domingo, 25 de agosto de 2024

Presença do egoísmo

Presença do egoísmo

Joanna de Ângelis


No fundo das desgraças humanas o egoísmo sempre aparece como causa essencial.

Urde a agressividade e inspira a fuga ao dever sob disfarces inescrupulosos com que passa ignorado.

Remanescente das paixões que predominam em a natureza animal, vige com vigor logrando triunfos de mentira com que não consegue saciar a sede dos gozos nem organizar o bastião de segurança em que busca apoio para a sistemática autodefesa.

*

Examinemo-lo em algumas nuances.

O mentiroso acredita que se exime à responsabilidade do cometimento que oculta e não raro avança no rumo da infâmia ou da calúnia logo a oportunidade se lhe faça propícia.

O egoísmo é-lhe o nefando inspirador.

O perseguidor crê-se amparado pela necessidade do desforço justo ou que procura justificar, transformando-se em implacável algoz.

O egoísmo sustenta-o na empresa inditosa.

O sensualista perverte o próximo, desrespeitando a honestidade das vítimas que lhe caem nas armadilhas.

O egoísmo absorvente emula-o ao desar contínuo.

O avaro amealha com sofreguidão cobrando à sociedade um tributo absurdo, devorando os bens alheios e permitindo-se devorar pela sandice.

O egoísmo faz-se-lhe a força que o propele na infeliz tarefa.

O assaltante de qualquer denominação apropria indebitamente utilizando-se sub-repticiamente da astúcia, da temeridade, do cinismo, da loucura.

O egoísmo domina-o feroz.

O misantropo arroga-se direitos na infelicidade que se impõe e exerce enérgico domínio em torno dos próprios passos com que não amaina a melancolia em que se compraz.

O egoísmo concita-o à lamentável situação.

O vício de qualquer tipo exercendo dominação sobre o homem, sem facultar a outrem qualquer ensancha de prazer.

Crê-se merecedor de tudo e a si mesmo se concede somente direitos e permissividades.

Morbo pestilencial, no entanto. consome aquele que o agasalha e o vitaliza.

Destrói em volta, sem embargo aniquila-se.

*

O conhecimento da vida espiritual constitui o antídoto eficaz a tão violento quão generalizado mal: o egoísmo.

Descarta-te de excessos e, disposto a vencê-lo, distribui o que te seja também necessário.

Não é uma conclamação à imprevidência, tão pouco apoio à avareza.

Imprescindível combater por todos os modos possíveis esse adversário que se assenhoreia da alma e lhe estrangula as possibilidades de libertação.

Ama e espraia-te.

Desculpa e cresce na fraternidade.

Serve e desdobra a esperança.

Ora e dilata os valores da iluminação espiritual, clarificando mentes e corações no propósito excelente de vencer em definitivo esse verdugo que tem sido a matriz de todos os males que pesam na economia moral, social e espiritual da Humanidade.

Joanna de Ângelis por Divaldo Franco do livro:
Leis Morais da Vida

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