A Paz do Cristo
Francisco de Paula Vítor
É muito comum, entre os humanos, confundir-se a ideia de paz com a de estagnação em vários níveis.
Para muitos, a paz é o não-agir; é a inércia da paralisação, a fim de que isso seja confundido com descanso ou repouso.
Para alguns, a paz é não ter obrigações, não ter que cumprir horários, não conhecer disciplinas de modo a supor que vivem em liberdade.
Para muitos, a paz é ter de tudo: conforto material, facilidades econômicas, prestígio social, para que alimentem a fantasia do poder.
Para outros, a paz é ter a família bem formada sem qualquer mareio nas relações domésticas, com esposos em perfeito entendimento, com filhos sempre solícitos, estudiosos, bem ajustados emocionalmente e cumpridores das suas obrigações, para que admitam que Deus os aquinhoou com bênçãos especiais.
Para muitos, a paz é ter saúde física, é não precisar de cuidados médicos, jamais, sem nunca ter sofrido um resfriado ou uma cefaleia, a fim de se apresentar a seus contemporâneos como modelos de perfeição orgânica, sentindo-se privilegiados pela vida diante das carências corporais, deficiências e mazelas tão comuns aos mortais.
Essa paz que faz presunçosos, que alimenta vaidades, que forja críticos ferrenhos da conduta alheia, que fomenta discórdias e dissensões, que gera dominadores ou espoliadores dos próprios irmãos, que incentiva indevidos privilégios é exatamente aquela que Jesus veio destruir. Mais exatamente, é a paz que Ele não veio trazer.
A verdadeira paz, a do Cristo, é a que propõe trabalho ativo e continuado para o bem; é a que ensina o cumprimento dos deveres como parte da autodisciplina; é a que sabe tirar proveito das dificuldades materiais e sociais sem a elas acomodar-se, lutando com valor para suplantar as provas.
Essa paz que vem do Mestre inconfundível é a que permite enfrentar os testemunhos da família-problema, sem propostas de fuga, mas com o entendimento do acerto da Vontade Divina ao reunir necessidades espirituais diversas num mesmo lar, facultando que cada um seja professor do outro, retirando cada qual o lado bom que lhe cabe da relação familiar.
A paz do Cristo é a que ensina o indivíduo a fazer bom uso do corpo biológico, seja ele saudável, seja achacado por qualquer tipo de problema, em qualquer nível, demonstrando a compreensão de que aquilo que Deus nos permite usufruir na Terra, por meio do corpo enfermo ou são, é o que a alma carece para avançar, para progredir no rumo do aperfeiçoamento esperado pelos Céus.
Paz é ação no bem.
A modorra moral, a pachorra espiritual, a inação da alma são exatamente, as mazelas que usurpam o nome da paz e que o Senhor veio eliminar.
Jesus não é aquele que veio trazer os arremedos de paz, que enganavam e ainda enganam as pessoas de pouca reflexão. Ele é o que veio nos trazer a paz real, desde que consigamos manter a consciência reta, desde que nos mantenhamos agindo sempre no bem, desde que persistamos na condição de operosos servidores da vida.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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