Anos Novos que se repetem
Divaldo Franco
As festas de fim de ano provocam emoções variadas nas criaturas humanas.
Iniciam-se no Natal, alongam-se com as celebrações de Ano Novo, de Reis e sucessivamente já noutro período.
Todos aqueles que se estimam, que têm interesses de qualquer natureza aproveitam-se da oportunidade para formular votos de felicidades sinceros, aparentes, sociais e até indiferentes, por computador, de maneira informal a toda a rede de amigos, retirando o imenso prazer de que se deveria revestir o ato.
Deseja-se que o futuro seja o ano da realização dos sonhos, da conquista dos ideais, que se apresente diferente daquele que se vai, num automatismo, ora febril, ora convencional e, em alguns casos, até desagradável pelo trabalho que dão.
Sem dúvida, os anos novos são iguais aos anos velhos, não fosse a convenção estabelecida, que se tornou um compromisso social.
Para que o novo ano seja promissor, é necessário que haja no indivíduo reais transformações para melhor, porquanto, passados os dias de sorrisos e libações, de banquetes opíparos ou não, a velha rotina retorna, os antigos hábitos que não foram alterados permanecem e os fenômenos existenciais seguem idêntica marcha.
O indivíduo humano é o autor da sua plenitude ou da sua desdita através do comportamento que se permite.
Cultivando a esperança e buscando a sua concretização mediante o esforço do trabalho, conseguirá o almejado sem dificuldade.
Ao manter, porém, os costumes doentios e os vícios a que se entrega, defronta desafios cada vez mais complexos em forma de problemas, enfermidades e desaires...
Ideal será que, todo dia, que é sempre uma ocasião nova, refaça os seus planos mentais, repasse mentalmente as construções íntimas e proponha-se ações edificantes que podem ser trabalhadas com naturalidade, passo a passo, sem o almejado milagre impossível da conquista sem esforço nem luta.
A avidez para fruir-se prazeres e gozos contínuos, como se a função da existência fosse apenas a frivolidade das sensações, do jogo das ilusões, leva-o aos desatinos da desonestidade, da conduta perniciosa e até da criminalidade para alcançar as metas cultivadas no íntimo, sem consideração real por si mesmo, pela sociedade, pelo futuro.
Cada momento, ante os acontecimentos estarrecedores que são relatados pela imprensa, cabe-nos o dever de melhor reflexionar a respeito da nossa participação no grupo familiar em que nos encontramos, oferecendo melhores contribuições que facultam o progresso intelectual, assim como também de natureza moral.
Ano Novo é oportunidade de reflexão e análise para a construção da real felicidade, mediante os sentimentos harmônicos, as afeições sinceras e o equilíbrio das emoções.
Divaldo Franco
Artigo publicado no Jornal A Tarde,
coluna Opinião, de 29.12.2016.
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