Grandes compositores e a faculdade mediúnica
– A obra de Beethoven, de Berlioz e de Wagner
Léon Denis
Quase todos os célebres compositores possuem faculdades mediúnicas que lhes possibilitam receber as inspirações do Além, que lhes permitem traduzir, sob a forma do seu próprio talento, as grandiosas concepções da eterna harmonia. Entre esses compositores, os mais notáveis nos parecem ser Beethoven, Berlioz e Wagner (1).
(1) Richard Wagner: compositor alemão (Leipzig, 1813 - Veneza, 1883). Autor de O Holandês Errante, ou O Navio Fantasma, Lohengrin, Os Mestres-cantores de Nuremberg, O Anel de Nibelungo, Tristão e Isolda, Parsifal. Gênio de rara inspiração, modificou a concepção tradicional da ópera para vincular estreitamente a música à poesia e à dança, e obter um todo harmônico. Ele mesmo escrevia os libretos de suas músicas, inspirando-se, quase sempre, nas lendas nacionais da Alemanha — N. D.
Beethoven deve ser considerado como o verdadeiro criador da sinfonia, e sua frase melódica, por sua amplitude e sua beleza, representa a ação musical completa. Sob esse ponto de vista, seu espírito domina e dominará por muito tempo ainda a música moderna. Afirma-se que, recentemente, ele ditou a certo médium um hino espírita, destinado às sessões de evocação, e que em breve será publicado.
Berlioz também foi um sinfonista de grande envergadura; entre os compositores franceses, não há outro que seja mais difícil para se imitar devido ao seu vigoroso talento e à sua prodigiosa virtuosidade. Nessa música ardente, apaixonada, pitoresca, a intenção e a execução se combinam; ela possui o relevo e a força da região alpestre (2), onde o autor nasceu. Ela exprime alternadamente o esplendor dos cumes e o horror dos abismos. Nela se encontra a voz das torrentes, os murmúrios da floresta, todas as harmonias da montanha na sua unidade e sua variedade surpreendentes. Nunca esquecerei a profunda impressão que me produziu a primeira audição de A Danação de Fausto. Eu tinha quase 20 anos e isso foi para mim, graças à sinfonia, a revelação de um mundo desconhecido, surpreendente em riquezas e maravilhas. Berlioz foi demasiado genial para ser bem compreendido por seus contemporâneos; como quase todos os inovadores, só após a sua morte é que o público começou a apreciar o seu talento lírico.
(2) Alpestre: referente aos Alpes, sistema montanhoso da Europa ocidental e meridional; alpino — N. D.
Quanto a Richard Wagner, sua obra colossal é totalmente impregnada de uma espiritualidade densa e difícil de suportar, que beira com o materialismo, como todo o gênio alemão. Porém, às vezes, dessa massa um pouco confusa, muitas vezes até vulgar e banal, brotam notas musicais (3) que atingem os mais altos cumes. Wagner retira muito de seus predecessores, mas torna seu o que deles retira, e o reveste de uma vida original e pessoal. Infelizmente, nele a essência permanece inferior à forma e sob esse aspecto faltam à sua obra equilíbrio e precisão. Suas imagens e seus temas são terrestres; quando quer povoar o espaço ele o faz sempre com deuses de máscaras trágicas e bastante humanas, por criaturas semimateriais, com capacetes e armadas, que cavalgam sobre nuvens em busca de batalhas sanguinolentas. Apenas duas de suas obras são exceções: Tristão e Isolda e Parsifal, inspiradas nas lendas célticas e cristãs. Sua música, em seu conjunto, permanece sensual e não mantém o espírito nas altas regiões do sonho e da beleza. Isto porque Richard Wagner trabalhou somente para o teatro e, na ópera, como já dissemos, a música está encadeada à palavra e nisso, às vezes, se encontra uma causa de fraqueza e de inferioridade.
Nesse gênero lírico, para produzir uma impressão mais forte, é preciso que a forma e o pensamento se equilibrem, se completem e continuem equivalentes. A forma majestosa associada a um pensamento muito pobre logo desaparece e não deixa mais que uma impressão superficial, uma vaga lembrança. Ainda assim, apesar de seus defeitos e suas lacunas, a obra de Wagner tem seu lugar marcado entre as grandes criações musicais. Ela nos mostra mais uma vez que a arte é de todos os tempos, de todos os países e não tem pátria.
(3) No original francês lê-se fusées musicales. Porém, a palavra fusée, substantivo feminino, significa: o fio enrolado no fuso, foguete de pólvora, fuso de relógio e fusa, um dos sinais gráficos com os quais se escreve uma música na pauta musical, daí o acréscimo do termo musicales. Em nossa tradução, optamos por usar a expressão notas musicais em lugar de fusas musicais — N. D.
No entanto, em música, como em todas as coisas, a França se revelou um país de equilíbrio: o bom gosto, a clareza, a avaliação são, para nós, as qualidades essenciais da arte. Entre os gorjeios melodiosos, os arrulhos quase femininos da música italiana e as viris e possantes sonoridades da música alemã, a música fraterna coloca-se no centro e une as duas escolas opostas numa síntese feita de graciosidade, de força e de beleza.
As obras de Beethoven, Berlioz e Wagner parecem resumir a mais alta inspiração musical do nosso tempo. O futuro, porém, verá surgir outros homens, mais conscientes do mundo invisível que nos cerca, melhor dotados das faculdades mestras que permitem entrar em comunicação com esse mundo. Eles dotarão a humanidade de tesouros de arte e de poesia, dos quais não poderíamos mensurar desde agora a riqueza, a extensão, e que se tornarão para ela uma fonte inesgotável de alegria, de verdade, de beleza.
O pensamento e a inteligência são provenientes da mesma harmonia universal que a música, e é por isso que a música, sozinha, pode exprimir o que o pensamento e a inteligência concebem de mais elevado e mais sublime. Porque a vibração sonora, em si mesma, é apenas uma manifestação da vida universal. Eis por que a musica desperta um eco nos recônditos da alma e nela reanima como que uma vaga lembrança dos céus profundos onde ela nasceu, onde ela viveu,
onde ela reviverá!
Léon Denis do livro:
O Espiritismo na Arte
Parte VII - A Música
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