terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Ano novo

Ano novo

Irmão X.




Quando o desvelado orientador chegou ao Planeta, encaminhando o aprendiz à experiência nova, o lar estava em festa, na celebração do Ano Novo. 

Musicas alegres embalavam a casa, flores festivas enfeitavam a mesa lauta. Riam-se os jovens e as crianças, enquanto os velhos bebiam vinhos de júbilo. 

O devotado amigo abraçou o tutelado e falou: 

- Nova existência, meu filho, é qual Ano Novo. Enche-se o coração das esperanças mais belas. Troca-se o passado pelo presente. Rejubila-se a alma na oportunidade bendita. 

Promessas divinas florescem no coração. 

O tempo é o tesouro infinito que o Criador concede às criaturas. Não esqueças, todavia, que a concessão de um tesouro é título de confiança e toda confiança traduz responsabilidade. Tanto prejudica a obra de Deus o avarento que restringe a circulação dos valores, como o perdulário que os dissipa, olvidando obrigações sagradas. 

O tempo, desse modo, é benfeitor carinhoso e credor imparcial simultaneamente. Na terra a maioria dos homens não chegou ainda a compreendê-lo. 

Os ignorantes perdem-no. 
Os loucos matam-no. 
Os maus envenenam-no. 
Os indiferentes zombam dele. 
Os vaidosos confundem-no. 
Os velhacos enganam-no. 
Os criminosos perturbam-no. 
Riem-se dele os pândegos. 
Os mentirosos ridicularizam-no. 
Os tolos esquecem-no. 
Os ociosos combatem-no. 
Os tiranos abusam dele. 
Os irônicos menosprezam-no. 
Os arbitrários dominam-no. 
Os revoltados acusam-no. 
Aproveitam-no os trabalhadores fiéis. 

O tempo, contudo, meu filho, pertence ao Senhor e ninguém pode subverter a ordem de Deus. 

É por isso que, ao fim da existência, cada um recebe conforme usou o divino patrimônio. 

Vale-te, pois, da oportunidade nova, sem olvidares o dever, convicto de que ninguém falará ou agirá no mundo, em vão. 

O homem precipita-se. O tempo espera. 
O primeiro experimenta. O segundo determina. 

Se atingires a alegria de recomeçar, alcançarás, igualmente, o dia de acertar. 

Lembra-te de que o tempo ensinará aos ignorantes. 
Anulará os loucos. 
Envenenará os maus. 
Zombará dos indiferentes. 
Confundirá os vaidosos. 
Esclarecerá os velhacos. 
Perturbará os criminosos. 
Surpreenderá os pândegos. 
Ridiculizará os mentirosos. 
Corrigirá os tolos. 
Combaterá os ociosos. 
Ferirá os tiranos. 
Menosprezará os irônicos. 
Prenderá os arbitrários. 
Acusará os revoltados. 
Compensará os trabalhadores fieis.

Calou-se o venerável ancião. 

Havia risos à mesa domestica, expectativa no candidato à reencarnação, sorrisos paternais no velhinho experiente. 

O sábio abraçou novamente o discípulo e despediu-se rematando: 

- Não te esqueças de que o tempo é generoso nas concessões e justo nas contas. Vai, porém, meu filho, e não temas. 

Nesse instante, à maneira do homem, cheio de esperanças, que penetra o Ano Novo, o aprendiz reingressou na onda do nascimento.




Irmão X. por Chico Xavier do livro: Pontos e Contos






segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

O sono inimigo

O sono inimigo

Vianna de Carvalho




A disciplina mental constitui fator decisivo para o êxito de qualquer empreendimento. 

Sem uma equilibrada ordem de ideias, hábito salutar de meditação, exercício de fixação do pensamento nos informes, atenção cuidadosa, os tentames para a liberação do pessimismo e dos pontos de vista arraigados fazem-se precários, quando não totalmente inócuos. 

Isto porque a acomodação natural ao "já sabido" predispõe o homem a uma indiferença pelo conhecimento novo, quando não lhe ocorre a obliteração do discernimento, através de uma anestesia nos centros da razão. 

No que tange ao estudo e à assimilação do Espiritismo, o fenômeno amiúde se repete desanimador. 

