sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O Além-túmulo

O Além-túmulo

João Cléofas



Quando se fala sobre o além-túmulo surge à mente do ouvinte a imagem longínqua de uma terra perdida acolá das fronteiras a vida, e muitos se quedam a conjeturar em torno de uma região mirabolante em que a fantasia em nuances de tragédia dantesca se mescla a uma apoteose lírica com as características infernais das tradições religiosas. Todavia, o além-túmulo escapa a qualquer descrição e, às vezes, as histórias que ali se desenrolam começam antes mesmo da sepultura.

O veículo da morte, em transportando o homem de um estado vibratório para outro, apenas o desnuda para enfrentar a própria consciência livre, que descortina os grandes mapas das suas atitudes grafadas através do tempo, nos escaninhos da consciência. E quando este homem não se prepara devidamente para enfrentar o libelo inconfundível do próprio eu embrulha-se nos pesados crepes da revolta, buscando fugir pela estrada do remorso, ou descendo as escadas da desesperação, ou atirando-se ao mar das lágrimas como se assim pudesse evitar que a voz da divindade dentro dele mesmo calasse a sua constante modulação, que mais cedo ou mais tarde se fará ouvir no seu imo.

O além-túmulo, em realidade, transcende as muitas fantasias que sobre ele foram elaboradas.

Dante, descrevendo o inferno, fê-lo em pinceladas leves, considerando as punições terríveis que cada um cria para afligir-se, quando pela vilegiatura física, porque em verdade, o homem que mergulha na carne e que dela faz um tremedal de prazer, não difere muito do verme que engorda presunçoso nas bagas da putrefação. A sua organização psíquica anui aquela destinação que ele relegou ao mecanismo de controle moral, que está ao alcance do discernimento e do livre arbítrio.

O além—túmulo representa, portanto, o encontro do homem consigo mesmo, com a consciência livre. Daí a necessidade de cada um construir a futura habitação par meio de uma salutar conduta, enquanto no casulo fisiológico. Os atos criam vibrações que se impregnam no perispírito, gerando ondas de harmonia ou de desequilíbrio.

Por mais se fixe a descrença nos centros mentais não se destrói tal realidade.

Porque alguém se furte ao dever, o dever não fugirá dele. Porque se evite a verdade não se ficará indene ao encontro com ela. Porque se negligencie o compromisso, este por si só não se resgata. Porque alguém se furte à execução do programa do bem, não se faz que o bem desapareça da Terra. Porque se negue a vida imperecível esta não se extinguirá...

É indispensável, portanto, que meditemos na transcendência do fenômeno espírita, essa ocorrência de todo dia e de cada momento a suceder nos diversos climas do mundo.

Lágrima, dor, enfermidade — eis a balada triste que se ouve em todos os quadrantes, na diversidade das vibrações em derredor do Orbe, nas organizações extraterrenas ou na face imensa da Terra, onde vivem as criaturas encarnadas.

Mente — ação; pensamento — vibração; onda mental — construção espiritual.

A Terra hoje como ontem é um campo de energia que se adensa na matéria e de matéria que se dilui em energia.

No setor moral-religioso tudo igualmente são vibrações: prece-raio, meditação-onda; vibrações do espirito em direção ao dínamo celeste que as capta, e donde fluem e refluem abundantes, criando o campo de forças positivas em torno de quem as emite.

Vivamos, destarte, de tal modo que a morte não nos surpreenda na condição de nautas imprevidentes em batel de irresponsabilidade.

Meditemos diariamente ao despertar em torno de um programa de ação para as horas diuturnas e, quando o manto denso da noite descer, façamos um balanço das atividades, renovando as diretrizes e retemperando as fibras morais para as lutas da redenção.

Fujamos do crime de qualquer natureza onde e como quer que medre. Evitemos o contágio da concupiscência, da degradação moral como e onde se espraie.

Na abençoada busca do Cristo, recordemos que todo aquele “que perseverar até o fim” terá ingresso na vida.

João Cléofas por Divaldo Franco do livro:
Crestomatia da imortalidade

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