quinta-feira, 31 de maio de 2018

Nada pode deter a marcha da Doutrina Espírita

Nada pode deter a marcha da Doutrina Espírita

Bezerra de Menezes



Meus filhos,

Permaneça conosco a paz do Senhor!

Recrudescem as lutas. Os anunciados tempos de transição chegam e fragorosas batalhas são travadas.

É indispensável a aferição de valores que devem caracterizar os combatentes.

Dificuldades e desafios apresentam-se no planeta em todas as áreas do conhecimento e do comportamento.

As estruturas mal construídas do passado esboroam-se ante o fragor das demolições incessantes.

A árvore que não foi plantada pelo bem é derrubada, e as casas edificadas sobre as areias movediças ruem desastrosamente. Mas a obra do bem permanecerá suportando os vendavais, enfrentando todos os desafios.

Não nos preocupemos com esses momentos que nos chegam, estabelecendo entre as criaturas o desequilíbrio e estimulando à debandada.

Os discípulos da verdade devem permanecer fiéis aos postulados que abraçam, vivenciando-os.

Não seja, pois, de estranhar, que a incompreensão sitie os nossos passos e obstáculos imprevistos apareçam pela senda que percorremos.

Devemos contar com a consciência ilibada e nunca aguardar o aplauso da insensatez.

Nosso modelo é Jesus, para quem não houve lugar no mundo.

O Codificador igualmente seguiu-lhe as pegadas e soube arrostar as consequências do messianato a que se entregou, incorruptível e tranquilo.

Lamentamos que as maiores dificuldades sejam intestinas em nosso Movimento, mas compreendemos que as criaturas se demoram em diferentes patamares de consciência, possuindo a óptica própria para observação dos fatos e interpretação da mensagem.

Já que não nos é lícito impor a proposta espírita libertadora, não nos preocupemos com as imposições que nos chegam.

Todos estamos informados do fim dos tempos e o egrégio Codificador da Doutrina asseverou-nos que o mundo de provas e de expiações cederia lugar ao mundo de regeneração.

Através dos tempos se tem informado que essa modificação se dará por meio de fenômenos sísmicos dolorosos; por meio de lutas cruentas, em guerras intermináveis; mediante os conflitos humanos. No entanto, se observarmos a História encontraremos todos esses acontecimentos assinalando períodos de transição.

A grande luta deste momento se travará no país da consciência de cada discípulo de Jesus. As convulsões serão de natureza interna. A batalha mais difícil será da superação das más inclinações, administrando-as e direcionando-as para o bem.

Por mais difíceis se nos apresentem as acusações, e por mais terrível seja a morbidez direcionada para impossibilitar-nos o avanço, mantenhamos a serenidade.

Que receio nos podem  proporcionar aqueles que apenas falam contra nós?

Atuando no bem e sabendo confiar no tempo, levaremos a mensagem de libertação da Doutrina Espírita às diferentes Nações da Terra, pulcra, conforme no-la legaram os Espíritos por intermédio de Allan Kardec e dos seus discípulos mais dedicados.

O Movimento expande-se: nada pode deter a marcha da Doutrina Espírita, nem mesmo aqueles que, dizendo-se adeptos da palavra do Codificador, erguem-se para zurzir-nos com as expressões destrutivas, utilizando-se das armas da impiedade disfarçada de dedicação à Causa.

O servidor da verdade permanece–lhe fiel, não divulgando o mal, mas apresentando o bem, mesmo do erro tirando a melhor parte, aquela que serve de lição para não se votar ao engano ou não se estabelecerem novos compromissos negativos.

Confiai, filhos dedicados!

Vossos passos na Terra devem deixar sinais que possam servir de roteiro para os que vierem depois.

O nosso compromisso é com Jesus, o amor, e com Allan Kardec, a razão, para que a religião cósmica da verdade domine os corações humanos, restaurando no planeta a era da legítima fraternidade.

O Espiritismo vem desempenhando o papel para o qual foi codificado.

Não nos detenhamos na análise dos impedimentos, dos erros, mas examinemos a extensão dos benefícios que hoje conduzem milhões de vidas que se norteiam para o Bem.

Não guardemos qualquer ressentimento, nem nos deixemos entristecer ou entibiar, quando as forças parecerem diminuídas.

Não nos permitamos desanimar, porquanto o nosso é um trabalho pioneiro, a nossa é uma tarefa caracterizada pelo estoicismo.

Nossa jornada deve estar assinalada pelo amor; e é natural que ainda não haja lugar para ele entre muitos Espíritos que se encontram em níveis de evolução diferentes.

