Investimentos
O empresário foi informado de que um de seus administradores o roubava.
Indignado, disse-lhe:
- O que é isso que ouço dizer de ti? Dá-me conta de tua administração, pois já não poderás ser meu administrador!
Geralmente os funcionários desonestos são perdulários?
Gastadores compulsivos, são candidatos certos à corrupção. Valem-se do dinheiro alheio, sem nenhum escrúpulo. Não raro, esbanjam tudo, sem o cuidado de algo reservar para o futuro.
Foi o que aconteceu com o tal administrador.
Em vias de perder o emprego, sentia-se perplexo e assustado.
- E agora? Que hei de fazer, já que o meu amo me tira a administração? Trabalhar na terra não sei. De mendigar tenho vergonha...
Com a engenhosidade dos corruptos, concluiu:
- Já sei o que farei, a fim de que, quando for despedido do meu emprego, haja quem me receba em sua casa.
Chamou vários devedores e perguntou ao primeiro:
- Quanto deves ao meu patrão?
- Cem medidas de azeite.
- Pois então, toma a tua conta, senta-te e escreve depressa cinquenta.
-E tu, quanto deves?
- Cem alqueires de trigo.
- Toma a tua conta e escreve oitenta.
Assim, foi se arrumando.
Vê-se que o "jeitinho brasileiro", que quase sempre exprime desonestidade, é apenas um nome novo para velho problema, que existe desde Adão e Eva. O mitológico casal foi expulso do paraíso por infringir um regulamento divino.
O "homo sapiens", o ser pensante, bem pode ser definido também como um "homo corruptus", o ser corrompido.
É próprio do estágio de evolução em que nos encontramos, num planeta atrasado, governado pelo egoísmo, em que os interesses pessoais prevalecem sobre o Bem e a Verdade.
***
Comentando a parábola, diz Jesus:
— Os filhos do mundo são mais hábeis em defender seus interesses do que os filhos da luz.
Filhos do mundo - os que vivem em função de efêmeros interesses materiais.
Filhos da luz - os que vivem em função de imperecíveis valores espirituais.
Os primeiros são agressivos.
Não vacilam em exercitar a mentira e a desonestidade para alcançar seus objetivos.
Alguns exemplos:
A vendedora tem dificuldade em encontrar vestido adequado para a freguesa, um tanto avantajada nas formas.
O único que se aproxima de suas medidas está exageradamente apertado, beirando ao ridículo.
A lojista demonstra artificial entusiasmo:
Caiu como uma luva! Lindo, lindo!
E lá se vai a senhora com um traje que lhe imporá triste figura.
O técnico verifica que não há defeito no aparelho eletrônico. Apenas mau contato num componente.
Engabela o freguês:
- É preciso trocar o cabeçote e o sintetizador.
E fatura algumas dezenas de reais, em suposto conserto.
O paciente terminal está prestes a expirar.
O médico recomenda:
— Vamos interná-lo na UTI. Haverá possibilidade de recuperá-lo.
E a família iludida apenas prolonga a agonia do paciente, engordando a conta bancária do desonesto comerciante da medicina.
O proprietário do posto de gasolina orienta o gerente: — Acrescente dez por cento de água em nossos tanques.
E amplia seu rendimento, em detrimento dos automóveis que ali abastecem.
Em princípio, os filhos do mundo fazem sucesso, têm facilidade para ganhar dinheiro com sua enganação. Mas há dois problemas.
Primeiro: perdem a confiança das pessoas e acabam mal.
Segundo: perdem o compasso da Vida. São intranquilos, tensos. Isso sem falar das cobranças que lhes serão feitas quanto retomarem ao plano espiritual, em face de seus comprometimentos com a mentira.
Os filhos da luz vão mais devagar, não vivem em função de seus negócios.
Atentos aos ditames da própria consciência. recusam-se a iniciativas que possam causar prejuízo a alguém ou contrariar os dispositivos da lei.
A vendedora à freguesa:
- Nosso estoque está desfalcado. Sugiro que procure a loja ao lado, que tem modelos lindos.
O técnico ao proprietário do aparelho:
- Não havia problema algum. Apenas uma tomada com mau contato, que acertei. Não há nada a pagar.
O médico à família do moribundo:
- Levá-lo para a UTI apenas vai prolongar sua agonia.
O proprietário do posto de gasolina ao gerente.
- Não fazemos trambiques.
Estes em princípio levam desvantagem na selva sombria dos interesses humanos. Com o passar do tempo, conquistam espaço. São confiáveis.
E há o prêmio maior - as benesses divinas.
Harmonizam-se com os ritmos da vida, alma em paz.
Estarão sempre bem amparados e habilitados a feliz retomo à Espiritualidade, quando chegar sua hora.
***
Recomenda Jesus:
Por isso vos digo: das riquezas de origem iníqua, fazei amigos, para que, quando estas vos faltarem, os amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.
Riquezas de origem iníqua são as conquistadas de forma desonesta. E o que chamaríamos de dinheiro sujo.
