quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Ano novo

Ano novo

Irmão X.



Quando o desvelado orientador chegou ao Planeta, encaminhando o aprendiz à experiência nova, o lar estava em festa, na celebração do Ano Novo.

Musicas alegres embalavam a casa, flores festivas enfeitavam a mesa lauta. Riam-se  os jovens e as crianças, enquanto os velhos bebiam vinhos de júbilo.

O devotado amigo abraçou o tutelado e falou:

- Nova existência, meu filho, é qual Ano Novo. Enche-se o coração das esperanças mais belas. Troca-se o passado pelo presente. Rejubila-se a alma na oportunidade bendita.

Promessas divinas florescem no coração.

O tempo é o tesouro infinito que o Criador concede às criaturas. Não esqueças, todavia, que a concessão de um tesouro é título de confiança e toda confiança traduz responsabilidade. 

Tanto prejudica a obra de Deus o avarento que restringe a circulação dos valores, como o perdulário que os dissipa, olvidando obrigações sagradas.

O tempo, desse modo, é benfeitor carinhoso e credor imparcial simultaneamente. Na terra a maioria dos homens não chegou ainda a compreendê-lo.

Os ignorantes perdem-no.
Os loucos matam-no.
Os maus envenenam-no.
Os indiferentes zombam dele.
Os vaidosos confundem-no.
Os velhacos enganam-no.
Os criminosos perturbam-no.
Riem-se dele os pândegos.
Os mentirosos ridicularizam-no.
Os tolos esquecem-no.
Os ociosos combatem-no.
Os tiranos abusam dele.
Os irônicos menosprezam-no.
Os arbitrários dominam-no.
Os revoltados acusam-no.

Aproveitam-no os trabalhadores fiéis.

O tempo, contudo, meu filho, pertence ao Senhor e ninguém pode subverter a ordem de Deus.

É por isso que, ao fim da existência, cada um recebe conforme usou o divino patrimônio.

Vale-te, pois, da oportunidade nova, sem olvidares o dever, convicto de que ninguém falará ou agirá no mundo, em vão.

O homem precipita-se. O tempo espera. O primeiro experimenta. O segundo determina.

Se atingires a alegria de recomeçar, alcançarás, igualmente, o dia de acertar.

Lembra-te de que o tempo ensinará aos ignorantes.
Anulará os loucos.
Envenenará os maus.
Zombará dos indiferentes.
Confundirá os vaidosos.
Esclarecerá os velhacos.
Perturbará os criminosos.
Surpreenderá os pândegos.
Ridiculizará os mentirosos.
Corrigirá os tolos.
Combaterá os ociosos.
Ferirá os tiranos.
Menosprezará os irônicos.
Prenderá os arbitrários.
Acusará os revoltados.
Compensará os trabalhadores fieis.

Calou-se o venerável ancião.

Havia risos à mesa domestica, expectativa no candidato à reencarnação, sorrisos paternais no velhinho experiente.

O sábio abraçou novamente o discípulo e despediu-se rematando:

- Não te esqueças de que o tempo é generoso nas concessões e justo nas contas. Vai, porém, meu filho, e não temas.

Nesse instante, à maneira do homem, cheio de esperanças, que penetra o Ano Novo, o aprendiz reingressou na onda do nascimento.

Irmão X. por Chico Xavier de 
Pontos e Contos

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Os textos de Kardec escondidos por 150 anos e o fim da fé cega

Os textos de Kardec escondidos por 150 anos e o fim da fé cega


Paulo Henrique Figueiredo




Não há dúvida, vivemos novos tempos quanto à compreensão do Espiritismo e de sua história. Isso acontece, principalmente, porque chegaram a nós fontes primárias inéditas, como cartas e documentos manuscritos originais de Allan Kardec, que afirmou, em 1867: "Eu os conservarei preciosamente, porque serão um dia os gloriosos arquivos do Espiritismo", pois "o original, em lugar de ser descartado, está cuidadosamente conservado nos arquivos da Sociedade (...) arquivos preciosos para a posteridade, que poderá julgar os homens e as coisas sobre peças autênticas" e não sobre "lendas, opiniões e tradições". E conclui: "Em presença destes testemunhos irrecusáveis, em que se tomarão, na sequência, todas as falsas alegações, as difamações da inveja e do ciúme?".

