Os passes
Manoel Philomeno de Miranda
Apesar de conhecidos desde as civilizações da Antiguidade oriental e utilizados pela cultura clássica ocidental o poder do pensamento e a ação do toque terapêutico, foi Jesus, no entanto, quem melhor os aplicou a benefício da criatura humana.
Antes d'Ele, utilizando-se de processos complexos e sugestivos, os sacerdotes e os gurus de diversas doutrinas esotéricas contribuíam para a recuperação da saúde dos enfermos que os buscavam, mediante gestual bem elaborado e mantrans que ensejavam a captação das energias que exteriorizavam, facultando-lhes reestruturarem a organização física e harmonizarem a emocional, avançando para o equilíbrio fisiopsicológico.
As cerimônias religiosas com objetivos terapêuticos misturavam a fitoterapia com as artes mágicas, enquanto os iniciados dispensavam as energias salutares que eram assimiladas pelos necessitados que se lhes entregavam.
A introspecção, a meditação, os cilícios e sacrifícios outros que eram impostos aos candidatos, tinham por finalidade facilitar o autodescobrimento, propiciando-lhes o conhecimento dos recursos psíquicos e magnéticos que lhes jaziam adormecidos e aos quais podiam recorrer para modificar as paisagens humanas infelizes e os corações sofridos.
Jesus, porém, conhecendo o processo pelo qual se manifestavam as Suas energias superiores, demitizou as velhas fórmulas sacramentais e aplicou-as de maneira variada, e sem alarde, conforme a patologia de cada um que O procurava.
Estabelecendo na fé dos pacientes um paradigma para os resultados eficazes, estimulava-os à perfeita sintonia com o Seu pensamento, a fim de bem assimilarem os recursos curativos que lhes ministrava.
Sem violentar o livre arbítrio de cada qual, aguardava que Lhe fosse solicitada a ajuda, e, não raro, por Sua vez, indagava se a pessoa acreditava que Ele a poderia curar, despertando-lhe as adormecidas possibilidades de captação das vibrações favoráveis ao seu restabelecimento.
Graças à aquiescência, Ele infundia valor moral ao enfermo e direcionava-lhe as energias restauradoras da saúde, assim como aquelas que induziam os parasitas espirituais que se lhes mantinham em conúbios obsessivos a se afastarem das suas vítimas.
Recorreu ao toque suave e doce, à voz altissonante e lúcida, à vontade imbatível, assim como aos meios materiais, quais o realizado com o nado cego, ou apenas ao Seu pensamento sempre com resultados perfeitos...
...E desfilaram diante d'Ele as misérias morais e espirituais humanas, que bondosamente atendeu, tomado de infinita compaixão...
Depois d'Ele, inúmeros missionários recorreram aos mesmos recursos, conscientes de que, mediante a fé, poderiam fazer muito do que Ele realizara, reconhecendo, porém, as parcas possibilidades de que dispunham, aplicavam as fórmulas que O antecederam, tanto quanto as técnicas que Ele utilizara, reunindo em tratados para estudos os métodos de direcionamento da energia curativa.
Graças, no entanto, à Doutrina Espírita com a revelação da lei dos fluidos, se alargou a compreensão em torno dos inimagináveis tesouros fluidoterapêuticos ao alcance de todos quantos se ofereçam ao ministério da caridade para com o seu próximo, na condição de terapista espiritual.
Os passes ou a aplicação da bioenergia são valiosos procedimentos de socorro aos enfermos de todo matiz que enxameiam no mundo.
Compreendendo a gravidade do ministério e instrumentalizando-se moral e espiritualmente, o passista deve alterar completamente a conduta mental e comportamental anterior, a fim de enriquecer-se de forças psíquicas e bioenergéticas para melhor transmiti-las.
A superação dos hábitos viciosos, o desencharcamento dos tóxicos fluídicos inferiores, dos pensamentos vulgares e insanos, do tabaco, do álcool e de outras drogas químicas aditivas, energizam o devotado obreiro da saúde física e espiritual que, munido dos tesouros do amor e da oração, se coloca a serviço dos Espíritos superiores para tornar a vida humana melhor e mais rica de saúde e de paz.
Concomitantemente, cabe-lhe instruir o paciente com informações claras e enérgicas, que o auxiliem a não retornar aos comprometimentos anteriores a que se entregava, para que não lhe aconteça nada pior, conforme advertia Jesus.
A terapia pelos passes, destituída de gestual cabalístico ou de propostas sugestivas, supersticiosas, deve infundir ânimo e despertar reflexão naqueles que lhe recorrem ao processo de recuperação.
Por meio de uma sintonia harmônica com as Esferas espirituais elevadas, agente e paciente da terapia pelos passes conseguirão harmonia interior, saúde e paz, mesmo quando por ocasião dos momentos difíceis do testemunho e das provações.
Ao alcance de todos quantos desejem renovação, os passes deverão servir de procedimento de emergência antes de serem tomadas outras providências, assim constituindo notável contributo de sustentação para as atitudes posteriores a serem utilizadas.
Através dos passes, da transmissão de forças vivas, canalizadas para os enfermos de ambos os planos da Vida, os Espíritos perversos e alucinados igualmente se beneficiam e podem ser deslocados dos seus hospedeiros, ensejando a recuperação moral da vítima e o esclarecimento do algoz.
Nos transtornos, portanto, obsessivos, os passes são de salutar resultado, propiciando a renovação do campo vibratório do enfermo e alterando a indução perturbadora que é imposta pelo hóspede indesejado, mas portador de grande energia deletéria.
Face aos problemas perturbadores nas áreas da saúde e da conduta, os passes constituem precioso recurso terapêutico que deve ser buscado, a fim de que ocorra a instalação do bem e da alegria de viver em todas as criaturas.
Mensagem recebida na sessão mediúnica do dia 29 de agosto de 2001, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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