segunda-feira, 30 de abril de 2018

No caminho comum

No caminho comum

André Luiz



Diz o Egoísmo – exijo.
Diz o Evangelho – cooperei.

Clama o Egoísmo – eu tenho e posso.
Clama o Evangelho – O Senhor lembrar-se-á de nós com a sua Bênção.

Pede o Egoísmo – entende-me.
Pede o Evangelho – deixa-me auxiliar.

Grita o Egoísmo – sou amado.
Afirma o Evangelho – amo.

Diz o Egoísmo – nunca mais.
Diz o Evangelho – servirei ao bem, sem descanso.

Assevera o Egoísmo – não suportei.
Assevera o Evangelho – o Céu dar-me-á resistência.

Clama o Egoísmo – jamais perdoarei.
Clama o Evangelho – desconheço o mal.

Diz o Egoísmo – tudo é meu.
Diz o Evangelho – tudo é nosso.

O Egoísmo reclama.
O Evangelho sacrifica-se.

O Egoísmo absorve.
O Evangelho se espalha em doações.

O Egoísmo recolhe para si.
O Evangelho semeia com amor, a benefício de todos.

O Egoísmo precipita-se.
O Evangelho espera.

O Egoísmo toma posse.
O Evangelho auxilia.

O Egoísmo proclama: - eu.
O Evangelho apregoa: - nós.

É fácil conhecer a nossa posição dentro da vida.

Pelas nossas próprias atitudes, no caminho comum, nas relações habituais de uns para com os outros sabemos, em verdade, se ainda estamos na noite do personalismo delinquente ou se já estamos atingindo a alvorada renovadora com o inolvidável Mestre da Cruz.

André Luiz por Chico Xavier do livro:
Apostilas da Vida

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domingo, 29 de abril de 2018

Provações e expiações

Provações e expiações

Haroldo Dutra Dias




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sábado, 28 de abril de 2018

Para libertar-nos

Para libertar-nos

Emmanuel




A preguiça conserva a cabeça desocupada e as mãos ociosas.

A cabeça desocupada e as mãos ociosas encontram a desordem.

A desordem cai no tempo sem disciplina.

O tempo sem disciplina vai para a invigilância.

A invigilância patrocina a conversação sem proveito.

A conversação sem proveito entretece as sombras da cegueira de espírito.

A cegueira de espírito promove o desequilíbrio.

O desequilíbrio atrai o orgulho.

O orgulho alimenta a vaidade.

A vaidade agrava a preguiça.

Como é fácil de perceber, a preguiça é suscetível de desencadear todos os males, qual a treva que é capaz de induzir a todos os erros.

Compreendamos, assim, que obsessão, loucura, pessimismo, delinquência ou enfermidade podem aparecer por autênticas fecundações da ociosidade intoxicando a mente e arruinando a vida.

E reconheçamos, de igual modo, que o primeiro passo para libertar-nos da inércia será sempre: trabalhar.



(De “Passos da Vida”, de Francisco Cândido Xavier por Emmanuel / Espíritos Diversos)







sexta-feira, 27 de abril de 2018

A bicicleta e o ciclista

A bicicleta e o ciclista

Richard Simonetti


Richard Simonetti

“O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?”

“São distintos uma do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria”.
(- Questão nº 25 “O Livro dos Espíritos”- Allan Kardec)


Não há controvérsia em expressões assim:

— Fulano tem espírito — é inteligente.

— Beltrano é espirituoso — possui senso de humor.

— Ciclano é espiritualizado.

— Cultiva valores morais.

A dificuldade surge quando empregamos a palavra espiritualista para designar pessoas que admitem a existência da Alma, a individualidade eterna que sustenta o corpo físico e o situa como um ser pensante.

Para muitos trata-se de mera fantasia religiosa, sem base científica.

Concebem que capacidade de pensar é mero resultado da organização e do funciona­mento de células cerebrais, que produzem o pensamento, assim como o fígado produz bile ou as glândulas de secreção interna produzem os hormônios.

Afirma jocosamente o patologista:

— Dissequei centenas de cérebros. Jamais encontrei o Espírito.

Interessante frase de efeito que não diz nada.

Porventura teria ele desvendado misterioso mecanismo a gerar o pensamento no interior das células?

