terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Os planos subsequentes ao mundo espiritual

Os planos subsequentes ao mundo espiritual

Cairbar Schutel



Após o relato sobre o Plano Espiritual, que sucede à vida corpórea, cumpre-nos dizer algo sobre o mais Além.

É claro que, a esse respeito, não podemos apresentar grandes conhecimentos; aliás, parece suficiente saber o ponto da jornada a que temos de chegar. Daí para diante, outras luzes nos iluminarão a estrada, e novos conhecimentos melhor nos esclarecerão para demandarmos a meta que o Pai nos assinalou.

Em todo o caso, podemos aventurar mais um passo no Caminho do Futuro que nos espera e tecer algumas considerações sobre a Vida Superior.

Todos devem saber que a nossa atmosfera, desde aquela que circunda o globo, até a que fica na fronteira dos outros planetas, como já dissemos não é igual. Pela mesma forma vemos que o nosso mundo é constituído de camadas sobrepostas, conforme ensina a Geologia. As escavações mostram camadas que se sucedem de distância a distância. Na atmosfera dá-se o mesmo; ela é composta de camadas superpostas.

Da Terra a uma certa distância, a matéria que existe em abundância, é o oxigênio, gás imponderável aos sentidos humanos, não obstante matéria ainda, dado que muito grosseira aos sentidos da alma, sentidos psíquicos, ou espirituais. Pois bem; em subindo, mais diminui o oxigênio, e assim por diante, a matéria vai-se rarefazendo, tornando-se cada vez mais sutil. Isto acontece sempre gradativamente, porque na Natureza não pode haver transições bruscas. Nada passa de um estado para outro, sem que primeiro passe por um estado intermediário. Esses círculos que envolvem a Terra, e se diferenciam pela fluidez da matéria que os compõe, são as Esferas Espirituais, cada qual mais adiantada em sentido ascendente, do Mundo dos Espíritos. São outros tantos mundos, cada um mais evoluído, mais perfeito, mais belo e admirável que o precedente.

Os Espíritos, que nunca deixaram as regiões inferiores, só podem fazer pálida ideia desses planos superiores, e, ainda assim, se algum Espírito Superior lhos revelar. Entretanto, não resta dúvida de que cada mundo inferior é o reflexo do mundo imediatamente superior, e, assim como a matéria se rarefaz, elevada a quintessência, assim também, quanto mais afastados estiverem os planos espirituais, mais adiantados serão os Espíritos que neles habitarem, devido à fluidez, à rarefação, em suma, à perfeição da matéria em que se acham.

É lógico, pois, e concludente, que sempre vamos subindo para um estado melhor aproximando-nos, gradativamente, da mais real felicidade, pois esta depende da espiritualização. E, para melhor incentivar os Espíritos no trabalho contínuo de evolução, ocorre uma lei natural, segundo a qual aqueles que moram nos degraus superiores podem baixar aos degraus inferiores; mas aqueles que moram nos planos inferiores não podem subir aos superiores, assim como aquele que mora no 3º andar de um edifício, além de gozar ar mais puro e vista mais agradável, pode vir para baixo mais facilmente, descendo escadas; mas aquele que mora nos pavimentos inferiores não pode subir senão mediante algum esforço; espiritualmente, tal subida nem é possível, salvo em condições especialíssimas.

O estabelecimento das residências no Mundo Espiritual não se realiza, como acontece no plano terrestre, com a reunião dos afortunados ou dos desafortunados. Aqueles, aqui, têm recursos e moram em grandes e boas casas; os que não os têm, moram nos arrabaldes, nos sítios e em casebres. E os desafortunados do mundo, parece, só existem para servirem aos que têm fortuna!

No Plano Espiritual não é a mesma coisa: lá, as moedas correntes são a virtude e o conhecimento; em duas palavras: Caridade, Sabedoria. São estes os tesouros que os ladrões não roubam, os vermes não estragam, as traças não roem, a ferrugem não extingue.

Eis porque é indispensável, àquele que não quiser sofrer, mas gozar, acumular essa fortuna incorruptível.

Mas façamos um esforço intelectual, ergamo-nos num salto mais arrojado, atravessemos essas camadas superpostas e elevemo-nos até à órbita da Terra. A órbita é o caminho que o nosso mundo percorre, é a área em que ele como que tem direito de agir, de andar, de caminhar. Os demais mundos espirituais que o circundam, têm, também, suas órbitas ainda que mais fluídicas na medida da rarefação de cada um, e faziam também o seu percurso anual.

A Terra percorre a sua órbita velozmente; caminha 107 (*) quilômetros por hora, gastando, no seu itinerário, 365 dias, 6 horas, 9 minutos e 9,5 segundos. Além desse percurso, que é o de translação, o nosso mundo tem o movimento de rotação em torno do seu eixo magnético, em que gasta 23 horas, 56 minutos e 4,095 segundos. Pois bem, outros planetas do nosso sistema têm os mesmos movimentos; uns fazem o seu percurso em menos tempo, outros em mais, sempre em relação à distância em que se acham do Sol. Todos têm suas atmosferas superpostas, formando diversos mundos, e cada um deles caminha na sua órbita, na sua estrada de ar, no seu caminho de luz. [(*) A velocidade de deslocamento do planeta Terra é de 107.218 quilômetros por hora . RDB)]

Acresce ainda que todos esses planetas, e suas camadas atmosféricas, são habitados por seres, mais ou menos inteligentes do que nós. Podemos, entretanto, afirmar que entre os mundos do nosso Sistema Solar: Mercúrio e Vênus são inferiores à Terra; Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno lhe são superiores.

