segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Cá e lá

Cá e lá

Emmanuel





Cada criatura na Terra permanece na linha de conhecimento e mérito em que se coloca, e, no Além, cada espírito se encontra no degrau evolutivo que já conquistou.

O túmulo é mera passagem para renovação, tanto quanto o berçário é apenas recurso de volta ao aprendizado.

Nascimento e morte se completam por estágios no caminho da vida infinita.

Existem homens, partindo para o Mundo Maior, carreando consigo todo um purgatório de revolta e desencanto, e há quem volte do Plano Espiritual ao campo terrestre, trazendo no próprio ser todo um turbilhão de desespero.

Em razão disso, vemos no mundo infantil comovedores quadros de angústia que somente a chave da reencarnação consegue compreender.

Nas rendas do berço, há minúsculos rostos que as úlceras consomem e, em plena meninice, corpos tenros sofrem mutilação e enfermidade.

Almas que ainda conservam, nas fibras mais íntimas, o braseiro da rebelião e a cinza da amargura, retomam o veículo físico, em aflitivas condições, requisitando comiseração e socorro.

Outras, nos primeiros dias da existência terrestre, revelam nos gestos mais simples o ressentimento e o azedume que herdaram do próprio passado delituoso.

Entendendo a realidade da vida imperecível que nos rege os destinos, recebamos, na criança de hoje, em pleno mundo físico, o companheiro do pretérito que nos bate à porta do coração, suplicando reajuste e socorro.

Lembremo-nos de que mais tarde, provavelmente, chegará nossa vez de implorar o auxílio daqueles que nos deixaram na retaguarda e façamos pela infância de agora o melhor que pudermos.

Estendamos a luz da educação e do amor, diminuindo as sombras da penúria e da ignorância.

É possível que nossos filhos de hoje sejam nossos avós de ontem.

Com eles, talvez tenhamos assumido graves compromissos diante da lei.

Por esse motivo, irmanados uns aos outros, amparemo-nos reciprocamente, compreendendo que, muito possivelmente, eles próprios ser-nos-ão os instrutores e os parentes mais íntimos de amanhã.


Emmanuel por Chico Xavier do livro: Família




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