Alguma pesquisa teria surpreendido ideias sendo produzi­das pelos neurônios, da mesma forma que o pâncreas secreta a insulina?

A matéria não pensa.

Situemos, a título de ilustração, algo bem simples: - A bicicleta.

Trata-se de um veículo de transporte muito eficiente que, para movimentar-se, não prescinde da força motriz gerada pelo ciclista.

O corpo é a bicicleta que o Espírito usa para a jornada humana.

A bicicleta sem o ciclista é um objeto inanimado.

O corpo sem o Espírito é mero aglomerado de células em desagregação.

A união do Espírito com o corpo intelectualizou a matéria, transformando o ancestral símio antropoide num ser pensante, da mesma forma que a presença do ciclista torna a bicicleta um veículo andante.

Em defesa da tese materialista, que nega a individualidade espiritual que anima o ser humano, fala-se em paralelismo psicofisiológico.

Trocando em miúdos:
O homem é um produto de seu próprio cérebro.

Por isso, o que lhe afeta os miolos repercute em sua atividade motora, sensorial, intelectual, mental...

Proclama o materialista:
— A prova de que a inteligência independe da suposta presença do Espírito está no fato de que se ocorrer um problema qual­quer com o tecido cerebral teremos dificuldade para exercitar as funções intelectivas e fisiológicas.

Raciocínio simplista.

Sendo o cérebro o instrumento de sua manifestação no plano material, obviamente o Espírito estará na dependência dele.

O ser imortal pode ser muito inteligente, muito culto, mas se a caixa craniana apresentar grave disfunção teremos um deficiente mental.

Algo semelhante a um ciclista que ficará impossibilitado de transportar-se em sua bicicleta se um pneu furar ou romper-se a corrente que traciona as rodas.

Um exemplo mais ilustrativo:
Quando falo ao telefone, se­ria o cúmulo da ingenuidade meu interlocutor imaginar que conversa com meu aparelho. O telefone é apenas o instrumento de nosso contato. Se apresentar defeito a comunicação ficará prejudicada.

Devemos atentar, ainda, para outro aspecto que liquida a tese materialista.

Há doentes mentais submeti­dos aos mais sofisticados exames que não revelam nenhuma disfunção orgânica, nem mesmo nos circuitos cerebrais. Enigmas para os médicos, que se limitam a prescrever lhes tranquilizantes.

A Doutrina Espírita explica que o problema é decorrente de uma obsessão. O paciente tem comprometida sua integridade mental pela influência de inimigos espirituais.

O tratamento em hospitais psiquiátricos espíritas — passe magnético, água fluída, sessões de desobsessão, reuniões evangélicas — opera prodígios, afastando os obsessores e promovendo a cura do paciente.

Isso não ocorre apenas com problemas mentais.

Há casos em que a ação do obsessor provoca males físicos que desafiam a Medicina.

Durante meses um homem sofreu dores intensas nas pernas.

Os médicos não conseguiam um diagnóstico. Exames clínicos e laboratoriais nada revelavam.

O paciente irritava-se quando lhe diziam que se tratava de um problema psicológico. 

Esbravejava:
— Dor não tem psicologia!

Mesmo assim, em desespero, submeteu-se à Psicanálise.

Resultado nulo.

Saturado de tanto sofrer pedia que lhe amputassem as pernas. Um amigo o convenceu a procurar o Centro Espírita.

Lá explicaram-lhe que estava sendo assediado por um Espírito que, a pretexto de vingar-se de passadas ofensas, impunha-lhe aquela tortura.

Ficou sabendo que em vida passada assassinara aquele que hoje o martirizava. Quebrara suas pernas, abandonando-o em região deserta, atormentado por dores intensas.

Durante alguns meses submeteu-se ao tratamento com passes magnéticos e água fluída. 

Recebeu orientações quanto ao estudo, a reforma íntima, a prática do bem...

Seu empenho, aliado às reuniões de desobsessão e à interferência de benfeitores do além, modificaram as disposições de seu perseguidor. Sensibilizado, disposto também à renovação, ele se afastou.

Em breve, como por encanto, as dores desapareceram.

No livro “O Que é a Morte” Carlos Imbassahy vai mais longe:
“Há um fato desconcertante para a Fisiologia e sobretudo para os fisiologistas, no caso das lesões cerebrais, isto é, quando há operações em partes essenciais do cérebro sem que a consciência e a inteligência fossem suprimidas ou mesmo alteradas.”