A quase generalidade de adeptos acostumados às expressões do culto exterior das religiões, ao transporem a ponte para a comunhão direta, sem as fórmulas nem os condicionamentos externos a que se habituaram, padecem estranhos mal-estares, inquietação e derrapam no sono dominador. 

Ultrapassados os primeiros momentos de deslumbramento e entusiasmo, sutilmente a modorra se lhes instala e os desprevenidos aprendizes tombam vitimados pelos vapores entorpecentes. 

A questão exige de imediato uma cuidadosa e contínua reação, a fim de impedir-se o agravamento do mal. 

O estudo de qualquer doutrina impõe o contributo do esforço e da persistência. 

Para uma perfeita aprendizagem do conteúdo da Doutrina Espírita, uma leitura apressada e interrompida não produz o resultado desejado. Não obstante a quase totalidade das suas lições morais poder ser armazenada em decorrência de breves exames, os seus complexos mecanismos filosóficos e científicos — base para a valorização do comportamento religioso — exigem maior soma de esforços. Isto, porém, somente será possível mediante um estudo metódico, organizado, contínuo, através do qual se abarcam os conhecimentos libertadores, fonte da perfeita integração nas nobres informações de sabor insuperável que são os princípios doutrinários. 

A inúmeros candidatos, dotados de fé natural, parece não interessar as complexidades doutrinárias, atendo-se, naturalmente, à elevada feição ético-religiosa com que se enriquecem de paz. 

Dedicam-se à prática da caridade, por todos os meios possíveis, participam dos trabalhos práticos, promovem Cultos Evangélicos do Lar; todavia, logo se candidatam ao esclarecimento pela leitura ou audição das mensagens, nas conferências, são tomados pela insuportável sonolência. 

De início, deve-se levar em conta o cansaço, a monotonia da voz que lê ou a falta de motivação do ensino dado pelo palestrante. Além disso, convém salientar-se a psicosfera do recinto, saturada, quiçá, de fluidos perniciosos. 

Todavia, não se deve considerar secundária a interferência de mentes viciosas do Mundo Espiritual, adversárias algumas dos candidatos à renovação, que o intoxicam, perturbam ou produzem hipnose de longo alcance com que os impedem de aprender, melhorar e progredir. 

Apresentam-se esses companheiros loquazes bem dispostos, enquanto se movimentam. Logo, porém, se aquietam, ao invés da interação mental na concentração, assimilam o torpor que os invade, e dormem, avassalados pela força que lhes parece superlativa. 

Pessoas asseveram que se encontram atentas e melindram-se quando admoestadas, informando "estar ouvindo tudo". Outras justificam que se trata de fenômeno de "desprendimento mediúnico para trabalhar em parcial desdobramento". Terceiras alegam que em "espírito aprendem melhor, adquirindo cabedal que retorna à consciência no momento próprio". 

São alegações desculpistas, sem fundamento, carecentes de lógica. 

Impostergável o esforço de combater a "epidemia da sonolência" nas atividades e estudos da Doutrina Consoladora. 

Ensejar-se um relax antes de dirigir-se à Sociedade Espírita é condição valiosa para predispor-se convenientemente. 

Poupar-se à alimentação exagerada ou de difícil assimilação, a fim de não ser molestado pelo fenômeno orgânico da digestão. 

Motivar-se interiormente para o que vai Ver ou ouvir, participando dinamicamente, ao invés de deixar-se apenas arrastar, reflexionando, discutindo mentalmente o assunto exposto. 

Sentar-se bem, não, porém, comodamente em exagero, que propicia, pela má postura, o fácil adormecimento. 

Orar antes dos sinais da indisposição, renovando a paisagem psíquica. 

Sorver água fresca ou borrifar a face com água fria quando a ocorrência suceder no lar e reencetar a tarefa. 

Acima de todas as regras expostas, insistir, porfiar, trabalhar-se até criar condições salutares, hábito novo para as ideias revitalizadoras e abençoadas de que não pode prescindir no compromisso da evolução espiritual. 

O sono à hora em que se impõe a vigília torna-se inimigo cruel. 

