sábado, 21 de dezembro de 2024

Espírito - força e matéria

Espírito - força e matéria

Cairbar Schutel



Não negamos a existência da força, como não negamos as propriedades da matéria, mas não nos é possível admitir que a uma ou a outra fossem concedidos os atributos que só ao Espírito foi permitido gozar.

Espírito, força, matéria, eis, pois, a trindade real, indefectível que se apresenta aos olhos humanos e cujo estudo reclama a sua atenção.

Por que querer fazer abstração de um, que é causa preponderante da manifestação das outras, quando no nosso modo de julgar tudo o que se apresenta no cenário da vida não pode renunciar o fator inteligente com as suas prerrogativas industriais, científicas e artísticas?

Diante de uma simples cadeira construída de tábua nós reconhecemos uma entidade operante, uma inteligência e nem nos lembramos da matéria e da força que se lhe acham adstritas; entretanto, em face de coisas de muito maior valor e difícil execução que uma cadeira, negamos a ação espiritual e nos perdemos no labirinto das teorias abstratas que não falam ao sentimento, nem ao raciocínio!

Os fatos nada mais são que caracteres: eles representam  a palavra escrita das nossas aptidões, produtos do grau de inteligência com que o Criador nos galardoou; e, quando esses fatos se manifestam de forma que não podem ser produtos humanos, é que existem seres imperceptíveis aos nossos limitadíssimos sentidos carnais que os engendraram para denunciarem aos homens a existência de um mundo extracorpóreo, cujos Espíritos vivem, sentem, amam e odeiam, e têm vontade própria, inteligência e liberdade de ação.

O homem não precisa fazer conjeturas, refundir os elementos esparsos das filosofias incongruentes, ideias que se chocam e se destroem para explicar as causas dos Fatos Espíritas que vêm valorizar a Moral e dar novo incremento à ciência, porque as teorias negativistas são como os castelos de cartas que caem ao mais leve sopro.

Mas, então, perguntar-nos-á o leitor: o Espiritismo atribui aos Espíritos, às Almas dos que impropriamente chamamos mortos todos os fenômenos psíquicos atualmente observados em todo o mundo? O Espiritismo diz que todos os fenômenos são produzidos pelos Espíritos, não só desencarnados, que constituem o mundo suprassensível, mas também pelos encarnados que vivem na Terra.

Aos primeiros deu-se o nome de fenômenos espíritas, porque são produzidos pelas "almas dos mortos"; aos segundos, anímicos, porque são produzidos pelas "almas dos vivos". Mas é sempre a alma, o espírito, o autor das manifestações.

Desça o homem do pedestal em que falsamente se colocou, e reconhecerá as suas aptidões, compreenderá a sua existência independente do corpo carnal e sua sobrevivência à morte desse corpo, instrumento que é da sua manifestação na Terra.

Para que fazer dos agentes causa, quando nós sabemos, perfeitamente, que para todos os atos da vida não podemos dispensar os intermediários da nossa vontade que a ela se acham subordinados?

Estamos nos tempos em que o raciocínio, como atributo da inteligência, precisa ser aplicado para o discernimento do que estudamos.

As palavras vãs nada explicam e ainda têm o inconveniente de levar a desorientação àqueles que nos leem, e que nos ouvem, pois aceitam-nas às mais das vezes por subserviência, outras para fazer favor, mas não por compreenderem e se convencerem do que dissemos.

Os fatos ai estão e vão se repetindo como tem acontecido em todas as épocas.

Verifiquem os fatos, mas estudem-nos em suas múltiplas fases que hão de encontrar neles este lema: Espiritismo.

Cairbar Schutel do livro:
Os fatos Espíritas e as forças X. - Espiritismo e materialismo

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