sábado, 31 de agosto de 2024

Por que você se sente infeliz?

Por que você se sente infeliz?

Jácome Góes


Com profundo sentimento de respeito e acionado por um sincero desejo de que esta minha mensagem faça eco em seu sofrido coração, afirmo-lhe ter aprendido, na escola do mundo, com os eloquentes exemplos ministrados pela vida, a seguinte lição: se alguém imagina que felicidade significa ser "milimetricamente" atendido em suas necessidades mais imediatas e carências mais íntimas, ou, ainda, ausência total e absoluta de problemas, está completamente equivocado, e por isso jamais se sentirá feliz... Neste mundo já qualificado de difíceis provas e dolorosas expiações, onde conflitos íntimos e interpessoais não são apenas presumíveis, mas até mesmo inevitáveis, criar expectativas de que todos os mínimos e máximos desejos possam ser imediatamente concretizados, mais que simples utopia, poderia ser qualificado de imaturidade psicológica...

Por favor, saia do subjetivo plano das quimeras e alcance o sólido terreno da plena realidade para reconhecer que inúmeras são as bênçãos que permeiam nossa vida e, às vezes, sequer as identificamos. Infelizmente muitos só conseguem dar um certo valor quando as perdem, e aí sempre já é tarde demais...

Alguns exemplos confirmam esta verdade e merecem ser relacionados com o objetivo de aprendizado. Dentre muitos, destaca-se um, em particular, que já se tornou clássico por ser bastante elucidativo, a saber: Havia um homem que se considerava extremamente infeliz, e suas lamúrias eram recorrentes, porque, de tão pobre, não tinha sapatos. Até que um dia, ali, à sua frente, encontrou alguém sem pés. O impacto foi muito grande, servindo-lhe de lição para o resto da sua vida.

O escritor Dale Carnegie consegue transmitir uma lição de valor inestimável, quando cita em um dos seus livros:

"Perguntei, certa ocasião, a Eddie Rickenbacker, qual a maior lição que aprendera durante os vinte e um dias que, com os companheiros, passara sobre uma jangada, irremediavelmente perdido no Pacífico. "A maior lição que aprendi com essa experiência", respondeu-me, "foi que se a gente tiver toda água fresca que desejar para beber e toda comida que desejar comer, não deve nunca queixar-se de coisa alguma."

Outro exemplo magnífico foi o da escritora Alice Bletz, que ficou cega aos 42 anos. Perguntaram-lhe o que lhe restava da vida. Ela respondeu: "Tudo, porque eu não sou apenas os meus olhos."

O mesmo Dale Carnegie ainda nos dá uma lição magnífica de conforto e esperança, quando certamente consegue diluir o desencanto de muitas pessoas mórbidas e pessimistas, levando-as a considerar a pura qualidade de valores essenciais, interrogando: "Você venderia os seus olhos por um milhão de dólares? Quanto aceitaria pelas suas duas pernas? E pelas mãos? E pelos seus ouvidos? E pelos seus filhos? E pela sua família? Some tudo que possui e verá que não venderia o que tem, nem por todo ouro armazenado pelos Rockefellers, pelos Fords e pelos Morgans reunidos."

Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados, de pessoas a quem tudo falta, não apenas o necessário, mas até mesmo o indispensável e, apesar do acúmulo de sombras, ainda conseguem enxergar a luz, porque conseguem manter vigente a energia da fé que reacende a esperança!

O fato lamentável é que sempre só identificamos as perdas, e não fixamos nossa atenção nas conquistas... Até mesmo Schopenhauer chegou a dizer: "Raramente pensamos no que temos e sempre no que nos falta." Esta é uma forma sombria e mórbida de encarar a realidade da própria vida...

É baseado na eloquência desses marcantes exemplos, que desejo despertar-lhe a atenção para que você possa mudar a maneira de interpretar os acontecimentos, adquirindo, assim, uma ótica mais luminosa, que possibilite enxergar com mais nitidez o ângulo menos sombrio das suas experiências.

Lembre-se de uma verdade que não pode nem deve ser subestimada: a pessoa que tem o privilégio de possuir o abrigo de um teto e o amparo de um afeto, não deveria, jamais, sentir-se infeliz.

Deixe morrer, então, a nostalgia, para renascer a alegria!

Promova a metamorfose do ser contaminado pelo desencanto, para ressurgir o entusiasmo que energiza a alma, dando um novo alento em termos de esperança! Não espere que o impacto de uma grande dor venha despertar-lhe desse torpor que impede a plena vivência do autoamor.

Agora mesmo, na intimidade mais íntima do seu coração, em estado de prece, repita várias vezes, com profunda emoção:

 "Por tudo que tive, tenho, fui, sou e serei, obrigado, Senhor!"
Jácome Góes do livro:
Uma nova programação para sua vida

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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

A vida do outro

A vida do outro

Hammed


"[...] Primeiro, são vossas leis que são erradas, por que crês que Deus te constrange a ficar com aqueles que te descontentam? E, depois, nessas uniões, frequentemente, procurais mais a satisfação do vosso orgulho e da vossa ambição, do que a felicidade de uma afeição mútua; suportareis, então, a consequência dos vossos preconceitos."  (O Livro dos Espíritos - Questão 940)
Sofres imensamente o abandono de alguém.

Retirou-se de tua vida repentinamente, sem nenhuma explicação plausível.

Buscas consolo e conformação, razão e sentido para tal acontecimento.

