Uma anedota
Richard Simonetti
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
Nancy Puhlmann |
Poucas mulheres foram tão sintonizadas com as causas em favor da reabilitação e da inclusão social dos portadores de deficiência como Nancy Puhlmann Di Girolamo. Ela se referia a eles como ‘aves feridas’ e dizia que “mesmo feridas, elas voam”, pois “voar é capacidade do espírito. Mas só dos fortes”! Ela mesma foi capaz de grandes voos numa encarnação que teve início em 21 de março de 1924, em São Paulo, onde cresceu numa família espírita, formou-se em enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo com especialização em neuropediatria e fez sociologia pela Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo.
Nancy desencarnou em 23 de junho de 2018, deixando um legado de amor e dedicação ao próximo e pessoas com deficiências, num trabalho que floresceu na Instituição Beneficente Nosso Lar, fundada por sua mãe, Maria Augusta Ferreira Puhlmann e por sua tia Nair Ambra Ferreira, em 1946. Ali, naquela instituição que foi um orfanato e que abrigou e educou mais de 300 crianças, muitas delas abandonadas na porta, como era comum na época, teve início o seu trabalho em favor das crianças com deficiências.
Em entrevista ao Batuíra Jornal, em dezembro de 1999, Nancy contou que a direção da casa nunca tinha pensado em trabalhar com crianças com deficiências, mas um bebê abandonado nas portas da instituição em 1967, com grave lesão neurológica, mudou o rumo da história. Quando a criança ricamente vestida foi desembrulhada, um bilhete transmitia o recado: “Mãe desesperada conta com vocês”. Isso causou um grande impacto nos diretores: Sempre atribuíram a rejeição a questões da pobreza, nunca por conta de uma deficiência.
Para Nancy, começava ali um grande desafio, procurando aliar a ciência ao espiritismo para poder proporcionar o desenvolvimento das crianças com deficiências, não esquecendo de trabalhar também a rejeição. Estudou as teses espíritas sobre a importância das reencarnações difíceis na Terra como processos evolutivos. Foi buscar na antropologia uma explicação orgânica e antropológica para esta realidade. Naquela época, nascia a sua filha, com síndrome de Down, o que acabou impulsionando o Nosso Lar a atender pessoas com deficiência intelectual e outras deficiências associadas. Anos depois, seu filho mais velho, com 17 anos, tornou-se tetraplégico, após acidente na piscina, o que levou a instituição a ampliar novamente os atendimentos, incluindo agora deficiências motoras.
Através de seus estudos na literatura espírita, Nancy concluiu sobre a importância de se trabalhar o estímulo do sistema nervoso central – quando ainda não se acreditava na capacidade de regeneração – e foi conhecer de perto o método de reorganização neurológica desenvolvido na Philadelphia.
Confiando que com passes, terapêutica espírita, bom ambiente, estímulos, medicação seria possível mudar aquela realidade, ela desenvolveu um programa de desenvolvimento integral, interligando os aspectos bio-psico-social-espiritual, sendo incentivada pelo médium Chico Xavier para que confiasse e colocasse em prática o método que chamou de Desenvolvimento Integral das Potencialidades da Criança Excepcional. Aplicado no Nosso Lar, na assistência a crianças com deficiências, a maioria carente, a nova metodologia transformou a instituição numa referência em reabilitação nesse setor.
Sempre atuante no meio espírita, Nancy analisou a história e o papel do espiritismo nas transformações sociais numa entrevista ao Correio Fraterno em março de 2015. Ao comentar o futuro da humanidade frente aos conflitos em que vivemos, ela respondeu que para a doutrina espírita só há um caminho: o progresso intelecto-moral. Mas lembrou que não é pelo desenvolvimento intelectual que o moral se desenvolve.
“Na questão da inclusão, Nancy reforça que é sempre uma bênção, quando as oportunidades são mais amplas, porque se num primeiro momento ela chega confundindo, miscigenando tudo, na sequência vem a organização. Precisamos refletir e perceber que a lei divina está acima de ideias pessoais, grupos, instituições. “Querendo ou não, estamos progredindo e é reforçando-se o bem que enfrentamos o oponente. É como ensinou Jesus na parábola do joio e do trigo. Eles crescem juntos e somente quando estão bem grandes é que se consegue separá-los. Para curar a sociedade é preciso também sanear a forma de pensar, ter noção de que o pensamento e a mente são nossos grandes colaboradores, se soubermos direcioná-los adequadamente. Nesse sentido, devemos nos trabalhar interiormente na procura do bem. É preciso achar o bem. E se procurar, acha”, concluiu.
