sábado, 31 de março de 2018

Norma da vida

Norma da vida

Maria Dolores



Sinto-te o coração dorido em prece
E perguntas, em pranto, alma querida e boa:
- "Como guardar a fé, sem que a prova nos doa
Nos recessos do ser?
Uma norma de paz haverá sobre a Terra,
Que consiga sanar as chagas da alma triste?"
Sem pretensão, respondo que ela existe:
-Trabalhar e esquecer.

A própria Natureza é um livro aberto.

Recorda o tronco antigo e a tempestade;
Desçam raios do céu, a nuvem brade,
Sob a crise da noite a estremecer,
Ei-lo, porém, ereto e firme, aguentando a tormenta...
Quebra-se-lhe quase toda a ramaria,
Ele guarda, no entanto, as instruções da vida:
-Trabalhar e esquecer.

Vejo a terra humilhada na lavoura,

Ferida e massacrada
Ao peso do trator e entre golpes de enxada
Tem nos vulcões rugindo o seu bravo gemer...
Mas, mesmo assim, produz o pão do mundo,
Injuriada e revolvida
Atende a ordenação que recebe da vida:
-Trabalhar e esquecer.

O fio d'água que nasceu na serra,

Pouco a pouco se fez amplo regato,
Percorrendo quilômetros de mato,
A correr e a correr...
Dessedentando pombos e serpentes,
Sofre a baba do lobo que o domina
E segue para o mar, ante a norma divina:
-Trabalhar e esquecer!...

Assim também, alma querida e boa,

Se carregas contigo farpas de amargura,
Desencanto, tristeza, desventura,
Chora, mas faze o bem - nosso alto dever...
Quanto às pedras e empeços do caminho,
Desengano e aflição, mágoa e mudança,
Olvida!... E segue as vozes da esperança:
-Trabalhar e esquecer!...

Maria Dolores por Chico Xavier do livro:
Assembleia de Luz

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sexta-feira, 30 de março de 2018

Ilusão

Ilusão

Hammed
(Texto 2)




É mais produtivo para a evolução das almas acreditar naquilo que se sente do que nas palavras que se ouvem.

As ilusões que criamos servem-nos, de certo forma, de defesas contra nossas realidades amargas. Embora possam, por um lado, nos poupar das dores momentaneamente, por outro, nos tornam prisioneiros da irrealidade. Para possuir uma mente sã, é preciso que tenhamos a capacidade de aceitação da realidade, jamais fugindo dela.

Muitos de nós conservamos a ilusão de que a posse material proporciona a felicidade; de que o poder e a fama garantem o amor; de que a força bruta lhes protegerá de uma possível agressão; e de que a prática sexual lhes daria uma integral gratificação na vida. Quase sempre, desenvolvemos essas ilusões na infância com nossos pais, professores, outros parentes, como sendo reais ensinamentos, quando, em verdade, não passam de crenças distorcidas de indivíduos que tinham o dinheiro e o sexo como divindades supremas.

Mesmo quando crescidos e maduros, sentimos medo de abandoná-las. Não será fácil renunciarmos a essas ilusões, se não nos conscientizarmos de que alegria e o sofrimento não estão nos fatos e nas coisas da vida, mas sim na forma como a mente os percebe. Enquanto usarmos nossa mente, sem que ela esteja ligada a nossa sentidos mais profundos, ficaremos agarrados a esses valores ilusórios.

Às vezes, na denominada educação ou norma social, assimilamos as ilusões dos outros como sendo realidades. Aprendemos, desde a mais tenra idade, que certas emoções são ruins, enquanto outras são boas. Importa considerar, no entanto, que as emoções são amorais e que senti-las é muito diferente do agir com base nelas, eis quando passam a ser uma questão moral/social.

