quinta-feira, 31 de agosto de 2023

A força do preconceito

A força do preconceito

Cairbar Schutel

De todas as forças que oprimem o Espiritismo, a que mais o tem prejudicado é a "força do preconceito".

Desde o primeiro vestígio com que o "amor próprio" maculou a alma humana, o preconceito procurou fazer dela um títere, e lhe vai sugando a seiva da vida.

Tudo tem passado e vem passando, mas o preconceito é o esbirro teimoso que faz mais vítimas no campo das lutas incruentas, que as metralhas nos campos de morte.

Estas matam o corpo, aquele mata a alma.

Mas de todas as artimanhas que o preconceito tem usado para entravar a marcha do progresso humano é, sem dúvida, a religiosa que vem há tempo solapando todas as bases da moral e destruindo o cimento da Fé que os arautos da Espiritualidade preparam para o reerguimento das consciências oprimidas.

Quando Moisés subiu ao Sinai deixou o povo com Aarão à espera dos mandamentos que deveriam orientar as gentes para os altos surtos do amor, e quando voltou encontrou os israelitas adorando o bezerro de ouro fundido das joias que cada um possuía. Impossível a Moisés fazer prevalecer os preceitos do decálogo. O Deus Espírito não podia ser aceito por um povo bruto e material, havia necessidade de um "deus de ouro".

Passaram-se os tempos e o preconceito, a despeito das novas verdades e grandes descobertas que têm transformado a face do mundo, continua a exercer o seu poder nas consciências.

A força do preconceito, para muitos, tem mais poder que a verdade. É este um dos motivos que impede a marcha ascensional do Espiritismo entre nós.

Sem dúvida, o preconceito é o fundamento de todas as ideias preconcebidas, que têm tentado abater a Verdade em suas múltiplas manifestações, mas o preconceito passará, também, porque a falsidade não pode prevalecer.

Cairbar Schutel do livro:
Os fatos Espíritas e as forças X. - Espiritismo e materialismo

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Manhã de primavera em Corinto

Manhã de primavera em Corinto

Hermínio C. Miranda

Reformador (FEB) Dezembro 1978

Respeitáveis razões de natureza politica, que não são de nossa competência apreciar aqui, impedem a óbvia e econômica solução - já que se está, por exemplo, no Cairo - de voar diretamente a Tel Aviv, em Israel, passando da Terra dos Faraós para a da Bíblia em menos tempo do que tomaria uma viagem Rio - São Paulo. Para contornar o impedimento, o jeito é traçar no tormentoso mapa do Oriente Médio e adjacências um triângulo em que um dos vértices seja, por exemplo, Chipre ou Atenas. Entre essas e outras alternativas, preferimos Atenas. Não - pelo amor de Deus - que a Grécia seja apenas um trampolim geopolítico que nos permite conviver por alguns dias com árabes e judeus alternadamente. A Grécia é um sonho bom, do qual a História ainda não acordou, de todo, e creio que jamais acordará. Porque ali os mais nobres filósofos, estadistas, médicos e historiadores pensaram, para nós, um pouco de todos os grandes problemas do ser e do mundo em que vivemos.

E assim, nos primeiros dias de maio de 1977, o jato egípcio nos deixa no aeroporto de Atenas, em plena primavera.

Fascinam-me aqueles belos caracteres da língua que falou Aristóteles. Embora sem entender muito do que dizem, encontro aqui e ali palavras familiares - como "taripha", escrita, naturalmente, no taxímetro do carro que me leva ao hotel.

Ainda naquela tarde perambulamos pela cidade limpa e civilizada, como convém aos herdeiros políticos de Péricles. No dia seguinte, rumo à Acrópole e ao museu. Busco, porém, em todo o esplendor daquelas ruínas, além dos marcos de uma época extinta, a presença do Apóstolo Paulo, aliás, uma grande presença em Atenas. Lá está o "Poço de S. Paulo", ao pé da Acrópole. Também tem o seu nome a moderna avenida que passa pouco adiante. O padroeiro católico da cidade é S. Dionísio, que, como sabemos, foi praticamente o único ateniense, além de Dâmaris, que ouviu Paulo com respeito e atenção. Ali está o Areópago, onde ele falou do Deus Desconhecido. Imagino-o, magro e ascético, vestido de uma túnica pobre, as sandálias rotas, a passear o olhar incendiado e o coração algo desencantado por aqueles mármores brancos e puros convertidos em estátuas, monumentos e edifícios. Tanto fausto e beleza física e tanta especulação vã naqueles cérebros privilegiados e "blasés"...

