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terça-feira, 24 de setembro de 2024

O amor

O amor

Léon Denis



O amor é a celeste atração das almas e dos mundos, a potência divina que liga os Universos, governa-os e fecunda; o amor é o olhar de Deus!

Não se designe com tal nome a ardente paixão que atiça os desejos carnais. Esta não passa de uma imagem, de um grosseiro simulacro do amor.

O amor é o sentimento superior em que se fundem e se harmonizam todas as qualidades do coração; é o coroamento das virtudes humanas, da doçura, da caridade, da bondade; é a manifestação na alma de uma força que nos eleva acima da matéria, até alturas divinas, unindo todos os seres e despertando em nós a felicidade íntima, que se afasta extraordinariamente de todas as volúpias terrestres.

Amar é sentir-se viver em todos e por todos, é consagrar-se ao sacrifício, até à morte, em benefício de uma causa ou de um ser. Se quiserdes saber o que é amar, considerai os grandes vultos da Humanidade e, acima de todos, o Cristo, o amor encarnado, o Cristo, para quem o amor era toda a moral e toda
a religião. Não disse ele: “Amai os vossos inimigos”?

Por essas palavras, o Cristo não exige da nossa parte uma afeição que nos seja impossível, mas sim a ausência de todo ódio, de todo desejo de vingança, uma disposição sincera para ajudar nos momentos precisos aqueles que nos atribulam, estendendo-lhes um pouco de auxílio.

Uma espécie de misantropia, de lassidão moral por vezes afasta do resto da Humanidade os bons Espíritos. É necessário reagir contra essa tendência para o insulamento; devemos considerar tudo o que há de grande e belo no ser humano, devemos recordar-nos de todos os sinais de afeto, de todos os atos benévolos de que temos sido objeto. Que poderá ser o homem separado dos seus semelhantes, privado da família e da pátria? Um ente inútil e desgraçado.

Suas faculdades estiolam-se, suas forças se enfraquecem, a tristeza invade-o. Não se pode progredir isoladamente. É imprescindível viver com os outros homens, ver neles companheiros necessários. O bom humor constitui a saúde da alma. Deixemos o nosso coração abrir-se às impressões sãs e fortes. Amemos para sermos amados!

Se nossa simpatia deve abranger a todos os que nos rodeiam, seres e coisas, a tudo o que nos ajuda a viver e mesmo a todos os membros desconhecidos da grande família humana, que amor profundo, inalterável, não devemos aos nossos genitores: ao pai, cuja solicitude manteve a nossa infância, que por muito tempo trabalhou em aplanar a rude vereda da nossa vida; à mãe, que nos acalentou e nos reaqueceu em seu seio, que velou com ansiedade os nossos primeiros passos e as nossas primeiras dores! Com que carinhosa dedicação não deveremos rodear-lhes a velhice, reconhecer-lhes o afeto e os cuidados assíduos!

A pátria também devemos o nosso concurso e o nosso sacrifício. Ela recolhe e transmite a herança de numerosas gerações que trabalharam e sofreram para edificar uma civilização de que recebemos os benefícios ao nascer. Como guarda dos tesouros intelectuais acumulados pelas idades, ela vela pela sua conservação, pelo seu desenvolvimento; e, como mãe generosa, os distribui por todos os seus filhos. Esse património sagrado, ciências e artes, leis, instituições, ordem e liberdade, todo esse acervo produzido pelo pensamento e pelas mãos dos homens, tudo o que constitui a riqueza, a grandeza, o gênio da nação, é compartilhado por todos. Saibamos cumprir os nossos deveres para com a pátria na medida das vantagens que auferimo-a. Sem ela, sem essa civilização que ela nos lega, não seríamos mais que selvagens.

Veneremos a memória desses que têm contribuído com suas vigílias e com seus esforços para reunir e aumentar essa herança; veneremos a memória dos heróis que têm defendido a pátria nas ocasiões criticas, de todos esses que têm, até à hora da morte, proclamado a verdade, servido à justiça, e que nos transmitiram, tingidas pelo seu sangue, as liberdades, os progressos que agora gozamos.

*

O amor, profundo como o mar, infinito como o céu, abraça todas as criaturas.

Deus é o seu foco. Assim como o Sol se projeta, sem exclusões, sobre todas as coisas e reaquece a natureza inteira, assim também o amor divino vivifica todas as almas; seus raios, penetrando através das trevas do nosso egoísmo, vão iluminar com trêmulos clarões os recônditos de cada coração humano. Todos os seres foram criados para amar. As partículas da sua moral, os germes do bem que em si repousam, fecundados pelo foco supremo, expandir-se-ão algum dia, florescerão até que todos sejam reunidos numa única comunhão do amor, numa só fraternidade universal.

Quem quer que sejais, vós que ledes estas páginas, sabei que nos encontraremos algum dia, quer neste mundo, nas existências vindouras, quer em esfera mais elevada ou na imensidade dos espaços; sabei que somos destinados a nos influenciarmos no sentido do bem, a nos ajudarmos na ascensão comum. Filhos de Deus, membros da grande família dos Espíritos, marcados na fronte com o sinal da imortalidade, todos somos irmãos e estamos destinados a conhecermo-nos, a unirmo-nos na santa harmonia das leis e das coisas, longe das paixões e das grandezas ilusórias da Terra.

Enquanto esperamos esse dia, que meu pensamento se estenda sobre vós como testemunho de terna simpatia; que ele vos ampare nas dúvidas, vos console nas dores, vos conforte nos desfalecimentos, e que se junte ao vosso próprio pensamento para pedir ao Pai comum que nos auxilie a conquistar um futuro melhor.

Léon Denis do livro:
Depois da morte

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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O estudo

O estudo

Léon Denis



O estudo é a fonte de ternos e puros gozos; liberta-nos das preocupações vulgares e faz-nos esquecer as tribulações da vida. O livro é um amigo sincero que nos dá bons augúrios nas horas felizes, bem como nas ocasiões críticas. Referimo-nos ao livro sério, útil, que instrui, consola, anima, e não ao livro frívolo, que diverte e, muitas vezes, desmoraliza. Ainda não nos compenetramos bem do verdadeiro caráter do bom livro.

