O amor
Eros
- Tenho certeza que o meu príncipe um dia virá buscar-me, libertar-me da pobreza - afirmava, sorrindo, e preparava-se, todos os dias, adornando a cabeleira negra que lhe escorria da cabeça com coroas de flores de laranjeira brancas e perfumadas.
Na aldeia humilde, jovens rapazes sonhadores lhe propunham núpcias, dispensando mesmo qualquer tipo de dote, e ela os recusava sorrindo, informando:
- Casarei com um príncipe, rico e bom, doce como o mel e poderoso como o Sol.
Passaram os anos e as épocas, enquanto ela aguardava, sem mudar de ideia.
As pessoas, na aldeia singela, acreditavam que ela houvesse enlouquecido.
No entanto, continuava lúcida e sonhadora, debruçada ao peitoril da janela, adornada de flores, agora porém, olhando o zimbório estrelado, sem preocupar-se com o pó que se levantava da estrada ou a zombaria dos passantes irônicos.
Numa noite de incomparável beleza, uma carruagem iluminada e decorada com guirlandas de rosas e mirtos, puxada por ginetes alvos e reluzentes, parou à sua porta e, de dentro, saltou um príncipe ajaezado de joias, ostentando na cabeça fulgurante coroa, e, tomando-lhe a mão, convidou-a a entrar no veículo resplandecente, dizendo-lhe com sorriso e musicalidade na voz:
- Eu sou o teu príncipe. Venho buscar-te.
- E como de chamas?
- Amor.
Ao amanhecer, encontraram-na morta, encostada à madeira da janela, fitando o firmamento, e sorridente.
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- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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