O modelo crístico
Louis Neilmoris
A Doutrina Espírita interpreta o modelo crístico de conduta moral baseando-se em três pontos elementares:
1. Mandamento do amor: Jesus resumiu toda a sua doutrina (que, na verdade, é do Pai Celestial), todo o conhecimento e toda a liturgia salvacionista em duas leis que, de fato, representam um só mandamento, porque é impossível cumprir a um perfeitamente enquanto despreza o outro: "Amar a Deus e amar ao próximo". (Mateus, 22:35-40)
2. A quem amar: as raças primitivas tinham por conceito estabelecer preferências consanguíneas e pregar separatismo étnico e religioso. Assim sendo, para o cumprimento do mandamento crístico, Jesus exemplificou a quem devemos amar, descrevendo quem é o "próximo": todos, indistintamente todos os nossos semelhantes, sejam eles de qualquer nacionalidade, religião, caráter e qualquer outra qualidade, pois somos todos filhos do mesmo Pai Eterno. Aliás, para deixar esse mandamento ainda mais evidente, Jesus nos deixou a parábola do Bom Samaritano (Lucas, 10:25-37), fazendo questão de incluir na lista dos amáveis até aqueles a quem denominamos nossos inimigos. (Mateus, 5:43-48)
3. Como amar: mesmo sabendo e estando deliberadamente voltado a amar a Deus e todas as pessoas, é provável que em determinadas situações o indivíduo tenha dúvidas quanto à forma de amar. Para suprir essa dúvida, Jesus nos dá um ensinamento simples, embora muito sublime: o truque é a alteridade, ou seja: colocar-se no lugar do próximo, para medir nossas ações (Mateus, 7:12). Não há método mais eficaz para sabermos se estamos agindo bem em relação ao outro do que nos propondo a fazer a ele aquilo que gostaríamos que alguém nos fizesse na mesma proporção.
Estes são os três pilares que fundamentam o Evangelho crístico. Tudo o mais é acessório. Aqui está, portanto, a primazia moral da Doutrina Espírita e pelo que dizemos que o Espiritismo é crístico, ou seja, baseia-se em Jesus Cristo.
Ser um verdadeiro cristão — ou seja, ser crístico — é estabelecer os princípios éticos de Jesus antes e acima de tudo, colocando tudo o mais sob tais condições. Após isso, podemos traçar planos, metas e trabalhar para a sua realização, em observância dos três pontos básicos: amar, amar a todos e amar como se quer ser amado.
Uma pessoa que elabora projetos antes de estabelecer os seus
princípios morais corre o risco de abusar de suas capacidades e cometer graves imperfeições a pretexto do que poderá supor ser um "bem maior", como a dizer que "o fim justifica os meios". Se formular que precisa chegar a tal lugar, antes de medir seus princípios, então fará de tudo para chegar lá, custe o que custar, doa a quem doer, pois mentalmente condicionou a si mesmo "precisa e precisa e pronto!". Logo, essa pessoa sempre verá subterfúgios para se desculpar pelos seus possíveis abusos.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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