É como uma voz que nos fala através dos tempos, relatando-nos os trabalhos, as lutas, as descobertas daqueles que nos precederam no caminho da vida e que, em nosso proveito, aplanaram as dificuldades.

Não será grande felicidade o podermos neste mundo comunicar pelo pensamento com os Espíritos eminentes de todos os séculos e de todos os países? Eles puseram no livro a melhor parte da sua inteligência e do seu coração. Conduzem-nos pela mão, através dos dédalos da História; guiam-nos para as altas regiões da Ciência, das Artes e da Literatura. Ao contato dessas obras que constituem o mais precioso dos bens da Humanidade, compulsando esses arquivos sagrados, sentimo-nos engrandecer, sentimo-nos satisfeitos por pertencermos a raças que produziram tais gênios. A irradiação do seu pensamento estende-se sobre nossas almas, reaquecendo-nos e exaltando-nos.

Saibamos escolher bons livros e habituemo-nos a viver no meio deles, em relação constante com os Espíritos elevados.

Rejeitemos com objetivismo as obras pérfidas, escritas para lisonjear as paixões vis. Acautelemo-nos dessa literatura relaxada, fruto do sensualismo, que deixa em sua passagem a corrupção e a imoralidade. A maior parte dos homens pretende amar o estudo, e objeta que lhe falta tempo para se entregar a ele. Mas, quantos nessa maioria consagram noites inteiras ao jogo, às conversações ociosas? Alguns replicam que os livros custam caro; entretanto, em prazeres fúteis e de mau gosto, despendem mais dinheiro do que o necessário para a aquisição de uma rica coleção de obras.

Além disso, o estudo da Natureza, o mais eficaz, o mais confortável de todos, nada custa.

A ciência humana é falível e variável; a Natureza não. Esta nunca se desmente. Nas horas de incerteza e de desânimo voltemo-nos para ela. Como uma mãe, a Natureza então nos acolherá, sorrirá para nós, acalentar-nos-á em seu seio. Irá falar-nos em linguagem simples e terna, na qual a verdade está
despida de atavios e de fórmulas; porém, essa linguagem pacífica poucos sabem escutar e compreender. O homem leva consigo, mesmo no fundo das solidões, essas paixões, essas agitações internas, cujos ruídos abafam o ensino íntimo da Natureza. Para discernir a revelação imanente no seio das coisas é necessário impor silêncio às quimeras do mundo, a essas opiniões turbulentas, que perturbam a paz dentro e ao redor de nós. Então, todos os ecos da vida política e social calar-se-ão, a alma perscrutará a si própria, evocará o sentimento da Natureza, das leis eternas, a fim de comunicar-se com a Razão Suprema.

O estudo da Natureza terrestre eleva e fortifica o pensamento; mas, que dizer das perspectivas celestes?

Quando a noite tranquila desvenda o seu zimbório estrelado, quando os astros começam a desfilar, quando aparecem as multidões planetárias e as nebulosas perdidas no seio dos espaços, uma claridade trêmula e difusa desce sobre nós, uma misteriosa influência envolve-nos, um sentimento profundamente religioso invade-nos. Como as vãs preocupações sossegam nessa hora! Como a sensação do desconhecido nos penetra, subjuga-nos e faz-nos dobrar os joelhos! Que muda adoração se nos eleva então do ser!

A Terra, frágil esquife, voga nos campos da imensidade. Impulsionada pelo Sol poderoso, ela foge. Por toda parte ao seu redor, o espaço; por toda parte, belas profundezas que ninguém pode sondar sem vertigem. Por toda parte, também, a distâncias enormes, mundos, depois mundos ainda, ilhas flutuantes, embaladas nas ondas do éter. O olhar recusa-se a contá-las, mas o nosso espírito considera-as com respeito, com amor. Suas sutis irradiações atraem-no.

Enorme Júpiter! E tu, Saturno, rodeado por uma faixa luminosa e coroado por oito luas de ouro; sóis gigantes de fogos multicores, esferas inumeráveis nós vos saudamos do fundo do abismo! Mundos que brilhais sobre nossas cabeças, que maravilhas encobris vós? Quereríamos conhecer-vos, saber quais os povos, quais as cidades estranhas, quais civilizações se desenvolvem sobre vossos vastos flancos! Um instinto secreto diz-nos que em vós reside a felicidade, inutilmente procurada aqui na Terra.

Mas, por que duvidar e temer? Esses mundos são a nossa herança. Somos destinados a percorrê-los, a habitá-los. Visitaremos esses arquipélagos estelares e penetraremos seus mistérios. Nenhum obstáculo jamais deterá o nosso curso, os nossos impulsos e progressos, se soubermos conformar nossa vontade às leis divinas e conquistar pelos nossos atos a plenitude da vida, com os celestes gozos que lhe são inerentes.

Léon Denis dos livros:
Depois da Morte e O Caminho Reto
Nota:  O livro: O Caminho Reto,  é a quinta parte do livro Depois da morte. 
(RDB)
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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

O dever

O dever

Léon Denis



O dever é o conjunto das prescrições da lei moral, a regra pela qual o homem deve conduzir-se nas relações com seus semelhantes e com o Universo inteiro. Figura nobre e santa, o dever paira acima da Humanidade, inspira os grandes sacrifícios, os puros devotamentos, os grandes entusiasmos.

Risonho para uns, temível para outros, inflexível sempre, ergue-se perante nós, apontando a escadaria do progresso, cujos degraus se perdem em alturas incomensuráveis.

O dever não é idêntico para todos; varia segundo nossa condição e saber.

Quanto mais nos elevamos tanto mais a nossos olhos ele adquire grandeza, majestade, extensão. Seu culto é sempre agradável ao virtuoso, e a submissão às suas leis é fértil em alegrias íntimas, inigualáveis.