Não te esqueças, porém, de que todos, sem exceção, são livres para ficar, ou não, ao lado de alguém.

Pessoas mudam e buscam novas experiências...

Talvez essa que partiu estivesse exausta de estar onde estava...

Não queria mais viver como estava vivendo.

Cada um de nós tem vontade própria; assim sendo, não temos controle sobre ninguém.

Pior que a rejeição é desvalorizar a si mesmo. Quando somos rejeitados por alguém, a agonia é transitória; quando desprezamos a nós mesmos, a aflição é constante.

Buscas sinceramente o porquê do teu sofrimento?

O que te machuca, irmão?

Será que é a dor da falta do outro, ou a dor da própria solidão?

Se alguém se recusa a partilhar contigo a existência, é inútil insistir.

Valida o direito que todo ser humano tem de viver com quem e como deseja.

Não tentes resolver a vida ou entender o que o outro fez, por mais querido e íntimo que ele seja...

Entende e resolve a tua vida; a do outro, que partiu, talvez tenha sido resolvida e por ele entendida.

Hammed por Francisco do Espírito Santo Neto do livro:
A Busca do Melhor

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O dever

O dever

Léon Denis



O dever é o conjunto das prescrições da lei moral, a regra pela qual o homem deve conduzir-se nas relações com seus semelhantes e com o Universo inteiro. Figura nobre e santa, o dever paira acima da Humanidade, inspira os grandes sacrifícios, os puros devotamentos, os grandes entusiasmos.

Risonho para uns, temível para outros, inflexível sempre, ergue-se perante nós, apontando a escadaria do progresso, cujos degraus se perdem em alturas incomensuráveis.

O dever não é idêntico para todos; varia segundo nossa condição e saber.

Quanto mais nos elevamos tanto mais a nossos olhos ele adquire grandeza, majestade, extensão. Seu culto é sempre agradável ao virtuoso, e a submissão às suas leis é fértil em alegrias íntimas, inigualáveis.

Por mais obscura que seja a condição do homem, por mais humilde que pareça a sua sorte, o dever domina-lhe e enobrece a vida, esclarece a razão, fortifica a alma. Ele nos traz essa calma interior, essa serenidade de espírito, mais preciosa que todos os bens da Terra e que podemos experimentar no próprio seio das provações e dos reveses. Não depende de nós desviar os acontecimentos, porque o nosso destino deve seguir os seus trâmites rigorosos; mas sempre podemos, mesmo através de tempestades, firmar essa paz de consciência, esse contentamento íntimo que o cumprimento do dever acarreta.

Todos os Espíritos superiores têm profundamente enraizado em si o sentimento do dever; é sem esforços que seguem a própria rota. É por uma tendência natural, resultante dos progressos adquiridos, que se afastam das coisas vis e orientam os impulsos do ser para o bem. O dever torna-se, então, uma obrigação de todos os momentos, a condição imprescindível da existência, um poder ao qual nos sentimos indissoluvelmente ligados para a vida e para a morte.

O dever oferece múltiplas formas: há o dever para conosco, que consiste em nos respeitarmos, em nos governarmos com sabedoria, em não querermos, em não realizarmos senão o que for útil, digno e belo; há o dever profissional, que exige o cumprimento consciencioso das obrigações de nossos encargos; há o dever social, que nos convida a amar os homens, a trabalhar por eles, a servir fielmente ao nosso país e à Humanidade; há o dever para com Deus... O dever não tem limites. Sempre podemos melhorar. É, aliás, na imolação de si própria que a criatura encontra o mais seguro meio de se engrandecer e de se depurar.

A honestidade é a essência do homem moral; é desgraçado aquele que daí se afastar. O homem honesto faz o bem pelo bem, sem procurar aprovação nem recompensa.

Desconhecendo o ódio, a vingança, esquece as ofensas e perdoa aos seus inimigos. É benévolo para com todos, protetor para com os humildes. Em cada ser humano vê um irmão, seja qual for seu país, seja qual for sua fé. Tolerante, ele sabe respeitar as crenças sinceras, desculpa as faltas dos outros, sabe realçar-lhes as qualidades; jamais é maledicente. Usa com
moderação dos bens que a vida lhe concede, consagra-os ao melhoramento social e, quando na pobreza, de ninguém tem inveja ou ciúme.

A honestidade perante o mundo nem sempre é honestidade de acordo com as leis divinas. A opinião pública, é certo, tem seu valor; torna mais suave a prática do bem, mas não devemos considerá-la infalível. Sem dúvida que o sábio não a desdenha; mas, quando é injusta ou insuficiente, ele também sabe caminhar avante e calcula o seu dever por uma medida mais exata. O mérito e a virtude são algumas vezes desconhecidos na Terra; as apreciações da sociedade quase sempre são influenciadas por paixões e interesses materiais.

Antes de tudo, o homem honesto busca o julgamento e o aplauso da sua própria consciência.

Aquele que soube compreender todo o alcance moral do ensino dos Espíritos tem do dever uma concepção ainda mais elevada. Está ciente de que a responsabilidade é correlativa ao saber, que a posse dos segredos de além-túmulo impõe-lhe a obrigação de trabalhar com energia para o seu próprio melhoramento e para o de seus irmãos.

