quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Treino para a morte

Treino para a morte

Manoel Philomeno de Miranda


Durante o Seminário no G-19 — Fundação para a Melhoria da Consciência Global — em Zurique, Suíça, no dia 29 de maio (1.994), foi proposta, como exercício de preparação, uma experiência de morte.

Nessa noite, terminadas as atividades, o Benfeitor Espiritual ditou os presentes comentários a respeito do assunto.

A cessação dos fenômenos biológicos é inevitável.

Máquina sofisticada e completa, que se vem aprimorando através dos séculos, gasta-se o corpo à medida que funciona, emperrando sob ações e condições variadas, desajustando-se por interferência de agentes perturbadores e enfermiços, por fim, transformando-se pela morte.

Essa é uma fatalidade irrecorrível, por mais se pretenda escapar-lhe.

Como a vida, porém, não são apenas os implementos admiráveis da constituição celular, e o ser que a vitaliza seja-lhe preexistente, compreende-se que, morrer, não é extinguir-se, antes é liberar-se da temporária prisão onde se esteve, sobrevivendo-lhe à argamassa material.

Em razão da impregnação da energia espiritual pelas vibrações do campo físico, o ser apega-se ao corpo e teme perdê-lo. O adormecimento da consciência profunda, na maquinaria cerebral, faz que ele esqueça, nesse período, da sua procedência, iludindo-se mais com as sensações a que se encontra acostumado do que com as emoções transcendentes do seu estado real.

A morte assemelha-se-lhe, então, a uma interrupção definitiva da vida, ao seu aniquilamento, o que se lhe toma terrível e devastador.

Surgem, em razão disso, reações de rebeldia, de pavor ou de desinteresse, de desprezo pelo fenômeno transformador.

A expressiva massa humana, todavia, apegada às experiências fisiológicas, não se dispõe a meditar a respeito da morte, a preparar-se para ela, a entender-lhe a ocorrência. Vivendo em uma espécie de sonho, não se propõe a despertar, transferindo mentalmente essa reflexão para um momento que, talvez, não alcance.

Vive-se no corpo, acompanhando-se-lhe a incessante, a automática transformação molecular. Morrem células aos bilhões com frequência, que são substituídas por outras; os órgãos sofrem alterações contínuas, que não são percebidas imediatamente, e somente quando o desgaste se acentua é que se notam as mudanças, a insuficiência de forças, o enfraquecimento da visão, da audição, da memória, da bomba cardíaca e de outros equipamentos vitais...

A inexorabilidade da morte está, portanto, presente na vida, e toma-se medida saudável e racional pensar-se sempre nela, no momento terminal, equipando-se de energias morais para o enfrentamento, a libertação.

A morte não produz dor, por ser um suave deslindamento de vínculos, quando o fenômeno é natural.

Cada morte é decorrência de cada experiência de vida, sendo, então, especial e particular, para cada indivíduo.

No processo biológico final, normal, morrer é uma forma de adormecer, para um consequente despertar com as mesmas características e disposições anteriores ao processo terminal fisiológico.

Ao acordar, nem coro de anjos, nem presenças satânicas aguardando, exceto para aqueles que abominaram a vida, tomando-a insuportável para si como para os outros, vinculados que viveram, aqueles que assim se comportaram, com os Espíritos perversos e obsessores. Aqueloutros, que se iluminaram pelo bem e ascenderam aos parámos do amor, defrontam os seus amigos diletos, que os precederam e ali estão para recebê-los de volta ao lar.

Cada qual desperta com a posse da bagagem que acumulou na Terra e conduziu na mente como no sentimento. Ela dispensa os objetos, os recursos amoedados e títulos, os valores materiais que ficaram e agora se tornam motivos de lutas da usura, de animosidades e rixas cruéis.

