O sonho de Lutero
Vinícius (Pedro Camargo)
Conta-se que, certa vez, Lutero sonhara. Achava-se nos umbrais dos tabernáculos eternos. Interrogou então, sofregamente, o anjo ali de guarda:
— Estão aí os protestantes?
— Não; aqui não se encontra um protestante, sequer.
— Que me dizes?! Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?!
— Já lhe disse, e repito: não há aqui protestantes.
— Então, será que aqui estejam os católicos-romanos, os membros daquela Igreja que abjurei?
— Tão pouco conhecemos aqui os filhos dessa Igreja; não existe aqui romanos.
— Estarão, quem sabe, os partidários de Maomet ou de Buda?
— Não estão, nem uns, nem outros.
— Dar-se-á, acaso, que o Céu se encontre desabitado?
— Tal não acontece. Incontáveis são os habitantes da casa do Pai, ocupando todas as suas múltiplas moradas.
— Dize-me, então, depressa: quem são os que se salvam, e a que Igreja pertencem na Terra?
— A todas e a nenhuma. Aqui não se cogita de denominações, nem de dogmas. Os que se salvam são os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições, guardando-se isentos da corrupção do século. Os que se salvam são os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se dos seus defeitos, renascendo todos os dias para uma vida melhor. Os que se salvam são os que amam o próximo, e renunciam ao mundo, com suas fascinações.
Os que se salvam são os que porfiam, transitando pelo caminho estreito, juncado de espinhos: o caminho do dever. Os que se salvam são os que obedecem à voz da consciência, e não aos reclamos do interesse. Os que se salvam são os que trabalham pela causa da Justiça e da Verdade, que é a Causa Universal, e não pelo engrandecimento de causas regionais, de determinadas agremiações com títulos e rótulos religiosos. Os que se salvam são os que aspiram à glória de Deus, ao bem comum, à felicidade coletiva. Os que se salvam...
— Basta! — Atalhou Lutero. Já compreendo tudo: preciso voltar à Terra e introduzir certa reforma na Reforma.
Não sabemos se, de fato, é verdadeiro este sonho atribuído ao ex-frade agostinho.
Contudo, é o caso de dizermos: se ele não sonhou isso, devia ter sonhado.
Que se edifiquem nas palavras do anjo os espíritas e também os teosofistas com sua terminologia agreste; pois, se Lutero não indagou sobre os tais, é porque na época do sonho não existiam aquelas denominações. Se existissem, certamente o anjo teria dito delas o mesmo que disse das demais.
Vinícius (Pedro Camargo) do livro:
Nas pegadas do Mestre
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Nota: Pedro de Camargo, mais conhecido por Vinícius (pseudônimo que adotou e usou por mais de 50 anos), nasceu em Piracicaba (SP) em 7 de maio de 1878. Desde muito jovem abraçou com entusiasmo o Espiritismo, tendo fundado e dirigido em sua terra natal a instituição espírita “Fora da caridade não há salvação”. Por muitos anos presidiu também a “Sociedade de Cultura Artística”, na mesma cidade. Em 1938, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde permaneceu até a sua desencarnação em 11 de outubro de 1966. A partir de 1949, desenvolveu, através do rádio, um programa evangélico de grande proveito para os espíritas. Teve participação destacada nos esforços em prol da unificação do Movimento Espírita Brasileiro que culminaria com a criação do Conselho Federativo Nacional (CFN). Colaborou por dezenas de anos com artigos que primavam pela essência altamente doutrinária e evangélica publicados em Reformador. (Trecho extraído do site da FEB)
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