Educação e Vida Futura
Léon Denis
Uma constatação dolorosa atinge o pensador na noite da vida. Torna-se ainda
mais pungente por causa das impressões sentidas quando retorna ao
espaço. Ele então percebe que o ensino fornecido pelas instituições humanas
em geral – religiões, escolas, universidades – se nos ensinam muitas coisas
supérfluas, por outro lado não nos ensinam quase nada do que
mais precisamos saber para a conduta, a direção da existência terrena e a
preparação para a vida após a morte.
Aqueles que têm a elevada missão de iluminar e guiar a alma humana
que parecem ignorar sua natureza e seus verdadeiros destinos.
Nos meios acadêmicos, ainda reina uma completa incerteza sobre a solução do
problema mais importante que o homem já enfrentou durante sua passagem na
Terra. Essa incerteza se reflete em toda a educação. A maioria dos professores
sistematicamente exclui de suas lições tudo relacionado ao problema da vida, às
questões de propósito e de finalidade.
Encontraremos a mesma incapacidade no padre. Por suas afirmações
desprovidas de provas, ele é incapaz de comunicar às almas pelas quais é
responsável uma crença, que não mais atende nem às regras da crítica sã nem às
exigências da razão.
Na realidade, tanto na Universidade quanto na Igreja, a alma moderna só
encontra escuridão e contradição em tudo o que toca o problema da sua
natureza e do seu futuro. É a esta situação que devemos atribuir em grande
medida os males de nosso tempo; a incoerência das ideias, a desordem das
consciências, a anarquia moral e social.
A educação dada às gerações é complicada, mas não lhes esclarece o caminho
da vida; não as prepara para as lutas da vida. O ensino clássico pode ensinar a
cultivar, a ordenar a inteligência; ele não ensina a agir, a amar, a devotar-se.
Ensina ainda menos a formar uma concepção do destino que desenvolva as
energias profundas do eu e direcione nossos impulsos e esforços para um
objetivo maior. No entanto, esta concepção é indispensável a todo ser, a toda sociedade, porque é o sustento, a suprema consolação nos tempos difíceis, a
fonte das virtudes e das altas inspirações.
Carl du Prel relata o seguinte fato. (Carl du Prel, Morte e Além, pág.7.)
"Um de nossos amigos, professor universitário, teve a dor de perder sua filha, o que nele reviveu a questão da imortalidade. Recorreu aos colegas, professores de filosofia, na esperança de encontrar consolo em suas respostas. Foi uma amarga decepção: pedira pão, deram-lhe uma pedra; procurava uma afirmação, lhe responderam com um “talvez”!"
Francisque Sarcey, esse modelo consolidado do professor universitário, (Petit Journal, crônica, 7 de março de 1894.)
escreveu:
"Eu estou nesta terra. Não faço ideia de como aqui cheguei e por que me jogaram aqui. Igualmente ignoro como vou sair daqui e o que vai acontecer comigo quando isso acontecer".
Não se pode admitir com mais franqueza: a filosofia da escola, depois de tantos
séculos de estudo e trabalho, ainda é apenas uma doutrina sem luz, sem calor,
sem vida. (Sobre os exames universitários, M. Ducros, reitor da Faculdade de Aix, escreveu no Journal des Débats em 3 de maio de 1912: "Parece que entre o aluno e as coisas há como uma tela, não sei que nuvem de palavras aprendidas, de fatos dispersos e opacos. É especialmente na filosofia que se experimenta essa dolorosa impressão."). A alma de nossos filhos, jogada entre sistemas diversos e
contraditórios: o positivismo de Auguste Comte, o naturalismo de Hegel, o
materialismo de Cousin etc., flutua incerta, sem ideal, sem objetivo preciso.
Disso resulta o desânimo precoce e o pessimismo dissolvente, as doenças das
sociedades decadentes, as terríveis ameaças ao futuro, às quais se junta o
ceticismo amargo e zombeteiro de tantos jovens que só acreditam na fortuna e
não honram senão o sucesso.
O eminente professor Raoul Pictet aponta esse estado de espírito na introdução
de sua mais recente obra sobre as ciências físicas (Estudo crítico do materialismo e do Espiritismo, através da física experimental. Félix Alcan, Ed.). Ele fala do efeito desastroso
produzido pelas teorias materialistas sobre a mentalidade de seus alunos, e
conclui:
"Esses pobres jovens admitem que tudo o que acontece no mundo é efeito
necessário e fatal de condições primeiras, nas quais sua vontade não intervém;
consideram que sua própria existência é necessariamente o brinquedo da
fatalidade inescapável, à qual estão de mãos e pés atados.