Rita Cirne: Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra e do jornal Valor Econômico.
Curiosidades:
Livros publicados
Muitas das experiências que Nancy Puhlmann Di Girolamo viveu na instituição Nosso Lar, cuidando de órfãos e, depois de portadores de deficiência, foram registrados em livros. Ela escreveu O castelo das aves feridas, As aves feridas na Terra voam (ambos com 10 edições esgotadas e 50 mil livros vendidos). Em 2009, o conteúdo desses dois livros foi reunido e resultou numa terceira obra: É preciso saber viver, lançado em 2009.
Nancy também foi coautora dos livros: Olhai as aves no céu, A mulher na dimensão espírita, Entre dois mundos e Visão espírita para o terceiro milênio. Esse último aborda vários temas, como imortalidade, reencarnação, violência e saúde mental e conta com a participação de autores como Suely Caldas Schubert, Umberto Ferreira, Núbor Facure, Marlene Nobre, José Ferraz, Jorge Andréa, Hernani G. Andrade e Herminio Miranda, entre outros.
“Jovem, a ti te digo: Levanta-te.” (Lucas, 7 vs. 11 a 15)
Vive no inconsciente das massas o conceito falso de que a função da Divindade é a de servir sem cessar.
Herdeiro das tradições e do ativismo ancestral trabalhado por algumas doutrinas religiosas ortodoxas, no passado, fixou-se na mente espiritual de grande parte da sociedade a ideia do servilismo divino, como única maneira de fazer-se entender Deus e a Sua majestade.
No imaginário popular, a única finalidade do Senhor da vida é a de proteger os Seus filhos, evitando-lhes sofrimentos e retificando-lhes os caminhos, a fim de que somente facilidades encontrem na Terra, desfrutando de prazeres e de júbilos intérminos.
Quando se lhes fala a respeito da necessidade do autocrescimento, da autoiluminação, surpreendem-se, sem entendimento imediato, como se isso lhes fosse algo imposto de maneira injusta.
Existem mesmo aqueles que se admiram da maneira pela qual o Criador deu vida à vida, especialmente ao ser humano, impondo-lhe a necessidade de crescimento pessoal, de aprimoramento moral e de desenvolvimento espiritual.
Interrogam, surpresos, muitas vezes, por que Deus já não fez tudo perfeito, evitando tanto trabalho, conforme consideram as propostas libertadoras.
Olvidam-se de que a sabedoria divina melhor entende as razões por que o Espírito foi criado simples e ignorantes, a fim de ter ensejo de desenvolver os sublimes recursos que lhe jazem interiormente, na condição de herança transcendente da sua procedência.
A decantada perfeição que gostariam de usufruir, não passa, afinal de contas, de um tipo doentio de aposentadoria em relação ao trabalho, de ociosidade dourada, sem dar-se conta da monotonia, da saturação que logo se lhes instalariam, portadores de inquietações e de desejos que são, alguns deles, exagerados...
A bênção do trabalho é de alto significado para a felicidade pessoal e geral, por facultar o desenvolvimento dos tesouros que se encontram em germe, a cada qual ensejando alegrias incomparáveis.
Já, ao tempo de Jesus, encontramos esse grupo de beneficiários do Seu amor, descuidados do seu processo de evolução, recorrendo, sem cessar, aos préstimos do Senhor, na soluço dos problemas que lhes diziam respeito.
De tal maneira eram as suas querelas e problemáticas, que, não conformados com as ocorrências do cotidiano, recorriam-Lhe à ajuda, suplicando, não orientação, mas solução fácil, claro que, sempre favorável aos seus interesses chãos.
Diante de uma dessas situações, Jesus interrogou os discutidores, preocupado: - Quem dentre vós me elegeu como juiz de vossas causas?!
Tantas eram as paixões envolvidas nas suas questiúnculas e tão mesquinhos os seus interesses que a Boa Nova de libertação não lhes conseguia iluminar a inteligência e demonstrar que todas essas banalidades da vida material desaparecem, perdem o sentido após a consumpção do corpo físico.
Somente aquilo que é de efeito imediato interessa a esses Espíritos estúrdios e ansiosos pelas comezinhas vitórias materiais.
Pensando em negociar sempre com o Pai Criador, elaboram mecanismos injustificáveis para a permanência no jogo ilusório do corpo, sem a preocupação com a imortalidade, na qual se encontram sem possibilidade de evadir-se...
O suave Cantor galileu, compreendendo a pobreza espiritual daqueles que O seguiam, primeiro falava-lhes a respeito do Reino de Deus, oferecia-lhes diretrizes para a autoconquista, para a harmonia interior, para melhor suportar as vicissitudes do processo evolutivo, mas não se escusava de atender as suas necessidades depuradoras.