Por mais obscura que seja a condição do homem, por mais humilde que pareça a sua sorte, o dever domina-lhe e enobrece a vida, esclarece a razão, fortifica a alma. Ele nos traz essa calma interior, essa serenidade de espírito, mais preciosa que todos os bens da Terra e que podemos experimentar no próprio seio das provações e dos reveses. Não depende de nós desviar os acontecimentos, porque o nosso destino deve seguir os seus trâmites rigorosos; mas sempre podemos, mesmo através de tempestades, firmar essa paz de consciência, esse contentamento íntimo que o cumprimento do dever acarreta.

Todos os Espíritos superiores têm profundamente enraizado em si o sentimento do dever; é sem esforços que seguem a própria rota. É por uma tendência natural, resultante dos progressos adquiridos, que se afastam das coisas vis e orientam os impulsos do ser para o bem. O dever torna-se, então, uma obrigação de todos os momentos, a condição imprescindível da existência, um poder ao qual nos sentimos indissoluvelmente ligados para a vida e para a morte.

O dever oferece múltiplas formas: há o dever para conosco, que consiste em nos respeitarmos, em nos governarmos com sabedoria, em não querermos, em não realizarmos senão o que for útil, digno e belo; há o dever profissional, que exige o cumprimento consciencioso das obrigações de nossos encargos; há o dever social, que nos convida a amar os homens, a trabalhar por eles, a servir fielmente ao nosso país e à Humanidade; há o dever para com Deus... O dever não tem limites. Sempre podemos melhorar. É, aliás, na imolação de si própria que a criatura encontra o mais seguro meio de se engrandecer e de se depurar.

A honestidade é a essência do homem moral; é desgraçado aquele que daí se afastar. O homem honesto faz o bem pelo bem, sem procurar aprovação nem recompensa.

Desconhecendo o ódio, a vingança, esquece as ofensas e perdoa aos seus inimigos. É benévolo para com todos, protetor para com os humildes. Em cada ser humano vê um irmão, seja qual for seu país, seja qual for sua fé. Tolerante, ele sabe respeitar as crenças sinceras, desculpa as faltas dos outros, sabe realçar-lhes as qualidades; jamais é maledicente. Usa com
moderação dos bens que a vida lhe concede, consagra-os ao melhoramento social e, quando na pobreza, de ninguém tem inveja ou ciúme.

A honestidade perante o mundo nem sempre é honestidade de acordo com as leis divinas. A opinião pública, é certo, tem seu valor; torna mais suave a prática do bem, mas não devemos considerá-la infalível. Sem dúvida que o sábio não a desdenha; mas, quando é injusta ou insuficiente, ele também sabe caminhar avante e calcula o seu dever por uma medida mais exata. O mérito e a virtude são algumas vezes desconhecidos na Terra; as apreciações da sociedade quase sempre são influenciadas por paixões e interesses materiais.

Antes de tudo, o homem honesto busca o julgamento e o aplauso da sua própria consciência.

Aquele que soube compreender todo o alcance moral do ensino dos Espíritos tem do dever uma concepção ainda mais elevada. Está ciente de que a responsabilidade é correlativa ao saber, que a posse dos segredos de além-túmulo impõe-lhe a obrigação de trabalhar com energia para o seu próprio melhoramento e para o de seus irmãos.

As vozes dos Espíritos têm feito vibrar ecos em si, têm despertado forças que jazem entorpecidas na maior parte dos homens e que o impelem poderosamente na sua marcha ascensional. Torna-se o ludíbrio dos maus, porque um nobre ideal o anima e atormenta ao mesmo tempo; mas, ainda assim, ele não o trocaria por todos os tesouros de um império. A prática da caridade então lhe é fácil; ensina-o a desenvolver sua sensibilidade e suas qualidades afetivas. Compassivo e bom, ele sente todos os males da Humanidade, quer derramar por seus companheiros de infortúnio as esperanças que o sustêm, desejaria enxugar todas as lágrimas, curar todas as feridas, extinguir todas as dores.

*

A prática constante do dever leva-nos ao aperfeiçoamento.

Para apressá-lo, convém que estudemos primeiramente a nós mesmos, com atenção, e submetamos os nossos atos a um exame escrupuloso, porque ninguém pode remediar o mal sem antes o conhecer.

Podemos estudar-nos em outros homens. Se algum vício, algum defeito terrível em outrem nos impressiona, procuremos ver com cuidado se existe em nós germe idêntico; e, se o descobrirmos, empenhemo-nos pelo arrancar.

Consideremos nossa alma pela sua realidade, isto é, como obra admirável, porém imperfeita e que, por isso mesmo, temos o dever de embelezar e ornar incessantemente. Esse sentimento da nossa imperfeição tornar-nos-á mais modestos, afastará de nós a presunção, a tola vaidade.

Submetamo-nos a uma disciplina rigorosa. Assim como ao arbusto se dá a forma e a direção convenientes, assim também devemos regular as tendências do nosso ser moral. 

O hábito do bem facilita a sua prática. Só os primeiros esforços são penosos; por isso, e antes de tudo, aprendamos a dominar-nos.

As primeiras impressões são fugitivas e volúveis; a vontade é o fundo sólido da alma. Saibamos governar a nossa vontade, assenhorear-nos dessas impressões, e jamais nos deixemos dominar por elas.

O homem não deve isolar-se de seus semelhantes. Convém, entretanto, escolher suas relações, seus amigos, empenhar-se por viver num meio honesto e puro, onde só reinem boas influências.

