Simplicidade e Pureza de Coração
Eros
Conta-se que, Ramakrishna, tanto quanto o seu discípulo Vivekananda, entre as histórias comovedoras de que gostavam, sempre narravam uma em que ressaltam a simplicidade e a pureza de coração.
Tratava-se de um menino pobre, filho de humilde viúva, que residia fora da aldeia e que, para chegar à Escola, necessitava atravessar um bosque espesso.
Aquele era um lugar temerário, em razão da presença de animais ferozes e de salteadores impenitentes.
As crianças, economicamente bem aquinhoadas que o atravessavam, sempre se faziam acompanhar por servos que as protegiam.
Sentindo-se desamparado, e receando os perigos da floresta, oportunamente a criança pediu à mãe a proteção de um adulto, ao que ela respondeu, lacrimosa:
- É-me impossível consegui-lo, porquanto não dispomos sequer do necessário para o pão, quanto mais um serviço de tal natureza.
Reflexionando um pouco, e muito comovida com o pedido do filho, concluiu:
- Pede ao teu irmão Krishna, para que ele te ajude e aguarde, à entrada do bosque, quando vás e quando voltes da Escola, e te conduza pelo caminho difícil, pois que ele é o Senhor da Vida.
A criança confiante suplicou ao incomparável Benfeitor, que no dia imediato lhe apareceu e, a partir de então, aguardava-o à borda do bosque pela manhã, na ida à Escola e, à tarde, na volta ao lar.
Dialogavam pelo caminho, sorriam e amavam a vida, Quando o seu mestre aniversariou, todas as crianças foram convocadas a levar-lhe um presente.
O órfão solicitou à genitora uma dádiva, que lamentou não o poder atender.
Enquanto porém, ele caminhava pela floresta com Krishna, esse perguntou-lhe pela razão da tristeza que lhe ensombrava a face.
Esclarecido, o Anjo bom ofereceu-lhe uma jarra de leite, para que a brindasse ao professor.
Ao chegar à Escola, o menino acercou-se do mestre, e tentou ofertar-lhe o mimo. Mas esse, que era preconceituoso e aos pobres tratava com desprezo, comentava os valiosos presentes recebidos dos alunos ricos, enquanto que não dava importância ao órfão, que insistia para entregar sua dádiva.
Irritado com o pequeno, solicitou ao ajudante que derramasse o leite em outro vasilhame e lhe devolvesse a jarra, mandando embora o importuno.
Ao fazê-lo, porém, o cooperador percebeu, perplexo, que, à medida que transferia o líquido precioso de uma para outra vasilha, essa novamente se repletava.
Indagada, a criança explicou que fora presente de Krishna, ante a surpresa geral e a incredulidade de todos.
Na sua ingenuidade, o menino falou que diariamente o Sábio o conduzia pela floresta enquanto conversava com ele.
Solicitado a que levasse todos ao sítio do encontro, seguiram-no e, chegando à borda do bosque, ele pôs-se a chamar pelo Avatar, que não apareceu.
Sofrendo o apodo e a zombaria do mestre e dos colegas, que o abandonaram, e se foram, às gargalhadas, deixando-o confuso, pôs-se a chorar.
Nesse momento, ele ouviu a voz do Mestre:
- Não lhes aparecí, porque eles não possuem um coração simples nem puro como tu o tens, para identificar a Verdade e defrontá-la.
Somente aquele que possui a pureza dos sentimentos pode ver o invisível à presunção e à jactância.
A verdade transparece e apresenta-se àqueles que se encontram em condições de penetrá-la.
Quando o ser está repleto de vaidade e vazio de sentimentos, não tem lugar no seu psiquismo para o encontro com a Realidade.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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