Um dos casos mais alarmantes, que levou a desvios e falsidades na obra posterior à morte de Rivail, tanto na França quanto no Brasil, foi o dos advogados Jean-Baptiste Roustaing, André Pezzani, e seus seguidores. Examinando os manuscritos, sabemos que Allan Kardec foi alertado, numa conversa intima e privada com os espíritos superiores, do que iria enfrentar em virtude da personalidade soberba de Roustaing, presa fácil para os propósitos dos inimigos invisíveis. Kardec perguntou, em 1862:

- Que influência pode ter o Sr. Roustaing?

E eles responderam:

- Se você o vir, um simples golpe de vista o fará julgar o homem, e o que se deve esperar dele. Ele tem tanta confiança nas suas luzes que pensa que todos devem se curvar a ele. Vá se você estiver disposto a faze-lo.

- A opinião de Roustaing tem algum crédito?

- Não, em geral ele passa por um entusiasta, exaltado, querendo se impor.

Qual a questão fundamental quanto a esse desvio doutrinário?

Tentar falsear a proposta espirita com os velhos dogmas das religiões ancestrais. E com qual intenção?

Em A Gênese, também num trecho suprimido na edição adulterada, Kardec afirma que, na antiguidade, "A religião era, nesse tempo, um freio poderoso para governar", os povos eram "subjugados", a religião era apresentada como sendo "absoluta, infalível e imutável", sendo que "disso resultou a princípio da fé cega e da obediência passiva. Quanto aos livros, "proibiam qualquer exame".

Qual o papel do Espiritismo? Ainda em trechos suprimidos na adulteração, afirma Kardec: "Longe de substituir um exclusivismo por outro, o Espiritismo se apresenta como campeão absoluto da liberdade de consciência. Combate o fanatismo sob todas as formas, cortando-o pela raiz". Mas para conquistar esses valores sociais, ele "destrói o império da fé cega que aniquila a razão, a obediência passiva que embrutece; emancipa a inteligência do homem e ergue sua moral".

Os dogmas das religiões ancestrais nasceram da imaginação dos homens, com a finalidade de subjugar as massas, sistemas que são frutos do preconceito e do desconhecimento dos fatos reais da vida futura. Surgiram assim as ideias de pecado e carma. Basicamente, essas falsas ideias consideram que Deus age com os homens por meio de castigos e recompensas, a partir da dor e do prazer, da mesma forma que os animais são treinados. Toda adversidade vivenciada no mundo seria castigo divino. Ou seja, quem vive condições mais adversas, seja na pobreza ou portando deficiências físicas graves, seriam os mais castigados, os mais culpados. Talvez essa seja a maior injustiça desse falso sistema criado pelos homens.

No texto original de O Céu e o Inferno, mantido escondido por 150 anos pela adulteração, Kardec demonstra que a vida futura é regida por leis naturais válidas em todo o mundo espiritual, como a gravidade está presente como lei do mundo físico. Pois "As leis que daí decorrem são deduzidas apenas da concordância dessa imensidade de observações; esse é o caráter essencial e especial da doutrina espirita". Não há deliberação divina caso a caso. Existem, em verdade, sentimentos naturais de felicidade e infelicidade, associados às escolhas conscientes dos espíritos, que são perfectíveis pelo próprio esforço.

Diferente das religiões, que consideram a degeneração e queda da alma, para a doutrina espirita as almas são simples e ignorantes em sua primeira vida humana e, sendo, perfectíveis, conquistam por seu esforço todas as faculdades, vida após vida: consciência de si, inteligência, domínio da vontade, criatividade, e, sabendo escolher, o livre-arbítrio. Só então possuirão a responsabilidade pelos atos, que é proporcional à inteligência do bem e do mal.