Evitemos as conversas frívolas, os assuntos ociosos, que conduzem à maledicência. Digamos sempre a verdade, quaisquer possam ser os resultados. Retemperemo-nos frequentemente no estudo e no recolhimento, porque assim a alma encontra novas forças e novas luzes. Possamos dizer, ao fim de cada dia: 
Fiz hoje obra útil, alcancei alguma vantagem sobre mim mesmo, assisti, consolei desgraçados, esclareci meus irmãos, trabalhei por torná-los melhores; tenho cumprido o meu dever!
Léon Denis do livro:
Depois da morte

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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

A prece

A prece

Léon Denis



A prece deve ser uma expansão íntima da alma para com Deus, um colóquio solitário, uma meditação sempre útil, muitas vezes fecunda. É, por excelência, o refúgio dos aflitos, dos corações magoados. Nas horas de acabrunhamento, de pesar íntimo e de desespero, quem não achou na prece a calma, o reconforto e o alivio a seus males? Um diálogo misterioso se estabelece entre a alma sofredora e a potência evocada. A alma expõe suas angústias, seus desânimos; implora socorro, apoio, indulgência. E, então, no santuário da consciência, uma voz secreta responde: é a voz dAquele donde dimana toda a força para as lutas deste mundo, todo o bálsamo para as nossas feridas, toda a luz para as nossas incertezas. E essa voz consola, reanima, persuade; traz-nos a coragem, a submissão, a resignação estoicas. E, então, erguemo-nos menos tristes, menos atormentados; um raio de sol divino luziu em nossa alma, fez despontar nela a esperança.

Há homens que desdenham a prece, que a consideram banal e ridícula. Esses jamais oraram, ou, talvez, nunca tenham sabido orar. Ah! sem dúvida, se só se trata de padre-nossos proferidos sem convicção, de responsos tão vãos quanto intermináveis, de todas essas orações classificadas e numeradas que os lábios balbuciam, mas nas quais o coração não toma parte, pode-se compreender tais críticas; porém, nisso não consiste a prece. A prece é uma elevação acima de todas as coisas terrestres, um ardente apelo às potências superiores, um impulso, um voo para as regiões que não são perturbadas pelos murmúrios, pelas agitações do mundo material, e onde o ser bebe as inspirações que lhe são necessárias. Quanto maior for seu alcance, tanto mais sincero é seu apelo, tanto mais distintas e esclarecidas se revelam as harmonias, as vozes, as belezas dos mundos superiores. É como que uma janela que se abre para o invisível, para o infinito, e pela qual ela percebe mil impressões consoladoras e sublimes. Impregna-se, embriaga-se e retempera-se nessas impressões, como num banho fluídico e regenerador.

Nos colóquios da alma com a Potência Suprema a linguagem não deve ser preparada ou organizada com antecedência; sobretudo, não deve ser uma fórmula, cujo tamanho é proporcional ao seu importe monetário, pois isso seria uma profanação e quase um sacrilégio. A linguagem da prece deve variar segundo as necessidades, segundo o estado do Espírito humano. É um grito, um lamento, uma efusão, um cântico de amor, um manifesto de adoração, ou um exame de seus atos, um inventário moral que se faz sob a vista de Deus, ou ainda um simples pensamento, uma lembrança, um olhar erguido para o céu.

Não há horas para a prece. Sem dúvida, é conveniente elevar-se o coração a Deus no começo e no fim do dia. Mas, se não vos sentirdes motivados, não oreis; é melhor não fazer nenhuma prece do que orar somente com os lábios.

Em compensação, quando sentirdes vossa alma enternecida, agitada por um sentimento profundo, pelo espetáculo do infinito, deveis fazer a prece, mesmo que seja à beira dos oceanos, sob a claridade do dia, ou debaixo da cúpula brilhante das noites; no meio dos campos e dos bosques sombreados, no
silêncio das florestas, pouco importa; é grande e boa toda causa que, produzindo lágrimas em nossos olhos ou dobrando os nossos joelhos, faz também emergir em nosso coração um hino de amor, um brado de admiração para com a Potência Eterna que guia os nossos passos por entre os abismos.

Seria um erro julgar que tudo podemos obter pela prece, que sua eficácia implique em desviar as provações inerentes à vida. A lei de imutável justiça não se curva aos nossos caprichos. Os males que desejaríamos afastar de nós são, muitas vezes, a condição necessária do nosso progresso. Se fossem suprimidos, o efeito disso seria tornar estéril a nossa vida. De outro modo, como poderia Deus atender a todos os desejos que os homens exprimem nas suas preces? A maior parte destes seria incapaz de discernir o que convém, o que é proveitoso. Alguns pedem a fortuna, ignorando que esta, dando um vasto campo às suas paixões, seria uma desgraça para eles.

Na prece que diariamente dirige ao Eterno, o sábio não pede que o seu destino seja feliz; não deseja que a dor, as decepções, os revezes lhe sejam afastados.

Não! O que ele implora é o conhecimento da Lei para poder melhor cumpri-la; o que ele solicita é o auxílio do Altíssimo, o socorro dos Espíritos benévolos, a fim de suportar dignamente os maus dias. E os bons Espíritos respondem ao seu apelo. Não procuram desviar o curso da justiça ou entravar a execução dos  decretos divinos. Sensíveis aos sofrimentos humanos, que conheceram e suportaram, eles trazem a seus irmãos da Terra a inspiração que os sustém contra as influências materiais; favorecem esses nobres e salutares pensamentos, esses impulsos do coração que, levando-os para altas regiões, os libertam das tentações e das armadilhas da carne. A prece do sábio, feita com recolhimento profundo, isolada de toda preocupação egoísta, desperta essa intuição do dever, esse superior sentimento do verdadeiro, do bem e do justo, que o guiam através das dificuldades da existência e o mantêm em comunicação íntima com a grande harmonia universal.

Mas, a Potência Soberana não só representa a justiça; é também a bondade, imensa, infinita e caritativa. Ora, por que não obteríamos por nossas preces tudo o que a bondade pode conciliar com a justiça? Podemos pedir apoio e socorro nas ocasiões de angústia, mas somente Deus pode saber o que é mais conveniente para nós e, na falta daquilo que lhe pedimos, enviarnos-á proteção fluídica e resignação.