Avancemos unidos. O ideal de Unificação vem do Mundo Espiritual para a Terra.

Se não formos capazes de discutir as nossas dificuldades idealísticas em clima de paz, de fraternidade, de respeito mútuo, de dignificação dos indivíduos e das instituições, que mensagens podemos oferecer ao mundo e às criaturas estúrdias, desse momento?

Tem-se a medida do valor moral do homem pelas resistências que vive nas lutas que trava.

Os ideais tornam-se grandiosos pelo que provocam nos inimigos gratuitos do progresso.

A Doutrina Espírita, repitamos, é Jesus, meus filhos, em nova linguagem perfeitamente compatível com os arroubos da Ciência e os fatos demonstrados pela experimentação de laboratório, assim como pelas conquistas tecnológicas. Mas, a criatura humana, que é o laboratório da própria evolução, no seu encontro com Jesus por meio da fé racional, clara e nobre, é o campo onde o bem se instalará em definitivo, como célula do organismo social. E dessa criatura transformada teremos a sociedade melhor que o Espiritismo deve construir.

Fiquem, no passado, todos os problemas-desafio.

Fiquem, no silêncio das nossas palavras e no verbo das nossas ações edificantes, os nossos propósitos de servir, confiando que a casa construída na rocha sobreviverá aos fatores externos que, aparentemente, a ameaçam, e o ideal sobrepairará conduzindo todos ao imenso fanal da plenitude.


*   *   *

Senhor de nossas vidas, prossegue conduzindo-nos.

Ovelhas tresmalhadas que somos do teu rebanho, apiada-te da nossa tibieza de caráter, da nossa fragilidade moral e conduze-nos com a tua paciência de Pastor multimilenário, que nos aguarda pelas trilhas da evolução.

Despede-nos, Excelente Filho de Deus, enriquecidos de paz e de entusiasmo, na certeza de que nunca nos deixarás a só, mesmo quando, por qualquer circunstância, resolvamos afastar-nos de ti! Concede-nos então uma outra oportunidade, permanecendo conosco por todo o tempo. Que assim seja!

Muita paz, meus filhos!

Que o Senhor permaneça conosco, são os votos do servidor humílimo e fraternal de sempre,

Bezerra

Bezerra de Menezes por Divaldo Pereira Franco,
ao encerramento da  Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, da  Federação Espírita Brasileira, 
em 10 de novembro de 1996.

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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Excesso e você

Excesso e você

André Luiz



Amigo, Espiritismo é caridade em movimento.


Não converta o próprio lar em museu.

Utensílio inútil em casa será utilidade na casa alheia.

O desapego começa das pequeninas coisas, e o objeto conservado, sem aplicação no recesso da moradia, explora os sentimentos do morador.

A verdadeira morte começa na estagnação.

Quem faz circular os empréstimos de Deus, renova o próprio caminho.

Transfigure os apetrechos, que lhes sejam inúteis, em forças vivas do bem.

Retirem da despensa os gêneros alimentícios, que descansam esquecidos, para a distribuição fraterna aos companheiros de estômago atormentado.

Reviste o guarda-roupa, libertando os cabides das vestes que você não usa, conduzindo-as aos viajores desnudos da estrada.

Estenda os pares de sapatos, que lhes sobram, aos pés descalços que transitam em derredor.

Elimine do mobiliário as peças excedentes, aumentando a alegria das habitações menos felizes.

Revolva os guardados em gavetas ou porões, dando aplicação aos objetos parados de seu uso pessoal.

Transforme em patrimônio alheio os livros empoeirados que você não consulta, endereçando-os ao leitor sem recursos.

Examine a bolsa, dando um pouco mais que os simples compromissos da fraternidade, mostrando gratidão pelos acréscimos da Divina Misericórdia que você recebe.

Ofereça ao irmão comum alguma relíquia ou lembrança afetiva de parentes e amigos, ora na Pátria Espiritual, enviando aos que partiram maior contentamento com tal gesto.

Renovemos a vida constantemente, cada ano, cada mês, cada dia...

Previna-se hoje contra o remorso de amanhã.

O excesso de nossa vida cria a necessidade do semelhante.

Ajude a casa de assistência coletiva.

Divulgue o livro nobre.

Medique os enfermos.

Aplaque a fome alheia.

Enxugue lágrimas.

Socorra feridas.

Quando buscamos a intimidade do Senhor, os valores mumificados em nossas mãos ressurgem nas mãos dos outros, em exaltação de amor e luz para todas as criaturas de Deus.