Emmanuel (in "Paulo e Estêvão") nos dá conta da amarga decepção que o valoroso trabalhador do Cristo experimentou ali, onde a semente generosa parece ter caído sobre aqueles mármores tão belos quão frios, e a não ser uma ou outra que alcançou uma frincha rumo ao solo, como no caso de Dionísio, no solo mesmo feneceu a maior parte. A Inteligência de muitos era farta, mas estava sem luz o coração, talvez porque fossem felizes demais como criaturas humanas, saudáveis e folgazãs. Será que lhes faltava um pouco que fosse de dor? Não sei. Talvez, porque a doutrina da renúncia e do amor, que não medrou na Grécia luminosa e feliz, germinou e explodiu em luzes nas profundezas das catacumbas romanas, que ainda há pouco também visitara.
            
Minha ideia fixa, no entanto, era ver Corinto, e quase entro em pânico quando me informam que o 1º de Maio, feriado nacional também lá, caindo num domingo, nos deixaria na segunda-feira sem guias, sem transporte, sem restaurantes, sem nada. Como seria a sonhada viagem a Corinto, se na quarta-feira, dia 4, partiria para Tel Aviv? Tentei arranjar alguém que, pelo menos, fosse comigo de ônibus e me mostrasse: ali é Corinto, mas fui logo dissuadido pelo inflexível gerente do hotel informando-me que o sindicato dos guias não permitiria fosse a séria profissão exercida amadoristicamente. Ofereceram-me, alternativamente, uma viagem pelas ilhas, pois os navios, ao que parece, não ligavam muito para essa questão de feriados. Mas eu queria mesmo Corinto. E para encurtar uma longa história, dia 3, pela manhã, uma belíssima manhã grega e primaveril, o ônibus da empresa de turismo nos deixava, à beira da estrada, em frente às ruínas da velha Corinto. Ali estava ela, afinal!


Para o turista desatento seria apenas um monte desarrumado de pedras, onde aparece, aqui e ali, o esboço de um templo, o traçado de uma rua ou os alicerces de algumas casas. A custo consigo conter as emoções que me sacodem, pois identifico as cenas iniciais de "Paulo e Estevão"; quando Emmanuel descreve a covarde agressão sofrida pelo velho Jochedeb ben Jared, pai de Abigail e Jeziel, o futuro Estêvão. Por ali andou o Apóstolo dos Gentios e mais Timóteo, Lucas, Silas, Áquila e Prisca. Chegou a ser, a famosa cidade, um dos mais importantes centros de cultivo e irradiação do Cristianismo nascente. Nela, Paulo escreveu, pregou, ensinou, curou. E ausente, mais tarde, para os adeptos que nela operavam escreveria duas das suas grandes Cartas, inclusive para disciplinar melhor o exercício da mediunidade que começava a transviar-se e para combater dissensões que surgiam e ameaçavam erigir-se em seitas: a de Paulo, a de Pedro, a de Apolo...

Desligo-me do grupo de turistas, para melhor sentir Corinto na sua intimidade, procurando recapturar os ecos distantes das emoções que em seu seio foram vividas e sofridas. Por toda parte aquele verde absurdo do mato rasteiro salpicado de florezinhas amarelas e discretamente perfumadas, que o guia ainda há pouco dizia serem camomilas. O campo estende-se além das ruínas e atrás de uma construção moderna, mais ao longe, ergue-se, imponente, a grande altura, o monte Acrocorinto. Lá em cima - não há tempo para subir -, naqueles tempos idos, fervilhava de gente, pois o culto da deusa descera ao nível mais baixo, quando a prostituição exercida - dizem - por mais de mil mulheres era ao mesmo tempo ritual religioso e fonte de renda.

A manhã é clara e fresca, luminosa e perfumada; e aquelas pedras falam. Ainda lá está a plataforma de onde não apenas Paulo, mas qualquer orador se dirigia ao público que se movimentava na praça fronteira. Seria a praça que o pai de Estêvão atravessava quando foi agredido? Parece que sim, pois as ruínas em volta lembram os modernos "boxes" de certos mercados: pequeninas construções onde artesãos e agricultores ofereciam seus produtos ao público. Tenho de subir à bema (palavra grega para degrau, assento, tribuna, púlpito, trono), uma espécie de sacada ou patamar protegido noutro tempo por colunatas; resta agora apenas uma parte do piso, por onde caminho em extrema agitação emocional. Lá em cima, numa pedra tombada, está escrito em grego e em inglês o versículo 17, do capítulo 4, da Segunda Epístola, em que Paulo nos lembra que pouco importa a pequena tribulação do momento, quando nos aguarda a glória futura da paz:

- Com efeito, a leve tribulação de um momento nos produz, sobre toda a medida, um enorme caudal de glória eterna.

Daqui - penso eu - falou Paulo, de pé sobre estas pedras, os olhos postos naquela praça onde eram muitos os que passavam sem lhe dar ouvidos, enquanto outros ouviam-no, mas sem compreender direito qual era a sua mensagem.

Viera do desencanto de Atenas. Lucas, em Atos (18:1), nos fala da sua chegada a Corinto, onde encontrou Áquila e Prisca que, como tantos, haviam sido expulsos de Roma, ante as perseguições desencadeadas pelo Imperador Claudius. Emmanuel nos enriqueceu generosamente, com o conhecimento de inúmeros outros pormenores importantes, ao relatar um pouco da comovente história desse casal que tão cedo dedicou-se ao trabalho devotado na seara de Jesus.