*

Logo que uma pedra fende as águas, vê-se-lhes a superfície vibrar em ondulações concêntricas. Assim também o fluído universal vibra pelas nossas preces e pelos nossos pensamentos, com a diferença de que as vibrações das águas são limitadas, enquanto as do fluído universal se sucedem ao infinito.

Todos os seres, todos os mundos estão banhados nesse elemento, assim como nós o estamos na atmosfera terrestre.

Daí resulta que o nosso pensamento, quando é atuado por grande força de impulsão, por uma vontade perseverante, vai impressionar as almas a distâncias incalculáveis. Uma corrente fluídica se estabelece entre umas e outras e permite que os Espíritos elevados nos influenciem e respondam aos nossos chamados, mesmo que estejam nas profundezas do espaço.

Também sucede o mesmo com todas as almas sofredoras. A prece opera nelas qual magnetização a distância. Penetra através dos fluídos espessos e sombrios que envolvem os Espíritos infelizes; atenua suas mágoas e tristezas.

É a flecha luminosa, a flecha de ouro rasgando as trevas. É a vibração harmônica que dilata e faz rejubilar-se a alma oprimida. Quanta consolação para esses Espíritos ao sentirem que não estão abandonados, quando veem seres humanos interessando-se ainda por sua sorte! Sons, alternativamente poderosos e ternos, elevam-se como um cântico na extensão e repercutem com tanto maior intensidade quanto mais amorosa for a alma donde emanam. Chegam até eles, comovem-nos e penetram profundamente. Essa voz longínqua e amiga dá-lhes a paz, a esperança e a coragem. Se pudéssemos
avaliar o efeito produzido por uma prece ardente, por uma vontade generosa e enérgica sobre os desgraçados, os nossos votos seriam muitas vezes a favor dos deserdados, dos abandonados do espaço, desses em quem ninguém pensa e que estão mergulhados em sombrio desânimo.

Orar pelos Espíritos infelizes, orar com compaixão, com amor, é uma das mais eficazes formas de caridade. Todos podem exercê-la, todos podem facilitar o desprendimento das almas, abreviar o tempo da perturbação por que elas passam depois da morte, atuando por um impulso caloroso do pensamento, por uma lembrança benévola e afetuosa. A prece facilita a desagregação corporal, ajuda o Espírito a libertar-se dos fluídos grosseiros que o ligam à matéria. Sob a influência das ondulações magnéticas projetadas por uma vontade poderosa, o torpor cessa, o Espírito se reconhece e assenhoreia-se de si próprio.

A prece por outrem, pelos nossos parentes, pelos infortunados e enfermos, quando feita com sentimentos sinceros e ardente fé, pode também produzir efeitos salutares. Mesmo quando as leis do destino lhe sejam um obstáculo, quando a provação deva ser cumprida até ao fim, a prece não é inútil. Os fluídos benéficos que traz em si acumulam-se para, no momento da morte, recaírem sobre o perispírito do ser amado.

“Reuni-vos para orar”, disse o apóstolo (Atos, 12:12). A prece feita em comum é um feixe de vontades, de pensamentos, raios, harmonias e perfumes que se dirige mais poderosamente ao seu alvo. Pode adquirir uma força irresistível, uma força capaz de agitar, de abalar as massas fluídicas. Que alavanca poderosa para a alma entusiasta, que dá ao seu impulso tudo quanto há de grandioso, de puro e de elevado em si! Nesse estado, seus pensamentos irrompem como corrente impetuosa, de abundantes e potentes eflúvios. Tem-se visto, algumas vezes, a alma em prece desprender-se do corpo e, inebriada pelo êxtase, seguir o pensamento fervoroso que se projetou como seu precursor através do infinito. O homem traz em si um motor incomparável, de que apenas sabe tirar medíocre proveito. Entretanto, para fazê-lo agir bastam duas coisas: a fé e a vontade.

Considerada sob tais aspectos, a prece perde todo o caráter místico. O seu alvo não é mais a obtenção de uma graça, de um favor, mas, sim, a elevação da alma e o relacionamento desta com as potências superiores, fluídicas e morais. A prece é o pensamento inclinado para o bem, é o fio luminoso que liga os mundos obscuros aos mundos divinos, os Espíritos encarnados às almas livres e radiantes. Desdenhá-la seria desprezar a única força que nos arranca ao conflito das paixões e dos interesses, que nos transporta acima das coisas transitórias e nos une ao que é fixo, permanente e imutável no Universo. 

Em vez de repelirmos a prece, por causa dos abusos ridículos e odiosos de que foi objeto, não será melhor nos utilizarmos dela com critério e medida? É com recolhimento e sinceridade, é com sentimento que se deve orar. Evitemos as fórmulas banais usadas em certos meios. Nessas espécies de exercícios espirituais, apenas a nossa boca se move, pois a alma conserva-se muda. No fim de cada dia, antes de nos entregarmos ao repouso, perscrutemos a nós mesmos, examinemos cuidadosamente as nossas ações. Saibamos condenar o que for mau, a fim de o evitarmos, e louvemos o que houvermos feito de bom e útil. Solicitemos da Sabedoria Suprema que nos ajude a realizar em nós e ao nosso redor a beleza moral e perfeita. Longe das coisas mundanas, elevemos os nossos pensamentos. Que nossa alma se eleve, alegre e amorosa, para o Eterno. Ela descerá então dessas alturas com tesouros de paciência e de coragem, que tornarão fácil o cumprimento dos seus deveres e da sua tarefa de aperfeiçoamento.