Tudo isso se aplica não só a uma parte de nossa juventude, mas também a
muitos homens de nosso tempo e de nossa geração, nos quais podemos observar
uma espécie de colapso e cansaço moral.
Myers, por sua vez, admite: “Há”, diz ele, (Fredrich Myers – A personalidade humana) “uma inquietação, um
descontentamento, uma falta de confiança no verdadeiro valor da vida. O
pessimismo é a doença moral do nosso tempo."
As teorias do outro lado do Reno, as doutrinas de Nietzsche, Schopenhauer,
Haeckel, entre outras, também muito contribuíram para desenvolver esse
estado de coisas. Sua influência se espalhou por toda parte. Deve-se-lhe atribuir,
em grande medida, esse lento trabalho - obra obscura de ceticismo e desânimo -
que se apodera da alma contemporânea.
É hora de reagir vigorosamente contra essas doutrinas desastrosas e de
buscar, fora da rotina oficial e das velhas crenças, novos métodos de ensino que
atendam às prementes necessidades do tempo presente. É preciso preparar os
espíritos para as necessidades, para os combates da vida atual e das vidas
posteriores; é preciso sobretudo ensinar o ser humano a conhecer-se a si
mesmo, a desenvolver, com vistas aos seus fins, as forças latentes que nele estão
adormecidas.
Até agora, o pensamento esteve confinado em círculos estreitos: religiões,
escolas ou sistemas que se excluem e lutam entre si. Daí essa profunda divisão
entre as inteligências, essas correntes violentas e contrárias que confundem e
perturbam o meio social.
Aprendamos a sair desses círculos rígidos e a dar livre impulso ao
pensamento. Cada sistema contém uma parte da verdade. Nenhum contém toda
a realidade. O universo e a vida têm aspectos muito variados, numerosos demais
para que algum sistema possa abarcá-los completamente. A partir dessas
concepções díspares, é necessário identificar os fragmentos de verdade que elas
contêm, aproximá-los, colocá-los de acordo; então, unindo-os aos novos e
múltiplos aspectos da verdade que descobrimos a cada dia, caminhar para a
majestosa unidade e harmonia do pensamento.
A crise moral e a decadência de nosso tempo decorrem, em grande parte, do
fato de que o espírito humano se imobilizou por muito tempo. É preciso resgatá-lo da inércia, das rotinas seculares, levá-lo às grandes altitudes, sem perder de
vista as bases sólidas oferecidas por uma ciência ampliada e renovada. Estamos
trabalhando para construir essa ciência de amanhã. Ela nos fornecerá o critério indispensável, os meios de verificação e de controle, sem os quais o pensamento,
entregue a si mesmo, correrá sempre o risco de se desviar.
*
* *
A confusão e a incerteza que constatamos na educação reverberam e se
encontram, dizíamos, em toda a ordem social.
Em todos os lugares, por dentro e por fora, é um estado preocupante de crise.
Sob a superfície brilhante de uma civilização refinada se esconde um profundo
mal-estar. A irritação cresce nas fileiras sociais. O conflito de interesses, a luta
pela vida são cada vez mais duros. O sentimento do dever se enfraqueceu na
consciência popular, tanto que muitos homens não sabem mais onde está o
dever. A lei dos números, isto é, da força cega, domina mais do que nunca. A
pérfida retórica é aplicada para desencadear as paixões, os maus instintos da
multidão, para espalhar teorias doentias, às vezes criminosas. Então, quando a
maré sobe e o vento sopra em uma tempestade, eles se escondem ou fogem de
qualquer responsabilidade.
Onde está a explicação desse enigma, dessa contradição marcante entre as
aspirações generosas de nosso tempo e a realidade brutal dos fatos? Por que um
regime que havia suscitado tanta esperança ameaça cair na anarquia, na ruptura
de todo equilíbrio social?
A inexorável lógica nos responderá: a democracia, radical ou socialista, em
suas massas profundas e em seu espírito dirigente, também inspirada por
doutrinas negativistas, só provou alcançar um resultado negativo para a
felicidade e elevação da humanidade. Tanto é o ideal quanto vale o homem;
tanto vale a nação quanto vale o país!
As doutrinas negativistas, com suas consequências extremas, levam
inevitavelmente à anarquia, isto é, ao vazio, ao nada social. A história já passou
por isso muitas vezes dolorosamente.