Terminadas as exposições sublimes, ei-lO limpando feridas, restituindo a visão, recuperando a audição, desenrolando línguas hirtas, devolvendo o movimento aos membros atrofiados, socorrendo...
Nada obstante, aqueles mesmos que se recuperavam corriam na direção dos erros ancestrais e novamente mergulhavam no paul das aflições, despertando, mais tarde, com maiores dificuldades e mais desafiadoras inquietações.
Isto porque, a causa das angústias e mazelas humanas encontra-se no interior, no ser profundo e não na superfície na qual aparecem os efeitos perturbadores dos desequilíbrios...
Essa herança que foi sustentada no passado, por exploradores da credulidade publica e hoje é mantida em algumas agrupações evangélicas, nas quais se estimulam as negociações materiais com o Pai, constitui motivo de atraso espiritual para os indivíduos.
Acostumando-se a esse conceito, evitam esforçar-se para a transformação moral, perseverando as atitudes doentias de dependência inútil, sem a autodescoberta que lhes favorece a visão profunda e bela da realidade.
Em face do advento de O Consolador, na formosa doutrina dos Espíritos, ainda permanecem os mesmos hábitos enfermiços, graças aos quais muitos adeptos esperam ter os seus problemas solucionados pelos Guias desencarnados, sem qualquer esforço de sua parte, bastando, para tanto, a frequência hebdomadária às reuniões, sem que haja aproveitamento das lições iluminativas e libertadoras.
Confundem a caridade com o parasitismo, esperando sempre benefícios que outros lhes propiciem, no entanto, sem o menor esforço por também fazê-lo aos outros que se encontram carenciados.
As ambições da maioria reduzem-se aos jogos da vida física, à existência cômoda e destituída de preocupações e ocorrências que os façam crescer moral e espiritualmente.
É lamentável esse fenômeno que deve ser sanado mediante as seguras orientações do Evangelho e do Espiritismo, que não se compadecem com a exploração das forças dos outros em benefício dos insensíveis ao dever de cooperação.
Esclareçam-se as mentes e advirtam-se os sentimentos dos novos discípulos da Boa Nova, explicando-lhes que a ascensão é esforço individual, intransferível, e que o pastor de ovelhas aponta os rumos, a fim de que todas alcancem o aprisco a esforço pessoal...
Ocorrendo alguma dificuldade, algum insucesso ou desgraça, é claro que esse pastor atento, dominado pela compaixão, correrá em socorro daquela que ficou perdida ou que se extraviou, ou que foi vítima de algum acidente. As outras, porém que não apresentam deficiências, exceto a conduta de exploração, devem seguir adiante acompanhando o cajado daquele que lhes é o guia...
Torna-se indispensável, portanto, que os indivíduos aprendam a usar os próprios recursos, evitando tornar-se carga pesada sobre os ombros do seu próximo, seja qual for o pretexto apresentado.
A iluminação é meta que todos devem alcançar a esforço pessoal.
A paz é benção que somente pode ser fruída após as lutas por adquiri-la.
Jesus sempre atendia os sofredores e esclarecia-os quanto aos seus sofrimentos, auxiliando-os na recuperação da saúde, mas advertindo-os de que não retornassem aos mesmos caminhos dos erros, a fim de que nada lhes acontecesse de pior...
Esclarece, portanto, os teus irmãos, a respeito dos deveres que lhes cumpre executar, despertando-os para a responsabilidade dos pensamentos, palavras e atos.
Assim procedendo, estarás integrado na saudável programação da vida, que trabalha em favor do mundo melhor de amanhã para todos.
Nota: Os destaques em itálico são do autor espiritual, presentes no livro.
Senhor Jesus:
Disseste-nos, um dia: “busca e acharás”.
Não te rogamos, assim, tão só para que nos guies a procura dos valores reais da vida.
Pedimos ainda mais.
Quando estivermos na posse das concessões que esperamos, não nos deixes marginalizados nos adornos da virtude vazia, nem nos permitas caminhar sob os enganos da autossuficiência.
Auxilia-nos a respeitar as bênçãos de Deus e a convertê-las em atividade e serviço na edificação do teu Reino de Amor, hoje e sempre.
Uberaba, 21 de Fevereiro de 1976.
Na fase terminal de nossas tarefas na noite de 10 de junho de 1954, tivemos a afetuosa visita de Meimei, a nossa companheira de sempre, que, utilizando os recursos psicofônicos do médium, falou-nos sobre os méritos do silêncio, em nossa construção espiritual.