E se, em nossa incapacidade para exprimir os sentimentos, é absolutamente necessário um texto, uma fórmula, digamos:
“Meu Deus, vós que sois grande, que sois tudo, deixai cair sobre mim, humilde, sobre mim, eu que não existo senão pela vossa vontade, um raio de divina luz. Fazei que, penetrado do vosso amor, me seja fácil fazer o bem e que eu tenha aversão ao mal; que, animado pelo desejo de vos agradar, meu espírito vença os obstáculos que se opõem à vitória da verdade sobre o erro, da fraternidade sobre o egoísmo; fazei que, em cada companheiro de provações, eu veja um irmão, assim como vedes um filho em cada um dos seres que de vós emanam e para vós devem voltar. Dai-me o amor do trabalho, que é o dever de todos sobre a Terra, e, com o auxílio do archote que colocaste ao meu alcance, esclarecei-me sobre as imperfeições que retardam meu adiantamento nesta vida e na vindoura.”
(Prece inédita, ditada, com o auxílio de uma mesa, pelo Espírito Jerônimo de Praga, a um grupo de operários.)
Unamos nossas vozes às do infinito. Tudo ora, tudo celebra a alegria de viver, desde o átomo que se agita na Lua até o astro imenso que flutua no éter. A adoração dos seres forma um concerto prodigioso que se expande no espaço e sobe a Deus. É a saudação dos filhos ao Pai, é a homenagem prestada pelas criaturas ao Criador. Interrogai a Natureza no esplendor dos dias de sol, na calma das noites estreladas. Escutai as grandes vozes dos oceanos, os murmúrios que se elevam do seio dos desertos e da profundeza dos bosques, os acentos misteriosos que se desprendem da folhagem, repercutem nos desfiladeiros solitários, sobem as planícies, os vales, franqueiam as alturas e espalham-se pelo Universo. Por toda parte, em todos os lugares, concentrando-vos, ouvireis o cântico admirável que a Terra dirige à Grande Alma. Mais solene ainda é a prece dos mundos, o canto suave e profundo que faz vibrar a imensidade e cuja significação sublime somente os Espíritos elevados podem compreender.

Léon Denis do livro:
Depois da morte

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quinta-feira, 11 de julho de 2024

Testemunhos científicos

Testemunhos científicos

Léon Denis



Foi no seio da grande Confederação americana, em 1850, que, pela primeira vez, as manifestações espíritas atraíram a atenção pública. Pancadas faziam-se ouvir em vários aposentos, móveis deslocavam-se sob a ação de uma força invisível, mesas agitavam-se e feriam ruidosamente o solo. Tendo um dos espectadores tido a ideia de combinar as letras do alfabeto com o número de pancadas, estabeleceu-se uma espécie de telegrafia espiritual e a força oculta pôde conversar com os assistentes. Disse ser a alma de uma pessoa conhecida que tinha vivido no país, entrou em minudências muito exatas sobre a sua identidade, vida e morte, e relatou particularidades que dissiparam todas as dúvidas. Outras almas foram evocadas e responderam com a mesma precisão. Todas se diziam revestidas de um corpo fluídico, invisível aos nossos sentidos, porém que não deixava de ser material.

Rapidamente, multiplicaram-se as manifestações, que, pouco a pouco, se foram estendendo por todos os Estados da União. De tal sorte preocuparam a opinião, que certos sábios, acreditando ver nelas uma causa de perturbação para a razão e paz pública, resolveram observá-las de perto, a fim de demonstrarem o seu absurdo. Foi assim que o juiz Edmonds, Presidente do Supremo Tribunal de Nova York e Presidente do Senado, e o professor de Química, Mapes, da Academia Nacional, foram levados a se pronunciarem sobre a realidade e o caráter dos fenômenos espíritas. Suas conclusões, formuladas depois de rigoroso exame, constam em obras importantes, e por elas está declarado que tais fenômenos eram reais e que só podiam ser atribuídos à ação dos Espíritos.

Propagou-se o movimento a tal ponto que, em 1852, foi dirigida ao Congresso em Washington uma petição assinada por quinze mil pessoas, a fim de se obter a proclamação oficial da realidade dos fenômenos.

Um sábio célebre, Robert Hare, professor na Universidade da Pensilvânia, tomou francamente o partido dos espíritas, publicando, sob o titulo: Experimental Investigations of the Spiritual Manifestations, uma obra que fez sensação, e na qual estabeleceu cientificamente a intervenção dos Espíritos.

Robert Dale Owen, sábio e escritor notável, também se ligou a esse movimento de opinião, e escreveu várias obras para o favorecer, entre as quais a que teve por título: Footfalls on the Boundary of Another World (Investidas às fronteiras de um outro mundo, 1877), conseguindo um êxito considerável.

Segundo Russel Wallace, o Modern Spiritualism conta hoje, nos Estados Unidos, onze milhões de adeptos, representados por uma imprensa numerosa (22 jornais ou revistas), cujo órgão principal é o Banner of Light, de Boston.

*

Na Inglaterra, porém, é que as manifestações espíritas foram submetidas à análise mais metódica. Numerosos sábios ingleses têm estudado os fenômenos da mesa com uma atenção perseverante e minuciosa, e é deles que nos vêm os mais formais testemunhos.

Em 1869, a Sociedade Dialética de Londres, uma das mais autorizadas agremiações científicas, nomeou uma Comissão de trinta e três membros, sábios, literatos, prelados, magistrados, entre os quais Sir John Lubbock, da Royal Society, Henry Lewes, hábil fisiologista, Huxler, Wallace, Crookes, etc., para examinar e “aniquilar para sempre” esses fenômenos espíritas, que, dizia a moção, “são somente produto da imaginação”. Depois de dezoito meses de experiências e de estudos, a Comissão, em seu relatório, reconheceu a realidade dos fenômenos e concluiu em favor do Espiritismo.

Na enumeração dos fatos observados, o relatório não só demonstra as pancadas e os movimentos da mesa, mas também menciona “aparições de mãos e de formas que, não pertencendo a nenhum ente humano, pareciam vivas por sua ação e mobilidade. Essas mãos eram algumas vezes tocadas e seguradas pelos assistentes, convencidos de que elas não eram o resultado de uma impostura ou de uma ilusão”.