Enquanto se tratou de destruir os resquícios do passado, de dar o último golpe
nos privilégios que permaneciam de pé, a democracia usou habilmente seus
meios de ação. Mas hoje importa construir a cidade do futuro, o vasto edifício
que deve abrigar o pensamento das gerações. E diante dessa tarefa, as doutrinas negativistas mostram sua inadequação e revelam sua fragilidade. Vemos os
melhores trabalhadores lutando numa espécie de impotência material e moral.
Nenhuma obra humana pode ser grande e duradoura se não for inspirada, na
teoria e na prática, em seus princípios e aplicações, pelas leis eternas do
universo. Tudo o que é projetado e edificado fora das leis superiores, é
construído sob a areia, e desmorona.
Ora, as doutrinas do socialismo atual têm uma falha capital. Elas querem impor
uma regra em contradição com a natureza e a verdadeira lei da humanidade: o
nível igualitário.
A evolução individual e progressiva é a lei fundamental da natureza e da vida.
Esta é a razão de ser do homem, a norma do universo. Rebelar-se contra ela,
substituí-la por outro fim, seria tão insensato quanto querer impedir o
movimento da Terra ou o fluxo e refluxo dos oceanos.
O lado mais fraco da doutrina socialista é a absoluta ignorância do homem, do
seu princípio essencial, das leis que regem seus destinos. E quando ignora-se o
homem individual, como poder-se-ia governar o homem social?
A fonte de todos os nossos males está na nossa falta de conhecimento e na
nossa inferioridade moral. Toda sociedade permanecerá fraca e dividida
enquanto a desconfiança, a dúvida, o egoísmo, a inveja e o ódio a dominarem.
Uma sociedade não pode ser transformada por leis. As leis e as instituições não
são nada sem os costumes e as crenças elevadas. Qualquer que seja a forma
política e a legislação de um povo, se ele possui bons costumes e firmes
convicções, será sempre mais feliz e mais próspero do que outro povo de moral
inferior.
Sendo uma sociedade a resultante de forças individuais, boas ou más, para
melhorar a forma dessa sociedade, é necessário primeiro agir sobre a
inteligência e a consciência dos indivíduos.
Mas, para a democracia socialista, o homem interior, o homem da consciência
individual não existe; a coletividade o absorve por inteiro. Os princípios que ela
adota não são mais do que uma negação de toda filosofia elevada e de toda causa
superior. Tudo o que se pensa é na conquista de direitos. No entanto, o gozo de
direitos não passa sem a prática de deveres. O direito sem o dever, que o limita e
corrige, produzirá novas lágrimas, novos sofrimentos.
É por isso que o tremendo impulso do socialismo apenas desloca os apetites, a
ganância, as causas do mal-estar e substitui as opressões do passado por um
novo e ainda mais intolerável despotismo. Vemos um exemplo disso na Rússia.
Já podemos medir a extensão dos desastres causados por doutrinas
negativistas. O determinismo, o materialismo, ao negarem a liberdade e a
responsabilidade humanas, minam os próprios fundamentos da ética universal.
O mundo moral não é mais do que um apêndice da fisiologia, isto é, o reinado, a
manifestação da força cega e irresponsável. As inteligências de elite professam o
niilismo metafísico, e a massa humana, o povo, sem crenças, sem princípios
fixos, fica entregue a homens que exploram suas paixões e especulam sobre seus
desejos.
O positivismo, por ser menos absoluto, não é menos funesto em suas
consequências. Por sua teoria do incognoscível, ele suprime as noções de
propósito e de ampla evolução. Leva o homem para a fase presente de sua vida,
simples fragmento de seu destino, e o impede de ver seu futuro e seu passado.
Um método estéril e perigoso, feito, ao que parece, para os cegos de espírito, e
que foi falsamente proclamado a mais bela conquista da mente moderna.
Este é o estado atual da sociedade. O perigo é imenso e, se não ocorresse
alguma grande renovação espiritualista e científica, o mundo afundaria na
incoerência e na confusão.
Nossos governantes já sentem o custo de viver em uma sociedade onde as
bases essenciais da moral estão abaladas, onde tudo se confunde, até mesmo a
noção elementar do bem e do mal.
As igrejas, é verdade, apesar de suas formas desgastadas e seu espírito
retrógrado, ainda reúnem em torno de si muitas almas sensíveis: mas tornaram-se incapazes de afastar o perigo, pela impossibilidade em que se colocaram de
fornecer uma definição precisa do destino humano e da vida após a morte,
baseada em fatos convincentes.