As vozes dos Espíritos têm feito vibrar ecos em si, têm despertado forças que jazem entorpecidas na maior parte dos homens e que o impelem poderosamente na sua marcha ascensional. Torna-se o ludíbrio dos maus, porque um nobre ideal o anima e atormenta ao mesmo tempo; mas, ainda assim, ele não o trocaria por todos os tesouros de um império. A prática da caridade então lhe é fácil; ensina-o a desenvolver sua sensibilidade e suas qualidades afetivas. Compassivo e bom, ele sente todos os males da Humanidade, quer derramar por seus companheiros de infortúnio as esperanças que o sustêm, desejaria enxugar todas as lágrimas, curar todas as feridas, extinguir todas as dores.

*

A prática constante do dever leva-nos ao aperfeiçoamento.

Para apressá-lo, convém que estudemos primeiramente a nós mesmos, com atenção, e submetamos os nossos atos a um exame escrupuloso, porque ninguém pode remediar o mal sem antes o conhecer.

Podemos estudar-nos em outros homens. Se algum vício, algum defeito terrível em outrem nos impressiona, procuremos ver com cuidado se existe em nós germe idêntico; e, se o descobrirmos, empenhemo-nos pelo arrancar.

Consideremos nossa alma pela sua realidade, isto é, como obra admirável, porém imperfeita e que, por isso mesmo, temos o dever de embelezar e ornar incessantemente. Esse sentimento da nossa imperfeição tornar-nos-á mais modestos, afastará de nós a presunção, a tola vaidade.

Submetamo-nos a uma disciplina rigorosa. Assim como ao arbusto se dá a forma e a direção convenientes, assim também devemos regular as tendências do nosso ser moral. 

O hábito do bem facilita a sua prática. Só os primeiros esforços são penosos; por isso, e antes de tudo, aprendamos a dominar-nos.

As primeiras impressões são fugitivas e volúveis; a vontade é o fundo sólido da alma. Saibamos governar a nossa vontade, assenhorear-nos dessas impressões, e jamais nos deixemos dominar por elas.

O homem não deve isolar-se de seus semelhantes. Convém, entretanto, escolher suas relações, seus amigos, empenhar-se por viver num meio honesto e puro, onde só reinem boas influências.

Evitemos as conversas frívolas, os assuntos ociosos, que conduzem à maledicência. Digamos sempre a verdade, quaisquer possam ser os resultados. Retemperemo-nos frequentemente no estudo e no recolhimento, porque assim a alma encontra novas forças e novas luzes. Possamos dizer, ao fim de cada dia: 
Fiz hoje obra útil, alcancei alguma vantagem sobre mim mesmo, assisti, consolei desgraçados, esclareci meus irmãos, trabalhei por torná-los melhores; tenho cumprido o meu dever!
Léon Denis do livro:
Depois da morte

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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A cor do mundo

A cor do mundo

Richard Simonetti



O ancião descansava em tosco banco, à sombra de uma árvore, quando foi abordado pelo motorista de um automóvel que estacionou a seu lado:

- Bom dia!

- Bom dia!

- Mora aqui?

- Sim, há muitos anos...

- Venho de mudança. Gostaria de saber como é o povo.

- Fale antes da cidade de onde vem.

- Ótima. Maravilhosa! Gente boa, fraterna... Fiz muitos amigos. Só a deixei por imperativos da profissão.

- Pois bem, meu filho. Esta cidade é exatamente igual. Vai gostar daqui.

O forasteiro agradeceu e partiu. Minutos depois apareceu outro motorista:

- Estou chegando para morar aqui. O que me diz do lugar?

- Como é a cidade de onde saiu?

- Horrível! Povo orgulhoso, cheio de preconceitos, arrogante! Não fiz um único amigo!

- Sinto muito, meu filho, pois aqui você encontrará o mesmo ambiente...

* * *

Vemos nas pessoas algo do que somos, do que pensamos, de nossa maneira de ser.

Se o indivíduo é nervoso, agressivo ou pessimista, verá tudo pela ótica de suas tendências, imaginando conviver com gente assim.

Há iniciantes espíritas que, no primeiro contato com o Centro Espírita, integram-se, sentindo que o ambiente é bom, o pessoal é fraterno, fácil de conviver e de fazer amizade.

E há os que, no mesmo grupo, reclamam de frieza dos companheiros, desatenção dos dirigentes, falta de comunicação. Estes acabam transferindo-se para outro Centro, onde encontram idênticos problemas que, basicamente, residem em si mesmos.

Pessoas assim atormentam-se com a convicção de que ninguém as entende, ninguém as estima, ninguém lhes têm consideração. Semelhante atitude é um desastre, conturbando-lhes o psiquismo e favorecendo o envolvimento com influências espirituais que realimentam indefinidamente seus “grilos” e exacerbam suas angústias.

* * *

É preciso “mudar de óculos”. Evitar “lentes negras”, a visão escura, sombria, pesada, densa...

Com “lentes claras”, de otimismo e alegria, enxergaremos melhor, caminharemos com mais segurança, sem tropeços indesejáveis, sem distorções da realidade.

Uma visão pouco objetiva da Lei de Causa e Efeito, se usamos “óculos negros”, pode resultar em lamentáveis enganos no enfoque existencial, com a impressão paralisante de que tudo é carma, até a infelicidade.

- Meu carma, nesta vida, é a impossibilidade de ser feliz! Carrego pesada cruz, transitando por espinhentos caminhos!...

Temos aqui uma obra prima de pessimismo. Quem assim fala não entendeu o Espiritismo. O carma diz respeito a situações educativas que, mesmo quando insuperáveis, não têm necessariamente que afetar nossos estados de ânimo, enterrando-nos nas profundezas da depressão e do desânimo.