Não há castigo nem recompensa. Mas, inerente ao ato equivocado consciente e voluntário, o espírito sente em si o sofrimento moral ou infelicidade, que é "sempre a consequência natural da falta cometida". E se esse ato se torna hábito, ou imperfeição, o sofrimento moral se torna constante. Como cessar esse sofrimento? Somente pelo arrependimento, que é um ato da vontade, e pela superação da imperfeição pelo próprio esforço do aperfeiçoamento, vida após vida, retomando ao bem.

Por outro lado, cada ato do bem faz o espírito sentir em si, pela lei natural, a felicidade. Quando o ato do bem se torna constante, vira hábito, que são as virtudes, capacidades e habilidades da alma. Desde ai, a felicidade conquistada também é constante, progressiva e cumulativa.

Por que motivo, então, parte do movimento espirita vem divulgando em palestras, aulas e apostilas as ideias equivocadas de castigo divino, queda, carma e outros dogmas próprios dos sistemas equivocados das religiões ancestrais? Um dos motivos principais foi exatamente a adulteração de O Céu e o Inferno e de A Gênese, nas quais foram implantadas falsas ideias.

Sendo os primeiros a ter contato com esses textos originais escondidos por um século e meio, devemos divulgar amplamente a liberdade de pensamento e consciência, os meios de construir um mundo melhor e feliz, por meio da inevitável e natural revolução moral que já se inicia. Na obra Nem Céu nem Inferno - As leis da alma segundo o Espiritismo, os autores convocam: 

"Vamos todos nós, espíritas sinceros, fazer da infâmia um bom proveito. O Céu e o Inferno permaneceu desconhecido e deturpado por 150 anos! E o que é isso diante da eternidade? Nada, absolutamente nada, um segundo seria dizer muito, aos olhos da espiritualidade. A resistência já está vencida. Qualquer empurrão terá frutos no encaminhar para o mundo novo. Avante! Coragem e determinação. Os atos equivocados foram vencidos, esmagados pela incansável verdade, que tudo aplaca pelo peso invencível do tempo. Vamos em frente!".

Paulo Henrique Figueiredo
Fonte: Enfoque / coluna opinião - Dezembro 2020

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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Vontade

Vontade

Emmanuel



Comparemos a mente humana — espelho vivo da consciência lúcida — a um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço.

Aí possuímos o Departamento do Desejo, em que operam os propósitos e as aspirações, acalentando o estimulo ao trabalho; o Departamento da Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o Departamento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros, ainda, que definem os investimentos da alma. 

Acima de todos eles, porém, surge o Gabinete da Vontade.

A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental.

A Divina Providência concedeu-a por auréola luminosa à razão, depois da laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas províncias obscuras do instinto.

Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que ela é o leme de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento.

A eletricidade é energia dinâmica.

O magnetismo é energia estática.

O pensamento é força eletromagnética.

Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as manifestações da Vida Universal, criando gravitação e afinidade, assimilação e desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito para as Metas Supremas, traçadas pelo Plano Divino.

A Vontade, contudo, é o impacto determinante.

Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da máquina.

O cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria; no entanto, na Vontade temos o controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do destino.

Sem ela, o Desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento, a Inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade, a Imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a
Natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento.

Só a Vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do espírito.

Em verdade, ela não consegue impedir a reflexão mental, quando se trate da conexão entre os semelhantes, porque a sintonia constitui lei inderrogável, mas pode impor o jugo da disciplina sobre os elementos que administra, de modo a mantê-los coesos na corrente do bem.
Emmanuel por Chico Xavier do livro:
Pensamento e Vida

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

O palavrão

O palavrão

Roque Jacintho



Deve-se ou não usar o palavrão ?

A inquietação moderna, escavando fósseis da incultura de nossa Humanidade, agita alguns problemas que merecem reflexão acurada, não simplesmente pudica, mas antes de tudo racional.

Sabemos que toda palavra corporifica uma ideia.

Antes de vir à tona, como expressão de uma atitude, é um pensamento em elaboração, cuidadosamente acalentado ou, então, incorporado sem análise ao nosso patrimônio íntimo, pela consequência da inércia de refletir.

