quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O berço da alma

O berço da alma

Cairbar Schutel



Donde viria o homem?

Em que tempos nasceu, em que plagas, chorou pela primeira vez?

Onde cresceu? Onde estudou? Onde aprendeu o que sabe?

Vejo homens de fronte erguida para o alto, vejo outros curvados em busca dos tesouros da Terra; vejo bons, vejo maus; uns inteligentes, outros estúpidos; uns santos, outros diabos; vejo sãos, vejo enfermos; bonitos e feios; pergunto lhes donde vieram, quem são e para onde vão, mas nenhum deles me responde!

Mas eu sei que vieram de muito longe, porque trazem no seu físico os traços indeléveis da animalidade e sua alma reflete os instintos dos seres inferiores da criação!

Por mais que o homem se mascare, por mais polido que se mostre, por mais superior que se diga, nunca enganará a visão penetrante do Espírito, que sonda as profundezas da Terra e esquadrinha os refolhos do coração!

Se estudarmos com atenção a alma humana, e lhe remontarmos a origem, veremos o homem desaparecer da Humanidade, e só poderemos encontrar novamente as suas pegadas, deixando o reino hominal e entrando no reino animal, infância espiritual de todos os sábios e ignorantes, de todos os ricos e pobres, de todos os bons e maus, de todos os grandes e pequenos que vagueiam neste mundo de Deus!

Todos nós pagamos o nosso tributo ao reino inferior para chegarmos ao reino humano.

Ninguém adquire, sem trabalho e sem esforços, certa soma de bem estar, por menor que seja, nem certo grau de superioridade.

A lei inexorável do destino, que nos leva para estados cada vez melhores, obriga-nos à luta, e a luta não se faz sem dores e sem trabalhos, que nos garantem o mérito das nossas ações.

"Será humilhação para os grandes gênios, o terem sido fetos informes nas entranhas maternas?" - pergunta um elevado Espírito numa mensagem que transmitiu para colaboração de O Livro dos Espíritos.

E nós com ele respondemos: "Não, se alguma coisa deve humilhar o homem é a sua inferioridade perante Deus, a sua incapacidade para sondar a profundeza dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo".

A alma não podia deixar de ter o seu começo, o seu nascimento, no reino animal, nos seres da criação, onde passou por todas as transformações indispensáveis ao seu progresso; onde evoluiu, chorando ali, trabalhando acolá, brincando além, para após essas alternativas de tristezas, de gemidos, de lutas e de alegrias, despontar na Humanidade, onde mediante o seu progresso, mais esclarecida e dotada de outros atributos prepara o glorioso surto de gênio para a posse da Vida na Imortalidade!

Cairbar Schutel do livro:
Gênese da Alma - Cap. VII

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