Nenhuma chance deve-se dar ao sono, nos recintos de estudo e aprendizagem, locais de meditação e prece. Santuários do intercâmbio mediúnico e de iluminação interior. 

Ou o candidato vence o sono ou o sono desta ou daquela procedência, especialmente o produzido pelos Espíritos Inferiores, inutiliza e vence o aprendiz das lições superiores, impedindo-o temporariamente de avançar e com ele se comprazendo, retidos na retaguarda.


Vianna de Carvalho por Divaldo Franco do livro: Enfoques Espíritas







domingo, 29 de dezembro de 2019

Voltarás amanhã

Voltarás amanhã

Emmanuel




Não repouses na gleba de possibilidades que o Divino Amor te confiou no coração da Terra.

Voltarás amanhã para colher o que hoje semeias.

Ninguém te pede milagres de santidade num dia.

A árvore vigorosa não cresceu de improviso.

A cidade em que renasceste não se levantou de repente.

Tudo se desenvolve, minuto a minuto...

A vida impõe-te “agora” as consequências do “antes”.

Somos hoje no espaço e no tempo, a projeção do que fomos...

Se a dor é a tua mestra constante, agradece-lhe o serviço e aprende a lição. Ela é o recurso invisível com que a Bondade do Senhor te arrebata ao labirinto das sombras de ti mesmo.

Se recebeste alguma facilidade para atravessar, com êxito, a escura região terrestre, não te confies à preguiça ou à vaidade, para que o sofrimento não seja convidado a desintegrar a gelada neblina em que te sepultarás sem perceber.

Não te esqueças.

A oportunidade passa, mas a luta adiada volta sempre.

Amanhã reencontrar-te-ás contigo mesmo, na paisagem que o mundo te oferece, nos ideais que esposas, nos trabalhos confiados à tua mão ou na pessoa do próximo que honras ou menosprezas...

Cumpramos, agora, os nossos iluminados deveres à face da Lei. Convertamos nossa experiência pessoal em serviço a todos, transformando as horas, que Deus nos empresta, em bênçãos de utilidade, beleza, graça e harmonia e o futuro constituir-se-á para nossa alma em abençoado e celeste caminho de ascensão.

Não critiques destruindo.

Não julgues o mal por mal.

Não firas a ninguém.

Não revides os golpes da sombra para que te não demores nas malhas da treva.

Não retribuas ofensa por ofensa, amargura por amargura, incompreensão por incompreensão.

Ama, auxilia e passa, e, quando regressares à Terra, amanhã, o mundo receberá teus pés, em chuva de bênçãos.



Emmanuel por Chico Xavier o livro: Instrumentos do Tempo






sábado, 28 de dezembro de 2019

Polêmica religiosa

Polêmica religiosa

Bezerra de Menezes



Filhos, não vos entregueis aos conflitos da palavra em torno dos assuntos concernentes a Fé. Respeitai-vos em vossas crenças, nelas compreendendo os múltiplos degraus da escada que vos compete subir, para alcançardes em seu ápice, a Verdade integral.

Enquanto muitos polemizam a respeito do bem a ser feito, o mal continua se propagando e fazendo milhares de vítimas no mundo todo. Deixai para mais tarde os temas que não vos sejam essenciais ao entendimento... Vede que os caminhos díspares são indispensáveis às diferentes experiências que o espírito carece de realizar.

Que os homens de fé procurem imitar os homens de ciência que se unem por uma causa comum. Quem discute religião, no fundo, pretende as benesses de Deus só para si - no que, caso o Criador o atendesse, revelaria a sua face inconciliável diante da Criação.

Sabei que o entrelaçamento das religiões que hoje vos separam é apenas uma questão de tempo. Felizes os que já lograram antecipá-lo em si mesmos, predispondo-se à fraternidade pela unidade da Fé. Já que Deus é único, não existem dois caminhos que a Ele conduza; logo todas as estradas de acesso ao Criador são convergentes - a divergência é uma condição meramente humana, que ainda fala do egoísmo milenar ao qual viveis escravizados.

Pensai mais e de modo mais abrangente do que tendes pensado até então. O Cristo foi, sobre a Terra, a personificação do amor. Não vos esqueçais de que o Amor vos conduz ao Reino dos Céus antes que a Verdade seja capaz de fazê-lo.