“Os costumes sociais não obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferência a outro (…) O que se chama respeito humano não constitui óbice ao exercício do livre-arbítrio (…) São os homens e não Deus quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio (…)”

Colocar restrições às emoções é como querer segurar as ondas do mar, enquanto colocar restrições ao comportamento humano é perfeitamente possível e válido. São os comportamentos adequados que promovem o bem-estar dos grupos sociais e, inquestionavelmente, são necessários à harmonia da comunidade.

As emoções são simplesmente emoções. É importantíssimo aprendermos a perdoar e sermos compreensivos, desde que façamos isso agindo por livre escolha, não por medo ou por autonegação emocional. Na maioria dos casos, damos a outra face, não por uma capacidade de livre expressão e consciência, mas usando falsas atitudes de compreensão e espontaneidade.

Para que nossos atos e comportamentos sejam verdadeiros, as emoções devem ser percebidas como são e totalmente reconhecidas pela nossa personalidade, a fim de que nossa expressão seja natural, fácil e apropriada às situações.

Identificar uma emoção é diferente de suportá-la. Na identificação, nós a reconhecemos e, a partir daí, agimos ou não; suportar a emoção significa ignorá-la ou simplesmente tentar eliminá-la.

Censurar as emoções é ilusão; seria o mesmo que censurar a própria Natureza. Habitualmente, os pais costumam repreender o filho dizendo que não deveria ter raiva ou medo. Por certo, condenam as crianças por essas emoções e as obrigam a escondê-las, porém eles não conseguem extirpá-las. Ao punirem seus filhos, por estes expressarem suas emoções naturais, talvez não estejam usando o melhor método educativo. Não seria melhor ensinar-lhes os códigos do bom comportamento social, deixando que seu modo de ser flua com naturalidade e equilíbrio, sem anular a personalidade ou torná-los submissos?

Todos os seres humanos nascem com reações emocionais. Encontramos nos bebês emoções de raiva, quando estão impedidos de andar, pegar, brincar, ou seja, movimentar-se livremente. Verificamos também emoções de medo, quando ficam sem apoio, quando se sentem abandonados ou diante de barulhos fortes.

Na infância, se as emoções forem impedidas de se manifestar, irão ocasionar sérios danos no desenvolvimento psicoemocional do adulto, constituindo-se-lhe um obstáculo para atingir a auto-segurança.

A raiva ou o medo são emoções que proporcionam um certo “estado de alerta”, que nos mantêm despertos. Sem eles, ficamos impotentes e não conseguimos proteger nossa integridade física nem a psicológica das ameaças que enfrentamos na vida. São eles que nos orientam para a defesa ou para a fuga em situações de risco.

Obviamente, não estamos fazendo alusão às emoções patológicas e irracionais, mas àquelas que, naturais, são essenciais ao crescimento e desenvolvimento dos seres humanos.

Nossos sentidos são tudo o que temos para perceber os recados da vida; contê-los seria o mesmo que destruir o elo com nossa intimidade.

Não sentir é viver em constante ilusão, distanciando do verdadeiro significado da vida. A repressão das emoções inibe o ritmo e a pulsação interna, limita a vitalidade e reduz a percepção. Quando reprimimos uma emoção, por certo estaremos reprimindo muitas outras. Ao reprimirmos nossas emoções básicas (medo e raiva), certamente estaremos reprimindo também as emoções da afetividade. Infelizmente, não conseguiremos lidar com as dificuldades e encontrar soluções, se perdermos o contato com as leis da Natureza, aliás, criadas por Deus e que nos regem a todos. É mais produtivo para a evolução das almas acreditarem naquilo que se sente do que nas palavras que se ouvem.

Ilusão (texto 2) - Clique aqui para ler o texto 1


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O LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC 


- 863. Os costumes sociais não obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferência a outro, e não se acha ele submetido à opinião dos outros, quanto à escolha de suas ocupações? O que se chama respeito humano não constitui obstáculo ao exercício do livre-arbítrio?