Texto de André Luiz em referência ao Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XIII – Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita / Instruções dos Espíritos / A caridade material e a caridade moral - Item 10.

André Luiz por Chico Xavier do livro: Espírito da Verdade








terça-feira, 29 de maio de 2018

Vasos de barro

Vasos de barro

Emmanuel



“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que na sublimidade seja da virtude de Deus e não de nós”.
– Paulo (II CORINTIOS, 4:7.)

Não te furtes a transmitir os dons do Evangelho.

Se caíste, levanta-te e estende as mãos, construindo o melhor.

Se estiveste em erro até ontem, reconsidera o gesto impensado e ajuda aos semelhantes.

Se doente, permanece na confiança, encorajando e esclarecendo a quem te ouve a palavra.

Se cansado, recompõe as próprias forças na fé, e prossegue amparando sempre.

Caluniado, perdoa e esquece o golpe, procurando servir.

Menosprezado, não firas ninguém e esforça-te por ser útil.

Perseguido, esquece o mal e faze o bem que possas.

Insultado, olvida toda ofensa e auxilia sem mágoa.

Em meio de todas as fraquezas e vicissitudes que nos rodeiam a alma, estejamos convictos com o apóstolo Paulo de que possuímos o conhecimento da verdade e a flama do amor, como quem transporta um tesouro em vasos de barro, para que a excelência da virtude resplandeça por luz de Deus e não nossa.

Emmanuel por Chico Xavier do livro:
Palavras de Vida Eterna

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segunda-feira, 28 de maio de 2018

União

União

Meimei



Beneficência pouco lembrada e atitude das mais importantes — a caridade de unir.

Onde encontres qualquer fagulha de discórdia, auxilia a extingui-la nas fontes da paciência e da tolerância.

Quantas horas perdidas na esterilidade das discussões sem proveito!

Quanta separação desastrosa por bagatela!…

Deixa a cada um as suas próprias crenças e pontos de vista.

Muitos não tiveram as tuas oportunidades de observar e de aprender.

Nem todos aqueles que se te fazem companheiros dos mais queridos conseguem pensar pela onda mental em que raciocinas.

Ama-os, porém, e aceita-os tais quais são.

Anota a sabedoria da Natureza: no mundo das plantas, todas pertencem ao mesmo reino, entretanto, cada uma se caracteriza por utilidades determinadas.

Não entres em divergências e hostilidades que já fizeram, entre os homens, guerras e conflitos, inumeráveis, com perseguição e sofrimento para milhões de pessoas, sem que isso impedisse o sol de brilhar sobre os campos da morte, replantando as vidas taladas pela foice da violência.

Abstém-te da desarmonia para que não te percas na insegurança.

Quando qualquer ideia de dissensão e revolta contra alguém te assome à cabeça, contempla o céu que envolve toda a Terra e reflete no Amor Infinito de Deus que reúne o perfume das flores com a irradiação das estrelas e deixa que o teu ânimo se enterneça ao reconhecer que todos somos irmãos.

*
Em qualquer parte, todos nós somos filhos de Deus.

*
Não desprezes os que caminham nos andrajos das grandes provas e nem censures os que seguem no carro da fortuna aparente.

Meimei por Chico Xavier do livro:
Palavras do Coração

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domingo, 27 de maio de 2018

Não estais a sós

Não estais a sós

Bezerra de Menezes por Divaldo Franco




Fonte: Rede Amigo Espírita

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sábado, 26 de maio de 2018

Senhor, que queres que eu faça?

Senhor, que queres que eu faça?

João Marcus

(Pseudônimo de Hermínio C. Miranda)



Consumada a tragédia da crucificação, a doutrina do Mestre parecia destroçada ao nascedouro. Estavam apenas alguns apóstolos aterrorizados e, na memória inconstante do povo, a lembrança de ensinos esparsos do Rabi assassinado. As autoridades políticas e religiosas da época estavam convencidas de que, com o desaparecimento do seu profeta, era só uma questão de tempo a extinção total das “heresias” que ele disseminara. Temos de reconhecer que outro não poderia ser o raciocínio dos dirigentes de então. Quem mais ousaria enfrentar o poder religioso apoiado no procurador de César? E quem eram aqueles obscuros pescadores e operários para levantarem novamente a bandeira que Jesus fizera tremular? Modestos seguidores do Cristo, não estavam eles aparentemente preparados para a gigantesca tarefa que tinham diante de si: a propagação e a institucionalização do Cristianismo. O Messias não os escolhera pelos seus dotes intelectuais e sim pelas faculdades espirituais que só ele percebia neles.

