Cisco
Richard Simonetti
A idolatria, a admiração exagerada por alguém, velha tendência humana, é um perigo para quem a cultiva.
Costuma neutralizar a razão, induzindo exageros e desajustes variados.
Exemplo típico está no comportamento de determinados seguimentos da população alemã em relação a Adolf Hitler (1889-1946).
Seus simpatizantes viam nele o líder carismático, capaz de feitos heroicos, sem perceber os abismos em que ele estava precipitando a nação.
A todos contaminava com sua pretensão visionária de edificar um grandioso império ariano que governaria o Mundo por mil anos.
A idolatria é um perigo maior para quem é objeto dela.
Tende a incensar sua vaidade, levando o indivíduo a posturas inadequadas e perturbadoras.
Não fosse o apoio das multidões que aplaudiam sua insanidade, Hitler não teria produzido estragos tão grandes, contabilizando perto de quarenta milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial, a maior tragédia produzida pelo Homem em todos os tempos.
Os verdadeiros líderes, aqueles que realmente são importantes, os que fazem a diferença, rejeitam com veemência o rótulo de ídolos, não só por reconhecerem as próprias limitações, mas também por terem consciência dos problemas que a idolatria pode lhes acarretar.
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Chico, merecidamente, era reconhecido, ainda em vida, como uma das figuras mais marcantes do século XX.
Sua contribuição em favor da paz e do progresso humano, foi inestimável.
Os livros que psicografou representam um desdobramento da Doutrina Espírita, complementando a Codificação e nos oferecendo uma gloriosa visão da vida espiritual.
O Espiritismo pode ser dividido em antes e depois de Chico.
Na série Nosso Lar, por ele psicografada, André Luiz nos oferece ampla e esclarecedora visão do mundo espiritual e do inter-relacionamento entre os dois planos, como jamais se viu.
Essa série portentosa de livros, que recebeu nas décadas de quarenta e cinquenta, seria suficiente para consagrá-lo como o que se convencionou chamar de médium revelador, por intermédio do qual desdobra-se o conhecimento espírita.
Não obstante, furtando-se aos perigos de um envolvimento com a idolatria, Chico dizia, humilde, quando aclamavam seu nome:
- Sou cisco Xavier, apenas um cisco, na ordem das coisas.
Numa entrevista, afirmou:
- Considero-me, na mediunidade, um animal em serviço. Eu sou um animal a serviço dos bons Espíritos, e nunca fiz mistério disto. E todas as vezes em que me externei a respeito do assunto, nunca me vi, absolutamente, como uma pessoa privilegiada. Sou uma criatura de condição muito primitiva. Não sei como os Espíritos me suportam. Cada vez mais eu sinto a minha desvalia, porque nada tenho a dar de mim. O problema da idolatria corre por conta daqueles que gostam dos mitos.
Importante, em relação ao assunto, prezado leitor, o fato de que a postura de Chico não era "pra inglês ver", sinalizando humildade aparente.
Os que conviveram com ele são unânimes em afirmar sua absoluta simplicidade e despretensão, exercitando aquela grandeza legítima que é o reconhecimento da própria pequenez.
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A postura de Chico foi um exemplo e ao mesmo tempo uma advertência quanto aos cuidados que devemos ter no exercício de atividades espíritas.
O primeiro recurso usado pelos Espíritos obsessores, quando pretendem afastar o trabalhador do serviço, é incensar sua vaidade, alimentando a pretensão de que é uma luz que brilha na constelação espírita, com contribuição marcante em favor do movimento.
Se queremos realmente produzir na Seara Espírita, é bom imitar Chico, situando-nos como um cisco diante da Doutrina.
Se não o fizermos, é bem provável que tenhamos nossa visão turvada por outro cisco, extremamente perturbador, que, invariavelmente, compromete a ação de muitos companheiros - a vaidade.
Richard Simonetti do livro:
Rindo e Refletindo com Chico Xavier Vol.2
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- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610 /98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
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