Gravita em nosso clima espiritual.

Enquanto a ideia demora em nosso interior, no processo de gestação, estabelece laços de afinização com outras semelhantes, arquitetadas pelo nosso próximo, ou seja, por aqueles que estejam pensando igual a nós.

Nenhuma palavra escapa desse mecanismo.

A palavra obscena imanta o pensamento humano na lama, chafurdando a mente numa pocilga infecta, explodindo, depois, não como um singelo e inconsequente desabafo. 

É a consolidação de miasmas que se arremetem, pelo clima mental, aumentando o índice de poluição de maus pensamentos que infestam a nossa moradia terrena.

Autores, manipulando a obscenidade, tão somente estimulam a sobrevivência do que de menos feliz a mente humana há criado, no curso de milênios. 

Não é uma Arte. 

Denuncia, na realidade, a comercialização do poder criativo e, ao mesmo tempo, a mediocridade a que se relegou a imaginação nesta quadra evolutiva.

Rebuscar autores antigos que, num lapso, caíram no mesmo engano, absolutamente não dá validade ao processo atual, nos tristes panoramas infrainstintivos.

A Doutrina Espírita, eterna presente na análise do comportamento humano, convida-nos a abordar sempre face a face a temática moderna, a fim de que não sejamos cordeiros a marchar desinformados entre lobos e para que não sejamos "o mais um" a engrossar a fileira dos que se deixam conduzir passivamente ao precipício da perversão moral.

Palavras de baixo calão não só ferem a sensibilidade, mas revelam a vulgaridade d'alma, que nos cumpre vencer, escalando as montanhas difíceis da elevação de sentimentos do Espiritismo-cristão.

Ninguém estará desatualizado, ultrapassado, simplesmente porque não se mete dentro da lata de lixo que apontam como modelo avançado de comportamento.

Reeduque-se o pensamento, reeduca-se a palavra.

Roque Jacintho
Revista Internacional de Espiritismo - RIE 
Junho/1971

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domingo, 27 de dezembro de 2020

Culpa e doença

Culpa e doença

Cornélio Pires



Recebi a sua carta
Meu caro Juca Beirão,
Você deseja se fale
Em culpa e reencarnação.

Da sua pergunta amiga
Não posso me descartar,
Por isso, peço desculpas
Do meu modo de informar.

Sabe você, a pessoa,
Seja aí ou seja aqui,
Segue o tempo carregando
Aquilo que fez de si.

Quando lesamos alguém,
Conforme lei natural,
Plantamos na própria vida
Uma semente do mal.

Tempo surge, tempo some
Em horas de sombra e luz,
Mas chega um dia entre outros
Em que a semente produz.

O valor desta lição
Não posso dar em miúdo,
É que existe em cada efeito
uma causa para estudo.

Por isso, ante o seu exame,
Sem nomear o endereço,
Apresento ao caro amigo
Alguns casos que conheço.

A fim de poupar o tempo
Que vai seguindo veloz,
Falemos tão-só nos erros
Que assumimos contra nós.

Perdeu-se todo em pinga,
Nosso Antonico Vanzeti,
Renasceu mas traz consigo
A luta com diabete.

Emilota de Traíras
Fez abortos à vontade,
Reencarnada quer ter filhos
Mas sofre esterilidade.

Desencarnada em excessos
Voltou à Terra Ana Frozzi,
Mas padece a obesidade
De nome lipomatose.

Com muito abuso de drogas,
Desencarnou Léo Faria
Hoje só pode nascer
Na herança da hemofilia.

Beleza desperdiçada,
Lá se foi Mira Vilar,
Renascendo, tem doenças
Que não conseguem sarar.

Afogou-se num suicídio
Odorico de Ipanema,
Voltou, mas em tempo certo
Terás lutas de enfisema.

Atirou no próprio crânio,
Nhô Ninico da Calçada,
Retornou a novo corpo,
Mas tem a ideia alterada.