Dentre inúmeras citações que ilustram sua afirmação, reporta-se a um suboficial da guarnição de Antuérpia, na Primeira Guerra Mundial, que durante anos sofreu persistente dor de cabeça. Não obstante, cumpria normalmente suas obrigações.

Morto repentinamente, foi submetido à autópsia.

O patologista constatou, surpreso, que ele tivera um tumor na cabeça.

O cérebro estava reduzido a uma pasta purulenta.

Incrível que tenha conservado a sanidade mental e motora, sobrevivendo à desintegração da massa encefálica!

Comenta Imbassahy:
“Em suma, o que a Fisiologia descobriu é que, normalmente, comumente, o cérebro é necessário à manifestação do Espírito. O estudo de determinados fatos fisiológicos, psíquicos ou metapsíquicos, provam, entretanto, que a dependência não é constante, absoluta. O Espírito faz-nos, por vezes, o efeito de certos mágicos a quem se amarra ou acorrenta com laços e cadeias irremovíveis; ei-los, porém, que se desembaraçam, não se sabe como, e se apresentam em cena, sorridentes, completamente livres. O mecanismo cerebral é inútil como prova a favor das doutrinas materialistas.”

Mais cedo ou mais tarde a Ciência admitirá o fundamental:
O homo sapiens que há muito domina a Terra é apenas uma manifestação do Espírito eterno que intelectualiza a matéria em favor de suas experiências evolutivas nos domínios da carne.

Sem o binômio corpo-espírito jamais se operaria o desenvolvimento mental que retirou o Homem do fundo das cavernas para elevá-lo às culminâncias da civilização tecnológica.

Richard Simonetti
Fonte: Reformador nº2000 – Novembro/1995


Revista Reformador Nº 2.000 de Nov. 1995.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

História de uma sessão

História de uma sessão

André Luiz




Organizado a sessão de estudo evangélico, os Espíritos Benfeitores, através das doces intimações da prece, foram convidados à execução de regular empreitada.

520 orientações a companheiros doentes com especificações e conselhos técnicos.

50 passes magnéticos, em benefício de enfermos encarnados.

200 intervenções de socorro a entidades sofredoras, ausentes do equipamento físico.

35 visitas de assistência a lares distantes.

150 notas socorristas para desligamento de obsessores e inimigos inconscientes.

E devem ainda eliminar dois suicídios potenciais, evitar um homicídio provável, afastar as possibilidades de dois divórcios infelizes e ajustar mais de cem entendimentos, em favor da fraternidade, da harmonia e da reencarnação.

Em troca, os componentes da assembléia deviam dar de si mesmos um pouco de alegria, de fé viva, de serenidade e de paciência, com algumas palavras de carinho e amizade para sustentarem o clima vibratório, necessário à realização das tarefas indicadas aos colaboradores invisíveis que começaram a atuar.

Iniciada a empresa, porém, depois de alguns raros amigos haverem atendido heroicamente aos encargos que lhes competiam, eis que a reunião se veste de sombras.

O nevoeiro da ociosidade mental invadiu quase todos os departamentos da casa.

Dois prestimosos cooperadores passaram a visitar o pensamento dos companheiros encarnados, rogando concurso urgente, mas o silêncio e a inércia continuaram operando.

Consultando, em espírito, com respeito à contribuição de que se faziam devedores, cada qual
respondia a seu modo, falando mentalmente.

Um cavalheiro deu-se pressa em esclarecer que era ignorante e imprestável.

Um jovem tribuno do Evangelho afirmou-se doente e incapaz.

Um companheiro de serviço alegou que se sentia envergonhado e inapto para qualquer comentário construtivo.

Uma senhora perguntou se os Espíritos Amigos não poderiam solucionar os compromissos da sessão em cinco minutos.

Um lidador juvenil explicou que se sentia diminuído à frente dos mentores e experimentava o receio de falar sem brilho, depois deles.

Um antigo beneficiário solicitou a concessão de maca em que pudesse confiar-se ao repouso.

Um ouvinte preocupado adiantou-se consultando o relógio e bocejou entediado.

Uma robusta irmã pediu fosse colocada uma cadeira preguiçosa em lugar do banco áspero que a servia.