A humanidade, cansada de dogmas e especulações sem provas, mergulhou no
materialismo ou na indiferença. Não há mais salvação para o pensamento senão
em uma doutrina baseada na experiência e no testemunho dos fatos.
De onde virá essa doutrina? Do abismo onde deslizamos, que poder nos
puxará? Qual novo ideal devolverá ao homem a confiança no futuro e o ardor
pelo bem? Nas horas trágicas da História, quando tudo parecia sem esperança,
nunca faltou ajuda. A alma humana não pode ficar completamente atolada e
perecer. No momento em que as crenças do passado são veladas, uma nova
concepção da vida e do destino, baseada na ciência dos fatos, reaparece. A
grande tradição revive sob formas mais amplas, mais jovens e mais belas. Ela
mostra a todos um futuro cheio de esperanças e promessas. Saudemos o novo reinado da ideia, que vence a matéria, e trabalhemos para preparar seus
caminhos!
A tarefa a ser cumprida é grande, a educação do homem deve ser
completamente refeita. Como vimos, nem a Universidade nem a Igreja são
capazes de dar essa educação, pois não têm mais as sínteses necessárias para
iluminar a marcha das novas gerações. Somente uma doutrina pode oferecer
essa síntese, a do Espiritismo; ela já está subindo para o horizonte do mundo
intelectual e parece iluminar o futuro.
Para esta filosofia, para esta ciência, livre, independente, liberta de toda
pressão oficial, de todo compromisso político, as descobertas contemporâneas
trazem novas e preciosas contribuições a cada dia. Os fenômenos do
magnetismo, da radioatividade, da telepatia, são aplicações de um mesmo
princípio, manifestações de uma mesma lei que rege, simultaneamente, o ser e o
universo.
Mais alguns anos de trabalho paciente, experimentação minuciosa, pesquisas
perseverantes e a nova educação terá encontrado sua fórmula científica, sua
base essencial. Esse evento será o maior fato da História desde o aparecimento
do cristianismo.
A educação, como sabemos, é o mais poderoso fator do progresso. Contém as
sementes de todo o futuro. Mas, para ser completa, deve inspirar-se no estudo
da vida em suas duas formas alternadas, visível e invisível: da vida em sua
plenitude, em sua evolução ascendente em direção às alturas da natureza e do
pensamento.
Os preceptores da humanidade têm, portanto, um dever imediato a cumprir.
Trata-se de colocar o Espiritismo na base da educação, trabalhar para refazer o
homem interior e a saúde moral. É preciso despertar a alma humana,
adormecida por uma retórica funesta, mostrar-lhe seus poderes ocultos, forçá-la
a tomar consciência de si mesma, a realizar seus destinos gloriosos.
A ciência moderna analisou o mundo exterior; suas marcas no universo
objetivo são profundas: essa será sua honra e glória. Mas ela ainda não sabe
nada sobre o universo invisível e o mundo interior. Este é o império ilimitado
que resta a ser conquistado. Para saber por quais ligações o homem está ligado
ao todo, para descer às misteriosas dobras do ser, onde sombra e luz se
misturam como na caverna de Platão, para caminhar pelos labirintos, pelos
cômodos secretos, para examinar o eu normal e o eu profundo, a consciência e a
subconsciência, não há estudo mais necessário. Se as Escolas e as Academias não o introduzirem em seus programas, nada terão feito pela educação definitiva da
humanidade.
Mas já vemos o surgimento e a constituição de toda uma psicologia
maravilhosa e imprevista, da qual surgirá uma nova concepção de ser e a noção
de uma lei superior que abarca e resolve todos os problemas da evolução e do
devir (*).
(*) Devir: [Filosofia] Processo de mudanças efetivas pelas quais todo ser passa.
*
* *
Um tempo está acabando; novos tempos se anunciam. A hora em que estamos
é uma hora de crise e de parto doloroso, as formas esgotadas do passado estão
empalidecendo e desaparecendo para dar lugar a outras, a princípio vagas e
confusas, mas que estão se tornando cada vez mais precisas. Nelas se delineia o
pensamento crescente da humanidade.
O espírito humano está em ação: em toda parte, sob a aparente decomposição
de ideias e princípios, em toda parte, na ciência, na arte, na filosofia e mesmo no
seio das religiões, o observador atento pode constatar que uma gestação lenta e
laboriosa gestação está ocorrendo. A ciência, especialmente, lança sementes em
abundância com ricas promessas. O próximo século será de poderosas florações.
