quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Única alternativa

Única alternativa

Victor Hugo


O malogro da civilização contemporânea, sob o ponto de vista ético-moral, tem as suas raízes no abuso do pensamento racionalista e da ação exageradamente tecnológica, que pretenderam transformar o homem em uma máquina destituída de sentimentos, e a sociedade, como efeito, em um campo de operações sob controle remoto. Um novo mecanismo fisiologista irrompeu nesse contexto comportamental, deixando, à margem, os fenômenos psicológicos e espirituais do ser humano, responsáveis reais pela vida e suas manifestações.

O conteúdo moral do indivíduo, em relação ao próprio crescimento interior, à solidariedade e à paz, cedeu lugar ao utilitarismo hedonista e aos voos vertiginosos da agressividade, como recursos de defesa do indivíduo, da sua família, do seu patrimônio.

O olvido das questões espirituais, substituídas pelos compromissos sociais e desportivos, insensibilizou os centros da emoção em relação ao próximo e à busca permanente dos valores do espírito, engendrando a indiferença e a frieza em relação a Deus, à alma, à imortalidade.

Sem os suportes éticos da fé religiosa, embora estruturado na investigação científica e na análise da razão, o homem desnorteia-se, porquanto a vida inteligente se descaracteriza, vitimada pela exiguidade do tempo que medeia entre o berço e o túmulo.

É demasiadamente pequena a faixa existencial para cada ser, que se constituiria a partir da fecundação, extinguindo-se no momento em que ocorre a anoxia cerebral, e o pensamento, a energia pulsante se desintegrariam, retornando a vida ao caos.

A aglutinação das moléculas orgânicas, que obedece a um plano adrede estabelecido, para o qual a Natureza aplicou milhões de anos em um processo lento e progressista, demonstra a anterioridade de um psiquismo gerador e organizador da vida, que se aprimora cada vez mais, eliminando ou alterando a ordem dos fatores dissolventes, degenerativos.

O homem, por sua vez, se de outra forma fosse, não alcançaria o estágio em que se encontra, para ser facilmente destruído, nele se apagando todas as heranças ancestrais e aquisições contemporâneas.

Em tudo se faz presente um finalismo superior, que se inicia na organização dos elementos essenciais até o instante que, naturalmente, cessam as forças agregadoras, devolvendo-os às suas origens.

A energia central responsável pela ação que leva à forma, que vitaliza e age com interação nos campos de vida e fora deles, precede àquela ação e continua, mesmo quando, aparentemente, a mesma cessa.

E o fator primordial, indispensável à vida, que, ao adquirir inteligência, após individualizar-se, permanece granjeando mais amplos recursos que aplica na sua evolução, objetivando a meta fatalista do aperfeiçoamento.

O declínio da fé responsável, nas mentes e nos corações, substituída pelo formalismo e pelas injunções sociais, deixou árido o sentimento humano e indiferente o raciocínio para as questões espirituais, anulando-as por parecerem destituídas de sentido, abrindo espaços emocionais para o gozo sem limite, numa sofreguidão irrefreável.

Como consequência crescem o egoísmo, a insensibilidade afetiva, a insatisfação, a angústia, a insegurança e o medo, gerando carências superlativas, que armam os sentimentos com rebeldia, agressividade, luxúria, insensatez a caminho da loucura.

Os alicerces morais da sociedade ruem, e a decadência da civilização se apresenta inevitável.

Negam-se os valores morais dos homens e das Instituições, substituídos pelo individualismo, pelo poder de pessoas, de Agremiações e do Estado, em detrimento das conquistas elevadas do amor e da solidariedade, com os seus reflexos no bem-estar do homem e da sociedade.

Nesse contexto, o indivíduo progride na horizontal do imediatismo sem a resultante verticalista responsável pelo bem, pelo bom e pelo belo a benefício geral.

Os paradoxos se estabelecem propiciando o surgimento das sociedades ricas, pobres e miseráveis, que são habilmente denominadas como desenvolvidas, em desenvolvimento e subdesenvolvimento, esmagadas as últimas pela exagerada supremacia da primeira, que se alimenta nas carnes em decomposição daquelas, que se lhes exaurem nas garras arbitrárias.

Mesmo que, na aparência, a humanidade se encontre em paz, os conflitos irrompem, exagerados, denunciando a inquietação dos dominados e a insatisfação dos dominadores, que se arrojam nas justas íntimas, familiares, grupais, e, sucessivamente, ameaçando o mundo com guerras, cada vez mais destrutivas e impiedosas...

Em tal campo, todavia, encontravam-se as condições favoráveis para as mudanças que se ensaiam, qual ocorre em solo adubado por excremento, que, recebendo sementes selecionadas, em breve se converterá em jardim e pomar, ricos de bênçãos, alterando completamente a paisagem em abandono e desolação.

O mesmo se dá com a Humanidade contemporânea, que, exaurida e desnorteada, passa a buscar respostas mais profundas para os seus problemas, para as suas indagações, que se enraízam no espírito, e somente a partir dele poderão ser equacionadas.

Deste modo surgem, por sua vez, Movimentos esdrúxulos, na área do Espiritualismo, engendrados por mentes insanas, em que o absurdo confraterniza com o lógico, e o irreal, o fantasioso se abraça ao real e possível.

Simultaneamente, reaparecem as Doutrinas grandiosas da Imortalidade, alterando o convencionalismo e iluminando as consciências com a claridade da razão, responsável pela fé libertadora que dá sentido e direção a vida, equilibrando o homem e o auxiliando nos voos da inteligência e no crescimento do coração.

Face a nova conquista, o conceito de Deus, atualizado e compatível com a mentalidade hodierna, faculta o discernimento correto a respeito da existência humana, ensejando reformulações éticas e ideológicas que alterarão o comportamento da sociedade, então dirigido para a igualdade dos homens, a justiça e o bem-estar de todos, conforme os elevados ideais dos pensadores espiritualistas de todas as épocas, que em Jesus Cristo se refletem de forma incomum, pela excelência do Seu apostolado e pela inigualável grandeza da Sua vida.

Vitor Hugo por Divaldo Franco do livro:
Antologia Espiritual

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