sábado, 9 de março de 2024

Total solidariedade na dor

Total solidariedade na dor

João Cléofas


Exigência nenhuma.

Solidariedade total.

Não se quer dizer que o desequilíbrio e o desgoverno das emoções nos dirijam os passos na senda do serviço a edificar. Também não se pretende que a austeridade contumaz e impiedosa dilacere a intimidade das aspirações daquele que chega tumultuado, esperando socorro da nossa generosidade.

Nem a palavra rude que contunde, traduzida como impropério e azedume, nem o verbo enflorescido e melífluo com que se pretende adocicar o erro e a mentira de modo a fugir ao dever da retificação.

Consubstanciando os ensinos do Cristo no ato do serviço que estamos desdobrando junto aos desencarnados, mantenhamos a nossa condição imperturbável de trabalhadores conscientes que nos candidatamos a restauração do bem junto aos que sofrem mais do que nós.

Alguns dos que nos visitam jazem imantados aos despojos carnais em que ainda fossilizam...

Diversos deles padecem na constrição ideoplástica das evocações do momento final da desencarnação, de que não se libertaram...

Um sem número experimenta a presença do remorso tardio e do arrependimento injustificável, trazendo nas telas mentais os quadros aflitivos que a consciência não liberou.

Este é alguém que despertou muito tarde para a realidade da vida.

Aquele, atenazado pelo ciúme ou pela inveja, mortificado pelo ódio ou pela desesperação, se debate a soçobrar nas águas da própria impiedade.

Esse, enganou a todos,, mas, em verdade somente a si próprio se enganou e ainda não se encontrou consigo mesmo.

Essoutro, sufocando as paixões que disfarçava, agora acorda no mar tumultuado das angústias que transferiu em tempo e em lugar...

Todos, porém, são nossos irmãos, reconvidados à verdade sem as condições da consciência lúcida e do equilíbrio, necessários para a paz.

Nenhuma exigência.

Solidariedade total.

A palavra de Jesus como roteiro e a lição viva do nosso exemplo como lâmpada acesa, a fim de que vejam em nós a carta do Evangelho falando a palavra de Vida Eterna com que se luarizem e acalmem, que os despertem e conduzam, daqui sendo trasladados para as diversas estâncias de refazimento e de renovação, mais além...

Dia chegará em que todos vós vos encontrareis despidos da armadura carnal no banquete da Era melhor, junto a nós outros como irmãos que devemos ser desde hoje, sem as ilusões que envilecem nem as presunções que entorpecem o ideal da vida. Portanto, solidariedade total.

João Cléofas por Divaldo Franco do livro:
Depoimentos vivos

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