sábado, 4 de outubro de 2025

A conhecida oração de São Francisco

A conhecida oração de São Francisco

Francisco de Assis


Volta novamente à Terra, trovador de Deus, para que tua pobreza inunde de poder todos aqueles que acreditam na força de não ter nada, nas infinitas possibilidades da não violência e no infinito Amor do Pai! - Joanna de Ângelis
Senhor!

Fazei de mim um instrumento da Tua paz.

Onde houver ódio, faze que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver erros, que eu leve a verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver tristeza, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz!

Oh Mestre! Fazei que eu procure mais: consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado...

Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Alguns biógrafos informam que Francisco é uma figura conhecida e respeitada em diferentes culturas, até naquelas em que a maioria não é cristã.

Esse respeito decorre da maneira como viveu irmanado e irmanando todos os seres em vínculos de fraternidade e também por ser considerado um arauto da paz.

No tocante à paz, não mediu esforços para o entendimento entre cristãos e muçulmanos e, em menor escala, sempre procurou apaziguar conflitos dentro e fora da Ordem, passando para posteridade como um legítimo pacificador.

Leonardo Boff, por exemplo, informa que: 
A Oração de São Francisco ou Oração da paz de São Francisco é recitada por crianças budistas no Japão, monges taoístas no Tibete, muçulmanos no Cairo, babalorixás em Angola, católicos em Roma, populares das comunidades de base na América Latina e até por operários em greve. (Oração de São Francisco, Cap. I. - (N. dos autores) 
Curiosamente, não há registro oficial de que tenha sido criada por Francisco. Apesar disso, sua essência é totalmente compatível com o que foi pregado e vivido pelo menestrel da alegria.

Qual seria então a origem desta formosa oração?

Ela aparecerá pela primeira vez em 1913, numa revista francesa, editada na Normandia, mas somente se tornará conhecida em 1916, quando o jornal do Vaticano - L'Osservatore Romano — a publica com o objetivo de evocar a paz tão esquecida naquele período da Primeira Grande Guerra,
pelo qual o mundo passava.

Na sequência dessa publicação, um franciscano da Ordem Terceira, aquela que permite o casamento, publica um folheto contendo de um lado a figura de Francisco com a regra da Ordem e do outro a chamada Oração da Paz. Isto com a ressalva ou alerta que tal oração encerrava não apenas os ideais franciscanos, mas as grandes aspirações da Humanidade naquele contexto de grande violência.

Por seu caráter ecumênico e pela maneira simples como foi concebida, caiu no gosto popular, universalizando-se, fazendo com que a Oração da Paz virasse Oração de São Francisco de Assis.

Importante lembrar que a saudação primitiva dos franciscanos era também: O Senhor te dê a paz ou Paz e bem.

*

Parafraseando o conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando afirma que saúde não é apenas a ausência de doenças, mas um estado de bem-estar físico, mental, social, econômico e espiritual, podemos dizer que a paz não é apenas a ausência de guerras, mas um estado de consciência que forjamos em meio aos conflitos, dilemas e antagonismos da vida de relação. Não é algo que se elabora e se mantém no isolamento, mas na convivência com todos, inclusive, os que não nos aceitam e não concordam conosco.

O psicólogo Pierre Weil (1924 - 2008), em seu livro A arte de viver em paz, publicado sob a chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), apresenta uma proposta pedagógica possível de ser posta em prática nos lares e nas escolas. Nesta proposta, grande ênfase é dada à paz intra e interpessoal, ressaltando-se a importância de ela ser cultivada no plano mental, emocional e físico. Para tal, precisaremos cultivar maior alegria, amor altruísta e compaixão. Estes três pontos estão plenamente de acordo com a proposta franciscana de um mundo mais pacífico.

Não devemos esquecer que o Movimento Você e a Paz, criado por Divaldo Franco, em 1998, sob a inspiração de Joanna de Angelis, já se espalhou por vários municípios brasileiros e até para outros países, sempre procurando levar a lugares públicos (praças, coretos, auditórios, etc.) uma reflexão profunda sobre a necessidade de envidarmos esforços em prol da paz a partir de nossa própria pacificação.

Como afirmamos anteriormente, paz não deve ser confundida com a mais completa ausência de conflitos, mesmo porque há certos conflitos que estimulam o diálogo, dão ensejo a revermos nossos valores, nos fazem crescer, perceber a vida e as pessoas por outra lente.

Paz que não é sinônimo de passividade, de aceitação das injustiças, por considerá-las, equivocadamente, vontade de Deus, que é Justo, Amoroso e Bom, que não criou as classes sociais nem o abismo entre pobres e ricos.

A paz tem uma dimensão política, econômica, cultural, religiosa, pedagógica. É algo simples e complexo, pois interfere nos interesses pessoais das criaturas e, lamentavelmente, muitos dos nossos interesses são movidos pelo egoísmo e não pelo altruísmo.

O Pacifista, à semelhança de Gandhi, envida esforços contínuos para criar pontes e não muros, é alguém aberto ao diálogo, aproxima diferentes e aprende com seus próprios erros, buscando sempre meios para que o entendimento se faça entre todos.

Para isso, vive internamente desarmado, mesmo que por fora e por força de sua profissão tenha que andar armado. É alguém preparado para se defender e somente atacar quando agredido, quando sua vida ou a de alguém é posta em perigo. E mesmo nestes casos, quando pode, preserva a vida do seu agressor, por saber que este se encontra equivocado.

Vê a agressão como desequilíbrio, o ódio como loucura, procura em seu círculo de relações priorizar a paz e sabe que ela precisa ser cultivada, assim como a amizade e o amor.

Pensemos na paz das pequeninas coisas e dos pequenos gestos, do quanto podemos contribuir para que duas pessoas se entendam, um mal-entendido se desfaça, uma vingança seja interrompida, um comentário ferino encontre em nós seu ponto terminal. Tudo isso é possível quando damos atenção aos que nos cercam, quando nos colocamos atentos ao que a vida nos solicita como oportunidade de fazer o bem. E conforme aprendemos em O Livro dos Espíritos (Pergunta 643), somente não encontra esta ensancha aquele que é voluntariamente inútil, pois fazer o bem não consiste apenas em sermos caridosos no sentido largo da palavra, mas em sermos úteis na medida do possível.

Para finalizar este capítulo, há uma espécie de provérbio popular no tocante ao ato de servir que me parece devamos corrigir. Aprendemos que aquele que não vive para servir, não serve para viver. Por que não afirmarmos que aquele que não vive para servir, ainda não aprendeu a viver? Do  contrário, boa parte de nós talvez não pudéssemos prosseguir nesta vida, considerando nossa condição de aprendizes nesta sublime arte que tantas alegrias proporciona àqueles que se decidem por cultivá-la.

Renovando os padrões de pensamento que nos governam e ditam a nossa maneira de ser, ampliando nossa consciência de quem somos e qual a nossa missão neste mundo, estamos dando um passo importante para a nossa pacificação interna e facilitando substantivamente o trabalho dos benfeitores espirituais, de modo a sermos, sob a orientação deles e como propõe a Oração da Paz de Francisco de Assis, instrumentos da paz.

Do livro:
Francisco - O Sol de Assis
Divaldo Franco / Cezar Braga Said

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