Filhos, não vos creiais redimidos pela vossa crença. A verdade tão somente liberta, - liberta a criatura encarcerada na ilusão para que, através do esforço imprescindível, ela dê inicio ao seu processo de sublimação espiritual. Estendei as vossas mãos e sede fortes e unidos contra o materialismo avassalador, que - este sim - representa o perigo real para a Humanidade.

Bezerra de Menezes do livro: A coragem da fé por Carlos A. Bacelli




sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Respeito mútuo

Respeito mútuo

Emmanuel



Compadece-te dos que não pensam com as tuas ideias e não lhes encareces a vida em tua própria vida, afastando-os da senda a que foram convocados.

Chamem-se pais ou filhos, cônjuges ou irmãos, amigos ou parentes, companheiros e adversários, diante de ti, cada um daqueles que te compartilham a existência é uma criatura de Deus, evoluindo em degrau diferente daquele em que te vês.

Ensina-lhes o amor ao trabalho, a fidelidade ao dever, o devotamento à compreensão e o cultivo da misericórdia, que isso é dever nosso, de uns para com os outros, entretanto, não lhes cerres a porta de saída para os empreendimentos de que se afirmam necessitados.

Habituamo-nos na Terra a interpretar por ingratos aqueles entes queridos que aspiram a adquirir uma felicidade diferente da nossa, entretanto, na maioria das vezes, aquilo que nos parece ingratidão é mudança do rumo em que lhes cabe marchar para a frente.

Quererias talvez titulá-los com os melhores certificados de competência, nesse ou naquele setor de cultura, no entanto, nem todos vieram ao berço com a estrutura psicológica indispensável aos estudos superiores e devem escolher atividades quase obscuras, não obstante respeitáveis, a fim de levarem adiante a própria elevação ao progresso.

Para outros, estimarias indicar o casamento que se te figura ideal, no campo das afinidades que te falam de perto, no entanto, lembra-te de que as responsabilidades da vida a dois pertencem a eles e não a nós, e saibamos respeitar-lhes as decisões.

Para alguns terás sonhado facilidades econômicas e domínio social, contudo, terão eles rogado à Divina Sabedoria estágios de sofrimento e penúria, nos quais desejem exercitar paciência e humildade.

Para muitos terás idealizado a casa farta de luxuosa apresentação e não consegues vê-los felizes senão em telheiros e habitações modestas, em cujos recintos anseiam obter as aquisições de simplicidade de que se reconhecem carecedores.

Decerto, transmitirás aos corações que amas tudo aquilo que possuis de melhor, no entanto, acata-lhes as escolhas se te propões a vê-los felizes.

Respeita os pensamentos e afinidades de cada um e aprende a esperar.

Todos estamos catalogados nas faixas de evolução em que já estejamos integrados.

Se entes queridos te deixam presença e companhia, não lhes conturbes a vida nem te entregues a reclamações.

Cada um de nós é atraído para as forças com as quais entramos em sintonia.

E se te parece haver sofrido esse ou aquele desgaste afetivo, não te perturbes e continua trabalhando na seara do bem.

Pelo idioma do serviço que produzas, chamarás a ti, sem palavras, novos companheiros que te possam auxiliar e compreender.

Não prendas criatura alguma aos teus pontos de vista e nem sonegues a ninguém o direito da liberdade de eleger os seus próprios caminhos.

Se as tuas afinidades pessoais ainda não chegaram para complementar-te a tranquilidade e a segurança é que estão positivamente a caminho.

E assim acontecerá sempre, porque fomos chamados a amar-nos reciprocamente e não para sermos escravos uns dos outros, porque, em princípio, compomos uma família só e todos nós somos de Deus.


Emmanuel por Chico Xavier do livro: Irmão



quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Individualismo

Individualismo

Emmanuel



Em contato com os ideais da Revelação Nova, o homem, sentindo dilatar-se-lhe naturalmente a visão, começa a perceber, com mais amplitude, os problemas que o cercam.

Aguça-se-lhe a sensibilidade, intensifica-se-lhe a capacidade de amar. Converte-se-lhe o coração em profundo estuário espiritual, em que todas as dores humanas encontram eco.