As formas e concepções do passado, dizíamos, já não são suficientes. Por mais
respeitável que essa herança pareça, apesar do sentimento piedoso com que se
pode considerar os ensinamentos legados por nossos pais, sente-se, entende-se
que esse ensinamento não tem sido suficiente para dissipar o mistério
agonizante do porquê da vida.
No entanto, quer-se viver e agir, em nossa época, com mais intensidade do que
nunca; mas será que pode-se viver e agir plenamente sem ter consciência do
objetivo a ser alcançado? O estado da alma contemporânea exige, reclama uma
ciência, uma arte, uma religião de luz e de liberdade que venha libertá-la de suas
dúvidas, emancipá-la das velhas servidões e misérias do pensamento, guiá-la
para os horizontes radiantes onde se sinta levada por sua própria natureza e
pelo impulso de forças irresistíveis.
Fala-se muitas vezes de progresso; mas o que se entende por progresso? É uma
palavra vazia e sonora, na boca de oradores majoritariamente materialistas, ou
tem um sentido determinado? Vinte civilizações passaram sobre a Terra, iluminando com seus brilhos a marcha da humanidade. Suas grandes lareiras
brilharam na noite dos séculos, depois se extinguiram. E o homem ainda não
discerne, por trás dos horizontes limitados de seu pensamento, a vida após a
morte ilimitada a que seu destino o leva. Incapaz de dissipar o mistério que o
rodeia, ele usa suas forças para as obras terrenas e se esquiva dos esplendores
de sua tarefa espiritual, aquela que fará sua verdadeira grandeza.
A fé no progresso não subsiste sem fé no futuro, no futuro de cada um e de
todos. Os homens só progridem e avançam se acreditarem nesse futuro e se
caminharem com confiança, com certeza, rumo ao ideal vislumbrado.
O progresso não consiste apenas nas obras materiais, na criação de máquinas
poderosas e de todas as ferramentas industriais. Também não consiste em
encontrar novos dispositivos de arte, de literatura ou formas de eloquência. Seu
mais alto objetivo é aprender, alcançar a ideia mestra, a ideia-mãe que fertilizará
toda a vida humana; a fonte alta e pura da qual fluirão de uma vez as verdades,
os princípios e os sentimentos que inspirarão as obras fortes e as ações nobres.
É hora de compreender que a civilização só pode crescer, a sociedade só pode
se elevar se um pensamento cada vez mais elevado, uma luz cada vez mais
brilhante vier inspirar, esclarecer os espíritos e tocar os corações, renovando-os.
Só a ideia, o pensamento, é a mãe da ação. A vontade de realizar a plenitude do
ser, cada vez melhor, cada vez maior, só pode nos levar àqueles longínquos picos
onde a ciência, a arte, em uma palavra, toda a obra humana, encontrará seu
florescimento, sua regeneração.
Tudo nos diz: o universo é regido pela lei da evolução: é isso que entendemos
por progresso. E nós mesmos, em nosso princípio de vida, em nossa alma e
nossa consciência, estamos para sempre sujeitos a essa lei. Hoje não podemos
ignorar essa força soberana que carrega a alma e suas obras através da
infinidade do tempo e do espaço, em direção a um objetivo sempre mais
elevado; mas tal lei só é realizável através dos nossos esforços.
Para fazer um trabalho útil, para cooperar na evolução geral e daí recolher
todos os frutos, antes de tudo deve-se aprender a discernir, a entender o motivo,
a causa e o propósito dessa evolução, a saber para onde ela conduz, a fim de
participar, na plenitude das forças e das faculdades que estão adormecidas em
nós, desta grandiosa ascensão.
Nosso dever é traçar seu caminho para a humanidade futura, da qual ainda
seremos parte integrante, como aprendemos com a comunhão das almas, a
revelação dos grandes Mestres invisíveis, e como a natureza também ensina por suas milhares de vozes, através da renovação perpétua de todas as coisas,
àqueles que sabem estudá-la e compreendê-la.
Vamos, pois, em direção ao futuro, à vida sempre renascida, através do imenso
caminho que nos é aberto por um espiritualismo regenerado!
Fé do passado, ciências, filosofias, religiões, iluminai-vos com uma nova
chama; sacudi vossos velhos lençóis e as cinzas que os cobrem. Escutai as vozes
reveladoras da sepultura; elas nos trazem uma renovação do pensamento com
os segredos (da vida após a morte), que o homem precisa conhecer para viver
melhor, agir melhor e morrer melhor!
Léon Denis
Educação e Vida Futura
Lançamento original em francês:
LÉON DENIS
– L’ ENSEIGNEMENT ET LA VIE FUTURE
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PARIS – 1930.
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- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
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