Em muitos casos, doença
Quando aparece e demora,
É a luta que não criamos
De longa e lenta melhora.

É isso aí, caro amigo,
Anote esta lei comum:
Na culpa de cada qual
É a prova de cada um.

Cornélio Pires por Chico Xavier do livro:
Baú de Casos

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sábado, 26 de dezembro de 2020

Kojac e o fantasma do Cadillac

Kojac e o fantasma do Cadillac

Hermínio C. Miranda


Em entrevista divulgada em julho/87 pela publicação Speak Up, da Editora Globo, o famoso ator Telly Savalas, criador do detetive Kojak, nas telas, conta ao jornalista Peter Panton um dos mais fantásticos episódios de que eu tenha notícia nestes longos anos de assídua frequência à literatura psíquica. Que me lembre, somente um caso narrado pelo nosso Cornélio Pires, em Coisas do Outro Mundo poderia assemelhar-se. Não, porém, com a mesma riqueza de detalhes ou na inesperada conclusão. 

Os fatos - e fatos a gente tem de aceitar - foram de tal maneira impactantes que, ao narrá-los ao entrevistador, mais de trinta anos depois, Savalas afirma que "mesmo hoje" ainda se sente assustado e que coisas como aquela "não deveriam acontecer com sujeitos como eu", acostumados à ideia de que dois mais dois fazem quatro.

A "coisa" se passou aí pela década de 50, em New York. Curiosamente, foi a época em que lá vivi eu, o escriba destas linhas, e, mais estranho ainda, em região que conheci muito bem, pois era meu caminho de sempre, ao ir à cidade ou de lá regressar, de carro, ao nosso apartamento em Flushing, Long Island, onde, aliás, nasceu nosso filho Gilberto, em 1950. Mas isto é apenas uma vinheta pessoal que acrescento à estranha narrativa do nosso popularíssimo Kojak.

Savalas fora levar em casa uma companheira de incursão pela noite novaiorquina e regressava ao lar, em Long Island, quando seu carro parou na pista por falta de gasolina, o que, segundo ele, não é muito raro acontecer. Isto já alta madrugada. O recurso era descer do veículo e sair a pé, em busca do mais próximo posto de gasolina. Alguém sugeriu-lhe atravessar o pequeno bosque para encurtar caminho. Realmente, as pistas por ali ficam entre gramados e arbustos, em pequenos parques. Daí o nome "parkway", o caminho do parque.

Preparava-se o bravo Savalas para entrar pelo bosque, quando alguém lhe perguntou: "Quer uma carona?"

Quem lhe fazia a pergunta era um sujeito sentado na direção de um imponente Cadillac. O futuro ator olhou bem o indivíduo e teve um momento de hesitação, pois o homem lhe pareceu algo estranho, mas resolveu arriscar-se, mesmo porque não tinha muita escolha, a não ser a de perambular pela região até encontrar um pouco da gasolina salvadora. A curta viagem ao posto foi, no seu dizer "muito agradável". Quando Savalas meteu a mão no bolso para apanhar algum dinheiro, o homem, sem fazer perguntas, disse-lhe: "Vou emprestar-lhe um dólar". Como é que ele sabia que Savalas estava sem dinheiro até para a gasolina? Não havia como recusar a importância oferecida, que dava, àquela época, para um galão do precioso líquido que move o mundo.

Savalas identificou-se como funcionário do State Department, e confessou-se "muito embaraçado", mas que aceitaria o dinheiro, desde que o outro concordasse em considerá-lo simples empréstimo, a ser restituído posteriormente. O outro recusou, mas, ante a insistência, acabou aceitando a proposta. Escreveu seu nome e endereço num pedaço de papel e o passou a Savalas.

Adquirida a gasolina, de regresso ao carro parado na pista, o generoso cavalheiro observou, sem mais aquela: "Eu conheço Fulano". E daí?, pensou Savalas. Quem seria Fulano? O estranho disse que se tratava de um jogador de beisebol do time dos "Red Soxs", de Boston. Savalas, cada vez mais perplexo, concluiu com seus botões que o sujeito do Cadillac era um tanto ou quanto para o doido, ainda que pacífico e aparentemente inofensivo. Seja como for - a essa altura dos acontecimentos eram quatro horas da madrugada - chegaram ao carro parado que, devidamente abastecido, se pôs em movimento, graças à ajuda providencial do homem do Cadillac.