Vênus e Mercúrio estão mais próximos do Sol, fazem o seu movimento de rotação com o seu eixo muito inclinado; não podem ser superiores, pois as condições de vida ali são demasiado inclementes. Devem existir planetas onde as condições de Vida podem ser mais promissoras.

A Terra é, pois; o 3º planeta, não só na ordem de distância do Sol, mas também, talvez, quanto às condições de inferioridade; aqui predominam o mal, o sofrimento, a ignorância.

E que diremos desses dois planetas ainda mais atrasados que a Terra? Pois é justamente para esses planetas, e outros em formação, que estão sendo exilados os Espíritos rebeldes, que fizeram da Terra um inferno dantesco, bem como aqueles em cujo coração predomina o mal.

Ocorre com o nosso planeta o que se deu com outros planetas: foi preciso excluir da sua Humanidade os rebeldes e retardatários que entravavam o seu progresso. (Esta exclusão, "separação dos bodes e das ovelhas" de que fala Jesus, é feita no plano espiritual; os Espíritos renitentes no mal são levados a reencarnar em mundos inferiores. Allan Kardec trata deste assunto no capítulo XI de A Gênese.) E a Raça Adâmica da lenda bíblica, que foi excluída do Paraíso (mundo superior), para sofrer, aqui, as consequências dos seus erros, e, ao mesmo tempo, trazer-nos o progresso conquistado. E é de se notar que essas vagas deixadas pelos Espíritos que saem, serão preenchidas por espíritos de melhores condições, sendo, por isso, perfeitamente aceitável a descida ao nosso mundo de Espíritos de outros planetas: saem os piores, vêm os melhores. O que, porém, se precisa frisar, é que a vida normal do Espírito não é na Terra, mas sim nessas esferas, ou mundo extraplanetários que constituem o Mundo Espiritual.

A existência terrestre não é mais que uma encarnação, uma espécie de internato onde cada qual se vem especializar num certo conhecimento, adaptável à sua modalidade inconsciente psíquica, "armazém de lembranças" onde permanece para sempre. (Vide: “EVOLUÇÃO ANÍMICA”, de Gabriel Delanne; “O INCONSCIENTE”, e “DO INCONSCIENTE AO CONSCIENTE”, do Dr. Geley.) Por exemplo: o indivíduo, desde a sua fase consciente, em que a inteligência predomina, pode ter 2000 anos, e apenas contar 8 ou 10 existências terrestres de 40 anos em média, umas pelas outras.

Isto quer dizer que, no Mundo Espiritual, existem muitos meios de instrução, muitos estabelecimentos de ensino, muitas escolas de progresso, além dos que existem na Terra. E as reencarnações, na Terra, dependem do grau de materialidade dos Espíritos que aqui se encarnam, sejam de que ordem forem, tanto os mais atrasados como os mais adiantados, pois mesmo entre estes, inúmeros se encontram imersos na materialidade, assim como, no Mundo Espiritual, conquanto ainda pertencentes aos graus de inferioridade, certos Espíritos são mais afetos à espiritualidade do que à materialidade. Poderíamos dar vários exemplos neste sentido, mas o deixamos a cargo dos estudiosos, que poderão comprovar estes enunciados que dizem da existência, no Mundo Espiritual, de exemplares de tudo o que existe na Terra: belos animais, adestrados corcéis que cortam as planícies com improvisadas carruagens, espécies belíssimas de cães, cuja inteligência e lealdade ultrapassam, quase sempre, os Espíritos materializados que ainda povoam este mundo.

Todos os Espíritos têm um lugar no Mundo Espiritual, e cada um deles recebe instrução, proteção e auxílio daquele que lhe é superior. A harmonia e a ordem regem esse mundo admirável. Durante as encarnações, o Espírito grava, numa parte do seu "inconsciente", os conhecimentos que adquire. Quando volta ao Mundo da Realidade, acrescenta, às demais parcelas de conhecimentos adquiridos, mais esse da sua última existência. Pode-se figurar o enunciado como um livre branco, cujas páginas o escritor enchesse, à razão de uma por dia.

Na Vida Maior, o Espírito retoca, corrige, aumenta esses conhecimentos, até que, com a sua relativa perfeição nessa esfera, completa a obra, para começar uma outra em mais elevada esfera. De modo que, na nossa existência, há sempre atos a modificar, princípios a corrigir e conhecimentos a adquirir. Só depois do progresso realizado, progresso esse que é sempre relativo, é que terminamos a nossa obra, e, ou começamos logo outra, ou nos dedicamos à divulgação dessa obra, para depois iniciarmos a seguinte.

O "inconsciente" é o conjunto dos "conscientes" modificado, corrigido, aumentado. Só a real Individualidade, o Ser total, o possui na íntegra, ao passo que o "consciente" é uma espécie de caixa de registro da "personalidade", ou seja; do "ser encarnado".

Finalizemos este capítulo dizendo mais uma vez: estamos muito longe de ter feito uma resenha perfeita do Mundo Espiritual. Estas linhas não representam mais que um ligeiro vislumbre, um esforço de boa vontade para fazer entrever o futuro que nos aguarda, repleto de luzes e gozos inesperados.

Cairbar Schutel do livro:
A Vida no Outro Mundo

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