Um dos trinta e três, A. Russel Wallace, colaborador de Darwin, e, depois da morte deste, o mais eminente representante do evolucionismo, prosseguiu suas investigações e consignou os seus resultados numa obra de grande êxito: Miracles and Modern Spiritualism. Falando dos fenômenos, exprime-se nestes termos: 

“Quando me entreguei a essas experiências, era fundamentalmente materialista. Não havia em minha mente concepção alguma de existência espiritual. Contudo, os fatos são obstinados; venceram e obrigaram-me a aceitá-los muito tempo antes que eu pudesse admitir a sua explicação espiritual Esta veio sob a Influência constante de fatos sucessivos que não podiam ser afastados nem explicados de nenhuma outra maneira.”

Entre os sábios ingleses cujos testemunhos públicos podem ser invocados em favor da manifestação dos Espíritos, também citaremos Stainton Moses (mais conhecido por Oxon), professor da Faculdade de Oxford, que sobre estas matérias publicou um livro intitulado Spirit Identity, e uma outra obra denominada Psychography (“Ensinos Espiritualistas”, livro muito recomendável pela sua elevação moral.), onde trata principalmente dos fenômenos de escrita direta; Warley, engenheiro-chefe dos telégrafos, Inventor do condensador elétrico; Sergent Cox, jurisconsulto; A. de Morgan, presidente da Sociedade Matemática de Londres, que afirma claramente as suas crenças na obra: From Matter to Spirit; o professor Challis, da Universidade de Cambridge; os Drs. Charbers, Janies Oully, G. Sexton, etc.

Além de todos estes nomes, justamente estimados, há um outro, maior e mais ilustre, que vem juntar-se à lista dos partidários e defensores do Espiritismo; é o de  William Crookes, membro da Royal Soclety (Academia de Ciências da Inglaterra).

Não há ciência que não deva uma descoberta ou um progresso a esse Espírito sagaz. Os trabalhos de Crookes sobre o ouro e a prata, sua aplicação do sódio ao processo de amalgamação são utilizados em todas as oficinas metalúrgicas da América e da Austrália. Com o auxílio do heliômetro do Observatório de Greenwich, foi ele o primeiro que pôde fotografar os corpos celestes; as suas reproduções da Lua são célebres. Seus estudos sobre os fenômenos da luz polarizada, sobre a espectroscopia não são menos conhecidos. Crookes descobriu também o tálio. Todos esses trabalhos, porém, são excedidos por sua magnífica descoberta do quarto estado da matéria, descoberta que lhe assegura um lugar no panteão da Inglaterra, ao lado de Newton e de Herschell, e um outro mais admirável ainda na memória dos homens.

William Crookes entregou-se, durante dez anos, ao estudo das manifestações espíritas e, para verificá-las cientificamente, construiu instrumentos de precisão e delicadeza inauditas. Com o auxílio de um médium notável, a jovem Florence Cook, e de outros sábios tão rigorosamente metódicos como ele, operava em seu próprio laboratório, cercado de aparelhos elétricos, que teriam tornado impossível ou mortal qualquer tentativa de fraude.

Em sua obra: Researches in the Phenomena of Spiritualism (“Fatos Espíritas”. Edição da FEB. — N. T.), Crookes analisa as diversas espécies de fenômenos observados: movimentos de corpos pesados, execução de peças musicais sem contato humano, aparições de mãos em plena luz, aparições de formas e de figuras, etc. Durante vários meses, o Espírito de uma jovem e graciosa mulher, chamada Katie Kingmostrou-se, todas as noites, aos olhos dos investigadores, revestindo, por alguns instantes, as aparências de um corpo humano provido de órgãos e de sentidos, conversando com Crookes, com sua esposa e com os assistentes, submetendo-se a todas as experiências exigidas, deixando-se tocar, auscultar, fotografar, após o que se esvaia como tênue névoa. Essas curiosas manifestações estão longamente relatadas na obra referida, de William Crookes.

A Society por Psychical Research, outra agremiação de sábios, entrega-se, há dez anos, a investigações profundas sobre os fenômenos de aparições. Várias centenas de casos foram descobertos por ela, consignados na sua revista, denominada Proceedings e numa obra especial: Phantasms of the Living, dos Drs. Myers, Gurney e Podmore, que explicam tais fenômenos pela telepatia ou transmissão do pensamento entre os seres humanos. Quase todos esses fenômenos sucederam-se no momento da morte de pessoas que, em certas ocasiões, se reproduziram nas ditas aparições. Uma leitura atenciosa dos Proceedings não permite que aceitemos, para um grande número de casos, as diferentes explicações dadas por esses doutores, como sendo tais fenômenos o produto da ação mental a distância ou da alucinação, nem mesmo é razoável admitir-se o caráter subjetivo que, em geral, lhes atribuem.

A objetividade, a realidade desses fatos ressalta dos próprios termos dos Proceedings e dos testemunhos recolhidos durante as Investigações: “As aparições têm, em certos casos, impressionado os animais; ao seu aspecto, cães bravios são tomados pelo terror, ocultam-se e fogem; cavalos passam apressadamente, trêmulos por todo o corpo, cobrem-se de suor ou recusam-se a avançar.” (“Proceedings”, pág. 151.)

“Algumas aparições deram lugar a impressões auditivas, táteis e visuais.

Fantasmas, em diversos andares de uma casa, foram vistos sucessivamente por diversas testemunhas.” (“Proceedings”, págs. 102 e 107.)

Na obra Phantasms of the Living estão referidos muitos efeitos físicos que foram produzidos, tais como ruídos, pancadas, abertura de portas, deslocamento de objetos, etc.; aí também foram mencionadas vozes predizendo os acontecimentos (“Phantasms of the Living”, págs. 102 e 149. “Proceedings”, pág. 305.). Certas aparições também puderam ser fotografadas. (“Annales des Sciences Psychiques”, págs. 356 e 361.)