Não raro, ouvimos respeitáveis representantes das comunidades terrestres, reclamando líderes capazes de conduzi-las à concórdia e ao progresso, sem ódio e destruição.
Justo, no entanto, não esquecer que a Terra conhece o Líder de todos os líderes humanos, habilitados a guiar a coletividade para o Reino do Bem.
Importante refletir que ele transportava consigo a própria grandeza sem mostrar consciência disso.
Não colheu da vida mais que o necessário à própria sustentação.
Associou-se a companheiros tão pobres e tão anônimos quanto ele o era no início da revelação de que se fazia mensageiro, a fim de realizar o apostolado que trazia.
Aconselhou o respeito aos condutores do poder humano mas nunca indicou a desordem e a crueldade para a solução dos problemas do mundo.
Conviveu com a multidão, compadecendo-se de suas aflições e necessidades.
Chamava a si os pequeninos, de modo a ouvi-los atentamente.
Amou aos enfermos, aliviando-lhes as enfermidades, com a força do amor, nascida na oração.
Amparou aos irmãos obsessos e dialogou com os desencarnados sofredores, endereçando-lhes expressões de esclarecimento e reconforto.
Alimentou os famintos, antes de ministrar-lhes a verdade.
Ensinou o perdão e a tolerância.
Não possuía ouro nem prata que lhe garantisse a influência.
Acusado sem culpa, aceitou agravos e injúrias, sem defender-se.
Executado por alguns de seus contemporâneos que se faziam adversários gratuitos, portou-se com humildade e grandeza de espírito, rogando a benevolência dos Céus para os seus próprios inimigos.
Entretanto, desde que desapareceu do cenário dos homens, passou a viver mais intensamente na Terra, conquistando corações para a sua causa.
Em quase vinte séculos, famosos condutores de povos foram esquecidos.
No entanto a influência do Líder dos líderes do mundo, sem ameaças e sem armas, cresce com os dias.
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Quem estiver procurando liderança na Terra, saiba que ele, Jesus Cristo, até hoje tem o nome de Senhor Jesus e, no limiar do terceiro milênio dos tempos novos, temo-lo sempre por esperança das criaturas e luz das nações.
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Nas horas atormentadas da vida, age com paciência e tolerância.
Deus nos sustente de pé, aguardando a nossa cooperação destinada a reerguer os irmãos caídos.
Fruto de extensa, meticulosa e demorada escavação, contendo mais de duas centenas de documentos, novas iconografias e mais de mil fontes consultadas para conhecer a vida autêntica do cidadão Rivail, dito Allan Kardec, a obra Cidadão Rivail – Raízes e Vida de Allan Kardec, nova biografia do Codificador do Espiritismo, traz importantes descobertas historiográficas nesta época em que novas tecnologias permitiram tirar livros e jornais empoeirados das bibliotecas e colocá-los nas telas luzidias para ampla pesquisa e conhecimento.
Com acabamento em capa dura e 880 páginas, o biografado foi detidamente perquirido neste livro desde as suas raízes, quando sua família começou a viver o drama da Revolução Francesa e passou pelo Regime de Terror participando das ações políticas e militares da época. No ápice do mote revolucionário, seu avô foi preso, julgado e teve de subir ao patíbulo, sendo vítima da funesta guilhotina, penalidade que ceifou milhares de vidas. Sua família abalada e sofrendo graves consequências não se arrasou, mas prosseguiu avançando e daria nascimento ao menino que, mais tarde, no seio da estirpe, adotaria o alônimo Allan Kardec e fundaria a Doutrina Espírita.
A narrativa contempla sua infância, seus estudos iniciais em Bourg-en-Bresse, na França e, depois, em Yverdon, na Suíça, onde teve sua formação. Examina os locais onde morou, trata de sua transferência a Paris, de suas importantes contribuições ao ensino, do lançamento de duas dezenas de livros didáticos, da fundação de quatros institutos educacionais, da participação em empresas e em várias academias culturais. Exibe o desenrolar completo de sua vida profissional, incluindo as iniciativas empresariais nos vários ramos de negócios até iniciar pesquisas sobre as mesas girantes, então uma novidade na Europa, e as intrigantes manifestações de Espíritos, feitos incomuns cujos estudos o levou a maior conhecedor mundial do assunto, tendo publicado cerca de duas dezenas de livros e uma revista por quase doze anos. Sua existência, realizações e anseios são examinados na obra Cidadão Rivail - Raízes e Vida de Allan Kardec, uma narrativa equilibrada, racional e cheia de novidades que se avolumaram nos últimos anos.
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