E quase todos, incluindo jovens e adultos letrados e indoutos, necessitados ou curiosos, descansaram na improdutividade, acreditando que é sempre melhor observar sem responsabilidade, à espera do fim.

E a sessão, que deveria ser manancial cantante de bênçãos com alegria e paz, união e entendimento de corações fraternos e calorosos na fé, prosseguiram até à fase final, qual se os companheiros estivessem situados num velório de grande estilo, cercados pelo crepe arroxeado da tristeza e do luto, queimando o incenso precioso do tempo em câmara funerária.

Que entre nós, meus amigos, assim não aconteçam.

Espiritismo é amor e contentamento.

Sempre que desejardes a vitória do bem, auxiliai o bem e plantai-o.

Trazei até nós o concurso da boa vontade, que é a alavanca de todos os prodígios do progresso, enriquecendo-nos o santuário comum com os dons da saúde e da esperança, do otimismo e da fé.

Permutemos experiências e corações.

Amparemo-nos aos outros.

A nossa Doutrina Consoladora é Sol e não devemos esquecer que a vida é ação permanente, porque a inércia, em toda parte, é sempre a antecâmara da estagnação ou da morte.



André Luiz por Chico Xavier do livro: - Apostilas da Vida




quarta-feira, 25 de abril de 2018

O que mais sofremos

O que mais sofremos

Albino Teixeira



O que mais sofremos no mundo:
  • Não é a dificuldade. É o desânimo em superá-la.
  • Não é a provação. É o desespero diante do sofrimento.
  • Não é a doença. É o pavor de recebê-la.
  • Não é o parente infeliz. É a mágoa de tê-lo na equipe familiar.
  • Não é o fracasso. É a teimosia de não reconhecer os próprios erros.
  • Não é a ingratidão. É a incapacidade de amar sem egoísmo.
  • Não é a própria pequenez. É a revolta contra a superioridade dos outros.
  • Não é a injúria. É o orgulho ferido.
  • Não é a tentação. É a volúpia de experimentar-lhe os alvitres.
  • Não é a velhice do corpo. É a paixão pelas aparências.

Como é fácil de perceber, na solução de qualquer problema, o pior problema é a carga de aflições que criamos, desenvolvemos e sustentamos contra nós.

Albino Teixeira por Chico Xavier do livro:
Passos da Vida

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terça-feira, 24 de abril de 2018

O anjo consertador

O anjo consertador

Irmão X.



Quando o crente enfermo conseguiu encontrar, após longas súplicas, o Anjo Consertador, prosternou-se, reverente, e falou, banhado em lágrimas:

– Benfeitor Celeste, socorre-me, por piedade! Trago o estigma do fracasso. Sou profundamente infeliz!... Contra mim permanecem associadas todas as forças do mal. Nas menores particularidades do caminho sou perseguido sem remissão... Meus negócios falham, meus interesses sofrem prejuízos infindáveis, minha saúde perece... Vivo coberto de preocupações e sofrimentos. Embalde, busco o auxílio da prece, porque, depois de frequentar templos diversos e tentar devoções diferentes, me vejo tão aflito quanto antes. Restaura-me o destino!  És o benemérito consertador das vidas frustradas. Atende-me! sinto-me desfalecer...

Deteve-se o emissário angélico e auscultou delicadamente o desventurado. Mirou-o, compadecido, e considerou :

– Realmente, o seu desequilíbrio comove.

Fixou nele o olhar muito límpido e iniciou carinhoso interrogatório:

– Meu amigo, você tem fé?

– Sim – respondeu o sofredor –, minha confiança em Jesus é ilimitada.

– E deseja, restabelecer sua paz, aplainar seu caminho?

– Suspiro por semelhantes realizações.

O instrutor fez pequena pausa e acrescentou:

– Você sabe que o homem é uma peça viva, dono de uma consciência própria, senhor de uma razão pessoal e herdeiro de Deus...

– Sim, reconheço.

– Pois bem – ajuntou o ministro da espiritualidade –, o serviço restaurador que me compete há que basear-se na aceitação do homem. Não podemos assaltar o coração, quando e criatura, se refugia na cidadela da vaidade e do orgulho. Assim, se você nos aguarda a intercessão, responde lealmente às minhas perguntas.

