sexta-feira, 25 de julho de 2025

Sexualidade

Sexualidade

Joanna de Ângelis



A busca exorbitante da moderna inconsciência da “civilização cibernética” alcança as apressadas metas perseguidas e logo transfere os alvos, arrojando-os para o futuro, embora a ânsia enlouquecedora de viver-se o momento fugaz e tão somente para o instante fugidiço...

Tal conjuntura fez que se derrubassem os conceitos da velha ética, estruturando-se nova moral, que a cada investida sofre vigorosa modificação, passando à feição das realidades amorais e mergulhando, por fim, no abissal fosso dos estados e manifestações imorais.

Agitando-se para conseguir a felicidade, o homem tecnicista defrontou o prazer, e, perturbado pelo desbordar das sensações em clima febril quão desesperador, coloca a mente no estudo das estrelas e os sentimentos nos estertores do instinto.

Diferença expressiva medeia entre a felicidade e o prazer, o gozo físico e as emoções que produzem dita...

Atirado à voragem de destruir a hipocrisia do passado e produzir o encontro com a autenticidade de consciência, o homem olvidou as medidas do equilíbrio, demolindo com o estridor da rebeldia sistemática os tabus e preconceitos, sem o necessário discernimento que o ajudasse a apresentar as substituições que serviriam de base para as conquistas que o alçariam às alegrias da plenitude. Vem destruindo por destruir.

Em tais investidas, cujos ressaibos já tisnam os apetites, perturbadoramente, o sexo foi dos que maior investimento de forças negativas recebeu.

Da coação a que a intolerância o jugulava, como consequência da ignorância das suas sublimes funções e finalidades, passou à libertinagem com que se apresenta corrompido, em mixórdias repulsivas, nas quais se buscam expressões de gozo que o envilecem, o desnaturam e o desorganizam...

Ontem, tido por “imundo”, passou à nova conceituação como máquina de prazer qual se o homem exclusivamente devesse viver para exercê-lo e não para, através dele, perpetuar a espécie.

De Freud libertando-o, a Marcuse (*) licenciando-o, abusivamente, há um pego de cultura técnica e desequilíbrio moral que não podem ser ignorados.

Antes combatido no exercício das suas funções naturais, é agora apregoado como fonte de vida, em que, todavia, se acumpliciam tormentos sem conto, para a nefanda orgia, que ameaça a estrutura ética da Humanidade, açulando a juventude, como a condená-la à desesperação, senão ao desvario irreversível...

Incontestavelmente o sexo exerce profunda influência na vida física, emocional e espiritual das criaturas.

Santuário da procriação, fonte de nobres emulações e instrumento de renovação pela permuta de estímulos hormonais, a sexualidade tem sofrido a agressão apocalíptica dos momentos transitórios da regeneração espiritual que se opera no planeta.

... Aberrações e desacatos, violência e lascívia de mãos dadas avançam em desordem, conturbando agressivamente e deixando os rastros dos dissabores, das desilusões inomináveis e das frustrações em rios de lágrimas, em corredores sombrios de angústias e alucinações...

Isto porque o sexo, sem a dignidade do amor, desarvora, embrutecendo os apetites que não se fazem saciar e ressurgem mais violentos, constrangedores...

Das condenáveis críticas da mordacidade e da perseguição, o sexo saiu para a praça pública do desrespeito, como a desforçar-se dos padecimentos sofridos na suposição de que o extremado uso reabilitasse o erro da antiga coibição.

O desconserto atingiu as raias da desordem e o despudor corroeu os sentimentos que enobrecem a vida, facultando que cenas de desarranjo mental, emocional e fisiológico assumam cidadania, nas suas paisagens de dor e desaire.

Proliferam, então, à margem, as chantagens, as perseguições, os despautérios, os aplausos, os crimes, em cenários de ridículo, em aflições obsessivas cruéis...

Transexualidade ou homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade e assexualidade que se exteriorizam no campo da forma ou nas sutis engrenagens da psique têm suas nascentes e funções nas tecelagens do espírito.

As expressões em que hoje a sexualidade se manifesta e recebe o ridículo ou a chacota, o aval, a imitação da sociedade, examinadas pelo lado espiritual, merecerão de futuro justo tratamento por legisladores e psicólogos, médicos e psiquiatras, educadores e sociólogos que terão corrigida a feição do problema, ensejando mais amplo entendimento nobre da vida em todas as suas manifestações e finalidades.

Singularmente vinculada à anterioridade do espírito, a problemática do sexo exige carinho e caridade, respeito e dignificação.

Organizado pela Divindade para sublimes miseres, não pode ser utilizado levianamente. Todo abuso impõe-lhe imposto de carência; qualquer desconsideração insculpe-lhe desordem e tormento...

Se te encontras num capítulo punitivo da sexualidade, fora da
atividade santificante para a qual o dotou o Criador, não te conspurques nem te degrades, mesmo que a mentalidade da época te seja favorável ou te aplauda...

Preserva tuas forças morais e mantém o teu equilíbrio.

Quando a ardência dos desejos te esfoguearem, lembra-te do lenitivo da oração e reconforta-te demoradamente.

Não derrapes na alucinação nem sorvas a taça licorosa, porém envenenada das satisfações torpes...

Não te acumplicies ou te enredes no problema da emotividade sexual, mantendo o comércio mental, inspirando paixões, provocando tormentos, desequilibrando. . .

Não sejas fator de desdita para ninguém.

Se estás em regime de ordem, examina os que estão agoniados, sob constrições que não imaginas, os que padecem frigidez, exacerbação; os marcados por anomalias desta ou daquela natureza; os inquietados, os perseguidos em si mesmos...

Se te defrontas em campo de prova sob uma ou outra imposição psíquica ou física, espera o amanhã.

Não te apresses.

O problema não será resolvido de um golpe. Não devidamente cuidado, mais se agrava.

A vida não fina no túmulo, não se encerrando toda, somente, na cápsula carnal.

Transforma tuas limitações em forças e ama os ideais de enobrecimento da Humanidade, com que te liberarás da compressão, encontrando a felicidade que anelas.

Ama, seja qual for a situação em que te depares e esparze amor pelo caminho, semeando estrelas de esperanças. Amanhã elas brilharão para ti.

O problema do sexo é do espírito e somente do espírito virá, para ele, a solução.

Assim, cultiva o lar, atende a família, faze-te cocriador na Obra
de Nosso Pai, coopera com os que transitam em dores e edifica na mentalidade geral o conceito segundo o qual o sexo é para a vida e não a vida para o sexo.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Após a tempestade

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Nota (*): Herbert Marcuse nasceu em Berlim, capital da Alemanha, filho de pais judeus. Estudou literatura e filosofia em Berlim e Freiburg, onde conheceu filósofos como Martin Heidegger, um dos maiores pensadores alemães na época. Ele argumentava que a sociedade industrial avançada criava falsas necessidades que integravam o indivíduo ao sistema de produção e de consumo. Comunicação de massas e cultura, publicidade, administração de empresas e modos de pensamento contemporâneos apenas reproduziriam o sistema existente e cuidariam para eliminar negatividade, críticas e oposição. O resultado, dizia, era um universo unidimensional de ideias e comportamento, no qual as verdadeiras aptidões para o pensamento crítico eram anuladas.
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