Já vinham eles de perseguições outras, desde a primeira hora, quando o próprio Paulo as iniciara na velha Palestina. Foram companheiros do futuro Apóstolo nos "anos ocultos" no deserto de Dan. Sonhavam os mesmos sonhos e entregavam suas vidas pelos mesmos ideais.

Mas como seria Corinto?

***

Antes de apanhar o ônibus que nos levaria ainda a Epidauros, adquiro alguns "slides" e um interessante livrinho em inglês, do erudito Otto Meinardus, que, como ministro da Igreja Americana de S. André, em Atenas, pesquisou e escreveu seu valioso estudo sob o título "St. Paul in Greece" ("S. Paulo na Grécia", edição Lycabettus Press, 1972, Atenas).

Meinardus não dispõe, evidentemente, das informações que Emmanuel nos trouxe, e por isso seu livro apresenta algumas lacunas e falhas, mas sua obra é honesta e tão rica quanto possível ante a exiguidade dos fatos disponíveis e a despeito da abundância de material especulativo. Diz ele haver nada menos que 84 livros e um número incalculável de artigos sobre Paulo. Muitos desses títulos ele cita como fontes de consulta no final de seu trabalho.

Corinto era uma cidade cosmopolita de costumes extremamente corrompidos, como nos assegura Renan ("S. Paulo" - Série "Origens do Cristianismo", edição Lello, Porto).

Era capital romana da província da Grécia, então chamada Acaia. Graças à facilidade de comunicação, tanto com a capital do Império quanto com o Ocidente, Corinto era importante ponto estratégico para divulgação das ideias cristãs. Havia lá considerável número de judeus, muitos dos quais fugiam das perseguições de Claudius. Aliás, havia muitos judeus na Grécia. Tinham mesmo uma sinagoga em Atenas e outra em Argos, segundo nos assegura Philon, mas a maior delas era mesmo a de Corinto.

É importante observar, neste ponto, que a cidade estava predestinada à missão de criar e desenvolver influente e dinâmico núcleo cristão, pois quando, num momento de passageira depressão, Paulo parece algo desencantado com as possibilidades e perspectivas do Cristianismo na Grécia, o próprio Cristo lhe transmite uma palavra inequívoca de estímulo, como documentam os Atos (18:9 e 10):

- Não temas! - disse-lhe o Mestre, numa visão - Continua a pregar e não te cales, porque estou contigo e ninguém te porá a mão para fazer-te mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade.

Que significaria isto, senão que haviam sido reunidos, naquele ponto, muitos que traziam na sua programação espiritual o compromisso de prepararem-se para as tarefas da consolidação do Cristianismo nascente?

Segundo Meinardus, Corinto era bastante diferente de Atenas, no sentido de que não era uma cidade provinciana grega, mas a capital de uma província romana, o que fazia enorme diferença. Sua localização geográfica lhe assegurava condição privilegiada para transações comerciais internacionais. Depois de destruída por Lucius Mummius, em 146 a. C., foi reconstruída por Júlio César em 44, tornando-se conhecida então como Laus Julia Corinthiensis, onde gregos, judeus e orientais se misturavam com os romanos colonialistas. É fácil, pois, imaginar como em seu perímetro circulavam aventureiros de toda a sorte e dinheiros de muitas nações.

- A viagem a Corinto - dizia um provérbio da época, colhido por Estrabão de Amasia - não é para qualquer homem.

Muitos, pois, eram os que se perdiam nos desatinos que nela se praticavam, o que Paulo deixa claramente expresso no longo trecho da Primeira Epístola, versículos 9 a 20, do capítulo 6, e na Segunda, capítulo 12, versículos 20 e 21, que termina assim:

- Temo que em minha próxima visita o Senhor me humilhe por vossa causa e tenha de chorar por muitos que anteriormente hajam pecado e não tenham feito penitência por seus atos de impureza, fornicação e libertinagem.

Ao restaurar a cidade em 44, os romanos levaram para lá seus deuses. E para eles construíram templos imponentes, como o de Apoio, o qual, ainda nos tempos de Paulo, segundo Meinardus, seria um dos monumentos marcantes do local.

A cidade controlava a rota marítima que passa pelo estreito istmo que liga a Grécia Central à do Sul: o porto de Lecaion, no Golfo de Corinto, de um lado, e o de Cencreia, no mar Egeu, do outro. O atento leitor de Emmanuel há de lembrar-se que para Cencreia fugiu Abigail, quando o seu mundo doméstico desmoronou com a morte do pai e a escravização de Jeziel, seu irmão.

No tempo de Paulo, os navios eram retirados da água e arrastados por terra sobre roletes de madeira ou sobre enormes carretas. Tanto Alexandre, o Grande, como Júlio César (aliás, o mesmo Espirito em diferentes encarnações) e ainda Calígula, pensaram em rasgar o utilíssimo canal que somente no século XIX foi possível construir, sendo ultimamente ampliado, creio que com novo traçado às condições da moderna tecnologia das comunicações, pois levaram-nos a vê-lo.