Fora, no todo, uma experiência agradável, afinal de contas, na sumária avaliação de Savalas, ainda que com um inequívoco toque de singularidade. Mas a historinha não estava encerrada. No dia seguinte, quando Savalas saiu à rua para almoçar, leu numa manchete de jornal que o jogador de beisebol mencionado na conversa, morrera, aos 24 anos de idade, "exatamente na hora" em que ele falava com o enigmático indivíduo, naquela madrugada.

Savalas botou no episódio um rótulo cômodo: coincidência e procurou não pensar mais no assunto. A noite, porém, comentou o caso com a sua mãe, uma senhora grega de muita sabedoria.

- Bem, Telly, essas coisas acontecem - observou ela, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

- Você sabe - diz Savalas ao seu entrevistador - minha mãe era uma feiticeira...(Palavra dele, claro, para médium).

Foi quando ele se lembrou do papelzinho com o endereço do seu misterioso salvador no Grand Central Parkway. Para surpresa sua, havia também ali, um número de telefone, além do nome e endereço da pessoa. Savalas discou o número. Alguém atendeu, identificando o local como "Jimmy's Bar" ou coisa semelhante.

- Posso falar com Mr. Cullen? - perguntou Savalas.

- Um momento - foi a resposta.

Em seguida, uma voz de mulher, perguntando o que ele desejava.

- Eu queria falar com Mr. Cullen - repetiu Savalas. Estive com ele a noite passada e ele me disse que eu podia...

- É mesmo? - interrompeu a outra. E como era ele?

Savalas passou a descrever o homem do Cadillac, mas a mulher, do outro lado da linha, começou a chorar, ao mesmo tempo em que dizia:

- Olha aqui, seu bastardo. Não sei bem o que você está tentando fazer, mas você está falando de meu marido e ele morreu há dois anos.

Savalas apresentou suas perplexas desculpas, acrescentando que certamente houvera em tudo aquilo, algum equívoco lamentável.

Mas ainda não era aquele o fim da história. Umas poucas semanas depois, ele foi ao encontro da mulher, pois a coisa era fantástica demais para o seu gosto e ele queria deslindar o enigma. Achou mesmo que alguém estaria tentando divertir-se macabramente à custa da pobre senhora. Acontece que ela confirmou que a roupa que o homem do Cadillac vestia, no encontro com Savalas no "parkway", era a que usara ao ser enterrado seu corpo, dois anos antes. Só não conferia o timbre de voz, que Savalas afirmava ter sido um tanto mais agudo, e que ela insistia em dizer que fora uma voz grossa, como a dele, Savalas. O resto era aquilo mesmo. E mais: o homem se suicidara...

Ao terminar a narrativa, nem Savalas nem o entrevistador têm muito a dizer.

- Meu Deus! - comenta Peter Panton. Você poderia até escrever uma novela sobre isso!

- Bem - diz Savalas. Que acha você disso? Aí está uma coisa que para mim é ridícula.

Com isto, mudou o rumo da conversa e o assunto.

O dramático relato de Telly Savalas nos leva a singulares reflexões. Esta, por exemplo: como são enigmáticos os mecanismos da mente! O famoso ator, criado nas agitadas ruas de Nova York, habituado a abrir espaço para si mesmo onde quer que esteja, dotado de reconhecido talento como ator premiado, passa, na sua excelente entrevista, a imagem de um homem realista e objetivo, tal como o detetive durão que representa nas telas. Confessa honestamente ser do tipo que somente aceita aquilo que for nítido e incontestável, como "dois mais dois, que fazem quatro". No entanto, quando fatos não menos nítidos e incontestáveis demonstram a ele, pessoalmente - e não em segunda mão - que o dois da chamada morte somado ao dois da manifestação póstuma do ser, produzem o quatro da imortalidade, ou, no mínimo, da sobrevivência do ser, ele só tem um comentário perplexo: "Isto não pode acontecer com um sujeito como eu! Ridículo!"