A felicidade não é um favor do Céu, assim como a infelicidade não é uma imposição do destino. Ambas dependem muito mais do que oferecemos à Vida e muito menos do que dela recebemos.

O indivíduo pode nascer sem braços, ter grave enfermidade congênita, sofrer irreparável perda material, enfrentar sérios embaraços no relacionamento familiar - cumprindo seu carma - e ainda assim conservar a capacidade de ser feliz. Depende exclusivamente dele, de como enfrenta seus problemas.

O carma é imposição das Leis Divinas, nos caminhos da regeneração. A felicidade não tem nada a ver com ele, porquanto é uma construção que devemos erguer na intimidade de nós mesmos, pensando e realizando o Bem.

Lembrando uma velha expressão: “A felicidade não é uma estação, na viagem da existência; felicidade é uma maneira de viajar”.

* * *

Se usarmos “óculos claros”, sentiremos que em todas as situações sempre há aspectos positivos e é neles que devemos fixar nossa atenção, aproveitando as experiências que Deus nos oferece e fazendo o melhor.

No folclore evangélico conta-se que certa feita Jesus seguia com os discípulos por uma estrada quando deparou com um cão morto, já em início de decomposição. Os discípulos reclamaram do mau cheiro, mas o Mestre, após contemplar por alguns instantes o animal, comentou com simplicidade:

- Que belos dentes tem esse cão!...

A maneira como vemos tem influência decisiva em tudo o que fazemos, até na atividade profissional.

Um fabricante de calçados enviou dois vendedores para uma região subdesenvolvida, a fim de avaliar as possibilidades de vendas.

O primeiro, após alguns dias de pesquisa, telegrafou:

- Mercado péssimo. Todos andam descalços.

O segundo, com idêntico levantamento, informou:

- Mercado promissor. Ninguém tem sapato.

* * *

Não é fácil “mudar de óculos”, cultivar otimismo irrestrito, ver o lado positivo das situações e das pessoas, mesmo porque estamos condicionados por seculares tendências negativas. No entanto, em nosso próprio benefício, é preciso iniciar um treinamento nesse sentido, considerando que “princípio de angu é mingau”. Com boa vontade e perseverança chegaremos lá.

Conhecemos companheiros que alcançaram importantes realizações no cultivo do otimismo.

Diante de um acidente de automóvel, um deles nos informou: “Foi terrível. O carro ficou inutilizado, mas graças a Deus foi só prejuízo material. Eu e minha esposa saímos praticamente ilesos, com leves escoriações. Espiritualmente, lucrei. Eu era afoito. Corria muito nas estradas. Agora respeito as regras de trânsito. Dirijo com prudência”.

Outro, às voltas com problemas domésticos, revela: “Meus familiares me santificam, apontando minhas mazelas e oferecendo-me preciosa oportunidade de testar o aprendizado de princípios religiosos”.

Um terceiro, portador de insidiosa moléstia de pele, que inundou de pústulas horríveis e repugnantes seu corpo, deixando-o com assustadora aparência, tranquilizava os visitantes: “Não se assustem, nem se condoam. É apenas um eficiente tratamento de beleza para meu Espírito”.

* * *

E tudo uma questão de ótica. Tudo fica mais claro e fácil se usamos “óculos'’ adequados.

O pior problema, a situação mais difícil, a doença mais insidiosa, a família mais complicada, são aceitáveis, se o olhar vai além das contingências humanas.

Num hospital, especializado em tratamento do câncer, onde é importante uma atitude otimista em favor da recuperação, há significativa e edificante orientação poética, exposta em pequeno quadro. Ela diz tudo sob a ótica insuperável do Cristo: 
O Mundo tem sua cor...

E você que mede o mundo e o vê como é você.
Se você põe óculos de bondade, de amor,
Tudo é belo, positivo,
Porque positivo e belo está você.

Se você é vingativo,
Invejoso, egoísta,
Vê o Mundo desse jeito,
Porque desse jeito é você.

Do modo que você fala,
Do modo que você vê,
Do modo que você pensa,
Desse modo é você.

Você é a medida do seu mundo,
Mas... que felicidade! Que alegria!
Se Cristo fosse a medida de você!
* * *

- Não reclame dos percalços da existência. As situações difíceis podem impedir que sejamos plenamente felizes, mas seremos decididamente infelizes se nos empolgarmos com elas.

- Encare com bom ânimo os problemas de cada dia, situando-os por experiências necessárias e valiosas. Quanto mais azedo o limão, melhor a limonada, se usarmos de otimismo - o açúcar da Vida.

- Não tente “mudar o Mundo”, impondo sua maneira de ser àqueles que o rodeiam.

Só nos é lícito e necessário mudar a nós mesmos, no empenho por superarmos os aspectos negativos de nosso comportamento.

- Harmonize suas aspirações com os objetivos da jornada humana, cultivando os valores do Bem. Nada nos induzirá ao desalento se estivermos empenhados em colaborar com Deus na edificação de Seu Reino na Terra.

Richard Simonetti do livro:
Uma razão para viver

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Educação e Vida Futura

Educação e Vida Futura

Léon Denis



Uma constatação dolorosa atinge o pensador na noite da vida. Torna-se ainda mais pungente por causa das impressões sentidas quando retorna ao espaço. Ele então percebe que o ensino fornecido pelas instituições humanas em geral – religiões, escolas, universidades – se nos ensinam muitas coisas supérfluas, por outro lado não nos ensinam quase nada do que mais precisamos saber para a conduta, a direção da existência terrena e a preparação para a vida após a morte.