Renan informa que, depois de arrasada por Mummius, Corinto ficou um deserto durante cem anos, e assim continuou até à reconstrução; e que o seu repovoamento trouxe tanta gente, e tão heterogênea, que os coríntios "permaneceram durante muito tempo estranhos à Grécia, que os olhava como intrusos". Os espetáculos públicos, ainda no dizer de Renan, eram os jogos brutais dos romanos, em lugar do elegante atletismo da tradição cultural grega. Era, pois, uma cidade internacional, rica, movimentada, brilhante, nada típica da civilização grega, na qual se incrustara.

- O traço dominante e que tornou o seu nome proverbial - escreve Renan - era a extrema corrupção de costumes.
       
Isso contrastava fortemente com os hábitos simples e joviais das demais cidades helênicas, e Paulo, portanto, precisou enfrentar dificuldades consideráveis para manter o núcleo cristão de Corinto ao abrigo da perniciosa influência daquela devassidão, transformada em ritual religioso e favorecida por desmedida tolerância.

Quanto aos muitos judeus então existentes, não poucos traziam já de Roma suas preferências pelo Cristianismo, tanto que Suetônio, na sua "Vida de Claudius", escreve famosa passagem dizendo que "sob a instigação de certo Crestos se estavam tornando cada vez mais turbulentos" e acabaram sendo banidos de Roma. Acrescenta Meinardus, citado por Paulo Orósio,  historiador espanhol do século V, que a expulsão verificou-se no ano nono do reinado de Claudius, isto é, entre janeiro de 49 e janeiro de 50. Esses, por certo, compunham aquele grupo que o Cristo confiou ao ministério apostólico de Paulo, estimulando-o a que prosseguisse destemidamente na pregação àquela sua gente reunida providencialmente pelas contingências da vida.

O autor de "St. Paul in Greece" situa nesse período a chegada de Áquila e Prisca a Corinto.

Paulo ficaria lá durante um ano e meio, e seus incansáveis pés devem ter percorrido muitos e muitos quilômetros pelas redondezas. Mesmo hoje, por estradas asfaltadas, em ônibus velozes, a viagem de Atenas a Corinto é longa. Vejo o Apóstolo a caminhar por aquelas áridas e desoladas paragens em busca do coração e da inteligência dos gregos... Seria, por certo, uma figura esquálida e maltratada, sustentada apenas pelo ideal que mantinha acesa a chama sagrada da sua vontade férrea de servir ao Cristo, segundo o compromisso que assumira quando ainda emborcado na areia de Damasco, anos antes.

Roland Baiton, autor de "Here I Stand", escreveu que, perguntado, certa vez, sobre a aparência que a seu ver teria o Apóstolo, respondeu Lutero com um riso afetuoso:

- Acho que ele se parecia com um camarão magricela, assim como Melanchthon.

Daniel Rops estima que Paulo haja percorrido cerca de 20.000 quilômetros em 13 anos. E ele não sabe da viagem à Espanha, que Emmanuel nos assegura! (Ver, a respeito, "A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires", Rops, Livraria Tavares Martins, Porto, 1960)

Dois ingleses ilustres - Malcolm Muggeridge e Alec Vidler -, que decidiram refazer todo o percurso de Paulo pelo mundo a fora, ficaram impressionados com a tremenda resistência física e moral do valente servidor do Cristo. O livro deles, muito dialogado, é leitura fascinante. Chama-se "Paul, Envoy Extraordinary" (edição Collins, Londres, 1972). E, bem entendido, fizeram as conexões por avião, ônibus, automóvel ou trem.


Foi em Corinto que se deu o, curioso julgamento de Paulo pelo Proconsul Gálio, irmão de Sêneca, o famoso filósofo romano (nascido, aliás, em Córdova, na Espanha). Conta Emmanuel que Gálio ouviu os acusadores com um ouvido só, reservando o outro, que mantinha tampado com um dedo, para a defesa. O sábio Proconsul não via crime algum no Apóstolo e a sentença foi tão bem recebida que o povo deu uma surra em Sóstenes, o acusador, à vista do próprio juiz, enquanto alguém de coração generoso recolheu Paulo para dar-lhe proteção, depois de ter este interferido a favor do adversário.

Sem decidir a questão, Meinardus informa que o julgamento de Paulo pode ter sido realizado junto à famosa bema, que até hoje se acha defronte a ágora, como testemunha silenciosa e venerável de muitos séculos de sublimes renúncias, de atrocidades e vandalismos inomináveis. Há quem creia, porém, que o julgamento possa ter ocorrido num dos templos locais.

