhes a capacidade de serviço, tumultuando aquele ambiente. Depois de darem muito trabalho aos policiais, estes, finalmente, restabeleceram a normalidade.

Como você pode avaliar, o apoio elétrico não se modificou na retarguada, não impedindo que as lâmpadas fossem substituídas para que se recuperasse a iluminação. 

Assim também, meu caro, em nossas realizações espíritas. Os elementos da sombra, interessados em vampirizar a Humanidade, visam, sobretudo, a anular os médiuns que iluminam e, notadamente, os de maior responsabilidade, de maneira que possam dominar com os inferiores desígnios que lhes caracterizam as lamentáveis disputas. Depois de formarem o tumulto e a treva de espírito, reclamam grande esforço dos Emissários de Jesus para que a harmonia se refaça no serviço regular de nossa Doutrina Renovadora.

Apesar de tudo isso, porém, é preciso reconhecer que a ordem se reconstitui sempre para a vitória do bem de todos. Entende você?

- Sim... – reticenciou o doutrinador, e aduziu: - mas, que fazer para melhorar a situação?

E Irmão Silvério rematou com serenidade e otimismo:

- Paciência e serviço, meu caro, paciência e serviço cada vez mais. Assim como, em qualquer desastre da iluminação comum, a usina, os técnicos e a eletricidade prosseguem inalteráveis, também nos acidentes do intercâmbio espiritual, Deus, os Bons Espíritos e as Leis Divinas são invariavelmente os mesmos... Quanto às lâmpadas, é imperioso substituí-las, toda vez que não mais se ajustam à tomada de força, até que o progresso nos ofereça material de valor fixo... Compreendeu?

Anastácio sorriu por sua vez, demonstrando haver compreendido, e encerrou a sessão.

Irmão X. por Chico Xavier do livro:
Estante da Vida

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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Instantâneo

Instantâneo

Hilário Silva




João Marques pregava com fervor. O tema era a tolerância.

A assembléia, enlevada, bebia-lhe o verbo, num deslumbramento de luz.

- “Suportemos os golpes do destino! Suportemos a calúnia e a ingratidão, a dificuldade e a lágrima! ...”

O auditório vibrava ...

Nisso, pequenina bruxa dourada voeja na sala e toca de leve o rosto do orador.

João Marques vacila. Interrompe-se. Num átimo, toma a minúscula borboleta noturna e, visivelmente irritado, esmaga-a com o pé. E prossegue a preleção ...

Mais tarde, o círculo é reduzido. Apenas alguns companheiros e o médium Macedo.

Batista, o presidente da instituição, agradece as bênçãos da noite. Era o décimo aniversário do templo e o salão estava cheio.

No clima de júbilo geral, comunica-se Nuno, o orientador desencarnado. Controlando o médium, saúda os amigos.

Complacente, otimista, explana, fraterno, sobre os méritos do trabalho. Quando está preste a despedir-se, João Marques arrisca:

- Meu amigo, julga que me conduzi a contento na palestra?

- Como não? – replica, sorridente, o instrutor. – Você estava muito bem inspirado, feliz.

- E não tem apontamento a dizer?

O benfeitor pareceu refletir um minuto e concluiu:

- Marques, já que você faz questão do apontamento, não posso omiti-lo. Você falou sobre a tolerância, brilhantemente. Mas pensemos um pouco. Se não podemos suportar pobre borboleta a nos beijar respeitosamente a testa, como suportaremos as pancadas justas da vida?



segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Libertação

Libertação

Joanna de Ângelis



A finalidade precípua e mais importante da reencarnação diz respeito ao processo de autoiluminação do Espírito. 

Herdeiro de suas próprias experiências mantém atavismos negativos que o retêm nas paixões perturbadoras, aturdindo-se com frequência, na busca frenética do prazer e da posse. Como consequência, as questões espirituais permanecem-lhe em plano secundário, em conceder-se ensejo de crescimento libertador. 

Indispensável que se criem as condições favoráveis ao desenvolvimento dos seus valores éticos e espirituais que não devem ser postergados. Somente através desse esforço - que é o empenho consciente para o autoencontro, o denodo para romper com as amarras selvagens da ignorância, da acomodação, da indiferença - que o logro se torna possível. 