Qualquer outra ciência, doutrina ou vetor do conhecimento humano que dispusesse de tão impressionante acervo de fatos como a realidade espiritual, teria atrás de si e na sua base, um consenso, senão uma sólida unanimidade. Não obstante uma pessoa inteligente, vivida e civilizada, posta irreversivelmente perante o fato vivo, não tem o que dizer senão que lhe parece ridícula a realidade testemunhada. E pensar que essa pessoa, como todos nós, é também um espírito sobrevivível... 

Estranhos, de fato, são os mecanismos da mente no ser encarnado...

Antes de encerrar este pequeno relato, convém relembrar a experiência do nosso Cornélio Pires, conforme ficou referido de início. Infelizmente, tenho de contar o episódio de memória, dado que não consegui localizar meu exemplar de Coisas do Outro Mundo, talvez emprestado com alguém.

Cornélio foi uma figura sensacional. Alegre, jeitão meio caipira, andava pelo interior do Brasil como verdadeiro desbravador, levando a toda parte, sua arte ingênua de humorista, sem palavrões e sem recorrer à pornografia tão em moda hoje. O rádio apenas engatinhava, a TV era ainda um sonho nem sonhado, as estradas de rodagem, meras picadas abertas na solidão de campos e montes, os automóveis raros e importados, postos de gasolina e oficinas ainda mais escassos, espalhados pela vastidão do país. Mesmo assim o bravo Cornélio circulava por aí, num calhambeque já muito sofrido, dirigido por um motorista não menos valente que ele. Era comum ficarem atolados pelas estradas ou de molas quebradas em lugares ermos, sob chuva pesada ou soleira inclemente. Nas cidadezinhas do interior, Cornélio e seu fiel motorista hospedavam-se em modestíssimos hotéis, sempre contando suas histórias, seus "causos", suas piadas e vendendo os livrinhos que escrevia. E sempre de bom humor. Foi um grande sujeito. E espírita convicto. Coisas do Outro Mundo é uma delícia de livro, tão injustamente esquecido, como os demais de autoria do bom Cornélio.

De volta ao mundo espiritual, continuou a escrever seus versos de espontânea ingenuidade e pureza, como este que uma amiga minha psicografou em 17 de julho de 1981: 

Foi aqui na tapera de Nhô Chico
Que o José da casa do Cerrado,
Rapaz de boa fala e muito rico,
Encontrou pousada em seu telhado. 

Andava o rapaz em noite escura
À procura de pouso e algo quente
Já que o baio perdera a andadura
E caíra em brejo repelente...

Nhô Chico, preto velho em abandono,
Deu ao rapaz café, pouso e conversa,
Mas pediu-lhe reza antes do sono.

"Meu fio, neste chão de terra dura,
Ninguém pisa debaixo da coberta
Sem louvar a Jesus em reza pura!"

Numa dessas viagens pelos ermos, o calhambeque resmungou, corcoveou e parou, resfolegante. Vira daqui, vira dali, e nada de a "fubica" pegar e se por em marcha novamente. Foi quando surgiu na estrada, um homem, jeito meio caipira, paletó jogado no braço, conversa fácil e simpática. Quis logo saber do que se tratava, disse que entendia um pouco de mecânica e deu logo com o enguiço, que estaria sendo provocado por uma peça quebrada. "Por acaso", tinha até em seu poder exatamente a peça quebrada que, logo substituída com indiscutível competência, restituiu a saúde à "fubica" do Cornélio. Ante a alegria geral, o querido humorista e escritor voltou-se para agradecer ao providencial "mecânico", mas ele simplesmente desaparecera, como se fosse feito de fumaça...

E a gente ainda acha que sabe algo a respeito desses mistérios que Deus colocou nas coisas que fez... 

Hermínio C. Miranda
Do livro: As mil faces da realidade espiritual

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