Transfusão de energias
Richard Simonetti
Saía Jesus da cidade de Jerico, acompanhado de seus discípulos e de grande multidão, quando um cego, de nome Bartimeu, começou a clamar, em altas vozes:
- Jesus, filho de David, tem compaixão de mim!
Algumas pessoas ordenaram-lhe que se calasse, mas o cego, empolgado pelo desejo de ser beneficiado pelo generoso Rabi, insistia:
- Jesus, filho de David, tem compaixão de mim!
Ouvindo-o, o mestre nazareno recomendou aos discípulos que o trouxessem à sua presença.
- Que queres que eu faça? - perguntou-lhe.
- Senhor, que eu veja.
Compadecendo-se, Jesus estendeu-lhe as mãos, tocando em seus olhos, dizendo:
- Vai em paz. A tua fé te salvou.
No mesmo instante o cego voltou a enxergar e, jubiloso, integrou-se no grupo que acompanhava o Messias.
* * *
Muito mais que pela excelência de seus ensinos, ele seria aclamado pelos fenômenos prodigiosos que operava, particularmente na cura dos males humanos.
Essa procura do maravilhoso marca milenarmente o convívio dos homens com o Cristo. Multidões procuram o taumaturgo, o operador de milagres. Raros enxergam o Mestre por excelência, compreendendo que a maravilha maior será nossa conversão aos seus princípios redentores.
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Jesus curou o cego de Jerico aplicando-lhe o passe magnético, terapia que desenvolveu largamente durante seu apostolado, no que foi imitado pelos discípulos que, em seu nome, aliviavam males do corpo e da alma.
O Espiritismo revive o mesmo tratamento, em toda sua simplicidade, sem magia, sem mistério, sem ritualismo.
O companheiro que se coloca diante do paciente, impondo-lhe as mãos sobre a cabeça, é apenas alguém de boa vontade que concentra seus melhores sentimentos no propósito de favorecê-lo com uma transfusão de energias magnéticas, de dois tipos:
O magnetismo humano, do próprio passista.
O magnetismo espiritual, de benfeitores desencarnados que controlam todo o processo.
A aplicação do passe no Centro Espírita é mera especialização de um dom próprio do ser humano. Todos podemos doar magnetismo curador. Muitos o fazem, inconscientemente.
Há múltiplos exemplos: a mãe que acalenta o filho inquieto ao seio; o médico à cabeceira do doente, preocupado com sua recuperação; o religioso que ora por alguém; a benzedeira que
atende a criança...
* * *
A eficiência do passe está associada a dois fatores: O primeiro é a capacidade do passista. Como Jesus foi o modelo perfeito, fácil concluir que o melhor será aquele que mais se aproxime de sua orientação, desenvolvendo valores de serenidade, equilíbrio, dedicação e, sobretudo, amor pelo semelhante.
Embora os companheiros vinculados à tarefa estejam longe desse padrão, a Espiritualidade suprirá suas limitações, desde que não se acomodem às próprias fraquezas, cultivando empenho de renovação e desejo de servir.
O segundo fator, tão importante quando a capacidade do passista, é a receptividade do paciente. Imaginemos uma transfusão sanguínea. O doador faz sua parte mas, no momento de injetar o sangue nas veias do doente, este retira a agulha nele introduzida, inviabilizando a transferência.
O mesmo podemos dizer da transfusão de energia magnética, que para completar-se exige empenho do beneficiário no sentido de sintonizar com aquele que o beneficia.
Aqui entra a fé.
- A tua fé te salvou - proclama Jesus, dirigindo-se a Bartimeu.
Não se tratava de um prêmio à crença irrestrita, mas uma dramática demonstração de que é preciso confiar plenamente nos recursos mobilizados em nosso favor a fim de que possamos assimilá-los integralmente.
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Outro ponto importante a considerar:
O passe é sempre uma terapia de superfície. Pode amenizar os efeitos - doenças e perturbações - mas não atinge as causas profundas, que se exprimem em nossa maneira de pensar, nas falhas de comportamento, nos vícios alimentados. Por isso, se nos limitarmos a recebê-lo, sem analisar mais profundamente as origens de nossos males, eles logo recrudescerão.
Saúde e equilíbrio não se sustentam em concessões gratuitas da Divindade. São conquistas que todos devemos realizar com o esforço da renovação, tendo por roteiro o Evangelho. Nele há tônicos infalíveis que operam prodígios de bem-estar quando deles fazemos uso. Todos os conhecemos sobejamente: a compreensão, a tolerância, a paciência, o perdão, a caridade, o amor, a misericórdia, a bondade...
Oportuno lembrar que frequentemente Jesus dispensava os beneficiários de suas curas, recomendando: “Vai e não peques mais para que não te suceda pior”.
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Mesmo assim, se cumprirmos as disciplinas do passe - fé e empenho de renovação -, ele nos beneficiará muito, revitalizando nossas forças e minimizando nossos males, para que enfrentemos o resgate do pretérito sem tormentos e sem atropelos, com o coração em paz.
Será algo semelhante a colocar abençoada almofada sobre os ombros, a fim de que se faça mais leve a cruz de nossa redenção.
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- Evite atritos, desentendimentos, irritações, agressividade.
Coração conturbado é “veia difícil” na transfusão magnética.
- Alimente-se frugalmente, evitando o sono que advém quando sobrecarregamos o estômago. É imperioso acompanhar atentamente as palestras doutrinárias que precedem a transfusão magnética, nas quais colhemos preciosas orientações.
- Observe a pontualidade, porquanto o passe é o complemento da ajuda que começamos a receber tão logo o dirigente da reunião pronuncia a prece de abertura.
Paciente atrasado, terapia prejudicada.
- Enquanto espera sua vez, fuja de conversas vazias que não condizem com os objetivos da reunião. O folheto com mensagem espírita, tradicionalmente distribuído à entrada, é um convite para que nos disponhamos a meditar em tomo de tema edificante, guardando valioso silêncio.
- Diante do companheiro que vai lhe aplicar o passe, eleve o pensamento em oração, consciente de que a ajuda maior virá do Céu. Quando fluem preces contritas, refluem as bênçãos de Deus.
Richard Simonetti do livro:
Uma razão para viver
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Declaração de Origem
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- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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