No aprendizado da fidelidade
Camilo
É complexa a questão da fidelidade, no mundo.
As grandes massas dos indivíduos que compreendem as sociedades terrenas ainda não se acham de todo aclimatadas aos exercícios da fidelidade. Em parte, tal ocorre por razões culturais, cultura desenvolvida ao longo de muitos séculos por Espíritos ainda de evolução rudimentar.
A infidelidade aos ditames do bem, por exemplo, tem sido grandemente difícil, visto que os indivíduos não são acostumados a usar em favor de si mesmos as verdades que já conhecem.
Não conseguem, assim, ser fiéis ao conhecimento adquirido, o que caracteriza o espírito infantil de grandes contingentes humanos.
Como se admitirá que alguém que não é capaz de ser fiel a si próprio poderá ser fiel a quem quer que seja ou ao que quer que seja?
É comum que se verbalize bastante a respeito dos malefícios dos alcoólicos, do tabagismo, dos excessos graxosos no organismo. É comum que as diversas mídias periódicas, televisivas e outras, apresentem entrevistas, reportagens, estudos diversos, encarecendo a necessidade de cuidados acurados, de parte de nomeadas autoridades da área.
Nada obstante, prossegue intenso o consumo de tais produtos, em larga escala, por pessoas que justificam a mantença de seus vícios com o direito à liberdade que detêm.
Difícil é se darem conta de que a questão não diz respeito ao poder de comprar, ou à liberdade de usar, porém, os necessários cuidados dizem respeito à manutenção do bom estado da saúde orgânica, ao cuidado devido ao corpo somático, instrumento de progresso e de redenção do Espírito encarnado.
O problema vai ainda mais longe. Trata-se dos estragos impostos ao corpo sutil da alma, o que se reflete, irremediavelmente, sobre o corpo carnal, seja na mesma encarnação, seja nos dias porvindouros, nas experiências da erraticidade ou no futuro, em novos corpos orgânicos.
Tudo diz respeito também às sintonias forjadas pelos viciosos com seres espirituais igualmente viciados ou instigadores de tais vícios.
A dependência do copo, do garfo, da fumaça, do sexo, da droga, da maledicência etc., costuma servir de atrativo a determinados tipos de Espíritos, que se atiram sobre a pessoa em desarmonia, como moscas ou formigas sobre dejetos; sobre os produtos que as atraem.
O problema, então, deixa transparente o quanto a criatura humana é infiel a sua saúde física, psicológica, moral, espiritual.
Logo, como esperar que seja fiel à família, aos amigos, aos esposos, ou a qualquer pessoa ou coisa a que deva respeito e consideração?
*
A veneranda Doutrina Espírita, por sua vez, aponta-nos incontável número de instruções que nos podem capacitar ao entendimento do valor de sermos fiéis, de modo a resguardarmos a paz consciencial e vivermos felizes.
A fidelidade ao bem corresponde à obediência da razão, uma vez que o indivíduo consegue avaliar, com seus conhecimentos e com sua maturidade, o valor de ajustar-se à fidelidade.
Sempre que a pessoa logra entender o porquê de fazer ou deixar de fazer isso ou aquilo; sempre que a criatura verificou tudo o que pode iluminar-lhe ou empanar-lhe a vida, e se mostra apta a eleger o que constrói, reconstrói ou ilumina a existência em si e ao derredor, alcança, sem embargo, a harmonia, por ser fiel.
E nas páginas brilhantes da Boa Nova, nas referências ao Apocalipse, que o Senhor instiga a alma humana, dirigindo-se às comunidades de fé, às igrejas: "Sê fiel e te darei a coroa da vida."
A vida abundante.
A vida tornada nobre e útil.
A vida que serviu de exemplo benfazejo a outras vidas, coroando seus objetivos terrenos.
Eis o coroamento da vida, da existência. A coroa da vida.
A partir dos estudos sérios do Espiritismo, da compreensão gradual de seus ensinamentos, será de primordial importância investigar a amplitude de tua fidelidade, seja da fidelidade a teus conhecimentos eloquentes, na profissão, seja de teus conhecimentos nos circuitos da crença religiosa; tuas conquistas emocionais na convivência com tua família e com teus demais amigos, mas, fundamentalmente, a fidelidade quanto à realidade de ti mesmo, para o quê está no mundo a generosa Doutrina Espírita.
Estuda o Espiritismo, para que clareies a mente, a cognição, o saber.
Pratica o Espiritismo, para que clareies teus passos humanos, teus movimentos, teu mundo interior.
Vibra na frequência do Espiritismo, a fim de que te situes na sintonia de Jesus, conquistando, assim, a anelada felicidade, que é teu sonho e tua meta.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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