“São os homens, e não Deus, quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio, pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo. Por que, então, se queixam? Falece-lhes razão para acusarem os costumes sociais. Devem lançar a culpa ao tolo amor-próprio de que vivem cheios e que os faz preferirem morrer de fome a infringi-los. Ninguém lhes agradecerá esse sacrifício feito à opinião pública, ao passo que Deus lhes levará em conta o sacrifício que fizerem de suas vaidades. Não quer isto dizer que o homem deva afrontar sem necessidade aquela opinião, como fazem alguns em que há mais excentricidade do que verdadeira filosofia. Tanto desatino há em procurar alguém ser apontado a dedo, ou considerado animal curioso, quanto sabedoria em descer voluntariamente e sem murmurar, quando não possa manter-se no alto da escala.”

Hammed por Francisco do Espírito Santo Neto 
do livro: As dores da alma

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quinta-feira, 29 de março de 2018

Ilusão

Ilusão

Hammed

(Texto 1)




Somos nós mesmos que nos iludimos, por querer que as criaturas deem o que não podem e que ajam como imaginamos que devam agir.

A criatura humana modela suas reações emocionais através dos critérios dos outros, estabelecendo para si própria metas ilusórias na vida. Esquece-se, entretanto, de que suas experiências são únicas, como também únicas são suas reações, e de que o constante estado de desencontro e aflição é subproduto das tentativas de concretizar essas suas irrealidades.

Constantemente, criamos fantasias em nossa mente, bloqueamos nossa consciência e recusamos aceitar a verdade. Usamos os mais diversos mecanismos de defesa, seja de forma consciente, seja de forma inconsciente, para evitar ou reduzir os eventos, as coisas ou os fatos de nossa vida que nos são inadmissíveis. A “negação” é um desses mecanismos psicológicos; ela aparece como primeira reação diante de uma perda ou de uma derrota. Portanto, negamos, invariavelmente, a fim de amortecer nossa alma das sobrecargas emocionais.

Quanto mais sonhos ilógicos, mais cresce a luta para materializá-los, levando certamente os indivíduos a se tornarem prisioneiros de um círculo vicioso e, como resultado, a sofrerem constantes frustrações e uma decepção crônica.

Um exemplo clássico de ilusão é a tendência exagerada de certas pessoas em querer fazer tudo com perfeição, aliás, querer ser o “modelo perfeito”. Essa abstração ilusória as coloca em situação desesperadora. Trata-se de um processo neurótico que faz com que elas assimilem cada manifestação de contrariedade dos outros como um sinal do seu fracasso e a interpretem como uma rejeição pessoal.

O ser humano supercrítico tem uma necessidade compulsória de ser considerado irrepreensível. Sua incapacidade de aceitar os outros como são é reflexo de sua incapacidade de aceitar a si próprio. Sua busca doentia da perfeição é uma projeção de suas próprias exigências internas. O perfeccionismo é, por certo, a mais comum das ilusões e, inquestionavelmente, uma das mais catastróficas, quando interfere nos relacionamentos humanos. Uma pessoa perfeita exigirá apenas companheiros perfeitos.

A sensação de que podemos controlar a vida de parentes e amigos também é uma das mais frequentes ilusões e, nem sempre, é fácil diferenciar a ilusão de controlar e a realidade de amar e compreender.

A ação de controlar os outros se transforma, com o passar do tempo, em um nó que estrangula, lentamente, as mais queridas afeições. Se continuarmos a manter essa atitude manipuladora, veremos em breve se extinguir o amor dos que convivem conosco. Eles poderão permanecer ao nosso lado por fidelidade, jamais por carinho e prazer.

Em outras circunstâncias, agimos com segundas intenções, envolvendo criaturas que nos parecem trazer vantagens imediatas. Em nossos devaneios e quimeras, achamos que conseguiremos lograr êxito, mas, como sempre, todo plano oportunista, mais cedo ou mais tarde, será descoberto. Quando isso acontece, indignamo-nos, incoerentemente, contra a pessoa e não contra a nossa auto-ilusão.