Jesus diz que devemos usá-lo para fazer amigos e receber benefícios em relação à vida eterna.
Levando ao pé da letra, imaginemos o traficante de drogas, que enriquece à custa do vício e da desgraça alheia.
Cogita com seus botões:
- Vou dar uma parte do que arrecadar aos pobres para merecer as bênçãos divinas.
Negativo.
Além de candidatar-se a penosos resgates pelo mal que está fazendo a muita gente, há o agravante de querer comprar a justiça divina. Suas doações não reduzirão, em um único centavo, o montante de seus débitos.
Menos mal seria se, reconhecendo os crimes que cometeu, assumisse compromisso diferente:
- A partir de hoje encerrarei minha carreira criminosa e todo o dinheiro que arrecadei vou doar a instituições de benemerência social.
O espírito da parábola é mais profundo.
Jesus reporta-se ao indivíduo que se multiplica em interesses comerciais; que acumula ouro e poder, pensando unicamente no próprio bem-estar.
Ainda que cumpra as leis, sua riqueza é iníqua.
Para compreender seu pensamento, consideremos algo fundamental:
Ninguém é proprietário de nada.
Todos os patrimônios do Universo pertencem a Deus.
Tanto é verdade que, por mais rico seja o indivíduo, não levará um só centavo para o Além, quando convocado pela morte, ainda que seja sepultado num caixão forrado de ouro e repleto de pedras preciosas.
O esperto dirá:
- Guardarei para o futuro. Reencarnarei como filho de meu filho e terei meus patrimônios de volta.
Pobre tolo!
É mais provável que reencarne como filho de seu mais humilde serviçal ou algo semelhante, para que supere o apego aos bens materiais.
Em nosso próprio benefício, imperioso não esquecer que somos apenas administradores de bens que detemos precariamente.
Se o homem rico só pensa em si mesmo, estará usando em proveito próprio uma riqueza que pertence a Deus.
E o caso do administrador, na parábola
Imaginemos um milionário ao reconhecer essa realidade:
— Os patrimônios que movimento pertencem a Deus. Vou fazer o melhor com eles, favorecendo os meus semelhantes.
Então, uma riqueza que sob o ponto de vista espiritual era desonesta, porque só atendia às suas conveniências, será depurada, à medida que for usada para ajudar muita gente.
E ele conquistará amigos para a vida eterna.
Cada beneficiário de suas iniciativas será alguém disposto a ajudá-lo, em seu retomo à pátria comum. Terá muitas testemunhas de que agiu com prudência e sabedoria
***
Quem é fiel no pouco também é fiel no muito, e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas vãs, quem vos confiará ias verdadeiras? Se não fostes fiéis no alheio, quem vos confiará o que é vosso?
• Os bens materiais não nos pertencem - é tudo de Deus.
E os detemos em caráter precário - não irão conosco para o Além.
Se não somos fiéis em relação a eles, administrando-os com desprendimento, em proveito da coletividade, como conquistar a riqueza inalienável, envolvendo a caridade, a bondade, o amor?
***
Jesus termina a parábola dizendo:
Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de ume amar o outro ou se devotará a um e desprezará o outro.
Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Não podemos pretender, ante essas afirmativas, que o homem rico distribua todos os seus haveres, livrando-se da riqueza para servir a Deus.
Estamos longe do desprendimento total.
Além do mais, escoaríamos nossos bens pelo sorvedouro das necessidades alheias e seríamos apenas mais um carente.
Podemos servir a Deus, mesmo sendo ricos, desde que não sejamos servos do dinheiro, evitando que ele comande nossas iniciativas.
Seria fazer do dinheiro um meio, nunca a finalidade da vida, o que nos escravizaria a ele, impedindo-nos de usá-lo em favor do bem comum.
Se sentimos dificuldade em abrir a bolsa, abramos primeiro o coração.
Compadecendo-nos de nossos semelhantes, exercitando legítima solidariedade, aquela que sofre com o sofrimento alheio, não teremos dificuldade em mobilizar nossos recursos em seu benefício, como leais administradores de Deus.
***
Há um aspecto que merece nosso cuidado.
Maus administradores dos recursos divinos que Deus coloca em nossas mãos, vacilamos diante das necessidades alheias.
Ganhemos pouco ou muito, nossas necessidades, envolvendo conforto e bem-estar, segurança e tranquilidade para nós e os familiares, parecem-nos inesgotáveis, mobilizando todos os nossos recursos.
Por isso o ideal seria investir no que chamaríamos de uma poupança para a vida eterna. Estabelecer um percentual de nossos rendimentos, formando um "fundo de beneficência".
Assim, quando solicitados a participar de campanhas variadas em favor da coletividade, não haverá problema. Recorreremos ao "dinheiro de Deus", que provisionamos.
A experiência demonstra que os que fazem assim colhem rendimentos de alegria, paz e saúde como jamais lhes proporcionaria o mais rentável negócio.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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