Verdade ou hipocrisia?
Jácome Góes
Talvez seja preciso uma aproximação mais consciente com Deus não na repetição condicionada de preces que morrem no nascedouro dos lábios, mas na firmeza de ideais superiores que revitalizam a energia do espírito. É fácil e cômodo louvar a Deus nos templos, mas humanamente sublime é fazer a vontade do Pai, demolindo os erros para construir os acertos, e matando os vícios pra que possam nascer as virtudes.
Não sei se você concorda comigo, mas eu acho que para alcançarmos um estágio de autoiluminação é preciso conhecer a teoria nos planos da consciência, e o sacrifício da prática nos testes que a própria vida nos impõe.
Sem nos decidirmos por uma razoável limpeza no campo mental, jamais poderá haver enobrecimento da alma. Felizes, então, são aqueles que não guardam “detritos" e "sujeiras" de maldade nos domínios do coração. Esses, sim, sabem reverenciar a vida e realmente louvam o Senhor, não na mentira de falsos ideais, mas na verdade de justos propósitos que se concretizam na renúncia dos vícios e no sacrifício pleno da autoiluminação.
Quem diz quase todos os dias: "Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos ofende” -, mas não consegue "materializar'" em gestos sinceros o que repete em palavras, é um infeliz que é pródigo apenas nas promessas, mas, indigente nas ações...
Toda fé sem a sua real correspondência em obras é nula em seu efeito e morta em sua raiz.
Esquecemos, meu amigo, que o patrimônio eterno do espírito é os dos sentimentos legitimados pela nossa verdade. Damos, às vezes, muito mais valor aos rituais externos e à ostentação dos rótulos, do que mesmo à silenciosa purificação íntima. Ninguém, contudo, será julgado no "tribunal'" Divino, porque é católico, protestante, espírita ou ateu. Nossos atos, sim, serão julgados. Nossas intenções serão avaliadas. Não importa quantas vezes eu tenha ajoelhado e batido no peito: "Eu pecador'". O que "fala” bem mais alto é a dignidade dos meus exemplos e o respeito que eu possa guardar, sempre, no "templo” vivo da minha alma.
Eu me questiono sempre! - Que adianta entoar hinos e depois desafinar na vida, emitindo a dissonante vibração do desamor? - Que adianta a repetição da cruz na testa, se não queremos aprender a selecionar os nossos pensamentos?
- Que adianta o mesmo sinal de paz, na boca, se as nossas palavras expressam a "linguagem” agressiva da maledicência? - Que adianta fazermos o mesmo gesto sobre o peito, se o coração continua a distilar o ódio, esquecer o perdão e fluir o desamor?
Desculpe-me, mas eu insisto: Que adianta repetirmos que o Cristo é nosso Mestre, se nos falta a coragem para aprendermos suas lições? - Que adianta chamá-lo de Guia, se nunca queremos seguir nos caminhos sacrificiais da renúncia? - Que adianta chamá-lo de Senhor, se continuamos servos de outros ídolos e escravos de tantos vícios?
- Você percebe o que nos está faltando? Decisão! Verdade! Persistência! Idealização superior!
Nós já conhecemos o inestimável valor do bem, não apenas pela informação lúcida da teoria, mas, também, pelos "gritos" da nossa própria consciência. Falta-nos, apenas, o compromisso de acioná-lo no gesto e dinamizá-lo na atitude. Se não agirmos com a arma da coragem e o anteparo da fé, continuaremos adorando a Deus na tradição dos costumes, mas, rendendo vênias ao pecado, na fraqueza dos hábitos...
Por tudo isto, eu penso que não podemos continuar na estagnação da indiferença, repetindo, indefinitivamente, os mesmos erros, acumulando as mesmas culpas e abafando os mesmos remorsos... A mudança íntima de sentimentos e ideias deve ser acionada o mais rápido possível, enquanto temos, a nosso favor, a bênção do tempo. Agir é preciso, na sintonia do bem e na harmonia do verdadeiro e legitimo amor.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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