Aqueles que têm a elevada missão de iluminar e guiar a alma humana que parecem ignorar sua natureza e seus verdadeiros destinos.

Nos meios acadêmicos, ainda reina uma completa incerteza sobre a solução do problema mais importante que o homem já enfrentou durante sua passagem na Terra. Essa incerteza se reflete em toda a educação. A maioria dos professores sistematicamente exclui de suas lições tudo relacionado ao problema da vida, às questões de propósito e de finalidade. 

Encontraremos a mesma incapacidade no padre. Por suas afirmações desprovidas de provas, ele é incapaz de comunicar às almas pelas quais é responsável uma crença, que não mais atende nem às regras da crítica sã nem às exigências da razão. 

Na realidade, tanto na Universidade quanto na Igreja, a alma moderna só encontra escuridão e contradição em tudo o que toca o problema da sua natureza e do seu futuro. É a esta situação que devemos atribuir em grande medida os males de nosso tempo; a incoerência das ideias, a desordem das consciências, a anarquia moral e social. 

A educação dada às gerações é complicada, mas não lhes esclarece o caminho da vida; não as prepara para as lutas da vida. O ensino clássico pode ensinar a cultivar, a ordenar a inteligência; ele não ensina a agir, a amar, a devotar-se.

Ensina ainda menos a formar uma concepção do destino que desenvolva as energias profundas do eu e direcione nossos impulsos e esforços para um objetivo maior. No entanto, esta concepção é indispensável a todo ser, a toda sociedade, porque é o sustento, a suprema consolação nos tempos difíceis, a fonte das virtudes e das altas inspirações.

Carl du Prel relata o seguinte fato. (Carl du Prel, Morte e Além, pág.7.)
"Um de nossos amigos, professor universitário, teve a dor de perder sua filha, o que nele reviveu a questão da imortalidade. Recorreu aos colegas, professores de filosofia, na esperança de encontrar consolo em suas respostas. Foi uma amarga decepção: pedira pão, deram-lhe uma pedra; procurava uma afirmação, lhe responderam com um “talvez”!"
Francisque Sarcey, esse modelo consolidado do professor universitário, (Petit Journal, crônica, 7 de março de 1894.) escreveu: 
"Eu estou nesta terra. Não faço ideia de como aqui cheguei e por que me jogaram aqui. Igualmente ignoro como vou sair daqui e o que vai acontecer comigo quando isso acontecer".
Não se pode admitir com mais franqueza: a filosofia da escola, depois de tantos séculos de estudo e trabalho, ainda é apenas uma doutrina sem luz, sem calor, sem vida. (Sobre os exames universitários, M. Ducros, reitor da Faculdade de Aix, escreveu no Journal des Débats em 3 de maio de 1912: "Parece que entre o aluno e as coisas há como uma tela, não sei que nuvem de palavras aprendidas, de fatos dispersos e opacos. É especialmente na filosofia que se experimenta essa dolorosa impressão."). A alma de nossos filhos, jogada entre sistemas diversos e contraditórios: o positivismo de Auguste Comte, o naturalismo de Hegel, o materialismo de Cousin etc., flutua incerta, sem ideal, sem objetivo preciso.

Disso resulta o desânimo precoce e o pessimismo dissolvente, as doenças das sociedades decadentes, as terríveis ameaças ao futuro, às quais se junta o ceticismo amargo e zombeteiro de tantos jovens que só acreditam na fortuna e não honram senão o sucesso.

O eminente professor Raoul Pictet aponta esse estado de espírito na introdução de sua mais recente obra sobre as ciências físicas (Estudo crítico do materialismo e do Espiritismo, através da física experimental. Félix Alcan, Ed.). Ele fala do efeito desastroso produzido pelas teorias materialistas sobre a mentalidade de seus alunos, e conclui:

"Esses pobres jovens admitem que tudo o que acontece no mundo é efeito necessário e fatal de condições primeiras, nas quais sua vontade não intervém; consideram que sua própria existência é necessariamente o brinquedo da fatalidade inescapável, à qual estão de mãos e pés atados. 

Tudo isso se aplica não só a uma parte de nossa juventude, mas também a muitos homens de nosso tempo e de nossa geração, nos quais podemos observar uma espécie de colapso e cansaço moral.

Myers, por sua vez, admite: “Há”, diz ele, (Fredrich Myers – A personalidade humana) “uma inquietação, um descontentamento, uma falta de confiança no verdadeiro valor da vida. O pessimismo é a doença moral do nosso tempo."

As teorias do outro lado do Reno, as doutrinas de Nietzsche, Schopenhauer, Haeckel, entre outras, também muito contribuíram para desenvolver esse estado de coisas. Sua influência se espalhou por toda parte. Deve-se-lhe atribuir, em grande medida, esse lento trabalho - obra obscura de ceticismo e desânimo - que se apodera da alma contemporânea.

É hora de reagir vigorosamente contra essas doutrinas desastrosas e de buscar, fora da rotina oficial e das velhas crenças, novos métodos de ensino que atendam às prementes necessidades do tempo presente. É preciso preparar os espíritos para as necessidades, para os combates da vida atual e das vidas posteriores; é preciso sobretudo ensinar o ser humano a conhecer-se a si mesmo, a desenvolver, com vistas aos seus fins, as forças latentes que nele estão adormecidas. 