Paulo nunca mais se esqueceria dos seus amados coríntios. Visitou-os novamente mais tarde e para eles escreveu duas das suas mais notáveis epístolas. O ensaio sobre a Caridade, constante do capitulo 13 da Primeira, é, na opinião de Muggeridge, "uma das mais encantadoras e maravilhosas coisas jamais escritas".

- Diria mesmo - prossegue ele, adiante, no seu diálogo com Vidler - que esta é uma das mais sublimes expressões de Paulo. Não acho que ele tenha jamais alcançado ponto tão elevado quanto este.

Emmanuel nos diz que o guia espiritual de Paulo era Estevão, incumbido da missão pelo próprio Jesus. Embora Paulo, com a potência de seu gênio, pudesse perfeitamente ter produzido tão elevada manifestação do pensamento, não seria desdouro para ele acreditar que não era estranha a esse valiosíssimo documento a inspiração da antiga vítima, designada como seu guia.

Comentando a admiração de Muggeridge, Vidler declara não acreditar que Paulo tenha escrito tanto de um só impulso, ditando tudo no calor do momento; ao contrário, deve ter meditado maduramente sobre o texto sublime. Na verdade, porém, a inspiração mediúnica tem dessas coisas, que saem perfeitas, a despeito de aparente improvisação.


Seja como for, Corinto foi, sob muitos aspectos, um teste para o Cristianismo nascente, Nela a doutrina de Jesus confrontava o pensamento greco-romano, o entrechoque de muitas correntes exóticas que para a sua área convergiam, a mistura de raças, crenças e descrenças, o politeísmo, o ateísmo e a ortodoxia judaica. Tornou possível demonstrar que, mesmo vivendo em meio à corrupção a mais desenfreada, os verdadeiros cristãos podem sustentar-se na fé e na prática das simples, mas austeras virtudes da ética do Evangelho do Cristo. Em Corinto se praticou a mediunidade a serviço de Jesus e lá verificou-se que a mediunidade também pode transviar-se, como os homens, ao embalo de paixões mal controladas.

Era por tudo isso que eu desejava tanto ver Corinto, antiga principal cidade da Acaia, e assim se explicam as fundas emoções que pude viver, enquanto à minha volta muitos turistas viam apenas umas pedras envelhecidas e desarrumadas na luminosa e idílica paisagem daquela primavera grega.

Justo onde pisaram os pés daqueles desbravadores dos caminhos da luz, curvei-me para colher raminhos humildes de camomila perfumada, porque assim podia disfarçar melhor as lágrimas, que não desejava conter...

Hermínio C. Miranda
Revista Reformador Dez. 1978

Nota: As ilustrações são do artigo original, conforme abaixo.

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Revista Reformador Dez. 1978

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

O boneco

O boneco

Richard Simonetti


Osório, sua esposa Selma e o filho Tiago almoçam, tranquilos, quando ouvem gritos. É Carmem, a filha mais nova, nos fundos da casa. Acodem rápido!

- Vejam que horrível! - mostra a jovem, assustada.

Num canto do quintal, perto da piscina, o objeto de tamanho alarido: um boneco de pano, muito estranho, com várias costuras no ventre e na boca, manchas de sangue no tecido surrado, espetado por várias agulhas...

- Não toquem! Cuidado! É um “despacho”! - adverte Felismina, a serviçal doméstica.

- Meu Deus! Quem será o malvado que nos quer prejudicar?! Não fazemos mal a ninguém! - reclama a dona da casa.

E dirigindo-se ao marido:

- Certamente é arte daquela sirigaita que trabalha em sua repartição! Ela não esconde que o considera um ótimo partido. Seria um viúvo disputado! Valha-me, Jesus amado! Sinto falta de ar!... É para mim essa encomenda das trevas!...

- Ora, querida - responde o esposo, conciliador - não julgue assim a pobre Anita. Conheço-a bem. Seria incapaz de semelhante maldade! Suspeito antes do Costinha e sua mulher. São invejosos!... Provavelmente, estão pretendendo “amarrar” nossa prosperidade! É preciso fazer algo rápido para neutralizar essa nefasta influência, porquanto também fui atingido... Ah! Minha enxaqueca!... Parece que martelam meus miolos!...

- Coisa boa não é! - acrescenta, perturbado, Tiago - As agulhas parecem enterradas em meu próprio corpo. Dói tudo! O “despacho” é para mim! Quando me apaixonei pela Margarida e rompi o noivado com Júlia ela jurou que eu pagaria pela desfeita. A família dela mexe com “saravá”!

- Você, que entende dessas coisas, o que nos diz, Felismina?

A serviçal responde, enfática:

- Não sei quem fez, mas é para prejudicar a família toda. Com a confusão que mora nesta casa não tenho dúvida de que há males encomendados!...

O grupo assusta-se mais! O medo cresce fermentado pela dúvida! O desajuste encontra portas abertas! Todos tensos e angustiados! Selma está na iminência de um colapso nervoso!...