Na Alemanha, os mesmos testemunhos da existência dos Espíritos e de suas manifestações decorrem dos trabalhos do astrônomo Zöllner, dos professores Ulricl, Weber, Fechner, da Universidade de Leipzig; Carl du Prel, de Munique. Esses sábios, cépticos todos, a princípio, e igualmente animados do desejo de desmascarar o que consideravam trapaças vulgares, foram constrangidos, pelo respeito à verdade, a proclamar a realidade dos fatos observados. (Ler “Wissenschaftliche Abhandiungen”, por Zöllner. Idem, “O Desconhecido”, por Camille Flammarion. — N.T.)

*

O movimento espírita estendeu-se aos países latinos. A Espanha possui, em cada uma das suas principais cidades, uma sociedade e um jornal de estudos psíquicos. A agremiação mais importante é o Centro Barcelonês, ao qual está ligada a União Escolar Espiritista, cujo órgão é a Revista de Estudos Psicológicos. Uma federação reúne todos os grupos e círculos da Catalunha, em número superior a cem. O seu presidente é o visconde Torres-Solanotescritor e experimentador distinto.

Na Itália também se produziram manifestações importantes em favor do Espiritismo. Depois das experiências do professor Ercole Chiaia, de Nápoles, realizadas com a médium Eusápia Paladino, aí se travaram debates apaixonados, que têm agitado o mundo sábio. Esse investigador reproduziu todos os fenômenos notáveis do Espiritismo: transportes, materializações, levitações, etc., aos quais também se devem adicionar as impressões de pés e mãos e fisionomias em parafina derretida, assim obtidas em recipientes isolados de todo e qualquer contato humano.

A publicidade que se deu a esses fatos provocou uma crítica vivaz da parte do professor Lombroso, criminalista e antropologista célebre. Oferecendo-se o Sr. Chiaia para produzir novamente os mesmos fenômenos, realizaram-se então, em fins do ano 1891, várias sessões na própria casa de Lombroso, em Nápoles. Este, auxiliado por outros professores, os Srs. Tamburini, Virgilio, BIancht, Vlzioli, da Universidade de Nápoles, pôde assim verificar a realidade dos fatos espíritas, que depois se tornou pública. (Ver a obra “O Fenômeno Espírita”, testemunho de sábios, por Gabriel Delanne, pág. 235.)

Em carta publicada ulteriormente (Ver a obra “O Fenômeno Espírita”, testemunho de sábios, por Gabriel Delanne, pág. 238.), o professor Lombroso menciona as experiências realizadas pelos Drs. Barth e Defiosa, durante as quais o primeiro destes viu seu pai, já falecido, que então o abraçou duas vezes. Em outra sessão, o banqueiro Kirsch viu aparecer uma pessoa sua afeiçoada, morta havia vinte anos, e que lhe falou em francês, língua desconhecida do médium. 

O professor Lombroso tentou explicar todos os fenômenos espíritas pela “exteriorização da força psíquica do médium”, porém não demonstrou como essa teoria poderia a eles adaptar-se.

Desde então, em 18 de novembro de 1892, L’Italia del Popolo, jornal político em Milão, publicou um suplemento especial em que se veem as atas das dezessete sessões efetuadas nessa cidade, em casa do Sr. Finzi, com a presença da mesma médium Eusápia Paladino. Esses documentos estão assinados pelos seguintes sábios eminentes de diversos países: Schiaparelli, diretor do Observatório Astronômico de Milão; Alezander Aksakof, conselheiro de Estado da Rússia, diretor da revista Psychische Studten, de Leipzig; Carl du Prel, de Munique; Angelo Brofferio, professor de Filosofia; Gérosa, professor de Física na Escola Superior de Agricultura, em Portici; Ermacora e G. Finzi, doutores em Física; Charles Richet, professor na Faculdade de Medicina de Paris, diretor da Revue Scientifique; Lombroso, professor da Faculdade de Medicina de Turim.

Essas atas mencionam a produção dos seguintes fenômenos, observados em plena luz:

“Movimentos mecânicos, que não podem ser explicados pelo contato das mãos; levantamento completo da mesa; movimentos mecânicos com o contato indireto das mãos da médium, exercido de forma a tornar impossível qualquer ação desta, movimentos espontâneos de objetos a distância, sem nenhum contanto com as pessoas presentes; movimentos da mesa também sem contato; movimentos dos braços de uma balança; pancadas e reproduções de sons na mesa.”

Fenômenos obtidos na obscuridade, estando os pés e as mãos da médium constantemente seguros por duas das pessoas presentes: “Transporte de diversos objetos, sem contato, tais como: cadeiras, Instrumentos de música, etc.; impressão de dedos sobre papel enegrecido por carvão; modelamento de dedos na argila; aparições de mãos sobre um fundo luminoso; aparições de luzes fosforescentes; levantamento da médium para cima da mesa; mudanças de cadeiras com as pessoas que as ocupavam; sensação de apalpadelas.”

Enfim, à meia luz:

“Aparições de mãos humanas e vivas sobre a cabeça da médium; contato de uma figura humana barbuda.”

Nas suas conclusões, os referidos experimentadores estabelecem que, devido às precauções tomadas, não era possível nenhuma fraude. Do conjunto dos fenômenos observados, dizem eles, depreende-se a vitória de uma verdade que injustamente muitos têm querido tornar impopular.

*

No Brasil, em Portugal, nos Açores, na Austrália, nas Repúblicas do Rio da Prata e do Pacifico, no México, em Porto Rico e Cuba, o Espiritismo também se tem desenvolvido extraordinariamente, devido isso, em grande parte, à boa aceitação que ele encontra na consciência dos povos e aos fatos que se produzem.

Em todos esses países há centros e revistas ou jornais espíritas que se encarregam de propagar esta consoladora doutrina, entre as quais podemos mencionar, como mais antigos, o Reformador, órgão da Federação Espírita Brasileira, com sede no Rio de Janeiro, a Revista Espírita de la Habana, órgão da Sociedade La Reencarnación, em Havana, e a revista Constancia, órgão da Sociedade Espírita Constância, de Buenos Aires.

Léon Denis do livro:
Depois da morte

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