Agressões e assédios negativos
Suely Caldas Schubert
Embora todas as providências da Espiritualidade Superior, conforme acima mencionamos, ainda assim podem ocorrer situações difíceis e imprevistas - isso para nós, encarnados, pois os mentores e equipes espirituais estão prevendo e sabendo -, decorrentes de assédios de entidades em desequilíbrio, podendo chegar a agressões de variada natureza, quando são testadas as reações daqueles que estão nas tarefas diretivas e demais trabalhadores do plano físico.
Ao longo dos anos soubemos de diversos casos nessas condições, como também os vivenciamos, guardadas as devidas proporções.
Surgem naturalmente algumas perguntas. Por que ocorrem? Os benfeitores espirituais não estão protegendo o Centro Espírita? Seria por que o Centro não está indo bem?
Primeiramente é preciso esclarecer que tais ocorrências, muitas vezes, resultam do próprio trabalho de desobsessão, por exemplo, que está sendo realizado pela equipe mediúnica da Casa e os mentores permitem, pois são parte do processo; seriam, como se diz popularmente, "os ossos do ofício"... Por outro lado, os testemunhos são necessários para que cada um dos que estão nessas tarefas de semeadores e de tarefeiros possa evidenciar a fé, a confiança, a
certeza de que o trabalho é de Jesus, mantendo o bom ânimo e a perseverança, cônscios de que o amparo do Alto jamais falta.
O caso Petitinga
Apraz-nos relatar em seguida, resumidamente, o episódio narrado por Manoel Philomeno de Miranda, que teve como protagonista o querido dirigente espírita da Bahia, José Petitinga, conforme está no livro Nos bastidores da obsessão.
O fato aconteceu numa manhã de domingo, quando da reunião pública de exposição doutrinária na União Espírita Baiana.
O expositor era Petitinga, que explanava sobre o cap. X, de O Evangelho segundo o Espiritismo, "Instruções dos Espíritos", a mensagem de Simeão, ditada em Bordeaux, em 1862, intitulada Perdão das ofensas. A sua palavra harmoniosa comovia os presentes que o ouviam enlevados. Em certo momento, quando o orador fez pequena pausa, adentrou-se pela sala um homem, pertencente a respeitável família local, porém, portador de obsessão, que dirigiu-se ruidosa e intempestivamente à tribuna, com a fisionomia congestionada e gritou para Petitinga:
- Hipócrita! Quem és a pregar? Imperfeito como tu, como te atreves a falar da verdade e ensinar pureza, possuindo largas faixas de desequilíbrio íntimo, que ocultas dos que te escutam? Dize!
Houve um grande constrangimento entre os presentes e um silêncio tumular se abateu sobre o auditório. Mas Petitinga, embora tenha empalidecido, manteve-se calmo e olhando o agressor respondeu, humilde:
- Tens toda a razão e eu o reconheço. O tema em pauta hoje, que o caro irmão não ouviu, se refere exatamente ao "Perdão das ofensas"...
Mas o homem não o deixou terminar e retrucou:
- Não te evadas covardemente. (...) Refiro-me às condições morais de que se devem revestir os que ensinam o que chamas a verdade, e que te faltam... Desafio-te a que abandones a tribuna religiosa ou abandones a vida que levas...
O público estava paralisado perante a cena inusitada. A entidade enferma desejava semear a suspeita "quanto à conduta ilibada, transparente e nobre do Evangelizador, e o desafiava a um duelo verbal negativo e pernicioso".
Mantendo-se sereno, Petitinga humildemente, chamando a entidade que se manifestava através daquele homem, de "amigo espiritual" e lhe dando razão no que o acusava, declarou aos presentes:
- (...) Ensinou o Mestre que nos confessássemos uns aos outros, prática essa vigente entre os primeiros cristãos e que o tempo esmaeceu e deturpou dolorosamente. Nunca me atrevi, nunca experimentei coragem para dizer aos companheiros sobre as minhas próprias dificuldades. Agora, utilizando-me do auxílio do irmão que me faculta ensejo, digo da luta intensa que travo n'alma para servir melhor ao Senhor, tentando, cada dia, aprimorar-me intimamente, lapidando grossas arestas e duras angulações negativas da minha personalidade enferma. Depois de ter conhecido Jesus, minha alma luta denodadamente contra o passado sombrio, nem sempre logrando êxito na ferrenha batalha de superação dos velhos padrões de ociosidade e crime em que viveu, na imensa noite dos tempos. Abandonar, todavia, o arado, porque tenho as mãos impróprias, quando a erva má grassa e escasseiam obreiros, não o farei nunca! (...) Prefiro a condição de enfermo ajudando doentes, a ser ocioso buscando a saúde para poder ajudar com eficiência, enquanto se desgastam corpos e almas ao relento da indiferença de muitos, que as minhas mãos calejadas podem socorrer. Miserabilidade socorrendo misérias maiores, à posição falsa daquele que recebeu o talento e o sepultou, conforme nos fala a parábola do Senhor. Embora imperfeito, deixo luzir minha alma quando contemplo a Grande Luz; vasilhame imundo, aromatizo-me ao leve rocio do perfume da fé; espírito infeliz, mas não infelicitador, banho-me na água lustral da esperança cristã... Perdoa-me, Senhor, na imperfeição em que me demoro e ajuda-me na redenção que persigo...
Com o rosto banhado em lágrimas, Petitinga calou-se. O auditório emocionado, em peso, chorava, envolvido pelas vibrações superiores que se derramavam sobre todos.
Inesperadamente, a entidade jogou o médium ao chão e presa da mesma emoção, bradou:
- Perdoa-me, tu! A tua humildade venceu-me a braveza, velhinho bom! Deus meu! Deus meu! Blasfemo! O ódio gratuito cega-me. Perdoa-me, velhinho bom, e ajuda-me com a tua humildade a encontrar-me a mim mesmo. Infeliz que sou. Tudo mentira, mendacidade inditosa, a que me amarga os lábios. Ajuda-me, velhinho bom, na minha infelicidade...
Petitinga desceu os degraus da tribuna, aproximou-se do sofredor, falou-lhe bondosamente e amparou o médium, convidando-o a sentar-se. E levantando a voz, rogou:
"- Oremos todos a Jesus, pelo nosso irmão sofredor, por todos nós, os sofredores".
Comentando o fato, Miranda afirma que raras vezes presenciara cena mais comovedora, "era como se o Mundo Excelso baixasse à Terra e os homens pudessem transitar no rumo daquele mundo onde reside a felicidade...".
Suely Caldas Schubert do livro:
Dimensões Espirituais do Centro Espírita
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