quinta-feira, 3 de julho de 2025

Metapsíquica e Mediunidade

Metapsíquica e Mediunidade

Vianna de Carvalho



Durante vários anos cuidou-se de confundir a Metapsíquica com a Mediunidade, numa oposição sistemática, organizada pela vaidade das academias contra a série de fenômenos que Allan Kardec estudou, catalogou e difundiu defendidos mais tarde por sábios não menos eminentes do que os reacionários.

O insigne professor Charles Richet, talvez o maior adversário da Mediunidade, criou o termo Metapsíquica como ramo da Psicologia Experimental, que definiu como a "ciência que tem por objeto os fenômenos mecânicos ou psicológicos devidos a forças que parecem inteligentes ou a potências desconhecidas, latentes na inteligência humana", para com ela provar a fragilidade do fenômeno mediúnico.

Entretanto, o fenômeno mediúnico não é novo. Em todas as épocas da história do pensamento surgiram homens dotados de poderes extraordinários que contribuíram com valiosos recursos para o auxílio moral da sociedade em crescimento, dando origem às crenças e práticas religiosas dos povos.

Fenômenos que foram a glória de Civilizações já mortas, sepultadas nos lençóis das águas ou sob areais ardentes, renasceram no Egito, na índia, na Hebreia, florescendo entre os mistérios templários, cercados de símbolos complicados e rituais severos. Grécia, Roma, Gálias, no esplendor dos seus dias, ouviram deslumbradas as mensagens das Vozes Soberanas pelas bocas de seus Pitons, Sibilas e Pítias em "divinas convulsões", traçando diretrizes e fazendo revelações que o tempo confirmava inexoravelmente.

Akhenaton, o sábio rei egípcio, ouve vozes e concebe o monoteísmo.

Abraão é chamado por Mensageiros Espirituais em Ur, na Caldéia, e conduzido pelo deserto ao país de Canaã, "onde manam leite e mel."

Moisés, guiado pelos Espíritos do Senhor, liberta os hebreus e anota, no Sinai, o Ditado Celeste como Lei indefectível.

Isaías conversa com os Imortais e anuncia o advento de Jesus Cristo.

Zoroastro, aos 30 anos, contempla "visão divina" e revoluciona a Pérsia.

O príncipe Sidhartha, tomado de súbita angústia, abandona a Corte, refugia-se na floresta e, em meditação, aos 35 anos, "encontra a verdade", mantendo contato com o Além-Túmulo.

Sócrates, em pleno apogeu filosófico, deixa-se orientar pelo seu "daimon."

Saulo de Tarso recebe a visita de Jesus, às portas de Damasco, e perde, temporariamente, a visão.

Constantino conduz seus exércitos ao triunfo, orientado por uma visão.

Francisco Bemardone é chamado pelo Senhor às margens de um regato, em Espoleto, e reanima a Igreja cambaleante de Roma, reemprestando-lhe o suave odor do Cristo.

Joana D'Arc é guiada por visões de desencarnados e escuta diretrizes verbais dos seus Guias.

Pela boca de Swedenborg "falam os anjos", desde a infância.

As convulsões demoníacas e angelicais atestadas pela Igreja, na grande noite medieval, eram devidas à faculdade medianímica dos supostos possessos.

A ignorância - causa de tantos males - cercou esses fenômenos naturais com o maravilhoso e o divino, vestindo-os de fantasiosas imaginações que muito lhes desfiguraram a realidade.

Foi com o advento do Espiritismo que teve início a fase do estudo científico da Mediunidade ou, mais precisamente, depois de Allan Kardec. O eminente naturalista Prof. Alfred Russell Wallace foi, na Inglaterra, o primeiro a proceder a investigações de ordem científica, atestando a realidade dos fenômenos através de um inquérito mandado realizar pela Sociedade Dialética de Londres.

Já então, a Doutrina Espírita, que explicava a Mediunidade como sendo uma faculdade que permite ao homem sentir "num grau qualquer a influência dos Espíritos", passou a ser motivo de observação, estudo, confirmação e combate.

Teorias absurdas foram concebidas para negar o fenômeno, já que os sábios e eruditos se negavam a aceitar a explicação das suas causas, ou mesmo admitir a existência dos agentes que o provocavam.

Hipóteses respeitáveis foram apresentadas. Entre as mais eminentes destacam-se a do subconsciente, introduzida na Fisiopsicologia pelo ilustre Prof. Pierre Janet, e a do Animismo, que mereceram do filósofo russo Alexandre Aksakof acurado estudo apresentado em 1890 na sua obra monumental: ANIMISMO E ESPIRITISMO, hoje clássico da Doutrina Espírita pela valiosa documentação selecionada e sistematizada.

Médiuns famosos, de comprovada idoneidade moral, deixaram-se submeter ao mais rigoroso controle científico, produzindo, apesar de todas as precauções contra a fraude, fenômenos físicos e psíquicos, ante exigentes e vigilantes comissões de homens célebres de todo o Globo.

Se é verdade que o subconsciente do Prof. Janet e a "Força ódica" de Reichenbach são responsáveis por alguns fenômenos tidos por mediúnicos, não explicam várias ocorrências de fenômenos de mediunidade catalogados entre as ordens intelectuais ou parapsíquicos e físicos. Podemos destacar, na primeira classe, a clarividência, a xenoglossia e a glossolalia na mediunidade poliglota, e a premonição; na segunda classe, as materializações luminosas, levitações, etc. E para citar alguns fenômenos à distância como escrita direta, voz direta e telecinesia, apresentando apenas alguns que mereceram de todos os pesquisadores continuado estudo e positiva comprovação.

No entanto, a teoria do subconsciente apresentada pelo insigne psicologista já fora estudada por Allan Kardec em O LIVRO DOS MÉDIUNS, quando expõe as modalidades, mecânica e causas do automatismo psicológico. Também os Espíritos que norteavam o Codificador advertiram-no a respeito das comunicações ditadas por Espíritos irreverentes, ou pelo próprio médium em estado de exaltação patológica.

A Mediunidade foi estudada pelo Apóstolo Paulo, que a experimentava e, escrevendo aos Coríntios, refere-se na primeira Epístola, versículo 4 do capítulo 12, à diversidade de dons.

Mesmo Jesus, o Excelso Mestre, sofreu a dúvida dos sábios do Seu tempo, que interrogavam: - "Que sinal fazes tu para que o vejamos e creiamos em ti?", consoante as anotações de João no capítulo 6.

A Mediunidade é a faculdade que nos traz a consolação prometida pelo Senhor e de que todos se fazem intermediários.

Hoje, em Doutrina Espírita, o fenômeno mediúnico mais importante é o da moral do homem.

As Vozes falam e os Espíritos voltam.

Trombeteando a verdade, conclamam os homens para a verdadeira vida espírita.

Atendamos, assim, aos deveres de mediunidade, desenvolvendo-a nas tarefas do bem, em serviço incessante de aprimoramento interior.

E, consoante o ensino de Erasto, em O Evangelho Segundo o Espiritismo: "O arado está pronto, a terra espera; arai!", prossigamos na lavoura do amor, gerando simpatia e entendimento, há dois mil anos começada por Jesus, o Sublime Médium de Deus.

Vianna de Carvalho por Divaldo Franco do livro:
À Luz do Espiritismo

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