Por isso mesmo, acentuam-se-lhe os sofrimentos, de vez que as suas aspirações não surpreendem qualquer sintonia nos planos inferiores em que ainda respira.

Desejaria o aprendiz acompanhar-se por todos aqueles que ama, na caminhada para a vida superior, entretanto, à medida que se adianta em conhecimentos e se sutiliza em sensações, reconhece quase sempre que os amados se fazem dele mais distantes.

Aqui, é a companheira que persevera em rumo diferente, além, é o coração paternal que, por afetividade mal dirigida, dificulta a ascensão para a luz... Ontem, era um filho a golpear-lhe as fibras mais íntimas; hoje, é um amigo que deserta...

Se o discípulo não se rende à perturbação e ao desânimo, gradativamente começa a compreender que está sozinho, em si mesmo, para aprender e ajudar, entendendo, outrossim, que na boa-vontade e no sacrifício adquire valores eternos para si próprio.

Quanto mais cede a favor de todos, mais é compensado pela Lei Divina que o enriquece de força e alegria no grande silêncio.

Na marcha diária, chega à conclusão de que o individualismo ajustado aos princípios inelutáveis do bem é a base do engrandecimento da coletividade. Reconhece que o espírito foi criado para viver em comunhão com os semelhantes, que é a unidade de um todo em processo de aperfeiçoamento e que não pode fugir, sem dano, à cooperação, mas, à maneira da árvore no reino vegetal, precisa crescer e auxiliar com eficiência para garantir a estabilidade do campo e fazer-se respeitável.

Ninguém vive só, mas chega sempre um momento para a alma em que é imprescindível saber lutar em solidão para viver bem.

Para valorizar o celeiro e enriquecer a mesa, a semente descansa entre milhões de outras que com ela se identificam; todavia, quando chamada a produzir com a vida para o conforto geral, deve aprender a estar isolada no seio frio da terra, desvencilhando-se dos envoltórios inferiores, como se estivesse reduzida a lodo e morte, a fim de estender novos ramos e elevar-se para o Sol.

Sem o indivíduo forte e sábio, a multidão agitar-se-á sempre entre a ignorância e a miséria.

Esforço e melhoria da unidade, para o progresso e sublimação do todo, é uma lei.

A navegação a vapor, atualmente, é patrimônio geral, mas devemo-la ao trabalho de Fulton.

A imprensa de hoje é força direcional de primeira ordem, contudo, não podemos olvidar o devotamento de Gutenberg, que lhe amparou os passos iniciantes.

A luz elétrica, nos dias que passam, é questão resolvida, no entanto, a Edison coube a honra de sofrer para que semelhante bênção desintegrasse as noites do mundo.

A locomotiva, agora, é máquina vulgar, mas no princípio dela temos a dedicação de Stephenson.

Na Terra, surgira Newton, invariável, à frente de todos os conhecimentos alusivos à gravitação universal e o nome de Marconi jamais será apagado na base das comunicações sem fio.

Cada flor irradia perfume característico.

Cada estrela possui brilho próprio.

Cada um de nós é portador de determinada missão.

O Espiritismo, confirmando o Evangelho, vem amparar os homens e convidar o homem a aprimorar-se e engrandecer-se, consoante a sabedoria da Lei que determina: "a cada um, segundo as suas obras".



Emmanuel por Chico Xavier do livro: Roteiro.




quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Deus

Deus

Joanna de Ângelis




Após a necessária separação da fé religiosa com a investigação científica dos fatos a partir do século XVII e com o renascimento do atomismo grego, o materialismo avançou com segurança pelos desconhecidos caminhos da realidade.

Deixando à margem as fantasias e as superstições defluentes da ignorância ancestral, de que se utilizavam algumas doutrinas religiosas, que estabeleceram o período do terror da fé, gerador de crimes hediondos, os cientistas sinceros  e os investigadores comprometidos com a consciência livre de dogmatismos e preconceitos penetraram nos arcanos da Natureza e foram interpretando as leis que a constituem, ultrapassando os mitos e estabelecendo novos paradigmas de segurança para o avanço cultural e o progresso em geral.