Batem à porta. É o vizinho que, levado ao quintal, vai dizendo:

- Bom dia! Desculpem importuná-los. Queria pedir licença para levar o boneco de meu filho. O irmão o jogou neste quintal. O garoto está em prantos. Seu sonho é ser médico cirurgião. O fantoche é seu “paciente”. Já o “operou” muitas vezes. Não tem mais onde costurar... Até sangue inventou, usando molho de tomate. E pratica acupuntura, espetando-o com agulhas...

O “despacho” é devolvido. O visitante retira-se. Olham-se todos, atônitos! Descontraem-se. O riso solto saúda abençoado alívio. Osório comenta, bem humorado:

- Felizmente o vizinho chegou a tempo! Se demorasse um pouco poderíamos morrer de susto!...

Ignorância, crendice e superstição são grilhões terríveis que semeiam perturbação.

Tudo será diferente quando compreendermos que nenhum mal tem acesso ao nosso universo íntimo sem transitar pelas vias da aceitação.

Por isso, a melhor defesa exprime-se no empenho por compreendermos melhor a existência humana com os valores do estudo e da meditação, aprendendo sempre.

Era isso que Jesus ensinava ao proclamar “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos fará livres”.

Richard Simonetti do livro:
Endereço Certo

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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Medo de amar

Medo de amar

Joanna de Ângelis



A insegurança emocional responde pelo medo de amar.

Como o amor constitui um grande desafio para o Self, o indivíduo enfermiço, de conduta transtornada, inquieto, ambicioso, vítima do egotismo, evita amar, a fim de não se desequipar dos instrumentos nos quais oculta a debilidade afetiva, agredindo ou escamoteando-se em disfarces variados.

O amor é mecanismo de libertação do ser, mediante o qual, todos os revestimentos da aparência cedem lugar ao Si profundo, despido dos atavios físicos e mentais, sob os quais o ego se esconde.

O medo de amar é muito maior do que parece no organismo social. As criaturas, vitimadas pelas ambições imediatistas, negociam o prazer que denominam como amor ou impõem-se ser amadas, como se tal conquista fosse resultado de determinados condicionamentos ou exigências, que sempre resultam em fracasso.

Toda vez que alguém exige ser amado, demonstra desconhecimento das possibilidades que lhe dormem em latência e afirma os conflitos de que se vê objeto. O amor, para tal indivíduo, não passa de um recurso para uso, para satisfações imediatas, iniciando pela projeção da imagem que se destaca, não percebendo que, aqueloutros que o louvam e o bajulam, demonstrando-lhe afetividade são, também, inconscientes, que se utilizam da ocasião para darem vazão às necessidades de afirmação da personalidade, ao que denominam de um lugar ao Sol, no qual pretendem brilhar com a claridade alheia.

Vemo-los no desfile dos oportunistas e gozadores, dos bulhentos e aproveitadores que sempre cercam as pessoas denominadas de sucesso, ao lado das quais se encontram vazios de sentimento, não preenchendo os espaços daqueles a quem pretendem agradar, igualmente sedentos de amor real.

O amor está presente no relacionamento existente entre pais e filhos, amigos e irmãos. Mas também se expressa no sentimento do prazer, imediato ou que venha a acontecer mais tarde, em forma de bem-estar. Não se pode dissociar o amor desse mecanismo do prazer mais elevado, mediato, aquele que não atormenta nem exige, mas surge como resposta emergente do próprio ato de amar. Quando o amor se instala no ser humano, de imediato uma sensação de prazer se lhe apresenta natural, enriquecendo-o de vitalidade e de alegria com as quais adquire resistência para a luta e para os grandes desafios, aureolado de ternura e de paz.

O amor resulta da emoção, que pode ser definida como uma reação intensa e breve do organismo a um lance inesperado, a qual se acompanha dum estado afetivo de concentração penosa ou agradável, do ponto de vista psicológico. Também pode ser definida como o movimento emergente de um estado de excitamento de prazer ou dor.

Como consequência, o amor sempre se direciona àqueles que são simpáticos entre si e com os quais se pode manter um relacionamento agradável. Este conceito, porém, se restringe à exigência do amor que se expressa pela emoção física, transformando-se em prazer sensual.

Sob outro aspecto, há o amor profundo, não necessariamente correspondido, mas feito de respeito e de carinho pelo indivíduo, por uma obra de arte, por algo da Natureza, pelo ideal, pela conquista de alguma coisa superior ou transcendente, para cujo logro se empenham todas as forças disponíveis, em expectativa de um prazer remoto a alcançar.

As experiências positivas desenvolvem os sentimentos de afetividade e de carinho, as desagradáveis propõem uma postura de reserva ou que se faz cautelosa, quando não se apresenta negativa.

No medo de amar, estão definidos os traumas de infância, cujos reflexos se apresentam em relação às demais pessoas como projeções dos tormentos sofridos naquele período. Também pode resultar de insatisfação pessoal, em conflito de comportamento por imaturidade psicológica, ou reminiscência de sofrimentos, ou nos seus usos indevidos em reencarnações transatas.

