Tempos de definições
Camilo
Se passares a observar os meandros da vida planetária, que gera a imbricação ante as experiências junto à matéria grosseira dos seres espirituais, perceberás o quanto a esplêndida vida excele em verdade.
Na medida em que os indivíduos humanos se derem conta dos ingentes labores que devem ser realizados durante a encarnação, tenderão a viver com maior atenção aos próprios feitos e respeitarão a verdade, que passará a pulsar em seu âmago.
Cada ser entenderá que, no que se refere à relação com as coisas divinas, não há razão para encenações ridículas com objetivo de embair os parvos, os tolos, os inexpertos. À compreensão de que por mais se possa iludir terceiros, ninguém conseguirá, jamais, burlar a própria consciência.
Quantos há que simulam amar e servir a Deus por meio de louvaminhas, de palavras vazias de nobre sentido ou pelo uso de materiais oblatas, como se estivéssemos nos prístinos tempos da Humanidade, quando os encarnados viam o Criador do Universo através das lentes mitológicas que sua psicologia lhes permitia.
Ninguém ama a Deus de verdade pelo fato de recitar, de cantar ou de presentear os variados altares com tudo o que haja de mais comovedor ou belo nessas áreas.
O amor a Deus se exprimirá por meio da aplicação da própria existência às felizes realizações, que deverão - nada obstante possam atender à vida exterior nos múltiplos atos de auxílio ao semelhante - enraizar-se no imo da alma, nos recônditos do coração.
Jamais alguém poderá proclamar seu amor ao Criador, se vive atrelado ao crime de todo e qualquer matiz, como aquele que corrompe ou que se deixa corromper; os que se encharcam nos vícios e levam outros tantos aos mesmos desvãos; aqueles que matam e que se matam; os que extorquem os bens públicos, tornando-os nutrientes de suas ambições desenfreadas.
Não se pode amar o Sempiterno relegando as crianças à desassistência moral, deixando-as sem escola, sem cultura e sem brinquedo, ou abandonar a juventude aos torvelinhos de exemplos nefastos que se lhes imprime no íntimo, danificando o futuro das sociedades terrenas, ainda que sob os pretextos de modernidade, de avanços culturais e de renovações sociais.
Não encontraremos qualquer resquício de amor ao Pai Celestial, onde os enfermos não tenham a bênção da assistência da medicina nem seus vínculos com a farmácia e com o socorro hospitalar, ou onde os velhos jazam estupefatos diante da exploração e dos maus tratos, como se fossem peças imprestáveis relegadas ao lixão da indiferença e da morte.
Não pode haver amor a Deus onde a dignidade dos homens não encontra respaldo sob as luzes do trabalho honesto e digno como ganha pão, ou onde o império comandado pelos poderosos de ocasião calcine a esperança daqueles que desenvolvem esforços inauditos para obter os méritos acadêmicos dos estudos e da formação que lhes fazem rutilar o intelecto.
Há que se ter em mente a ação inderrogável da lei da causalidade, que age em toda parte e que retribui cada criatura de conformidade com o que tenha semeado vidas afora.
Entretanto, se muitos precisam reajustar-se com a Consciência Cósmica, por meio da reestruturação da própria alma, vale não olvidemos o ensinamento de Jesus Cristo, quando esclareceu que: "o escândalo é necessário, mas ai daquele que o provoque".
É chegado o tempo das inadiáveis reformas planetárias. E a hora das transformações aneladas desde tanto tempo pelos homens de bem, e o Cristo afirmou que: "os tempos serão apressados por causa dos justos".
Porém, ninguém tem procuração da Divindade para impor aos semelhantes o peso da justiça, uma vez que os corações e as mentes dos homens, enquanto não se mostrarem equilibrados, iluminados pela luz do amor, achar-se-ão completamente incapazes de estabelecer qualquer justiça que não carregue em si os olores das paixões humanas.
Não há mais tempo para que alimentemos as mentiras que nos veem embalando há tanto tempo, séculos afora, mas está aí o tempo de escolhermos os verazes roteiros de paz e de ventura para o ser imortal. E chegado o tempo das graves definições.
Quando Jesus afirmou que "não se pode servir a dois senhores" deixava-nos bem clara a importância de se fazer escolhas salutares ou de realizar definições bem-aventuradas, pois o tempo que passa, tal como as águas do rio, não retorna.
Semeia, pois, bênçãos de amor à verdade em tua trilha, e espalha luzes de trabalho e verdade pela tua vida.
Define-te com o Celeste Amigo da Galileia, enquanto é hoje. Empreende lutas, sem desespero, sem patológica ansiedade, mas com a tranquilidade das fiandeiras e a paciência dos pescadores, que trabalham fio a fio, que preparam isca a isca, respectivamente, até que obtenham a abençoada arte ou o abastado cesto de alimento.
Para amar a Deus, urge que te definas pelo melhor para a vida. Faze-o com júbilo e sê feliz, desde agora.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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