Escolhemos amizades inadequadas, não analisamos suas limitações e possibilidades de doação, afeto e sinceridade e, quando recebemos a pedra da ingratidão e da traição por parte deles, culpamo-nos. Certamente, esquecemo-nos de que somos nós mesmos que nos iludimos, por querer que as criaturas deem o que não podem e que ajam como imaginamos que devam agir.

Gostamos de alguém imensamente e alimentamos a ideia de que esse mesmo alguém pudesse corresponder ao nosso amor e, assim, criamos sonhos românticos entre fantasias e irrealidades.

As histórias infantis sobre príncipes encantados socorrendo lindas donzelas em perigo são úteis e benéficas, desde que não se transformem em ilusórias bases de existência. Elas podem incitar os delírios de uma espera inatingível em que somente um “príncipe de verdade” tem o privilégio de merecer uma “princesa disfarçada”, ou vice-versa.

A consciência humana está quase sempre envolvida por ilusões, que impossibilitam, por um lado, a capacidade de auto-percepção; por outro, dificultam o contato com a realidade das coisas e pessoas.

Não culpemos ninguém pelos nossos desacertos, pois somos os únicos responsáveis – cada um de nós – pela quantidade de vida que experimentamos aqui e agora.

“O sentimento de justiça está em a Natureza (…) o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem…”

Procuremos auscultar nossas percepções interiores, usando nossos sentidos mais profundos e observando o que nos mostram as leis naturais estabelecidas em nossa consciência. Confiar no sentimento de justiça que sai do coração, conforme asseveram os Guias da Humanidade, é promover a independência de nossos pensamentos e viver com senso de realidade. Aliás, são essas as características mais importantes das pessoas espiritualmente maduras.

Estamos na Terra para estabelecer uma linha divisória entre a sanidade e a debilidade; portanto, é imprescindível discernir o que queremos forçar que seja realidade daquilo que verdadeiramente é realidade. Muitas vezes, podemos estar nos iludindo a ponto de negar fatos preciosos que nos ajudariam a perceber a grandiosidade da Vida Providencial trabalhando em favor de nosso desenvolvimento integral.

Ilusão (texto 1) -  Clique aqui para ler o texto 2

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O LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC 

- 873. O sentimento da justiça está na Natureza, ou é resultado de ideias adquiridas?

“Está de tal modo na Natureza, que vos revoltais à simples ideia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, frequentemente, em homens simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.”

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Hammed por Francisco do Espírito Santo Neto 
do livro: As dores da alma

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quarta-feira, 28 de março de 2018

Minutos de Deus

Minutos de Deus

Maria Dolores



Bastas vezes, perguntas, alma boa,
Qual a razão do sofrimento...

Porque a treva da angústia na pessoa...
E também vezes muitas
A recear a justa explicação,
Foges de coração cansado e desatento...

Enquanto podes fazer isso,

Satisfazendo a impulso vão,
Ausentas-te dos quadros de amargura,
Como quem busca o reboliço
Para esquecer o assombro e a inquietação
Que observas nos outros
De alma triste e insegura
Quando colhidos pela provação...

Mas se um dia chegar em que não possas

Distanciar-te do recanto,
Em que a tristeza se conhece
Por neblina de pranto,
Por maiores as dores e os problemas,
Acende a luz da prece
E, esperando por Deus,
Não te aflijas, nem temas...

Ora, detém-te, anota, pensa e escuta

Sob as tribulações em que a sombra domina,
Quando estamos a sós, dentro da própria luta,
Rodeados, ao longe,
De constrangidos cireneus
É que achamos na vida
Os minutos de Deus,
Nos quais se pode registrar
A palavra divina.