O enfermo, envolvido na luz irradiante do embaixador celestial, reconheceu que seria inútil mentir.

– Você vive em família e exerce uma profissão regular?

– Sim...

– Compreende seus deveres de amor, gentileza e assistência, para com os domésticos e suas obrigações de respeito, solicitude e atenção para com os superiores e subalternos? Vivendo em comunidade, na luta diária, sabe livrar seu fígado e seu coração das nefastos projeções vibratórias do ódio e da revolta? Exercitar, regularmente, suas noções de fraternidade? Combate a intemperança mental pela contenção dos impulsos inferiores? Procura dar a cada pessoa que o cerca o que lhe pertence? Serve sem reclamações e evita o clima escuro da maledicência? Põe o espírito de serviço acima de suas preocupações individuais? Preserva, em suma, a própria paz?

– Oh! tudo isto é demasiadamente difícil...

– Concordo – observou o anjo –, e elevação demanda esforço, mas o meu irmão não espira à claridade do alto?

– Ora – aventou o doente, um tanto desencantado –, como agir, dentro de tais normas, em ambiente refratário aos nossos ideais? Não tolero exigências, nem aceito cooperação incompleta. E se me vejo rodeado de pessoas sem mérito, segundo meu modo de ver, como tributar-lhes consideração respeitosa? não compreendo a justiça inoperante.

Além disto, no círculo doméstico, sou infenso aos desaforos de quantos me acompanham na vida.

Dou-me, com muito mais harmonia, com estranhos. Meus parentes fazem questão de hostilidade permanente e não cedo um centímetro em meus pontos de vista. Se preferem a guerra aberta, que fazer senão aceitá-la?

O mensageiro esboçou um sorriso discreto e continuou :

– Se sua posição no lar e no trabalho é tão perigosa, vejamos seu campo social. Busca entrosar-se com os seus semelhantes? dedica-se a algum serviço de benemerência? Recebe os sofredores com bondade e esquece facilmente o ataque dos maus? Consegue imunizar seu cérebro e seus nervos contra a influência das forças tenebrosas? Vive com moderação para afastar a indesejável vinheta da inveja, exemplificando a correção para
que os tentáculos da calúnia não lhe atinjam a mente? Age, em tudo, com prudência, justiça e solidariedade fraternal, afim de que o despeito e a inconformação não lhe ameacem a sementeira do bem? Consagra simpatia aos infortunados, ajuda os que erram e procura descobrir o verdadeiro necessitado, contrariando, por vezes, suas próprias inclinações? Sabe ser o médico de si mesmo, auxiliando os aflitos do caminho, para que as emissões benéficas do agradecimento o amparem e curem? Respeita os outros, de modo a ser respeitado pelo maior número de pessoas?

O implorante passou do desapontamento à revolta e objetou:

– Afinal, estou muito distante de tal perfeição. Impossível ser anjo, entre espíritos satânicos.  Se eu me mostrar simpático com os infortunados, talvez me devorem... Em geral, os sofredores são mais preguiçosos que propriamente infelizes. Não sei aturar gente má e acredito que a justiça não existe senão para essa espécie de criaturas. Se me não defender contra os vizinhos, acabarão por esmagar-me.

Fitou no interlocutor divino os olhos enfadados e rematou:

– Justamente por viver enfermo e desalentado é que venho rogar-lhe auxílio...

– Mas, explique-se. Que pretende, então?

– Não és, anjo sublime, o administrador da restauração? Quero o reajustamento da vida, um milagre do socorro celestial.

– Oh! sim – suspirou o emissário –, você também está esperando uma violência de Deus...

E, desvencilhando-se do sofredor, despediu-se, calmo. Devia atender a outros setores de assistência. Massas angustiadas aguardavam-no mais além...

– Oh! abandonas-me, desamparas-me? – gritou o pediste singular, sob forte irritação – o próprio Céu me detestará?

O mensageiro angélico, entretanto, esclareceu, sereno:

– Você ainda não foi desconsertado a ponto de merecer conserto. Antes de nossa intervenção em sua estrada, e sofrimento terá grandes que fazeres ao pé de seu roteiro...

E, acenando para ele com a destra fraterna, concluiu:

– Noutro século, encontrar-nos-emos outra vez...



Irmão X. por Chico Xavier do livro: - Luz Acima