Até agora, o pensamento esteve confinado em círculos estreitos: religiões, escolas ou sistemas que se excluem e lutam entre si. Daí essa profunda divisão entre as inteligências, essas correntes violentas e contrárias que confundem e perturbam o meio social.

Aprendamos a sair desses círculos rígidos e a dar livre impulso ao pensamento. Cada sistema contém uma parte da verdade. Nenhum contém toda a realidade. O universo e a vida têm aspectos muito variados, numerosos demais para que algum sistema possa abarcá-los completamente. A partir dessas concepções díspares, é necessário identificar os fragmentos de verdade que elas contêm, aproximá-los, colocá-los de acordo; então, unindo-os aos novos e múltiplos aspectos da verdade que descobrimos a cada dia, caminhar para a majestosa unidade e harmonia do pensamento.

A crise moral e a decadência de nosso tempo decorrem, em grande parte, do fato de que o espírito humano se imobilizou por muito tempo. É preciso resgatá-lo da inércia, das rotinas seculares, levá-lo às grandes altitudes, sem perder de vista as bases sólidas oferecidas por uma ciência ampliada e renovada. Estamos trabalhando para construir essa ciência de amanhã. Ela nos fornecerá o critério indispensável, os meios de verificação e de controle, sem os quais o pensamento, entregue a si mesmo, correrá sempre o risco de se desviar.

* * *

A confusão e a incerteza que constatamos na educação reverberam e se encontram, dizíamos, em toda a ordem social.

Em todos os lugares, por dentro e por fora, é um estado preocupante de crise. Sob a superfície brilhante de uma civilização refinada se esconde um profundo mal-estar. A irritação cresce nas fileiras sociais. O conflito de interesses, a luta pela vida são cada vez mais duros. O sentimento do dever se enfraqueceu na consciência popular, tanto que muitos homens não sabem mais onde está o dever. A lei dos números, isto é, da força cega, domina mais do que nunca. A pérfida retórica é aplicada para desencadear as paixões, os maus instintos da multidão, para espalhar teorias doentias, às vezes criminosas. Então, quando a maré sobe e o vento sopra em uma tempestade, eles se escondem ou fogem de qualquer responsabilidade.

Onde está a explicação desse enigma, dessa contradição marcante entre as aspirações generosas de nosso tempo e a realidade brutal dos fatos? Por que um regime que havia suscitado tanta esperança ameaça cair na anarquia, na ruptura de todo equilíbrio social?

A inexorável lógica nos responderá: a democracia, radical ou socialista, em suas massas profundas e em seu espírito dirigente, também inspirada por doutrinas negativistas, só provou alcançar um resultado negativo para a felicidade e elevação da humanidade. Tanto é o ideal quanto vale o homem; tanto vale a nação quanto vale o país!

As doutrinas negativistas, com suas consequências extremas, levam inevitavelmente à anarquia, isto é, ao vazio, ao nada social. A história já passou por isso muitas vezes dolorosamente.

Enquanto se tratou de destruir os resquícios do passado, de dar o último golpe nos privilégios que permaneciam de pé, a democracia usou habilmente seus meios de ação. Mas hoje importa construir a cidade do futuro, o vasto edifício que deve abrigar o pensamento das gerações. E diante dessa tarefa, as doutrinas negativistas mostram sua inadequação e revelam sua fragilidade. Vemos os melhores trabalhadores lutando numa espécie de impotência material e moral.

Nenhuma obra humana pode ser grande e duradoura se não for inspirada, na teoria e na prática, em seus princípios e aplicações, pelas leis eternas do universo. Tudo o que é projetado e edificado fora das leis superiores, é construído sob a areia, e desmorona.

Ora, as doutrinas do socialismo atual têm uma falha capital. Elas querem impor uma regra em contradição com a natureza e a verdadeira lei da humanidade: o nível igualitário.

A evolução individual e progressiva é a lei fundamental da natureza e da vida. Esta é a razão de ser do homem, a norma do universo. Rebelar-se contra ela, substituí-la por outro fim, seria tão insensato quanto querer impedir o movimento da Terra ou o fluxo e refluxo dos oceanos.

O lado mais fraco da doutrina socialista é a absoluta ignorância do homem, do seu princípio essencial, das leis que regem seus destinos. E quando ignora-se o homem individual, como poder-se-ia governar o homem social?

A fonte de todos os nossos males está na nossa falta de conhecimento e na nossa inferioridade moral. Toda sociedade permanecerá fraca e dividida enquanto a desconfiança, a dúvida, o egoísmo, a inveja e o ódio a dominarem. Uma sociedade não pode ser transformada por leis. As leis e as instituições não são nada sem os costumes e as crenças elevadas. Qualquer que seja a forma política e a legislação de um povo, se ele possui bons costumes e firmes convicções, será sempre mais feliz e mais próspero do que outro povo de moral inferior.

Sendo uma sociedade a resultante de forças individuais, boas ou más, para melhorar a forma dessa sociedade, é necessário primeiro agir sobre a inteligência e a consciência dos indivíduos.

Mas, para a democracia socialista, o homem interior, o homem da consciência individual não existe; a coletividade o absorve por inteiro. Os princípios que ela adota não são mais do que uma negação de toda filosofia elevada e de toda causa superior. Tudo o que se pensa é na conquista de direitos. No entanto, o gozo de direitos não passa sem a prática de deveres. O direito sem o dever, que o limita e corrige, produzirá novas lágrimas, novos sofrimentos.