Nas estações difíceis do caminho,

Que todos conhecemos
Por solidão, angústia, desengano,
À distância de todo burburinho
Em que o prazer humano
Lembra incêndio de sons que explode e estala,
Nessas pausas de dor do pensamento,
Em que o tempo parece amargo e lento
É que o verbo de Deus nos envolve e nos fala...
Mesmo sem qualquer força a que te arrimes,
Presta a própria atenção
À voz que te procura o coração
Nessas horas sublimes.

Entretanto, não creias,

Perante a aceitação a que te levas
Que Deus te reterá na mágoa que te invade,
Nas teias abismais da crueldade
Ou no bojo das trevas...
Logo após o celeste entendimento
Em que a bênção do Céu se te anuncia,
Ressurgirás em novo nascimento,
A dentro de ti mesmo,
Como quem se revê ao sol de novo dia...

Lembra o próprio Jesus,

Se consegues cismar, em torno disso;
Do berço em louvações
A última páscoa em festa, brilho e luz,
A vida do Senhor
Foi um hino de júbilo e de amor
Em música de paz e de serviço...

Mas chegando ao Jardim das Oliveiras,

Ei-la escutando o Pai, horas inteiras...
E, através do diálogo divino,
Colocado em si mesmo, solitário,
Encontra o sacrifício por destino,
Desde a prisão injusta às pedras do Calvário...

Entretanto, depois

Da renúncia suprema,
Qual se guardasse em si o fel da humana escória,
No suplício final, perante a multidão,
Fez-se o Cristo Imortal do Amor e da Vitória,
Na luz divina da ressurreição.


Maria Dolores por Chico Xavier do livro: - A vida conta







terça-feira, 27 de março de 2018

Pilatos

Pilatos

Emmanuel





“Mas entregou Jesus à vontade deles.” 
- Lucas, 23:25.

Pilatos hesitava. Seu coração era um pêndulo entre duas forças poderosas...

De um lado, era a consciência transmitindo-lhe a vontade superior dos Planos Divinos, de outro, era a imposição da turba ameaçadora, encaminhando-lhe a vontade inferior das esferas baixas do mundo.

O infortúnio do juiz romano foi entregar o Senhor aos desígnios da multidão mesquinha.

Na qualidade de homem, Pôncio Pilatos era portador de defeitos naturais que nos caracterizam a quase todos na experiência em que o nobre patrício se encontrava, mas como juiz naquele instante, seu imenso desejo era de acertar.

Queria ser justo e ser bom no processo do Messias Nazareno, entretanto, fraquejou pela vontade enfermiça, cedendo à zona contrária ao bem.

Examinando o fenômeno, todavia, não nos move outro desejo senão de analisar nossa própria fragilidade.

Quantas vezes agimos atém ontem, ao modo de Pilatos, nas estradas da vida? Imaginemos o tribunal de Jerusalém transportado ao nosso foro íntimo.

Jesus não se punha contra o nosso exame, mas, esperando pela nossa decisão, aí permanece conosco a Sua ideia Divina e Salvadora.

Qual aconteceu ao juiz, nosso coração transforma-se em pêndulo, entre as exortações da consciência eterna e as requisições dos desejos inferiores.

Quase que invariavelmente, entregamos o pensamento de Jesus às zonas baixas, onde sobre a mesma crucificação do Mestre.

Vemos assim que Pilatos converteu-se em profundo símbolo para a caminhada humana.

Emmanuel por Chico Xavier do livro:
Alma e Luz

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segunda-feira, 26 de março de 2018

A resposta celeste

A resposta celeste

Neio Lúcio



Solicitando Bartolomeu esclarecimentos quanto às respostas do Alto às súplicas dos homens, respondeu Jesus para elucidação geral:

— Antigo instrutor dos Mandamentos Divinos ia em missão da Verdade Celeste, de uma aldeia para outra, profundamente distanciadas entre si, fazendo-se acompanhar de um cão amigo, quando anoiteceu, sem que lhe fosse possível prever o número de milhas que o separavam do destino.

Reparando que a solidão em plena Natureza era medonha, orou, implorando a proteção do Eterno Pai, e seguiu.