E, então, as coisas começaram a acontecer de maneira insólita. Primeiro, ainda sob a doce luz do amanhecer, foi o tremendo impacto da aparição do líder “morto” a Madalena. Em seguida, a nobre figura de Jesus também se mostrou a outros amigos e discípulos, nos quais, finalmente, eclodiram as várias mediunidades na cena dramática do pentecostes. Teria sido aquela a faculdade que o Cristo vira nos rudes companheiros que recrutara?

No entanto, faltavam ainda alguns componentes no quadro que se armava. Era evidente que o movimento não seria abandonado à sua própria sorte, pois resultara de um trabalho longo, extenso e profundo, programado com minúcias nas elevadas esferas e executado com fidelidade absoluta no plano terreno. Como o Cristo se recolhera ao mundo espiritual, era de lá que viria agora a orientação. A pregação que durara cerca de três anos não ficaria restrita aos judeus, como a princípio se acreditou. O Cristianismo não seria apenas mais uma seita judaica: tinha planos mais arrojados, mas disso ainda não sabiam os que lutavam por ele do lado encarnado da vida. No mundo espiritual, no entanto, já estava eleito aquele que iria assumir o encargo gigantesco de iniciar a institucionalização e a universalização da doutrina de Jesus. Faltava somente chamá-lo aos seus compromissos. O homem era Saulo de Tarso, mas nem ele próprio sabia disso. Ao contrário, se lhe viessem dizer que estava prestes a entregar-se àquela tarefa, teria retrucado com a altivez que então lhe era característica que, ao contrário, empenhava-se em apagar da face da Terra os últimos vestígios das novas e revolucionárias ideias que se contrapunham ao judaísmo estratificado ao longo dos milênios, herança imorredoura de Moisés e dos profetas lendários. Poucos, naquela altura, aceitavam a afirmação do Mestre de que a palavra nova não vinha destruir a Lei, mas fazê-la cumprir-se. A jovem doutrina, cujos fundamentos então foram lançados, vinha dar continuidade ao programa evolutivo da Humanidade, indicando novos rumos ao pensamento, abrindo insuspeitadas perspectivas à especulação.

Saulo estava escolhido e, como homem, não sabia ainda do seu programa de trabalho. Seu chamamento não se deu nos salões pomposos da sinagoga majestosa, nem na presença dos imponentes membros do Sinédrio ou à vista das multidões na praça pública; ele foi chamado numa poeirenta estrada, batida pelo sol causticante, sob o testemunho de dois ou três companheiros de viagem, atônitos diante do que se passava com o orgulhoso rabino.

Num segundo, Saulo se viu atirado ao chão. Quando se levantou, não era mais Saulo, o doutor da lei; largara na poeira da estrada a crisálida endurecida e morta do orgulho e levantara-se como Paulo, o Apóstolo da nova ordem. É que às vezes precisamos cair para subir...

A cena é de profunda e imorredoura significação. Seu conteúdo espiritual é tão impressionante e inesgotável que ainda hoje, lendo a narrativa de Emmanuel, não podemos deixar de sentir outra vez a sua carga emocional. A pergunta de Paulo — acima de tudo — ainda ressoa aos nossos ouvidos. Identificado o Mestre, na visão deslumbrante que até o sol ofuscava, perguntou o futuro apóstolo:

— Senhor, que queres que eu faça?

No momento, não era muito o que desejava o Cristo: apenas que o homem de Tarso prosseguisse sua viagem para Damasco. Lá lhe seria dito o que fazer.

Podemos imaginar o tumulto que se precipitou no espírito aturdido do jovem doutor. Além do mais, estava cego. Seu destino era incerto. Somente em Damasco saberia que rumo tomaria a sua vida. Todos os valores, que até ali considerara, haviam ficado na poeira da estrada com o seu orgulho, agora inútil e incômodo. Algumas horas antes era um temido defensor dos preceitos de Moisés, investido de autoridade e poderes para esmagar a ferro e sangue a seita herética. Agora, não passava de um pobre cego, meio trôpego, incumbido de uma tarefa que nem sabia qual seria.

Em Damasco encontrou Ananias, que lhe restituiu a visão e o levou ao encontro do seu destino.

*

Nem todos somos chamados de maneira tão dramática aos nossos compromissos espirituais. Nem todos merecemos a visão deslumbrante do Cristo. Todos, porém, tivemos o nosso Ananias, na figura majestosa de Kardec, que, com a Doutrina dos Espíritos, removeu as “escamas” que até então impediam a nossa visão da realidade superior. Não precisamos mais repetir a pergunta de Paulo a Jesus.

