quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Materialismo e Idealismo

Materialismo e Idealismo

J. Herculano Pires



Falamos da possibilidade que o Espiritismo abre, no mundo de hoje, para a solução de velhas rixas filosóficas que parecia para sempre insolúveis. A natureza de síntese dos conhecimentos humanos, de que se reveste a doutrina, dá-lhe inesperada capacidade nesse terreno. E assim como a velha questão do corpo e espírito encontra equação imediata nos postulados espíritas, assim também a luta aparente entre materialismo e idealismo, no campo da filosofia, revela-nos a sua face de simples equívoco.

De um lado alegam os materialistas que não podem tomar conhecimento do Espiritismo, por ser ele uma doutrina idealista, que joga com improbabilidades. Fugindo ao terreno material, entra o Espiritismo pelos caminhos nebulosos da suposição ou das deduções empíricas, sem base experimental e racional. De outro lado, porém, são os idealistas que acusam o Espiritismo de procurar reduzir coisas do espírito a soluções materiais. Quando falamos da possibilidade de comunicação dos espíritos, os idealistas censuram o nosso materialismo, no trato das coisas espirituais. Na mesma hora – e pelo mesmo motivo – os materialistas nos taxam de metafísicos, de pescadores de coisas impossíveis.

Diante da celeuma que de um campo e de outro se levanta, perguntaremos: onde ficará o Espiritismo? É verdade que Kardec anotou, no subtítulo de O Livro dos Espíritos, a filiação da doutrina à filosofia espiritualista. Mas não estaremos hoje diante de um fato novo, que nos mostra, na prática a impropriedade desse divisionismo no campo filosófico? A velha disputa que nos vem, como sempre, da velha Grécia, envolvendo Demócrito e Platão, para as figuras de Hegel e Fauerbach, afinal superadas, em suas contradições, pelo trabalho de Marx e Engels, criadores do materialismo dialético, não estaria resolvida com o aparecimento do Espiritismo?

É claro que materialistas e espiritualistas, marxistas, existencialistas e outros, em quantas centenas de variantes se dividem as novas teorias filosóficas, ao longo daquelas duas correntes, considerarão utópica, senão mesmo absurda, a questão que levantamos aqui. Mas todos aqueles que quiserem deixar de lado, por um momento, a bagagem dos seus preconceitos, para olhar as coisas com os próprios olhos, verão que a aceitação dos princípios espíritas liberta o homem das contradições do materialismo e do espiritualismo. Estamos, aliás, diante do conhecido processo de síntese, decorrente do choque das contradições.

O Espiritismo não se prende ao terreno exclusivamente idealista, porque não é subjetivo. Suas afirmações decorrem da experiência e não da simples suposição ou dedução. Kardec afirma que o Espiritismo é ciência de observação, e como tal tem de realizar o seu desenvolvimento. Não nos oferece a doutrina uma interpretação idealista, mas um conhecimento objetivo e real dos fatos e das coisas. A existência do espírito não nos é apresentada como abstração, de verificação impossível, mas como realidade que pode ser objetivamente comprovada. E mais do que isso, como parte integrante da própria natureza objetiva.

Os casos, por exemplo, de obsessão colocam o problema no terreno da própria patologia médica, incluindo os espíritos entre os fatores de anomalias físicas, ao lado dos micróbios e de outros agentes provocadores de doenças e lesões orgânicas.

Por outro lado, diante de todas essas características materialistas, o Espiritismo não se prende aos fatos do mundo físico, reconhecendo a existência de um plano hiperfísico na natureza, e de fenômenos com ele relacionados. Prega também a independência do espírito e a sua sobrevivência à morte do corpo somático. Isso basta para identificá-lo com as correntes idealistas.

Essas aparentes contradições do Espiritismo revelam a sua natureza sintética e a sua extraordinária capacidade de solucionar os velhos e intrincados problemas da filosofia tradicional. Na realidade, o Espiritismo não é idealista nem materialista, mas simplesmente realista. Ele observa e interpreta a natureza de um ponto de vista diverso aos daquelas duas correntes, tendo uma visão panorâmica da vida e do mundo em suas múltiplas manifestações espirituais e materiais. Na trama complexa da vida, o Espiritismo não escolheu um determinado ramo para pousar. E com isso, de uma vez por todas, ele conseguiu solucionar o velho impasse, mostrando que tanto Platão como Demócrito estavam com a razão, e Marx e Engels, ao procurar a síntese entre Hegel e Fauerbach, cometeram o erro filosófico de optar por uma das duas tendências.

Para o Espiritismo, o mundo é uma realidade ao mesmo tempo física e espiritual, objetiva e subjetiva. Não se pode tomar a vida e o mundo por um único dos seus aspectos, sob pena de mutilação e de conflito. O exaustivo conflito entre o materialismo e o idealismo ficou, assim, solucionado e o Espiritismo demonstrou que ele não passava de um dos muitos equívocos em que os homens se têm perdido, nas suas exigências intelectualistas, ao longo dos séculos e das civilizações.

J. Herculano Pires do livro:
O Sentido da Vida
José Herculano Pires, “O metro que melhor mediu Kardec”, como bem definiu Emmanuel.
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