É compreensível que, após milênios de escravidão e subserviência de qualquer natureza, quando se alcança a liberdade de pensamento e de ação, ocorra o desequilíbrio decorrente da falta de novos conceitos que estabeleçam o que é lícito em relação àquilo que o não é, e o materialismo na sua ampla feição, como era natural, passou a impor-se mediante os métodos absolutistas que  condenava nos comportamentos ancestrais.

Filósofos apaixonados e imprevidentes, assinalados alguns por amarguras e conflitos, declararam a morte de Deus, e investigadores entusiasmados proclamaram que a alma é uma sudorese do cérebro, à semelhança da urina, que é uma excrementação dos rins...

Sem os suportes do bom senso e da razão harmonizada com a emoção, a ética-moral entrou em desvario, e muitos descalabros morais e sociais passaram a ser considerados legais, em nome da liberdade individual e coletiva das massas, tais como: a pena de morte, o suicídio, a eutanásia, o aborto provocado, o gozo exaustivo...

O hedonismo substituiu o sentido psicológico profundo da existência humana, e o prazer tornou-se a meta anelada, tendo–se em vista a brevidade da existência carnal e o exíguo tempo para a função de todos os favores do prazer.

O monstro da guerra encontrou suporte para prosseguir na alucinada destruição de vidas e de culturas e nos enganos do poder capaz de esmagar os outros, a fim de dispor de mais recursos para a ociosidade e para a opulência, sem qualquer respeito pelas vidas que passaram a estorcegar nas suas tenazes vigorosas.
                          
O consumismo substituiu o comportamento saudável do uso correto de todos os recursos; as disputas individuais, coletivas e internacionais tornaram-se perversas e egoístas, demonstrando, porém, que todas as conquistas do conhecimento exterior não lograram tornar mais felizes os indivíduos, nem mais ditosos do que os seus antepassados.

Eliminaram-se, sem dúvida, enfermidades dizimadoras, mas outras surgiram não menos destrutivas; conseguiu-se expulsar da Terra pandemias ultrajantes, enquanto que outras apareceram mais cruéis, ao tempo em que a técnica de diagnóstico mediante tecnologias avançadas descobriu outros fatores de aniquilamento do corpo com caráter degenerativo, ao lado das tremendas perturbações nascidas no vazio existencial, na perda de sentido psicológico, nos tormentos do sexo e nas fugas pelas drogas aditivas e pelos vícios devastadores...

A paisagem humana do materialismo tem sido sombria, atormentada, e os sorrisos que a mascaram, na grande maioria, são mais esgares e extravagâncias do que júbilos...
Para onde caminha a Humanidade? Sem dúvida, apesar de tudo, para Deus!

*   *   *

Diante das circunstâncias e negativas ostensivas, cheias de agressividade e revolta, Deus existe e vela pelo Universo...

Lenta e seguramente, cientistas de valor moral e coragem incomum erguem suas vozes para afirmar que encontraram Deus nas suas retortas, através dos seus instrumentos avançados, seja nas lentes ópticas dos telescópios fora do planeta, como nos microscópios, dos aparelhos de nanotecnologia, da holografia, das ultrassonografias, dos choques de micropartículas, demonstrando a Sua autoria em relação ao Cosmo e a tudo quanto existe.

Alguns deles confirmaram que existe uma Lei moral no Universo que se encarrega de tudo, de maneira consciente e adequada, estabelecendo os paradigmas da realidade.

Outros deslumbram-se, ao concluírem que existe no ser humano um DNA de Deus, responsável pela crença natural de que todas as criaturas são constituídas.

Diversos outros experimentadores audaciosos definem que o rastro de luz, também chamado Bóson de Higgs, resultante do choque de prótons que reproduz a grande explosão, é a assinatura de Deus na Criação.

*   *   *

Ressoa na astrofísica a afirmativa de um grande sábio, afirmando que o Universo é um Grande Pensamento, tem vida, expande-se, e na sua infinita grandiosidade é uma Unidade pulsante.

Alguns graves investigadores optaram por substituir o verbo crer, relativo às várias mudanças que se permitem, pelo saber, e quando interrogados se acreditavam em Deus, responderam com simplicidade e sem explicações Eu sei!