A verdadeira posse permanece com o seu cultivador, que deixa de ser aquele que tem para tomar-se o que é. Nesse momento, dá-se conta do que é verdadeiro ao lado daquilo que é falso; do que tem permanência e do que sofre transitoriedade; do que se transforma em asas de libertação, em detrimento do que sucumbe ao peso das paixões primitivas...

Essa avaliação é automática, rápida ou prolongada, conforme os comprometimentos morais de cada ser.

A consciência, sem anestesia, passa a comandar a razão com vigor, não mais podendo ser camuflada a verdade, ou postergado o momento de autoanálise, de autodescobrimento.

Muitas vezes, a memória, desatrelando-se dos neurônios cerebrais, recorda toda a existência, em forma regressiva, desde a desencarnação ao nascimento, fixando as lembranças infelizes, que se fazem acompanhar de dolorosos arrependimentos e mágoas, ou alegrias inefáveis, quando são ditosas essas recordações. Nesse instante, o que está feito não pode ser alterado até que se renovem os compromissos de reparação, quando negativos, ou prolongando as emoções de felicidade, quando ditosos.

A reencarnação tem como objetivo imediato facultar o desenvolvimento intelecto-moral do Espírito, e, ao ser ela concluída, a imediata avaliação de resultados estabelecerá os futuros empreendimentos, ficando esse período intermediário, entre o túmulo atual e o futuro berço, como preparatório, em esfera de paz ou campo de luta.

É necessário pensar-se na morte enquanto se está no corpo; fazer-se uma análise de como se encontra e qual seria o seu estado emocional ao despertar, caso a mesma lhe chegasse nesse momento.

Valeriam a pena os apegos exorbitantes a pessoas e a coisas; as disputas por heranças perturbadoras e complicadas que ficarão, por terras e propriedades que passarão de mãos? E o cultivo do amor-próprio ferido, das vaidades enganosas, dos ódios angustiantes, dos caprichos pessoais, das exigências extravagantes, das dores desnecessárias que o egoísmo e o orgulho ocasionam?

Ver-se-á, com essas reflexões, que há muito acúmulo de entulho a que se dá valor descabido nos depósitos dos interesses pessoais da existência terrestre.

Quanto maior for a soma das paixões, das fixações fortes, dos jogos dominadores nos painéis mentais e nas emoções, mais largo será o período de aflição ante a morte e de perturbação íntima, que leva a estados infelizes de obsessão os que ficaram no corpo como legatários, os adversários, os amores desequilibrados, os disputadores das coisas e posses.

É necessário um treino moral para libertar-se do que não se pode conduzir, doando-se, transferindo-se com alegria para outrem, ou deixando-se sem saudades nem amarguras todas as coisas.

Uma reflexão diária sobre a morte ajuda a partida de todos que, inevitavelmente, viajarão para o país de sua origem, de onde volverão de retomo ao mundo, no futuro, em algemas ou inteiramente livres para a preparação da sua plenitude.

Manoel P. de Miranda por Divaldo Franco do livro:
Sob a Proteção de Deus

Curta nossa página no Facebook:

Declaração de Origem

- As mensagens, textos, fotos e vídeos estão todos disponíveis na internet.
- As postagens dão indicação de origem e autoria. 
- As imagens contidas no site são apenas ilustrativas e não fazem parte das mensagens e dos livros. 
- As frases de personalidades incluídas em alguns textos não fazem parte das publicações, são apenas ilustrativas e incluídas por fazer parte do contexto da mensagem.
- As palavras mais difíceis ou nomes em cor azul em meio ao texto, quando acessados, abrem janela com o seu significado ou breve biografia da pessoa.
- Toda atividade do blog é gratuita e sem fins lucrativos. 
- Se você gostou da mensagem e tem possibilidade, adquira o livro ou presenteie alguém, muitas obras beneficentes são mantidas com estes livros.

- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles,  a razão e a universalidade.

- Cisão para estudo de acordo com o Art. 46 da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98 LDA - Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998.
- Dúvidas e contatos enviar e-mail para: regeneracaodobem@gmail.com 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário, sugestão, etc...