De alguma forma, no amor, há uma natural necessidade de aproximação física, de contato e de contiguidade com a pessoa querida.

Quando se é carente, essa necessidade torna-se tormentosa, deixando de expressar o amor real para tornar-se desejo de prazer imediato, consumidor. Se for estabelecida uma dependência emocional, logo o amor se transforma e torna-se um tipo de ansiedade que se confunde com o verdadeiro sentimento. Eis porque, muitas vezes, quando alguém diz com aflição eu o amo, está tentando dizer eu necessito de você, que são sentimentos muito diferentes.

O amor condicional, dependente, imana uma pessoa à outra, ao invés de libertá-la.

Quando não existe essa liberdade, o significado do eu o amo, o transforma na exigência de você me deve amar, impondo uma resposta de sentimento inexistente no outro.

O medo de amar também tem origem no receio de não merecer ser amado, o que constitui um complexo de inferioridade.

Todas as pessoas são carentes de amor e dele credoras, mesmo quando não possuam recursos hábeis para consegui-lo. Mas sempre haverá alguém que esteja disposto a expandir o seu sentimento de amor, sintonizando com outros, também portadores de necessidades afetivas.

O medo, pois, de amar, pelo receio de manter um compromisso sério, deve ser substituído pela busca da afetividade, que se inicia na amizade e termina no amor pleno. Tal sentimento é agradável pela oportunidade de expandir-se, ampliando os horizontes de quem deseja amigos e torna-se companheiro, desenvolvendo a emoção do prazer pelo relacionamento desinteressado, que se vai alterando até se transformar em amor legítimo.

Indispensável, portanto, superar o conflito do medo de amar, iniciando-se no esforço de afeiçoar-se a outrem, não gerando dependência, nem impondo condições.

Somente assim a vida adquire sentido psicológico e o sentimento de amor domina o ser.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Amor, Imbatível Amor

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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Sintomas de Mediunidade

Sintomas de Mediunidade

Manoel Philomeno de Miranda

A mediunidade é faculdade inerente a todos os seres humanos, que um dia se apresentará ostensiva mais do que ocorre no presente momento histórico.

À medida que se aprimoram os sentidos sensoriais, favorecendo com mais amplo cabedal de apreensão do mundo objetivo, amplia-se a embrionária percepção extrafísica, ensejando o surgimento natural da mediunidade.

Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater a sua existência.

Não obstante, graças aos notáveis esforços e estudos de Allan Kardec, bem como de uma plêiade de investigadores dos fenômenos paranormais, a mediunidade vem podendo ser observada e perfeitamente aceita com respeito, face aos abençoados contributos que faculta ao pensamento e ao comportamento moral, social e espiritual das criaturas.

Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que, em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência da assistência espiritual de que se é objeto.

Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos perversos ou doentios mantidos em existências passadas.

Por exemplo, na área física: dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono - insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese -; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações defluentes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequilibrada. 

No comportamento psicológico, ainda apresentam-se: ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais - sombras e vultos, vozes e toques - que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do enfermo, procedentes de Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos conflitos em que ambos - encarnado e desencarnado - se viram envolvidos.

Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples, revelam presença de faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados pertinentes à sua educação e prática.

Nem todos os indivíduos, no entanto, que se apresentam com sintomas de tal porte, necessitam de exercer a faculdade de que são portadores. Após a conveniente terapia que é ensejada pelo estudo do Espiritismo e pela transformação moral do paciente, que se fazem indispensáveis ao equilíbrio pessoal, recuperam a harmonia física, emocional e psíquica, prosseguindo, no entanto, com outra visão da vida e diferente comportamento, para que não lhe aconteça nada pior, conforme elucidava Jesus após o atendimento e a recuperação daqueles que O buscavam e tinham o quadro de sofrimentos revertido.

Grande número, porém, de portadores de mediunidade, tem compromisso com a tarefa específica, que lhe exige conhecimento, exercício, abnegação, sentimento de amor e caridade, a fim de atrair os Espíritos Nobres, que se encarregarão de auxiliar a cada um na desincumbência do mister iluminativo.

Trabalhadores da última hora, novos profetas, transformando-se nos modernos obreiros do Senhor, estão comprometidos com o programa espiritual da modificação pessoal, assim como da sociedade, com vistas à Era do Espírito imortal que já se encontra com os seus alicerces fincados na consciência terrestre.

Quando, porém, os distúrbios permanecerem durante o tratamento espiritual, convém que seja levada em conta a psicoterapia consciente, através de especialistas próprios, com o fim de auxiliar o paciente-médium a realizar o autodescobrimento, liberando-se de conflitos e complexos perturbadores, que são decorrentes das experiências infelizes de ontem como de hoje.

O esforço pelo aprimoramento interior aliado à prática do bem, abre os espaços mentais à renovação psíquica, que se enriquece de valores otimistas e positivos que se encontram no bojo do Espiritismo, favorecendo a criatura humana com alegria de viver e de servir, ao tempo que a mesma adquire segurança pessoal e confiança irrestrita em Deus, avançando sem qualquer impedimento no rumo da própria harmonia.

