A flor e o espinho
Richard Simonetti
Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade.
E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.
Medições precisas, mediante cálculos astronômicos, demonstram que a Terra tem perto de quatro bilhões e quinhentos milhões de anos.
Se quisermos ter uma ideia do que é esse tempo, imaginemos a história de nosso planeta contada num livro de quinhentas páginas, desde o momento em que se desprendeu do Sol, massa de fogo incandescente.
O ser humano surgiria na derradeira linha da última página. Na última letra da palavra final estaria contida a história da Civilização Ocidental.
Segundo Darwin, a evolução dos seres vivos se processa por seleção natural.
Indivíduos de uma mesma espécie conseguem adaptar-se a determinada situação, a partir de sutis modificações em sua estrutura, dando origem a mutações que resultam em novas espécies.
O processo é extremamente lento.
Demanda milhões de anos, razão pela qual não é perceptível.
A Doutrina Espírita admite a seleção natural, atendendo às contingências do Planeta e à capacidade de adaptação das espécies, mas com um reparo fundamental:
Nada é aleatório.
Há um planejamento feito por Espíritos Superiores, prepostos do Cristo, que chamaríamos de engenheiros siderais, especializados em engenharia genética.
Eles é que, desde os primórdios, transformaram a Terra em gigantesco laboratório onde manipulavam, com recursos magnéticos, os genes, em experiências que visavam ao aperfeiçoamento dos seres vivos, até um estágio de complexidade que permitisse a encarnação dos seres pensantes — os Espíritos.
Este corpo que ostentamos, que causa espanto aos próprios cientistas por sua perfeição, levou milhões de anos para ser aprimorado pelos técnicos espirituais, que trabalham na intimidade das células, direcionando as mutações.
As espécies intermediárias que ficaram, compondo a fauna e a flora, situam-se em degraus evolutivos a serem galgados pelo princípio espiritual em evolução, a caminho da razão.
A Terra é hoje uma incubadora espiritual e ao mesmo tempo um educandário para Espíritos no estágio de evolução em que se encontra a Humanidade.
***
Tudo isso implica organização, marcada por uma hierarquia que envolve cadeias de comando a se afunilarem, como uma grande pirâmide.
No topo, alguém dirigindo.
Aqui entra a figura extraordinária de Jesus, que, segundo informa Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, não foi simplesmente o fundador de uma religião.
Muito mais que isso — é nosso governador!
Quando a Terra foi formada Jesus já era um Espírito puro e perfeito, um preposto de Deus.
Foi, então, convocado pelo Criador para governar o Planeta, com a tarefa de presidir a sua evolução e orientar multidões de Espíritos que aqui seriam trazidos, quais alunos levados a uma escola para aprendizado específico relacionado com suas necessidades.
Somos todos tutelares do Cristo, que nos conduz, segundo a expressão do salmista, pelas veredas retas da Justiça.
E ainda que muitos, quais adolescentes rebeldes e inquietos, desdenhem suas lições, comprometendo-se em desatinos que fazem a perturbação do mundo, permanecemos todos sob controle e mais cedo ou mais tarde terminaremos em seus caminhos, tangidos pela dor, amadurecidos pela experiência.
Alunos do educandário terrestre, temos recebido a visita de muitos professores, cultos e sensíveis, que periodicamente nos trazem algo de seus conhecimentos, de suas virtudes.
Sócrates, Platão, Aristóteles, Confúcio, Buda, Lao-Tsé, Moisés, Isaías e Francisco de Assis, são alguns deles.
Vale destacar Moisés, que, não obstante incapaz de superar as limitações de sua época, foi suficientemente lúcido e firme no propósito de conduzir o povo judeu pelos caminhos do monoteísmo, a crença no Deus único, criando condições para que a Humanidade recebesse a primeira revelação divina.
Está consubstanciada na Tábua dos Dez Mandamentos, recebida no Monte Sinai, que, em síntese, ensina ao Homem o que não deve fazer:
Não matar, não roubar, não mentir, não cobiçar nada do próximo, não cometer adultério, não desrespeitar os pais.
É a revelação da Justiça, o princípio segundo o qual nossos direitos terminam onde começam os direitos do semelhante.
E houve a revelação maior, tão grandiosa, tão transcendente, tão sublime, que o próprio governador da Terra decidiu trazê-la pessoalmente, a fim de que fosse apresentada em toda sua pujança, sem problemas, sem distorções.
Foi assim que Jesus aportou ao Planeta com a divina chama do Amor.
A palavra amor, embora empregada e decantada hoje mais do que nunca, está repleta de conotações infelizes que a desgastam.
Muitos confundem amor com sexo, ignorando a lição elementar de que o sexo é apenas parte do amor e não a mais importante.
Há os que fazem do amor um exercício de exclusivismo, sufocando o ser amado com exigências descabidas.
Há os que amam como quem aprecia um doce. Gostam dele porque satisfaz o paladar... Assim, cansam-se logo de amar, porque estão saciados ou empolgados por novos sabores.
Há os que fazem do amor um exercício de egoísmo a dois, pretendendo construir um céu particular. Dane-se o resto.
O amor não é nada disso!
É muito mais que isso!
Em sua grandeza essencial, o amor é um exercício de fraternidade e solidariedade entre os homens, inspirando a derrubada das barreiras de nacionalidade, raça e crença, para que sejamos na Terra uma grande família.
Foi para nos transmitir essa revelação gloriosa, esse tipo de amor, que Jesus esteve entre nós, não desdenhando lutas e sacrifícios.
Mergulhando na carne, Jesus, desde a infância, superou o choque biológico do nascimento, que impõe o esquecimento do passado, mostrando-se na plena posse de seus conhecimentos e virtudes.
É ilustrativo o episódio no templo, em Jerusalém, quando maravilhou os doutores da Lei com uma sabedoria invulgar, inconcebível num adolescente.
Em outros aspectos do apostolado de Jesus identificamos sua grandeza:
• Na clareza de suas ideias e na admirável capacidade de síntese. O Sermão da Montanha é uma obra-prima de concisão e simplicidade, que atende às aspirações éticas e estéticas de todas as inteligências, mas convidando-nos a ser filhos verdadeiros de Deus.
• Na firmeza de suas convicções, disposto a enfrentar a própria morte por manter fidelidade aos seus princípios.
• Nos prodígios que realizou, transformando a água em vinho, multiplicando pães e peixes, andando sobre as águas, curando enfermos de todos os matizes, a demonstrar que era alguém muito especial.
• No estoicismo diante dos sofrimentos que lhe impuseram, sem queixas, sem vacilações.
• Na admirável capacidade de perdoar seus algozes e os próprios discípulos, que o haviam abandonado no momento extremo, fugindo precipitadamente.
• Nos exemplos de humildade e sacrifício ao longo de seu apostolado, marcados indelevelmente pela manjedoura e a cruz.
Na questão 625, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta:
— Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
Responde o mentor espiritual que o assiste:
— Jesus.
E comenta o Codificador:
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.
Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da Lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.
Adeptos de qualquer doutrina religiosa vinculada ao Cristianismo, felizes aqueles que aceitam Jesus por Mestre, que colocam em prática as suas lições, que imitam seus exemplos.
Estes vivem sempre bem, felizes, e animados, mesmo em meio às dores e atribulações humanas, porque, como diz Cármen Cinira, psicografia de Francisco Cândido Xavier (Parnaso de Além-Túmulo):
(...) com o mundo uma flor tem mil espinhos, Mas com Jesus um espinho tem mil flores!
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...