Amar os inimigos
Joanna de Ângelis
Devolver ao agressor o petardo da sua violência, revidar o mal com o mal, é nivelar-se àquele que se encontra infeliz ou padece de enfermidade ultriz que o devora, e ele ainda não se deu conta.
O mal é um estado de desarmonia que irrompe açulado por sequazes que o dirigem. Surge sob o estímulo da felonia, da inveja, do despeito, da crueldade, da antipatia, do ciúme, do ódio, todos refletindo o estágio de primarismo daquele que se lhe faz instrumento.
Pode manifestar-se no indivíduo de cultura, assim como no bruto, no civilizado quanto no selvagem, porquanto a posição social e intelectiva não reflete, por si só, estado de elevação, como se poderia, a princípio, supor.
O ser nobre é aquele que reúne ao conhecimento o sentimento superior, à cultura o amor, de modo que, os impulsos do primitivismo que nele remanescem, sejam conduzidos pela bondade e contornados pela grandeza das conquistas morais. Por isso, não cria situações embaraçosas, não perturba, nem persegue, não se faz inimigo de outrem.
Quando alguém se transforma em adversário, reflete o estágio de paixão dissolvente em que se combure.
O inimigo é, portanto, alguém que necessita de compreensão, passo primeiro para o perdão, que nunca deve ser negado.
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Defrontarás inimigos pelo caminho, quer os produzas ou não.
Eles surgem como escalracho asfixiador no meio do trigo feliz, ameaçando a plantação.
Invejosos, sorriem e tornam-se cruéis.
Dizendo-se detentores da verdade, brandem as armas da mentira para aturdir-te e eliminar-te.
Competidores magoados, que se sentem prejudicados nas suas aspirações, infligem-te duras provas, sem perceberem que te ajudam na elevação, se souberes suportá-los.
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Se erraste e te acusam, aproveita o ensejo para te recuperares.
Se são injustos e mentem, alegra-te e ascende na escala evolutiva.
Se te ameaçam a honra e seguem os teus passos, implacáveis, não os temas. Prossegue, sem lhes dares a satisfação de te atingirem.
Seja qual for a forma ou a circunstância, o fato, verdadeiro ou não, que te atiram para mortificar-te e sentirem-se felizes, perdoa-os.
O perdão é bênção para quem o doa.
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Não suponhas ser inatacável, de conduta ímpar, de valor incontestável.
Ninguém passa pelo mundo sem experimentar o acúleo de inimigos no círculo das afeições ou fora dele.
A galeria das suas vítimas nobres ostenta os mais admiráveis membros da humanidade.
De Sócrates a Gandhi, de Jesus a Martin Luther King Jr., desfilaram inúmeros heróis, perseguidos por inimigos desventurados.
As tragédias, nas quais se fizeram vítimas, são fulgurantes mensagens de amor que iluminam a consciência humana na Terra.
Ama, pois, os teus inimigos, desculpando-os, perdoando-os, porquanto eles são muito infelizes e solitários, atormentados e insatisfeitos.
A morte, que a ninguém poupa, também chegará para eles e despertarão sobrecarregados de culpas e dores, que hoje colocam espontaneamente sobre os próprios ombros.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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