Ao abrir os nossos olhos, o Espiritismo nos indica o caminho a seguir. As tarefas são aquelas mesmas que Paulo empreendeu com tamanha dedicação, amor e coragem: divulgar o conhecimento que nos foi confiado, espalhar por toda parte o consolo da doutrina que renova, explicar que o Espiritismo não exige iniciação, não se embaraça em dogmas, não impõe sacramentos, não ilude com vãs promessas redentoras a troco de fórmulas estéreis recitadas e rituais superados. O que ele nos propõe é a reforma interior que traga na sua esteira a reforma do mundo em que vivemos. Quer arrancar do fundo de nós, para a luz da nossa consciência, o homem novo de que falava Paulo. Deseja que estendamos a mão ao companheiro que sofre, qualquer que seja a sua raça, nacionalidade, crença ou descrença.

Ao lançar entre os homens a Doutrina Espírita, Kardec renovou o sonho de Paulo, que foi o primeiro a ter a visão universal de uma doutrina regeneradora.

Não precisamos mais perguntar ao Cristo o que devemos fazer — nossa tarefa está claramente diante de nós. Não importa se não dispomos de uma tribuna, de um microfone ou de uma coluna na imprensa — Paulo também não os tinha; sempre haveremos de dispor da atenção de irmãos nossos que ainda não tiveram a ventura de se recolherem à paz da verdade. Se alguns não quiserem ouvir, não faz mal — passemos adiante, transmitindo a palavra da esperança àqueles que estão maduros para ela. Se algum contratempo nos atingir, não importa. Também nas suas andanças pelo mundo, às vezes acontecia a Paulo ser escorraçado das cidades que visitava; muitas vezes foi preso, batido, apedrejado e insultado.

Entre os judeus ortodoxos era um renegado desprezível, entre os cristãos ainda bisonhos da primeira hora, um sonhador audacioso que, no afã de levar a Boa Nova a todos os povos, dispensava mesmo a circuncisão, atraindo para o Cristo até os gentios.

Por tudo isso, a lição de Paulo continua válida e a servir de roteiro aos espíritas, esses novos portadores da mensagem viva de Jesus.

João Marcus
(Pseudônimo de Hermínio C. Miranda)
Livro: Candeias na noite escura

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Nota explicativa: Hermínio C. Miranda também assinava seus artigos como João Marcus e H.C.M. Este expediente foi sugerido e adotado pelo editor da Revista Reformador, para que pudessem ser publicados mais artigos dele em um mesmo número da revista.

O livro, Candeias na noite escura, é uma compilação com os melhores artigos de Hermínio na revista Reformador assinadas sob o pseudônimo de  João Marcus.


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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Toque de luz

Toque de luz

Meimei




Talvez não saibas que, em plena luz do dia, inúmeros irmãos nossos se movimentam de alma em sombra.

Observa.

Dialogarás com eles e perceberás que, psicologicamente, se mostram longe.

No entanto, às vezes, não são simplesmente monossilábicos, mas também duramente agressivos.

Renteando com eles, recorda que, em muitas ocasiões, na Terra, nos sentimos divididos entre o apreço que devemos aos outros e o sofrimento que carregamos em nós.

A noite na alma decorre de causas diversas.

Em alguns companheiros, procede do pessimismo com que rejeitam as provações que se lhe fazem precisas; em outros, nasce dos conflitos que sustentam consigo próprios.

Terás pessoas amigas que te ouvem, atendendo à cortesia, mas trazendo os sentimentos em tribulações inconfessáveis; e surpreenderás, ainda outras, que te respondem a essa ou aquela proposta, sem a mínima percepção dos temas aos quais te vinculas, em vista de se acharem completamente voltadas ao desespero.

As vezes, semelhantes companheiros, quebrados de dor, a dentro deles próprios, permanecem junto de ti.

Localizar-se-ão, provavelmente, entre aqueles que mais amas.

Quando te vejas a frente de criaturas assim desoladas, a se esforçarem para que não lhes anotes os processos de angustia, não lhes revolvas o fel com perguntas e apontamentos desnecessários.

Ouve-lhes as confidencias sofridas e silencia quando não lhes possas doar alguma frase de esperança e consolo.

E seja qual for o quadro de provações em que se debatam, oferece-lhe um gesto de amizade e compreensão, acrescido pela bênção de um sorriso, porque para dissipar as sombras de um coração atormentado, muitas vezes, basta isso, porque um sorriso de simpatia é sempre um toque de luz.

Meimei por Chico Xavier do livro:
Deus Aguarda

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