Noite fechada e sem luar, percebeu a existência de larga e confortadora cova, à margem da trilha em que avançava, e acariciando o animal que o seguia, vigilante, dispôs-se a deitar-se e dormir. Começou a instalar-se, pacientemente, mas espessa nuvem de moscas vorazes o atacou, de chofre, obrigando-o a retomar o caminho.

O ancião continuou a jornada, quando se lhe deparou volumoso riacho, num trecho em que a estrada se bifurcava. Ponte rústica oferecia passagem pela via principal, e, além dela, a terra parecia sedutora, porque, mesmo envolvida na sombra noturna, semelhava-se a extenso lençol branco.

O santo pregador pretendia ganhar a outra margem, arrastando o companheiro obediente, quando a ponte se desligou das bases, estalando e abatendo-se por inteiro.

Sem recursos, agora, para a travessia, o velhinho seguiu pelo outro rumo, e, encontrando robusta árvore, ramalhosa e acolhedora, pensou em abrigar-se, convenientemente, porque o firmamento anunciava a tempestade pelos trovões longínquos. 

O vegetal respeitável oferecia asilo fascinante e seguro no próprio tronco aberto. Dispunha-se ao refúgio, mas a ventania começou a soprar tão forte que o tronco vigoroso caiu, partido, sem remissão.

Exposto então à chuva, o peregrino movimentou-se para diante.

Depois de aproximadamente duas milhas, encontrou um casebre rural, mostrando doce luz por dentro, e suspirou aliviado.

Bateu à porta. O homem ríspido que veio atender foi claro na negativa, alegando que o sítio não recebia visitas à noite e que não lhe era permitido acolher pessoas estranhas.

Por mais que chorasse e rogasse, o pregador foi constrangido a seguir além.

Acomodou-se, como pode, debaixo do temporal, nas cercanias da casinhola campestre; no entanto, a breve espaço, notou que o cão, aterrado pelos relâmpagos sucessivos, fugia a uivar, perdendo-se nas trevas.

O velho, agora sozinho, chorou angustiado, acreditando-se esquecido por Deus e passou a noite ao relento. Alta madrugada, ouviu gritos e palavrões indistintos, sem poder precisar de
onde partiam.

Intrigado, esperou o alvorecer e, quando o Sol ressurgiu resplandecente, ausentou-se do esconderijo, vindo a saber, por intermédio de camponeses aflitos, que uma quadrilha de ladrões pilhara a choupana onde lhe fora negado o asilo, assassinando os moradores.

Repentina luz espiritual aflorou-lhe na mente.

Compreendeu que a Bondade Divina o livrara dos malfeitores e que, afastando dele o cão que uivava, lhe garantira a tranquilidade do pouso.

Informando-se de que seguia em trilho oposto à localidade do destino, empreendeu a marcha de regresso, para retificar a viagem, e, junto à ponte rompida, foi esclarecido por um lavrador de que a terra branca, do outro lado, não passava de pântano traiçoeiro, em que muitos viajores imprevidentes haviam sucumbido.

O velho agradeceu o salvamento que o Pai lhe enviara e, quando alcançou a árvore tombada, um rapazinho observou-lhe que o tronco, dantes acolhedor, era conhecido covil de lobos.

Muito grato ao Senhor que tão milagrosamente o ajudara, procurou a cova onde tentara repouso e nela encontrou um ninho de perigosas serpentes.

Endereçando infinito reconhecimento ao Céu pelas expressões de variado socorro que não soubera entender, de pronto, prosseguiu adiante, são e salvo, para desempenho de sua tarefa.

Nesse ponto da curiosa narrativa, o Mestre fitou Bartolomeu demoradamente e terminou:

— O Pai ouve sempre as nossas rogativas, mas é preciso discernimento para compreender as respostas d’Ele e aproveitá-las.


Neio Lúcio por Chico Xavier do livro: Jesus no lar