É por isso que o tremendo impulso do socialismo apenas desloca os apetites, a ganância, as causas do mal-estar e substitui as opressões do passado por um novo e ainda mais intolerável despotismo. Vemos um exemplo disso na Rússia. 

Já podemos medir a extensão dos desastres causados por doutrinas negativistas. O determinismo, o materialismo, ao negarem a liberdade e a responsabilidade humanas, minam os próprios fundamentos da ética universal. O mundo moral não é mais do que um apêndice da fisiologia, isto é, o reinado, a manifestação da força cega e irresponsável. As inteligências de elite professam o niilismo metafísico, e a massa humana, o povo, sem crenças, sem princípios fixos, fica entregue a homens que exploram suas paixões e especulam sobre seus desejos.

O positivismo, por ser menos absoluto, não é menos funesto em suas consequências. Por sua teoria do incognoscível, ele suprime as noções de propósito e de ampla evolução. Leva o homem para a fase presente de sua vida, simples fragmento de seu destino, e o impede de ver seu futuro e seu passado. Um método estéril e perigoso, feito, ao que parece, para os cegos de espírito, e que foi falsamente proclamado a mais bela conquista da mente moderna.

Este é o estado atual da sociedade. O perigo é imenso e, se não ocorresse alguma grande renovação espiritualista e científica, o mundo afundaria na incoerência e na confusão.

Nossos governantes já sentem o custo de viver em uma sociedade onde as bases essenciais da moral estão abaladas, onde tudo se confunde, até mesmo a noção elementar do bem e do mal.

As igrejas, é verdade, apesar de suas formas desgastadas e seu espírito retrógrado, ainda reúnem em torno de si muitas almas sensíveis: mas tornaram-se incapazes de afastar o perigo, pela impossibilidade em que se colocaram de fornecer uma definição precisa do destino humano e da vida após a morte, baseada em fatos convincentes.

A humanidade, cansada de dogmas e especulações sem provas, mergulhou no materialismo ou na indiferença. Não há mais salvação para o pensamento senão em uma doutrina baseada na experiência e no testemunho dos fatos.

De onde virá essa doutrina? Do abismo onde deslizamos, que poder nos puxará? Qual novo ideal devolverá ao homem a confiança no futuro e o ardor pelo bem? Nas horas trágicas da História, quando tudo parecia sem esperança, nunca faltou ajuda. A alma humana não pode ficar completamente atolada e perecer. No momento em que as crenças do passado são veladas, uma nova concepção da vida e do destino, baseada na ciência dos fatos, reaparece. A grande tradição revive sob formas mais amplas, mais jovens e mais belas. Ela mostra a todos um futuro cheio de esperanças e promessas. Saudemos o novo reinado da ideia, que vence a matéria, e trabalhemos para preparar seus caminhos!

A tarefa a ser cumprida é grande, a educação do homem deve ser completamente refeita. Como vimos, nem a Universidade nem a Igreja são capazes de dar essa educação, pois não têm mais as sínteses necessárias para iluminar a marcha das novas gerações. Somente uma doutrina pode oferecer essa síntese, a do Espiritismo; ela já está subindo para o horizonte do mundo intelectual e parece iluminar o futuro.

Para esta filosofia, para esta ciência, livre, independente, liberta de toda pressão oficial, de todo compromisso político, as descobertas contemporâneas trazem novas e preciosas contribuições a cada dia. Os fenômenos do magnetismo, da radioatividade, da telepatia, são aplicações de um mesmo princípio, manifestações de uma mesma lei que rege, simultaneamente, o ser e o universo.

Mais alguns anos de trabalho paciente, experimentação minuciosa, pesquisas perseverantes e a nova educação terá encontrado sua fórmula científica, sua base essencial. Esse evento será o maior fato da História desde o aparecimento do cristianismo.

A educação, como sabemos, é o mais poderoso fator do progresso. Contém as sementes de todo o futuro. Mas, para ser completa, deve inspirar-se no estudo da vida em suas duas formas alternadas, visível e invisível: da vida em sua plenitude, em sua evolução ascendente em direção às alturas da natureza e do pensamento.

Os preceptores da humanidade têm, portanto, um dever imediato a cumprir. Trata-se de colocar o Espiritismo na base da educação, trabalhar para refazer o homem interior e a saúde moral. É preciso despertar a alma humana, adormecida por uma retórica funesta, mostrar-lhe seus poderes ocultos, forçá-la a tomar consciência de si mesma, a realizar seus destinos gloriosos.

A ciência moderna analisou o mundo exterior; suas marcas no universo objetivo são profundas: essa será sua honra e glória. Mas ela ainda não sabe nada sobre o universo invisível e o mundo interior. Este é o império ilimitado que resta a ser conquistado. Para saber por quais ligações o homem está ligado ao todo, para descer às misteriosas dobras do ser, onde sombra e luz se misturam como na caverna de Platão, para caminhar pelos labirintos, pelos cômodos secretos, para examinar o eu normal e o eu profundo, a consciência e a subconsciência, não há estudo mais necessário. Se as Escolas e as Academias não o introduzirem em seus programas, nada terão feito pela educação definitiva da humanidade.

