quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Ergue-te e vai!

Ergue-te e vai!

Amélia Rodrigues


Jesus e o paralítico na piscina de Betsaida

Anunciada a tarefa, começaram os aprestos para sua realização.

As convulsões produzidas despertariam os mais controvertidos sentimentos.

Os galileus eram considerados desprezíveis na própria pátria e os que se originavam da Nazaré pequenina, menos respeito mereciam.

As paixões sectárias haviam dividido aquele povo reduzido em facções que se detestavam e, por isso, Israel sofrera demorados e cruentos jugos através dos tempos, que lhe depauperaram a alma, não a aniquilando, graças ao fervor religioso e ao ascético monoteísmo que lhe impunha sacrifícios e sofrimentos acerbos.

*

Jesus já estivera por mais de uma vez em Jerusalém, a cidade áspera dos profetas, desde que iniciara o messianato.

Nos intervalos da ação, retornara à Galileia gentil, passando pela Samaria e divulgando as notícias do “Reino de Deus”.

Na oportunidade, o Seu verbo ressoara na ação prodigiosa das curas, que comoviam e convocavam seguidores para o Seu rebanho de pastor das almas.

Há pouco, liberara o jovem filho de uma autoridade que, à morte, produzia terrível sofrimento na família. Nem mesmo o viu, sequer. À sua ordem, a distância, o rapaz sarou do mal que o consumia, deixando o pai e todos os seus, afervorados e reconhecidos.

*

A cidade febricitante regurgitava, naquela oportunidade, com a presença de muitos peregrinos.

As festas anuais atraíram visitantes de toda parte, o que ocasionava balbúrdia, agitação e fervor religioso.

Adentrando-se pela porta das ovelhas, parou, um pouco, junto à piscina da Bezatha, ou Betsaida, famosa pelos seus cinco pórticos, onde os enfermos, paralíticos e infelizes estagiavam, aguardando milagres e socorros...

Uma velha tradição informava com viso de verdade que, vez por outra, um anjo lhe movimentava as águas, o que propiciava a cura de todas as mazelas orgânicas.

Certamente, o movimento no seio se originava dos minadouros que a vitalizavam com o fluxo da correnteza.

Um paralítico, no entanto, que se lamentava sobre um catre de vergonha e desespero, anunciava a todos que, apesar de ali vir diariamente, fazia trinta e oito anos, nunca se pudera beneficiar do favor divino, porque, tão logo as águas se moviam alguém se lhe arrojava antes, por não ter quem o ajudasse a mergulhar naquelas correntes curativas...

Jesus compadeceu-se e, tomado de imenso amor, ordenou lhe:

– Ergue-te, toma da tua cama e vai!

Fascinado, comovido por aquele Homem de olhar penetrante e dulçoroso, o paralítico moveu-se, pôs-se de pé, e, exultante, tomou do leito, logo saindo a clamar hosanas.

Quantos lhe perguntavam quem era aquele que o libertara, não o sabia dizer.

Passeando a felicidade por toda parte, foi ao Templo para que todos o vissem, quando ali reencontrou o Benfeitor e o apontou, sorridente, aos que o inquiriam sobre o acontecimento inusitado.

O Rabi, que conhecia as causas anteriores das aflições e a necessidade delas, tanto quanto o perigo da saúde, que mal aproveitada é geratriz de futuros males, informou-o, enérgico: 

– “Tem cuidado e não peques, para que te não aconteça algo pior.”

*

A inveja farisaica, escrava da ortodoxia e do formalismo, porque soubesse que a cura se dera num sábado, numa violação ao artigo legal que prescrevia o repouso nesse dia, não podendo negar o fato em evidência, arremeteu contra aquele que realizava o que eles, os tecelões da intriga, não conseguiam, indagando, hipócritas:

– “Por que curas no sábado, todo ele dedicado ao repouso?”

Sem preocupar-se com as suas mesquinharias, o Senhor redarguiu-lhes:

– “O Pai trabalha continuamente e eu também trabalho”–

como a dizer que a preservação das Leis que regem o Cosmo e a vida, exige, também, trabalho.

*

O escândalo que as Suas ações produziam acumularia ódios que se voltariam contra Ele...

Na impossibilidade de O superarem, perseguiam-nO, arranjando motivos para desmerecê-lO.

A mesquinhez compete contra a grandeza, tentando solapar-lhe as bases.

Em todos os tempos, os pigmeus em espírito agredirão os gigantes do bem que não se deterão a responder-lhes ou mesmo a defender-se.

A inveja detestará sempre a honra e a beleza, disseminando calúnias.

O ódio seguirá as pegadas da ação dignificante, ateando os fogos da destruição para alcançá-la.

A hipocrisia engendrará tramas contra a lealdade, por lhe não suportar os testemunhos superiores.

(...) No entanto, acima de todas as vicissitudes o bem triunfará sobre o mal, assim como a luz diluirá a treva sem alarde...

As coisas, os dias, estão na escola do mundo para que o homem os utilize no empenho de crescimento para Deus e não o homem que esteja para submeter-se às suas conjunturas.

*

Sempre será sábado para os ociosos e negligentes, mas, para os obreiros da verdade, cada hora de todo dia é sempre bênção para a renovação e o trabalho libertador.

Iniciada a tarefa evangélica, desatavam-se as cadeias do futuro e o pleno amor instalava, na Terra, o reino da felicidade, que jamais se acabará...

Ergue-te e vai!  
(João, 5:1 a 18 - Nota da autora espiritual).

Amélia Rodrigues por Divaldo Franco do livro:
Pelos Caminhos de Jesus

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