Naturalmente, enquanto se está encarnado, o processo de crescimento espiritual ocorre por meio dos fatores que constituem a argamassa celular, sempre passível de enfermidades, de desconsertos, de problemas que fazem parte da psicosfera terrestre, face à condição evolutiva de cada qual.

A mediunidade, porém, exercida nobremente se torna uma bandeira cristã e humanitária, conduzindo mentes e corações ao porto de segurança e de paz.

A mediunidade, portanto, não é um transtorno do organismo. O seu desconhecimento, a falta de atendimento aos seus impositivos, geram distúrbios que podem ser evitados ou, quando se apresentam, receberem a conveniente orientação para que sejam corrigidos.

Tratando-se de uma faculdade que permite o intercâmbio entre os dois mundos - o físico e o espiritual - proporciona a captação de energias cujo teor vibratório corresponde à qualidade moral daqueles que as emitem, assim como daqueloutros que as captam e as transformam em mensagens significativas.

Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e vírus destrutivos.

A correta educação das forças mediúnicas proporciona equilíbrio emocional e fisiológico, ensejando saúde integral ao seu portador.

É óbvio que não impedirá a manifestação dos fenômenos decorrentes da Lei de Causa e Efeito, de que necessita o Espírito no seu processo evolutivo, mas facultará a tranquila condução dos mesmos sem danos para a existência, que prosseguirá em clima de harmonia e saudável, embora os acontecimentos impostos pela necessidade da evolução pessoal.

Cuidadosamente atendida, a mediunidade proporciona bem-estar físico e emocional, contribuindo para maior captação de energias revigorantes, que alçam a mente a regiões felizes e nobres, de onde se podem haurir conhecimentos e sentimentos inabituais, que aformoseiam o Espírito e o enriquecem de beleza e de paz.

Superados, portanto, os sintomas de apresentação da mediunidade, surgem as responsabilidades diante dos novos deveres que irão constituir o clima psíquico ditoso do indivíduo que, compreendendo a magnitude da ocorrência, crescerá interiormente no rumo do Bem e de Deus.

Manoel Philomeno de Miranda
(Jornal Mundo Espírita de Março de 2001)
(Página psicografada pelo médium Divaldo Franco,
em 10/07/ de 2000, em Paramirim, Bahia).

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domingo, 27 de agosto de 2023

Pseudossábios

Pseudossábios

Hanz Swigg

Parecem adivinhos ou mágicos, ao denunciarem os problemas mais íntimos das pessoas que se encontraram na sua faixa de sintonia.

Dão a impressão de que dispõem de um condão, por meio do qual podem conhecer as nuanças mais sutis do comportamento dos indivíduos.

Prestam informações não solicitadas, gratuitamente, com relativo acerto, e são peritos em respostas bombásticas ou exageradas, quando perguntados acerca das questões mais graves, pelos orgulhosos ou pelos ingênuos que caem na armadilha da sua empáfia verbosa.

Lançam dúvidas perigosas, gerando tormentas de demorado curso.

Enredam, fustigam, comovem e conseguem com esses expedientes apresar mentalidades invigilantes em suas teias de infortúnios.

São espíritos estúrdios, pseudossábios alguns, levianos outros, doentes todos esses que, de posse do conhecimento que adquirem, acompanhando os indivíduos no seu cotidiano e desejosos de prender-lhes a alma em suas malhas, conquistam-lhes o emocionalismo imaturo, valendo-se da ignorância conservada com relação às coisas superiores da vida.

Ei-los, espíritos vaidosos, nestes tempos de dificuldades ideológicas e de crenças e crendices que se espalham, tomando em suas garras corações temerosos e neurotizando criaturas suscetíveis que aguardam, com certeza, o socorro da fraternidade e do ensino elucidativo, enquanto aqueles, ainda por um pouco, se demorarão a espalhar miasmas.

Diante deles, cautela, vigilância, energia embasada no amor, firmeza de raciocínio e de propósito do bem. Nenhuma contenda verbal, oca ou fútil. Nenhum prurido de superioridade, mas a entrega total a Jesus, o Grande Mestre que, diante da chufa desses impenitentes e desarvorados infelizes, preferiu o silêncio da comunhão com Deus e da persistente ação fiel ao bem, deixando ao tempo e às Divinas Leis a tarefa de repô-los nos seus devidos caminhos.

Hanz Swigg por Raul Teixeira do livro:
Vozes do Infinito

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Hanz Swigg: Médico austríaco desencarnado durante a Segunda Guerra Mundial, na cidade de Salzburg.

Ao longo de vários anos, Swigg vem apresentando, por via psicofônica, mensagens e reflexões de exaltação ao trabalho com o Cristo, incentivando os médiuns à perseverança no ideal espírita, mostrando-se um benfeitor sóbrio e sensível.

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