A força do Destino
Richard Simonetti
- Meu Deus! Que pesadelo horrível! Eduardo, o marido, encarou-a sorrindo:
- Sonhou que a troquei por outra? Olhe que não está fora de cogitação...
- Pior! Vi você morto num desastre de automóvel.
- Ora, meu bem, foi apenas um sonho...
- Mas muito nítido! Seu carro derrapou e saiu da pista, arrebentando-se no acostamento. Logo após, incendiou-se.
O marido procura acalmá-la.
- Não se envolva demais com essas impressões, que são sempre perturbadoras. Se todos os seus pesadelos tivessem algo a ver com a realidade, mil coisas más nos teriam acontecido. Você frequentemente sonha com acidentes, doenças e mortes...
- Desta vez foi diferente. Era tudo incrivelmente real!
Olhos em lágrimas, expressão angustiada, Melina pede ao marido:
- Por favor, querido, não viaje hoje. Telefone ao chefe, diga que está doente...
- Você sabe que não posso me dar ao luxo de faltar ao trabalho porque minha esposa teve um pesadelo.
- O que me aflige é a estrada. São cinquenta quilômetros.
- Tenho feito centenas de vezes o percurso, sem problemas. Você sabe que sou muito cuidadoso.
- Está bem. Então quero fazer-lhe um pedido: vá de ônibus. Deixe o carro em casa.
- Acidentes também ocorrem com coletivos...
- São menos frequentes. E no ônibus estará mais protegido. Automóveis são muito frágeis.
- A mudança trará problema. Como vou dizer ao Itamar e ao Marcelo que não irão no meu carro? É a minha vez de levá-los.
- Troque a escala. Só hoje...
Eduardo resolve aceder, a fim de tranquilizar a esposa.
- Está bem. Falarei com eles. E sorrindo:
- Devo dizer-lhes de seu sonho? Quem sabe os livraremos também?
- Meu sonho foi com você. Eles não participaram.
- O acidente foi na ida ou na volta? Se foi na ida poderei retornar com eles.
- Não brinque...
- Seja feita a sua vontade. Regressarei de ônibus. Só que chegarei mais tarde.
Não poderemos ir ao cinema.
- Não faz mal. Haverá outros dias.
Eduardo avisou os amigos. Melina foi levá-lo à rodoviária. O marido embarcou algo contrafeito, mas conformado. Faria o sacrifício em favor do bem-estar da esposa.
Beijou-a carinhosamente.
- Até à noite.
- Vá com Deus, querido.
A jovem senhora retornou aliviada ao lar. Embora o marido fosse excelente motorista, confiava mais na segurança do coletivo.
Horas mais tarde recebeu a visita inesperada de Itamar e Marcelo. Ambos taciturnos e tensos.
- Algum problema com vocês? Voltaram cedo... O carro enguiçou?
- O problema é com Eduardo. Houve um acidente com o ônibus. O veículo derrapou, saiu da estrada, bateu no acostamento e se incendiou.
- Meu Deus! E ele, como está?
- Lamentamos muito. Eduardo faleceu...
A sabedoria popular proclama que ninguém escapa ao seu destino.
Embora as restrições que se possa fazer a semelhante assertiva, já que com o exercício do livre arbítrio podemos refazer o destino todos os dias, há cobranças cármicas, envolvendo problemas da vida e circunstâncias da morte, que não podem ser dribladas.
A submissão a Deus, nesses momentos, é a nossa melhor opção, reconhecendo que a sabedoria divina sabe o que faz e que sejam quais forem as atribulações do presente, o Senhor nos reserva sempre o melhor.
- Para seguirmos corretamente o espiritismo, devemos submeter todas as mensagens mediúnicas ao crivo duplo de Kardec, sendo eles, a razão e a universalidade.
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