Mas já vemos o surgimento e a constituição de toda uma psicologia maravilhosa e imprevista, da qual surgirá uma nova concepção de ser e a noção de uma lei superior que abarca e resolve todos os problemas da evolução e do devir (*). 
(*) Devir: [Filosofia] Processo de mudanças efetivas pelas quais todo ser passa.
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Um tempo está acabando; novos tempos se anunciam. A hora em que estamos é uma hora de crise e de parto doloroso, as formas esgotadas do passado estão empalidecendo e desaparecendo para dar lugar a outras, a princípio vagas e confusas, mas que estão se tornando cada vez mais precisas. Nelas se delineia o pensamento crescente da humanidade.

O espírito humano está em ação: em toda parte, sob a aparente decomposição de ideias e princípios, em toda parte, na ciência, na arte, na filosofia e mesmo no seio das religiões, o observador atento pode constatar que uma gestação lenta e laboriosa gestação está ocorrendo. A ciência, especialmente, lança sementes em abundância com ricas promessas. O próximo século será de poderosas florações.

As formas e concepções do passado, dizíamos, já não são suficientes. Por mais respeitável que essa herança pareça, apesar do sentimento piedoso com que se pode considerar os ensinamentos legados por nossos pais, sente-se, entende-se que esse ensinamento não tem sido suficiente para dissipar o mistério agonizante do porquê da vida.

No entanto, quer-se viver e agir, em nossa época, com mais intensidade do que nunca; mas será que pode-se viver e agir plenamente sem ter consciência do objetivo a ser alcançado? O estado da alma contemporânea exige, reclama uma ciência, uma arte, uma religião de luz e de liberdade que venha libertá-la de suas dúvidas, emancipá-la das velhas servidões e misérias do pensamento, guiá-la para os horizontes radiantes onde se sinta levada por sua própria natureza e pelo impulso de forças irresistíveis.

Fala-se muitas vezes de progresso; mas o que se entende por progresso? É uma palavra vazia e sonora, na boca de oradores majoritariamente materialistas, ou tem um sentido determinado? Vinte civilizações passaram sobre a Terra, iluminando com seus brilhos a marcha da humanidade. Suas grandes lareiras brilharam na noite dos séculos, depois se extinguiram. E o homem ainda não discerne, por trás dos horizontes limitados de seu pensamento, a vida após a morte ilimitada a que seu destino o leva. Incapaz de dissipar o mistério que o rodeia, ele usa suas forças para as obras terrenas e se esquiva dos esplendores de sua tarefa espiritual, aquela que fará sua verdadeira grandeza.

A fé no progresso não subsiste sem fé no futuro, no futuro de cada um e de todos. Os homens só progridem e avançam se acreditarem nesse futuro e se caminharem com confiança, com certeza, rumo ao ideal vislumbrado.

O progresso não consiste apenas nas obras materiais, na criação de máquinas poderosas e de todas as ferramentas industriais. Também não consiste em encontrar novos dispositivos de arte, de literatura ou formas de eloquência. Seu mais alto objetivo é aprender, alcançar a ideia mestra, a ideia-mãe que fertilizará toda a vida humana; a fonte alta e pura da qual fluirão de uma vez as verdades, os princípios e os sentimentos que inspirarão as obras fortes e as ações nobres.

É hora de compreender que a civilização só pode crescer, a sociedade só pode se elevar se um pensamento cada vez mais elevado, uma luz cada vez mais brilhante vier inspirar, esclarecer os espíritos e tocar os corações, renovando-os. Só a ideia, o pensamento, é a mãe da ação. A vontade de realizar a plenitude do ser, cada vez melhor, cada vez maior, só pode nos levar àqueles longínquos picos onde a ciência, a arte, em uma palavra, toda a obra humana, encontrará seu florescimento, sua regeneração.

Tudo nos diz: o universo é regido pela lei da evolução: é isso que entendemos por progresso. E nós mesmos, em nosso princípio de vida, em nossa alma e nossa consciência, estamos para sempre sujeitos a essa lei. Hoje não podemos ignorar essa força soberana que carrega a alma e suas obras através da infinidade do tempo e do espaço, em direção a um objetivo sempre mais elevado; mas tal lei só é realizável através dos nossos esforços.

Para fazer um trabalho útil, para cooperar na evolução geral e daí recolher todos os frutos, antes de tudo deve-se aprender a discernir, a entender o motivo, a causa e o propósito dessa evolução, a saber para onde ela conduz, a fim de participar, na plenitude das forças e das faculdades que estão adormecidas em nós, desta grandiosa ascensão.

Nosso dever é traçar seu caminho para a humanidade futura, da qual ainda seremos parte integrante, como aprendemos com a comunhão das almas, a revelação dos grandes Mestres invisíveis, e como a natureza também ensina por suas milhares de vozes, através da renovação perpétua de todas as coisas, àqueles que sabem estudá-la e compreendê-la.

Vamos, pois, em direção ao futuro, à vida sempre renascida, através do imenso caminho que nos é aberto por um espiritualismo regenerado!

Fé do passado, ciências, filosofias, religiões, iluminai-vos com uma nova chama; sacudi vossos velhos lençóis e as cinzas que os cobrem. Escutai as vozes reveladoras da sepultura; elas nos trazem uma renovação do pensamento com os segredos (da vida após a morte), que o homem precisa conhecer para viver melhor, agir melhor e morrer melhor!

Léon Denis
Educação e Vida Futura

Lançamento original em francês: 
LÉON DENIS 
– L’ ENSEIGNEMENT ET LA VIE FUTURE 
- LIBRAIRE LES EDITIONS JEAN MEYER (B.P.S.) 
8, RUE COPERNIC, (XVI). PARIS – 1930. 

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