Há pessoas que detestam a solidão, afirmando que esta lhes produz depressão e angústia, sensação de abandono e de infelicidade. 

Outras, no entanto, buscam-na como terapia indispensável ao refazimento das forças exauridas, caminho seguro para o reexame de atitudes, para a reflexão em torno dos acontecimentos da vida. 

A solidão, todavia, não é boa nem má. Os valores dela defluentes são sentidos de acordo com o estado de espírito de cada ser. 

O silêncio produz em alguns indivíduos melancolia e medo. Parece sugerir-lhes um abismo apavorante, ameaçador. 

Em outras pessoas, faculta a paz, o processo de readaptação ao equilíbrio, abrindo espaço para o autoconhecimento. 

O silêncio, no entanto, não é positivo ou negativo. Conforme o estado íntimo de cada um, ele propicia o que se faz necessário à paz, à alegria. 

Muitos homens se atiram afanosamente pela conquista do dinheiro, nele colocando todas as aspirações da vida como sendo a meta única a alcançar. Fazem-se, até mesmo, onzenários

Inúmeros outros, todavia, não lhe dão maior valor, desperdiçando-o com frivolidade, esbanjando-o sem consideração. Terminam, desse modo, na estroinice, na miséria econômica. 

O dinheiro, entretanto, não é essencial ou secundário na vida. Vale pelo que pode adquirir e segundo a consideração de que se reveste transitoriamente. 

É indispensável que inicies o processo da tua libertação quanto antes. 

Faze um momento habitual de solidão, onde quer que te encontres. Não é necessário que fujas do mundo, porém que consigas um espaço mental e doméstico para exercitares abandono pessoal e aí fazeres silêncio, meditando em paz. 

Não digas que o tempo não te faculta ocasião. 

Renuncia a alguma tarefa desgastante, a alguma recreação exaustiva, ao tempo que dedicas ao espairecimento saturador e aplica-o à solidão. 

Nesse espaço, isola-te e silencia. 

Deixa que a meditação refunda os teus valores íntimos e logre libertar-te das paixões escravizantes. 

Considera o dinheiro e todos os demais valores como instrumentos para finalidades próximas, cuidando d'aqueloutros de sabor eterno e plenificador, que se te fazem essenciais para o êxito na tua jornada atual, a tua autoiluminação libertadora.



Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro: Momentos de Felicidade





sábado, 21 de outubro de 2017

Fé e obras

Fé e obras

 Emmanuel



“A fé se não tiver obras, é morta em si mesma”. - TIAGO 2:17


Imaginemos o mundo transformado num templo vasto, respeitável sem dúvida, mas plenamente superlotado de criaturas em perene adoração ao Céu.

Por dentro, a fé reinando sublime: Orações primorosas...

Discursos admiráveis... Louvores e cânticos...

Mas, por fora, o trabalho esquecido: Campos ao desamparo...

Enxadas ao abandono... Lareiras em cinza...

De que teria valido a exaltação exclusiva da fé, senão para estender a morte no mundo que o SENHOR nos confiou para a glória da vida ?

Não te creias, desse modo, em comunhão com a Divina Majestade, simplesmente porque te faças cuidadoso no culto externo da religião a que te afeiçoas.

Conhecimento nobre exige atividade nobre.

Elevação espiritual é também dever de servir ao Eterno Pai na pessoa dos semelhantes.

É por isso que fé e obras se completam no sistema de nossas relações com a vida superior.

Prece e trabalho.

Santuário e oficina.

Cultura e caridade.

Ideal e realização.

Nesse sentido, Jesus é o nosso exemplo indiscutível.

Não se limitou o Senhor a simples glorificação de DEUS nos Paços Divinos, quanto à edificação dos homens. Por amor infinitamente a Deus, na Sublime Tarefa que lhe foi cometida, desceu à esfera dos homens e entregou-se à obra do Amor infatigável, levantando-nos da sombra terrestre para a Luz Espiritual.