Mais alguns atentos observadores encontraram no cérebro humano, graças às pesquisas de avançada tecnologia, um ponto de luz, que denominaram como ponto de Deus e vários outros investigam as inúmeras expressões de tudo quanto existe, atribuindo-lhes uma causa única, inteligente, que tudo elaborou de apenas um princípio...

No passado, desde Lord Bacon, passando pelos mais notáveis cientistas e investigadores que promoveram o desenvolvimento das diversas doutrinas em que hoje se baseiam algumas teses materialistas, os seus expoentes eram fervorosos crentes em Deus e o declaravam com o valor moral de que se constituíam.

Inelutavelmente Deus está de volta à cultura hodierna.

Não somente através do encontro com Ele nas Leis Universais, assim como no íntimo dos sentimentos que O necessitam, a fim de serem equacionados os tormentos que infelicitam, atirando as suas vítimas aos abismos da insensatez e do suicídio.

Fundamentado todo o seu contributo libertador na crença em Deus, o Espiritismo afirma que Deus é a inteligência suprema e a Causa primeira de todas as coisas, em sintética definição que deram os Espíritos ao Codificador, quando os interrogou.

Deus, portanto, encontra-se ínsito no ser, aguardando ser descoberto e ampliado, assim como no Universo em todas as suas manifestações.

*   *   *

Docemente Jesus chamava-O Pai, numa expressão de infinita doçura e afabilidade, facultando a todos buscá-lO e vivenciá-lO ao longo da experiência evolutiva que mais os aproxima d'Ele.

Permear-se do Seu amor e auscultá-lO na mente e no coração é o dever que a todos cumpre vivenciar neste grave momento de aflições e dores que domina os indivíduos e a sociedade terrena.

(...) Enquanto isso Deus ama e aguarda!


Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 5 de junho de 2013,
na residência de Armandine e Dominique, em Paris, França.

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Cartão de Natal

Cartão de Natal

Meimei




Ao clarão do Natal, que em ti acorda a música da esperança, escuta a voz de alguém que te busca o ninho da própria alma!... 

Alguém que te acende a estrela da generosidade nos olhos e te adoça o sentimento, quais se trouxessem uma harpa de ternura esconda no peito.

Sim, é Jesus, o amigo fiel, que volta.

Ainda que não quisesse, lembrar-lhe-ias hoje os dons inefáveis, ao recordares as canções maternas que te embalaram o berço, o carinho de teu pai, ao recolher-te nos braços enternecidos, a paciência dos mestres que te guiaram na escola e o amor puro de velhas afeições que te parecem distantes.

Contemplas a rua, onde luminárias e cânticos lhe reverenciam a glória; entretanto, vergas-te ao peso das lágrimas que te desafogam o coração... É que ele te fala no íntimo, rogando perdão para os erram, socorro aos que sofrem, agasalho aos que tremem na vastidão da noite, consolação aos que gemem desanimados e luz para os que jazem nas trevas.

Não hesites! Ouve-lhe a petição e faze algo!... Sorri de novo para os que te ofenderam; abençoa os que feriram; divide o farnel com os irmãos em necessidade; entrega um minuto de reconforto ao doente; oferece numa fatia de bolo aos que oram, sozinhos, sob ruínas e pontes abandonadas; estende um lençol macio aos que esperam a morte, sem aconchego do lar; cede pequenina parte de tua bolsa no auxílio às mães fatigadas, que se afligem ao pé dos filhinhos que enlanguescem de fome, ou improvisa a felicidade de uma criança esquecida.

Não importa se diga que cultivas a bondade somente hoje quando o Natal te deslumbra!... Comecemos a viver com Jesus, ainda que seja por algumas horas, de quando em quando, e aprenderemos, pouco a pouco, a estar com ele, com todos os instantes, tanto quanto ele permanece conosco, tornando diariamente ao nosso convívio e sustentando-nos para sempre.

Meimei por Chico Xavier do livro:
Antologia mediúnica do Natal

Curta nossa página no Facebook:
https://www.facebook.com/regeneracaodobem/

Declaração de Origem
- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.
- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.